segunda-feira, 15 de junho de 2015

Parceiros internacionais instam Moçambique a reforçar combate à corrupção




O grupo de países e instituições de ajuda ao desenvolvimento de Moçambique instou o país a dar prioridade ao combate à corrupção e à transparência fiscal.

Os parceiros de apoio programático a Moçambique, G19, anunciaram esta segunda- feira (15.06) uma ajuda ao país para 2016 estimada em cerca de trezentos e vinte e cinco milhões de euros, mais cerca de 30 milhões de euros comparativamente a 2015.

O Governo moçambicano afirmou ter notado com agrado a subida acentuada dos compromissos relativos à modalidade do apoio geral ao Orçamento, sublinhando que vai permitir uma maior alocação de recursos aos programas de desenvolvimento do país.


O montante destinado ao apoio ao Orçamento Geral do Estado (OEG) totaliza duzentos e cinquenta milhões de euros.

Maior autonomia na utilização dos fundos

Esta modalidade de ajuda permite ao Governo que tenha maior autonomia para definir as prioridades na utilização dos fundos.

A outra modalidade, o apoio sectorial, que vinha sendo privilegiada pelos parceiros nos últimos anos, vai registar uma redução substancial, à exceção da rubrica abastecimento de água e saneamento.

Voto de confiança no novo Governo

A presidente cessante da “troika”, a embaixadora da Suécia, Irina Nyoni, disse que a ajuda ao país para 2016 é um voto de confiança na capacidade do novo Governo de traduzir as suas ambições de uma maior inclusão económica e política em programas e reformas concretas para combater a pobreza.

Constitui igualmente um voto de confiança na determinação do Governo de melhorar a gestão do erário público.

A diplomata sueca disse que os parceiros de apoio programático acreditam ainda "na decisão do Governo de continuar com as reformas para o combate à corrupção e o aumento da transparência fiscal na gestão dos investimentos públicos, com o objetivo de implementar o impacto da aplicação dos fundos públicos na vida da população moçambicana".

Por seu turno, o Ministro moçambicano da Economia e Financas, Adriano Maleiane, manifestou o compromisso do Governo em aplicar de forma estratégica, criteriosa e rigorosa a ajuda anunciada pelos parceiros. "Reitero o cumprimento do Governo em prosseguir com as medidas centradas no aumento da renda e na promoção do crescimento económico sustentável inclusivo, aprimorar a transparência fiscal no quadro da gestão das finanças públicas, prosseguir com as reformas conducentes à contínua emlhoria do ambiente de negócios, na atração de investimentos privados, nacional e estrangeiro, na gestão macro-económica, na consolidação do Estado de direito democrático e no combate à corrupção".

Portugal vai presidir o grupo dos Parceiros de Apoio Programático

A cerimónia foi igualmente marcada pela passagem da presidência da “troika” para Portugal. José Duarte , o embaixador português em Maputo disse que "ouviremos sempre atentamente quer os parceiros quer o Governo de Moçambique. E estou absolutamente confiante de que esta será uma aposta conjunta de todos nós que valorizará a parceria e que em última instância beneficiará o destinatário final da ajuda, que não é mais nem menos o povo moçambicano".

Segundo dados divulgados, os parceiros de apoio programático a Moçambique, que incluem a União Europeia (UE) e instituições financeiras internacionais, desembolsaram em 2014 cerca de 1,4 mil milhões de euros para ações de desenvolvimento e combate à pobreza em Moçambique, montante que traduz uma redução de 5% em relação ao ano anterior.

Leonel Matias (Maputo) – Deutsche Welle

Moçambique. Desarmamento tem de envolver partidos, sociedade civil e apoio internacional




Albino Forquilha, diretor executivo da FOMICRES, debateu em Pretória com parceiros internacionais o futuro de Moçambique. O desarmamento e a reinserção são a prioridade, mas para tal pede-se um memorando de entendimento.

Várias figuras da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), em particular de Moçambique e da África do Sul, estiveram reunidas na cidade sul-africana de Pretória, na quinta-feira (04.09), onde refletiram sobre a atual situação política e os passos que devem ser tomados em direção à paz e ao desarmamento em Moçambique.

Da reunião brotou a certeza de que primeiro é preciso analisar os termos do acordo assinado esta sexta-feira (05.09) em Maputo, entre o principal líder da oposição, Afonso Dhlakama, e o Presidente da República, Armando Guebuza.

Só depois será possível lançar um memorando de entendimento que envolva as fações políticas, a sociedade civil e apoio internacional. A sugestão foi feita por Albino Forquilha, diretor executivo da FOMICRES, uma organização não governamental que trabalha na área do desarmamento.

“Temos a certeza que os pilares do acordo prendem-se com a reinserção social dos combatentes mas também com o desarmamento. Por isso, vai assinar-se um memorando de entendimento com linhas claras de responsabilidade e tarefas que advêm deste acordo assinado, com a participação da sociedade civil”, explica Albino Forquilha.

Sociedade civil com papel-chave

Mas para tal, o diretor executivo da FOMICRES - Força Moçambicana para a Investigação de Crimes e Reinserção Social - salienta que é preciso envolver a sociedade civil no processo para que não se repita o que aconteceu nos anos 90.

“Seria um grande erro. Seria a mesma coisa que aconteceu em 1994, aquando do desarmamento desencadeado pelas Nações Unidas. Só conseguiram recolher 200 mil armas. Mas depois, milhões foram recolhidos pela sociedade civil”, recorda.

Segundo Albino Forquilha, falta também definir o nível de colaboração entre o Governo, a sociedade civil e as comunidades. “Queremos que a implementação seja abrangente. Um indivíduo tem de saber a quem entregar uma arma que esteja escondida”, exemplifica.

Na conferência organizada pelo Instituto de Estudos de Segurança da África do Sul, participaram altas figuras da África Austral, nomeadamente do Governo de Moçambique, mas também da União Europeia. Os intervenientes internacionais comprometeram-se a ajudar Maputo no processo de desarmamento.

Sem dados fidedignos

Não há estimativas concretas sobre o número de armas que continuam nas mãos da população em Moçambique. Mas desde 1994, várias operações, com o apoio de instituições internacionais, recolheram mais de dois milhões de artefactos resultantes de 16 anos de guerra civil.

“Há muitas outras áreas e províncias que não estiveram em conflito e que têm muitos esconderijos e homens armados. É preciso que esta recolha de armamento não se circunscreva às zonas de conflito, mas se estenda a outras zonas”, assevera Albino Forquilha.

“É preciso que se faça um trabalho holístico e abrangente na perspetiva do desarmamento e reinserção social para prevenir novos focos de conflito”, acrescenta.

A FOMICRES e os parceiros na discussão sobre o desarmamento vão encontrar-se nas próximas semanas para trabalhar tecnicamente a questão do memorando. Também o Governo de Moçambique já mostrou interesse em participar. Nas palavras de Albino Forquilha, a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) compromete-se a entregar uma lista com o número de armas em sua posse ao assinar este acordo de paz.

O responsável da FOMICRES lembra, contudo, que é preciso financiamento e ajuda internacional para que o desarmamento continue.

“Só no ano passado, recolhemos 92 mil artefactos de guerra. Se tivéssemos recursos, teríamos recolhido muito mais. Na última semana fomos contactados para recolher numa zona [do país] cerca de 135 mil armas. Ainda não fomos lá, porque não temos recursos”, lamenta.

Nuno de Noronha – Deutsche Welle

Moçambique. “FOMOS INCOMPREENDIDOS E QUEREMOS TRAZER NOVA PROPOSTA"




Dhlakama sobre autarquias provinciais

O V Conselho Nacional da Renamo, que terminou, última sexta-feira, na cidade da Beira, recomendou à direcção da “perdiz” a avançar com uma nova proposta em torno das autarquias provinciais, através da qual pretende  instalar a sua governação na sequência dos resultados das eleições de 15 de Outubro de 2015.

Depois de vários discursos contraditórios sobre as medidas que Afonso Dhlakama deve tomar, na sequência da reprovação da proposta inicial pela Assembleia da República, o Conselho da Renamo deu sinais de defesa do diálogo, apesar de pretender que o seu projecto entre em vigor ainda este ano, nas províncias  de Sofala, Manica, Zambézia, Tete, Nampula e Niassa.

Segundo disse Afonso Dhlakama, no final do encontro, pretende-se com a nova proposta mostrar que não pretende dividir o país ou chegar ao poder à força.

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Moçambique. Governo manda encerrar contas desconhecidas nos serviços de migração




O ministro moçambicano do Interior, Basílio Monteiro, deu ordens para fechar contas bancárias da Direção Nacional da Migração, algumas das quais desconhecidas para as autoridades financeiras, do país, e encomendou também uma auditoria, já em curso.

"A existência de muitas contas propicia esquemas de corrupção. O mais grave é que havia contas que a Direção de Administração e Finanças não conhecia", disse Basílio Monteiro, citado hoje pelo diário Notícias.

O jornal avança que o ministro do Interior foi apanhado de surpresa pela existência de 12 contas, sete em Moçambique e cinco no estrangeiro, duas quais em Portugal, durante uma visita, na sexta-feira à Direção Nacional da Migração.

A visita destinava-se a compreender o processo de elaboração de documentos de viagem e também a demora na emissão de passaportes, certificados de emergência e autorizações de residência.

"A cadeia de produção pode fazer 700 passaportes e 800 DIRE [Documento de Identificação de Residente Estrangeiro] por dia. A fábrica tem novas máquinas o que eleva a capacidade de resposta às necessidades", afirmou Basílio Monteiro, lamentando porém que o processo de produção é "afetado pelo mau ambiente de trabalho instalado na Migração e não por problemas técnicos".

Basílio Monteiro anunciou que está já em curso uma auditoria à Direção Nacional de Migração e que parte das contas foi encerradas, "o que permitirá uma melhor gestão da instituição".

Lusa, em Notícias ao Minuto

Timor-Leste. FRETILIN COM MELHOR NOTA NA ANÁLISE ÀS CONTAS DOS PARTIDOS




A Fretilin foi dos quatro partidos com assento parlamentar timorense a que melhor resultado obteve na análise da Comissão Nacional de Eleições (CNE) às contas partidárias em 2014, segundo o relatório publicado no Jornal da República.

O relatório de "resultados da auditoria dos partidos políticos no ano fiscal de 2014" procura avaliar a aplicação do orçamento de seis milhões de dólares (5,3 milhões de euros) alocados pelo Estado para os quatro partidos: Congresso Nacional para a Reconstrução de Timor-Leste (CNRT), FRETILIN, Partido Democrático (PD) e Frente Mudança (FM).

Em 2014 o CNRT recebeu cerca de 2,77 milhões de dólares (2,46 milhões de euros), a Fretilin 2,3 milhões de dólares(dois milhões de euros), o PD 738.500 dólares (658,4 mil euros) e a FM 184.620 dólares (164,6 mil euros), valores canalizados através do orçamento da própria CNE.

"Em geral os partidos políticos demonstraram boa cooperação com a CNE e os auditores durante o processo", refere o relatório que recomenda melhorias no registo de despesas e contabilidade.

A análise, que pretende garantir a "transparência e credibilidade" da gestão das contas dos partidos, atribui notas a várias categorias das contas, desde a forma como as despesas são apresentadas, a organização contabilística e o "dever de colaboração".

Assim, a FRETILIN obtém a nota mais eleva - 91 valores em 100 possíveis - o que equivale a muito bom, sendo a sua nota mais fraca na secção de "análise de documentes de despesa" (5).

É também esta a pior categoria das notas do CNRT (2 valores), que foi igualmente penalizado pela falta de colaboração, tendo obtido uma nota global de 80 valores e uma classificação de "bom".

A Frente Mudança (FM) obteve uma nota global de 77 valores (também uma classificação de "bom"), com os piores indicadores a serem a apresentação de relatório de contas no prazo previsto (2), os documentos de despesas (3) e a reconciliação entre notas bancárias e a caixa do partido (4).

Finalmente o PD registou a pior nota nesta classificação (75,5 valores), sendo penalizado pelo dever de cooperação (3) e os documentos de despesas (2).

No final do ano o CNRT tinha um saldo de 3,8 milhões de dólares (3,3 milhões de euros), com receitas de 4,5 milhões de dólares (quatro milhões de euros) e gastos de 698 mil dólares (622,2 mil euros).

A Fretilin tinha um saldo de 2,29 milhões de dólares (dois milhões de euros), com receitas de três milhões de dólares (2,6 milhões de euros) e gastos de cerca de 491 mil dólares (437 mil euros), enquanto o PD tinha um saldo de um milhão de dólares (891 mil euros), com receitas de 1,3 milhões dólares (1,15 milhões de euros) e gastos de 524 mil (467,1 mil euros).

A FM tinha um saldo de 97,3 mil dólares (86,7 mil euros), com receitas de 235 mil dólares (209,5 mil euros) e gastos de 137,9 mil dólares (123 mil euros).

Lusa, em Notícias ao Minuto

Faculdades da universidade nacional timorense encerradas há duas semanas por segurança




Díli, 15 jun (Lusa) - As aulas nas faculdades de ciências sociais e medicina e o trabalho do Centro de Investigação Cientifica da Universidade Nacional de Timor Lorosa'e, em Díli, estão suspensos há duas semanas, depois de ameaças de um grupo de alunos.

O problema arrasta-se há vários anos mas a situação tornou-se "insustentável" no início deste mês, segundo explicou à Lusa o decano da Faculdade de Ciências Sociais, Eurico Araújo, que referiu que hoje as aulas deveriam ter sido retomadas, o que "voltou a não ser possível".

Outras fontes universitárias ouvidas pela Lusa dizem que já chegou a haver ameaças de morte escritas, deixadas contra funcionários e professores, que há "intimidação de outros estudantes" pelo pequeno grupo de alunos e que se detetaram tentativas de acesso a computadores das faculdades.

Sem comentar estes detalhes, Eurico Araújo explicou que elementos de uma autoproclamada associação de estudantes, que não está formalmente registada como tal, têm ocupado parte do edifício há vários anos, tendo sempre procurado interferir em assuntos da gestão das faculdades.

"O ambiente tem estado sempre algo complicado, tentamos dialogar e conviver com os estudantes mas sem soluções e sem conseguir resolver o problema de fundo", referiu.

A tensão subiu de tom no final de maio quando funcionários tentaram instalar um novo mastro no interior do complexo, localizado na zona de Caicoli, em Díli, para a cerimónia mensal de hastear da bandeira nacional, que deveria realizar-se a 1 de junho, segunda-feira.

"Queríamos a cerimónia noutro sítio, sem ser à frente do edifício, porque somos muitos professores, alunos e funcionários e a cerimónia ou interrompia o trânsito ou o trânsito impedia que a realizássemos como dever ser", explicou.

"Os estudantes não concordaram com esta decisão da direção da faculdade. No sábado à tarde o mastro ficou pronto e à noite arrancaram aquilo", disse.

Na segunda-feira quando os professores viram o mastro no chão, a faculdade pediu explicações aos alunos tendo a tensão aumentado quando alguns professores "movidos por sentimentos de quem não gostou de ver o mastro no chão" e alunos se envolveram em confrontos.

A polícia nacional acabou por ser chamada e um professor foi detido por agressões, não tendo sido detido qualquer dos alunos.

"Perante esta situação, considerei que não a poderia controlar e informei o reitor. A UNTL tomou posição e o reitor por motivos de segurança, de falta de condições psicológicas para ensinar, mandou suspender as aulas, provisoriamente", afirmou.

Na semana passada foi emitida uma ordem do Ministério Público para retirar os alunos do edifício, tendo o reitor da UNTL informado que as aulas deveriam ser retomadas esta semana.

"Deveria ter sido feita uma limpeza e preparadas outras condições, o que ainda não ocorreu, pelo que as aulas voltaram a não ocorrer hoje", disse o decano Eurico Araújo.

"Talvez consigamos retomar as aulas amanhã (terça-feira)", afirmou.

ASP // JPS

Timor-Leste quer retomar cooperação com Portugal na área da Justiça - ministro




Lisboa, 15 jun (Lusa) -- O ministro de Estado e da Presidência do Conselho de Ministros timorense, Agio Pereira, disse hoje, em Lisboa, que Timor-Leste pretende retomar a cooperação com Portugal no setor da Justiça.

"No âmbito da justiça, no dia 18 (de junho), vou encontrar-me com a senhora ministra da Justiça (de Portugal)", disse hoje à Lusa Agio Pereira.

O ministro timorense fez estas declarações à margem da Conferência Portugal/Timor-Leste, que decorreu hoje, na Assembleia da República, em Lisboa.

"Vamos precisamente conversar sobre a forma de reatar as relações bilaterais protocolares no âmbito de cooperação no setor da Justiça, porque esta é prioridade do nosso Governo", afirmou o ministro timorense, sobre o encontro com a ministra da Justiça.

"O nosso primeiro-ministro, Rui Araújo, quer acelerar a normalização desta cooperação bilateral no setor da Justiça. É esse processo que estamos agora a avançar, para consolidar o mais rápido possível", acrescentou Agio Pereira.

Em novembro de 2014, o Governo timorense expulsou do país de sete magistrados internacionais, seis portugueses e um cabo-verdiano, por "motivos de força maior e de interesse nacional".

O então primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, justificou a decisão com erros em processos que envolviam o Estado timorense e as empresas petrolíferas num valor superior a 300 milhões de dólares. Já os magistrados expulsos, afirmaram que a decisão foi tomada por causa dos processos por alegada corrupção contra altos funcionários do Estado.

Portugal anunciou, através do primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, a suspensão da cooperação no setor judiciário e várias organizações internacionais e não-governamentais apelaram ao Governo timorense para respeitar a separação de poderes.

"Em geral, a cooperação, como é de se esperar, é muito forte, é muito estável entre os dois países (Portugal/Timor-Leste) com laços de séculos muito estreitos, entre dois países irmãos. Às vezes, há soluços que temos de saber suplantar", disse hoje Agio Pereira.

Na conferência de hoje, em Lisboa, o presidente do parlamento timorense, Vicente Guterres, disse que "é vital" a harmonização legislativa, dando como exemplo a necessidade de "aperfeiçoar o regime jurídico fiscal, melhorar a lei de investimento e da contração pública" para "atrair e criar condições para investimentos seguros e de qualidade".

"É igualmente urgente aprovar o pacote legislativo das terras. Sem uma lei dos solos, não há investimento, sem este não há desenvolvimento. A fim de consolidar a estabilidade, a paz e o estado de direito, o governo irá igualmente implementar reformas para reforçar o setor da Justiça", sublinhou o presidente o parlamento timorense.

Tanto Vicente Guterres como Agio Pereira, nas suas intervenções na conferência, reforçaram a ideia de que Timor-Leste é uma plataforma que servirá para reforçar a cooperação e as relações comerciais entre a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e a Associação dos Países do Sudeste Asiático (ASEAN).

Pereira e Guterres reforçaram ainda a importância do português no contexto histórico do país e o compromisso de consolidar cada vez mais a língua portuguesa no país.

CSR // VM

Justiça timorense empenhada em concluir processo judicial de português preso




Lisboa, 15 jun (Lusa) -- A Justiça de Timor-Leste está a fazer tudo o que é possível para concluir o processo judicial do português Tiago Guerra, que está em prisão preventiva desde outubro de 2014, disse hoje o ministro timorense Agio Pereira.

"Sabemos que o nosso setor de Justiça, sobretudo no âmbito da Procuradoria-Geral da República, está a fazer tudo, dentro do possível, para poder concluir este processo", declarou à Lusa Agio Pereira, ministro de Estado e da Presidência do Conselho de Ministro de Timor-Leste.

O ministro timorense fez estas declarações à margem da "Conferência Portugal/Timor-Leste", que decorreu hoje, na Assembleia da República, em Lisboa.

O português Tiago Guerra, suspeito do crime de branqueamento de capitais, foi detido em Díli, juntamente com a mulher, a 18 de outubro de 2014.

Guerra está em prisão preventiva - que foi renovada por mais seis meses em abril - sem acusação formal e a sua mulher, Chan Fong Fong Guerra, está com Termo de Identidade e Residência (TIR), impossibilitada de sair de Timor-Leste.

A lei timorense prevê que a prisão preventiva possa ser aplicada durante um ano e meio renovável, em casos de grande complexidade, por mais um ano.

"Este (processo) está no âmbito processual da justiça. Já conversei com os seus pais (de Tiago Guerra) aqui (na conferência em Lisboa). Todos nós somos humanos, sentimos a sensibilidade de como questões processuais afetam famílias", sublinhou Agio Pereira.

"Não é prazer nenhum para o nosso Estado manter pessoas na prisão sem justificação e esperemos que este processo de investigação seja concluído o mais rápido possível", sublinhou ainda o ministro timorense.

Oficialmente, e como disse recentemente à Lusa o procurador-geral timorense, José Ximenes, Tiago Guerra é suspeito do crime de branqueamento de capitais com "factos que aconteceram em vários países", explicando que foram enviadas cartas rogatórias com pedidos de informação para Portugal e para Macau.

Carlos Guerra, pai de Tiago Guerra, disse em recente entrevista à Lusa estar incrédulo com a detenção do filho e com os contornos de um processo que deixou a família "destroçada".

O caso de Tiago Guerra, que está preso na cadeia de Becora, em Díli, está a suscitar uma ampla campanha de solidariedade dentro e fora das redes sociais com muitos a escreverem diretamente às autoridades timorenses a pedirem a sua intervenção.

CSR (ASP) // EL

Hemiciclo de Macau chumba seis projetos de lei, incluindo de lei sindical




Macau, China, 15 jun (Lusa) -- A Assembleia Legislativa (AL) de Macau chumbou hoje, em menos de duas horas, um total de seis projetos de lei, todos da iniciativa do deputado eleito pela população Pereira Coutinho, incluindo um de lei sindical.

O projeto de lei sindical -- o sexto da sua autoria -- foi o último do "pacote", colhendo oito votos a favor, incluindo do proponente e do seu colega de bancada, Leong Veng Chai, 14 contra e quatro abstenções. Face à anterior iniciativa, em abril de 2014, agora obteve menos um voto favorável.

Vários deputados lamentaram a "lacuna" por colmatar e a ausência de uma lei que "se aplica em quase todos os países e territórios e contribui para o desenvolvimento socioeconómico", como os da chamada ala democrata, Au Kam San e Ng Kuok Cheong, ou Lam Heong Sang, Kwan Tsui Hang e Lei Cheng I, do campo tradicional, ligados nomeadamente aos Operários.

Já Song Pek Kei e Chan Meng Kam (eleitos por sufrágio universal), embora também concordando com a "filosofia" do diploma, questionaram o 'timing' em face da atual conjuntura, notaram "problemas" no articulado e desaprovaram a "precipitação", pelo que se abstiveram.

Os "problemas" foram identificados transversalmente nas diferentes bancadas, com as críticas a versarem o facto de Coutinho ter visto este projeto chumbado no passado e não ter "absorvido" as opiniões então manifestadas pelos pares, como sucedeu, aliás, com outros diplomas apresentados.

Dado que a Lei Básica (miniconstituição) determina no artigo 27.º que o gozo "do direito e liberdade de organizar e participar em associações sindicais e em greves", vários membros da AL instaram o Governo a chamar a si a iniciativa, considerando indeclinável a sua responsabilidade de o regulamentar.

Coutinho viu ainda serem reprovados -- novamente -- mais cinco diplomas, já que nenhum teve hoje a sua estreia no hemiciclo.

Chumbada foi também a proposta para a realização de um debate de interesse público, com oito votos a favor e 17 contra.

Esta moção, apresentada por Au Kam San, pretendia levar a debate a intenção manifestada pelo Governo de confiar à província vizinha de Guangdong o investimento de fundos da reserva financeira de Macau para uma maior taxa de retorno.

Foram vários os argumentos utilizados pelos que se opuseram. Zheng Anting (sufrágio direto), por exemplo, considerou que o Regime Jurídico da Reserva Financeira providencia "um mecanismo perfeito" no capítulo da gestão e fiscalização; ao passo que Ma Chi Seng (deputado nomeado) notou que o Governo está precisamente a dar "resposta às aspirações" face às críticas ao baixo retorno.

Si Ka Lon, eleito por sufrágio universal, também subscreveu. "Ser a província de Guangdong a investir é uma boa oportunidade e devemos aproveitá-la", além disso, "não foram dados muitos pormenores relativamente esta modalidade, por isso, não faz sentido o debate". Mak Soi Kun notou que "da discussão nasce a luz", mas defendeu ser melhor esperar uma decisão definitiva do Governo.

Ho Ion Sang, também eleito por sufrágio direto, enalteceu o desempenho da vizinha província, com o maior crescimento do Produto Interno Bruto na China, avistando, assim, uma "solução muito segura" em linha com a cooperação regional e em prol da diversificação; enquanto Lei Cheng I contrapôs, defendendo o debate como uma "boa oportunidade" dado estar em causa "um montante avultado do erário público".

O primeiro ponto da extensa ordem do dia -- a votação na especialidade da proposta de lei de alteração ao regime de reparação dos danos emergentes de acidentes de trabalho e doenças profissionais -- foi o único a receber luz verde no plenário de hoje.

Visando reforçar a proteção dos direitos dos trabalhadores sinistrados e melhorar mecanismos relativos à reparação de danos, o diploma alarga o leque de situações suscetíveis de integrarem o conceito de acidente de trabalho, incluindo as que ocorrem no percurso direto entre a residência e o local de emprego quando se encontra içado o sinal de tempestade igual ou superior a n.º 8.

A escala de sinais de aviso de tempestade vai de 01 a 10. 

DM // EL

Polícia de Hong Kong detém nove pessoas suspeitas de planear detonar bomba




Pequim, 15 jun (Lusa) -- A polícia de Hong Kong deteve hoje nove pessoas que, alegadamente, planeavam detonar uma bomba junto ao parlamento, dias antes da votação da polémica reforma do sistema eleitoral.

As forças de segurança realizaram as detenções depois de encontrarem, esta manhã, um explosivo numa zona de antigos estúdios noticiosos e de entretenimento, já abandonados, em Sai Kung, onde agentes especializados fizeram explodir o artefacto de forma controlada, informa o South China Morning Post.

Segundo o diário, que cita fontes policiais anónimas, foram detidos cinco homens e quatro mulheres, com idades entre os 21 e os 34 anos, todos de Hong Kong.

O tipo de bomba encontrado consistia num explosivo de "forte potência" que já foi utilizado em diferentes atentados, como o de julho de 2005 em Londres, em que morreram 52 pessoas e mais de 700 ficaram feridas.

As detenções aconteceram a poucos dias da votação, pelo conselho legislativo, da proposta de reforma eleitoral apresentada por Pequim, que define as regras para a primeira eleição via "sufrágio universal" na região.

A proposta -- que obriga a que os candidatos a chefe do Governo sejam selecionados por uma comissão vista como próxima de Pequim -- gerou meses de protestos nas ruas, com os manifestantes a pedirem uma "real democracia".

Para esta semana voltam a estar convocados protestos de ampla magnitude. 

ISG// JCS

UM LUGAR PARA O SOCIALISMO. SOCIALISMO PORQUÊ



Daniel Vaz de Carvalho

"A República não será uma realidade se não tiver por fim prático a reforma social e por instrumento a liberdade plena garantindo a iniciativa popular dento e fora do governo. Para nós só é real e séria a República em que houver garantido para o Socialismo um lugar seu". - Antero Quental, A República e o Socialismo, 1873 [1]

1 - Porquê o socialismo 

Em 1949 Einstein escrevia um texto intitulado "Porquê o socialismo" [2] . Um texto absolutamente atual. Dizia então, que sob o sistema capitalista os impulsos sociais se deterioram progressivamente. "Os seres humanos, seja qual for a sua posição na sociedade, sofrem este processo de deterioração, Inconscientemente prisioneiros da sua subjetividade, sentem-se inseguros, sós, e privados do prazer simples e não sofisticado da vida".

"O capital privado tende a concentrar-se em poucas mãos, em parte por causa da concorrência entre os capitalistas e em parte porque o desenvolvimento tecnológico e a crescente divisão do trabalho encorajam a formação de unidades de produção maiores à custa de outras mais pequenas. O resultado destes desenvolvimentos é uma oligarquia de capital privado cujo enorme poder não pode ser eficazmente controlado mesmo por uma sociedade democraticamente organizada." "A anarquia económica da sociedade capitalista como existe atualmente é, na minha opinião, a verdadeira origem do mal". "O homem pode encontrar sentido na vida, apenas dedicando-se à sociedade. A clareza sobre os objetivos e problemas do socialismo é da maior importância na nossa época de transição".

Einstein via a discussão livre e sem entraves destes problemas prisioneira de um poderoso tabu, embora considerasse a abordagem dos temas do socialismo um serviço público importante.

O Grande cientista tinha e tem razão. Passadas seis décadas e meia, o tema socialismo como que desapareceu do debate político-ideológico. Raros são hoje os partidos a nível europeu, que apresentam o socialismo como objetivo estratégico. Vários partidos embora apresentem críticas à austeridade e ao neoliberalismo, colocam-se à margem do processo histórico, fogem à questão de que uma política alternativa impõe um lugar para o socialismo.

Na realidade, acabam por não pôr em causa o capitalismo, permanecendo numa linha social-democrata de querer gerir "melhor" o capitalismo, "salvá-lo dele próprio" ou torna-lo socialmente menos danoso. E no entanto o capitalismo tem de ser substituído: Mas substituído porquê?

2 – Um sistema disfuncional 

O capitalismo tornou-se um sistema que apodreceu por dentro. As fraudes, a manipulação das taxas de juro e de câmbio por grandes bancos ditos de referência, as falências fraudulentas e os resgates com dinheiros públicos retirados aos salários, reformas e prestações sociais, tornaram-se políticas recorrentes. O dinheiro do crime organizado, os horrores do tráfico de seres humanos, da prostituição, da droga, é absorvido pelo sistema bancário sem reais problemas.

"Os bancos ganham milhões com o tráfico de droga. As entidades reguladoras são relutantes em investigar o enorme processo da lavagem de dinheiro da droga, levada a cabo pelos bancos europeus e norte-americanos. " [3] Escandalosos arranjos financeiros com bancos envolvidos na lavagem do dinheiro sujo provam que o combate aos tráficos de droga e seres humanos não passa de uma farsa. [4]

Como afirma Michael Hudson [5] , uma classe cleptocrática, os "banksters", gangsters bancários, assumiu o poder económico. A economia foi capturada por um poder capaz de fazer fortunas, mas sem "criação de riqueza" da forma que a maioria das pessoas a reconhece.

O sistema capitalista mergulhou o mundo em quatro avassaladoras crises, crises, insuperáveis neste sistema que apenas as agrava: a crise económica e financeira, a crise social, a crise ambiental e a crise militar-belicista. O capitalismo chegou a uma situação em que não tem soluções para resolver os problemas e as crises que criou.

O capitalismo atravessa a pior crise da sua existência. Crise que apresenta características diferentes das anteriores e que põem em perigo a própria Humanidade: atingiu os limites ecológicos da sua reprodução; a amplitude dos meios de violência e controlo social é sem precedentes; atingiu os limites da sua expansão extensiva; um excedente de população cresce num "planeta de favelas"; a economia globalizada tornou-se incompatível com o Estado-Nação baseado num sistema de autoridade política [6]

O que temos hoje no chamado "mundo ocidental" é o neoliberalismo, uma incoerente e dogmática aplicação ao capitalismo monopolista de princípios do liberalismo dos fins do séc. XVIII. A política de austeridade não funciona em parte alguma, mas não têm outra. As políticas do FMI e da UE, são um exemplo da desconexão da realidade que o sistema capitalista impõe em benefício da uma minoria de 1%.

Recentemente, o chefe da delegação do FMI que mantém Portugal sob vigilância (?!) afirmou que a "dívida pública, o fraco investimento, a falta de dinamismo do mercado de trabalho, o endividamento das empresas são problemas que persistem". Insistiu nas "reformas estruturais": "cortar salários e pensões, cortar na despesa pública". Mas não foram estas mesmas "medidas" que impõem há quatro anos (sem contar com os PEC…) que resolveriam todos aqueles problemas?!

"As sociedades estão vergadas ao absurdo de um sistema económico que é uma pura especulação matemática sem referência com o mundo real". "Esta crise de metodologia é ao mesmo tempo um sintoma e um dos elementos da decadência da economia atual e a sua transformação em apologética". [7] No seu horizonte define-se um "ótimo". Mas este ótimo de eficiência e este equilíbrio, não é nem um ótimo nem representa um equilíbrio social. Nem se prova que esses estados de equilíbrio são socialmente justos, possíveis, éticos. [9]

O pseudo cientismo vigente necessita de negar a existência do social. A democracia está efetivamente condicionada por esta "ciência" com o absurdo de as suas leis serem pretensamente válidas universalmente, independentemente das circunstâncias históricas e sociais. Na realidade, a dita "ciência económica" está reduzida à facilitação de negócios: ao Estado reserva-se o papel de os assegurar. Como dizia um deputado PSD acerca da privatização da TAP, sem mais argumentos: "é preciso deixar a economia funcionar".

A pobreza aumenta na UE, todas as medidas para "crescimento e emprego" mostraram-se contraproducentes. O reformismo social-democrata afunda-se numa espiral de contradições internas e externas, mas persiste em ter como objetivo salvar o sistema e impedir uma alternativa política em que o socialismo tenha lugar.

3 – A UE, um desconexo conjunto de povos sem controlo 

Num espaço economicamente desenvolvido como a UE, praticamente toda a capacidade de decisão popular foi usurpada. Vive-se um totalitarismo, mas a social-democracia pretende dar ainda mais competências à UE "para aumentar a competitividade relativamente a outros blocos" ou ultimar a "união bancária" com as finanças nacionais a serem geridas por burocratas às ordens da oligarquia dos países dominantes.

Estas políticas colocaram a generalidade dos países da UE, e em primeiro lugar os do euro, à beira da catástrofe. Portugal mergulhou na estagnação económica, aumento da pobreza, desemprego, ausência de investimento, emigração que se transformou em fuga do país para os mais jovens. O PIB está ao nível de 15 anos atrás, apesar de mantido pelo turismo e imobiliário de luxo (em parte pelos "vistos gold").

Tudo o que poderia beneficiar o país, mesmo tímidas medidas como a intervenção pública na economia, o controlo da banca, efetiva regulação financeira, etc, não é permitido pelas instituições europeias sob pena de represálias que os seus sequazes nacionais repetem à exaustão. O poder democrático foi usurpado pelos organismos da UE contra os interesses nacionais. Sem colocarem a questão de verificar se as regras da UE e do euro são boas para Portugal e os portugueses o único argumento que os propagandistas dispõem é o da cedência às ameaças e chantagem das burocracias europeias,

Em quatro anos de dito "ajustamento" a dívida pública aumentou 54 mil milhões de euros, os juros pagos atingiram cerca de 35,5 mil milhões de euros e em termos líquidos, o país perdeu nos últimos quatro anos, 25,5 mil milhões de euros (diferença entre PIB e RN). Estes números expressam a natureza neocolonial das políticas impostas pela UE. Face a isto, os papagaios de serviço falam em "atrair capitais e investimento como prioridade absoluta"…

A catástrofe é permanecer no euro e seguir as regras da UE. Os países poderiam criar moeda sem juros, mas o euro é o instrumento privilegiado para o domínio alemão sobre a Europa, uma liderança imposta custe o que custar aos outros povos. Na UE as liberdades democráticas estão subordinadas aos interesses da gestão dos negócios dos oligarcas. A democracia cessa na austeridade, na legislação antilaboral, na comunicação social controlada, na submissão às burocracias selecionadas pela oligarquia e pelo imperialismo.

A social-democracia está ao serviço desta tragédia e aviva os seus preconceitos anti socialismo, mostrando-se afligida com uma hipotética "ditadura de esquerda". Vejam-se as atitudes para com Cuba, Bolívia, Venezuela, ao mesmo tempo que apoia o nazi-fascismo de Kiev.

A UE tornou-se um espaço neocolonial. Porém, verdadeiramente colonizado é apenas o povo que para se identificar com o colonizador e esquece as suas raízes. Verdadeiramente colonizados, são os que se deslumbram e curvam perante os modelos políticos e sociais do colonizador.

4 – O socialismo como imperativo histórico 

O sistema capitalista espalhou o caos em regiões inteiras do Afeganistão à Líbia, à Somália. O capitalismo atingiu a sua fase senil incapaz de resolver os problemas que cria. Nenhum problema pode ser resolvido com a mesma forma de pensar que está na sua origem. Deste modo, é necessário compreender que os partidos que nos trouxeram à situação de descalabro atual, PS, PSD, CDS, não serão capazes de nos tirar dela. O capitalismo é pois um sistema que tem de ser substituído.

O socialismo é de facto a alternativa à barbárie capitalista. [9] A barbárie atual surge como produto da ascensão de uma classe dominante financeira, parasitária e militarista. Governam e perseguem agressivamente uma agenda que está continuamente a reduzir os padrões de vida, a transferir a riqueza pública para os seus cofres privados, a violar direitos constitucionais no exercício de suas guerras imperiais, a segregar e perseguir milhões de trabalhadores imigrantes e a promover a desintegração e o desaparecimento do trabalho estável e da classe média. [10]

A luta de classes existe e foi exacerbada, mas a social-democracia mascara-a com as noções de competitividade e de "atrair capitais". A propaganda, a manipulação podem parar a história? Não, mas atrasam-na, pois só se pode mudar o que se compreende. Procuram criar uma opinião pública confundida, talvez revoltada, mas passiva.

Perante o poder avassalador da finança e do imperialismo, seria fácil admitir que nada pode ser alterado, por mais que os povos abominem o sistema em que vivem. Assim seria se o materialismo dialético não nos permitisse compreender e interpretar os fenómenos da vida tanto individual como coletiva e suas correlações. Tudo pareceria empiricamente perfeito ao capitalismo, sem a análise dialética. Mas por maior que seja o poder ao serviço da oligarquia, nada pode contra as leis económicas e sociais objetivas, inerentes a cada modo de produção, nada pode para anular as contradições que as estratégias de sobrevivência do capitalismo agravam.

O materialismo dialético, o marxismo, permite-nos compreender o caos que nos cerca e suas causas, mas também definir e estimular as soluções para o superar. Permite-nos compreender que as transformações quantitativas dão origem às transformações qualitativas. Tal como o capitalismo sucedeu ao feudalismo, o socialismo sucederá ao capitalismo, como solução para as suas contradições e antagonismos.

A alternativa parece-nos clara: socialismo ou barbárie. O socialismo é dirigido para um fim sócio ético, como escreveu Einstein. O socialismo representa a superioridade de um poder alicerçado numa base social alargada em relação a um poder submetido a uma minoria ultraprivilegiada.

A construção do socialismo, quaisquer que sejam as variantes do seu processo de transição, deverá consistir numa alternativa que defenda os interesses nacionais e populares, que lute pela soberania económica, monetária e jurídica, do país. Uma alternativa que se afirme contra as quatro crises capitalistas e o espectro do neofascismo do século XXI.


Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

Portugal. MITOS URBANOS



João Galamba – Expresso, opinião

Depois de se refundar em “Somos o que escolhemos ser”,Passos Coelho parece ter-lhe tomado o gosto e quer transformar todo o seu passado conhecido (e documentado) num enorme mito urbano. A ideia de que Passos Coelho sempre desejou a vinda da troika, precipitou a sua vinda e, depois, foi além da troika, é, tudo leva a crer, o maior de todos os mitos urbanos. Para Passos Coelho, essa é uma tragédia que, embora seja bem real e amplamente documentada, nunca aconteceu.

Passos Coelho, coadjuvado por Paulo Portas, está empenhado em apagar da realidade os 450 mil empregos destruídos desde que o atual governo assumiu funções, a maior vaga de emigração desde os anos 60, o recuo do investimento para níveis de meados dos anos 80, o corte de salários e prestações sociais, o recuo de uma década no combate à pobreza e à exclusão social, a degradação da educação, da saúde, da justiça e da segurança social. Isto não são episódios passados de uma história que acabou bem. Isto é o presente. É aqui que estamos.

E podíamos estar bem pior.

O facto do Tribunal Constitucional (e as eleições) ter travado o desvairado plano de Passos Coelho, anunciado em outubro de 2012, e reafirmado em Abril de 2013, de cortar 4 mil milhões de euros em salários e prestações sociais, e de tal ter tido um efeito positivo na economia e no emprego, também é apagado da história.

A despesa que Passos Coelho dizia querer cortar em 4 mil milhões de euros subiu 3 mil milhões de euros, e foi o aumento da despesa que Passos Coelho queria cortar, nomeadamente rendimento de funcionários públicos e de pensionistas, que permitiu estabilizar a procura interna. Se o plano de corte em salários e prestações sociais desejado por Passos Coelho tivesse ido avante, a recessão teria sido mais profunda e a procura interna, que é o que explica a saída da recessão, não teria recuperado como recuperou. A recuperação da procura interna ocorre apesar do governo, e contra sua política, nunca por sua causa. Se dúvidas houvesse, o corte de 600 milhões de euros em pensões, que a coligação já prometeu para 2016, é prova disso mesmo.

Cortes excessivos, errados e desnecessários, que tiveram efeitos catastróficos na economia, no emprego e na coesão social, e não criaram a famosa “confiança”. A patranha da austeridade expansionista. Um plano de cortes suicida, sucessivas vezes tentado, e, felizmente, sucessivas vezes travado pelo Tribunal Constitucional. Degradação acelerada do serviços públicos e da relação do Estado com os cidadãos. Uma realidade que só não é pior porque o governo foi impedido de pôr em prática (toda) a sua estratégia. Não, esta não é uma história com um final feliz. Esta é uma história que só poderá vir a ter um final feliz se, nas eleições, a dupla Passos Coelho e Paulo Portas for derrotada.

Portugal - Militares. Forças Armadas vão fazer vigilância dentro das escolas




A notícia é da Lusa mas já não é novidade que este projeto estava na forja. O título é objetivo mas há outros com igual objetividade. Um deles colava como lapa no que se segue da Lusa: “Fazem dos militares gato-sapato. Até quando?”

Militares na floresta, militares nas escolas, militares a limpar sentinas nos ministérios, na Assembleia da República e na Presidência da República… Já pouco falta. Até quando a coluna vertebral vergada das Forças Armadas vai aguentar o pendor antes de se erguer natural e magestáticamente?

Redação PG

Os militares das Forças Armadas na reserva vão fazer vigilância dentro das escolas, essencialmente nos recreios, com missões como impedir agressões entre elementos da comunidade escolar, explicou o Ministério da Educação e Ciência (MEC).

O Conselho de Ministros aprovou, na passada quinta-feira, alterações a um diploma que permitem agora o recrutamento de elementos das Forças Armadas na reserva para fazer vigilância nas zonas escolares.

Estes militares deverão "assegurar as funções de vigilância relativas ao ambiente do espaço escolar, com especial incidência nos recreios e junto das imediações da vedação escolar", explicou à Lusa fonte do gabinete do MEC.

Os militares na reserva vão fazer a segurança escolar no interior das escolas e terão funções complementares ao trabalho que é atualmente desenvolvido pela PSP, ou seja, "não se substituem ao do Programa Escola Segura, pelo contrário vem complementá-lo".

Os vigilantes serão colocados nos estabelecimentos escolares que, "devido à sua localização, população, dimensão e problemáticas associadas, necessitem dos mesmos para garantir a tranquilidade da comunidade escolar", acrescenta o ministério.

As principais missões serão a de zelar pelo cumprimento dos regulamentos das escolas, "requerendo o auxílio de forças de segurança, sempre que for justificado".

Sensibilizar os alunos para a conservação e gestão dos equipamentos das escolas e "impedir a prática de qualquer tipo de agressão, verbal ou física, entre os membros da comunidade escolar" são outras das tarefas atribuídas.

O MEC sublinha ainda que as escolas poderão contar com os militares para "defender os direitos das crianças e jovens da escola onde prestam serviço, protegendo-as de qualquer forma de abuso" e para detetar ilegalidades e infrações às regras da escola.

"Fiscalizar e informar do estado de conservação das infra -estruturas e equipamentos da escola, sempre que verifique que o mesmo se encontra deteriorado, danificado ou a funcionar defeituosamente" é outra das missões referidas pelo ministério.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Portugal. PALAVRAS BEM DITAS


Bocas do Inferno

Mário Motta, Lisboa

Vamos dar uma voltinha pelos títulos de hoje na comunicação social. No caso recorremos ao Notícias ao Minuto. Obrigado, rapazes e raparigas "ao minuto".

Cavaco, cobra cuspideira

Sempre Cavaco. Desta vez anda a passear pela Bulgária. É um passeante de bradar aos céus e um gastador daquilo que não lhe pertence de bradar aos infernos. Esta é a visão de Cavaco: venha o meu, sempre. O que é dos outros posso esbanjar. Mas não é por isso que não se considera o Poupadinho da Silva. À Bulgária. O que é que ele vai fazer à Bulgária? Como noutras viagens falará das potencialidades de negócios e parapatchim-parapatchá… Depois, dá em nada ou quase nada. Pelo menos para compensar o que retira do orçamento caseiro dos portugueses. Mas é assim (até um dia). Eles é que têm os livros, eles é que sabem. Não por acaso, um amigo norte-americano perguntou-me como era possível um país tão pequeno conseguir reunir tantos ladrões nos poderes… Pois, Edmond, parece que eles crescem como os cogumelos… Até um dia.

Mas isto foi um aparte. Cavaco está feliz com a venda da TAP. Pudera. Se alguém conseguisse vender o país por atacado, todo inteirinho, Cavaco ainda ficava muito mais feliz. Força para isso ele faz mas a chatice é que só compram aos bocados. Uma coisa ali, outra aqui…

Cavaco. Jerónimo de Sousa disse o que dele tinha a dizer e é título no Notícias ao Minuto e outros: TAP. Jerónimo considera "chocante" declaração deCavaco Silva. Pois é Jerónimo, é chocante e não só. É repulsivo. Cavaco a falar disso até parece uma cobra cuspideira. Vão lá e leiam, para ver se a verdade das palavras e sentir sobre o dizer do repelente sujeito que ocupa a Presidência da República não é mais que legítimo. Palavras bem ditas.

Passos, untuoso prestidigitador

Passos vai de vento em popa (a popa é um pássaro que só come trampa) a debitar trampa (a popa come Passos vomita a trampa). Daí a coordenadora do Bloco ter dado letra ao título: Catarina Martins. Passos é capaz de dizer que "uma garrafa de plástico é porcelana".

Ah pois é. É e já vimos que sim sem lugar a dúvidas. Tem passado os tempos de desgovernança e depaupério de Portugal a fazer prestidigitação com o maior dos descaramentos. É estilo aqueles com quem anda. Olhem, o Relvas, por exemplo, que era um “doutor” que não era doutor. A não ser só doutor do cambalacho. São os parasitas Chicos Espertos que foram paridos pela juventude laranjada e que têm por negócio as vigarices, as tramóias, a desonestidade intelectual e outras. O rapaz estava para ser prestidigitador mas acabou por sair da placenta ajavardada da JSD com destino marcado pelo fabricante de sucedâneos muito-bem-na-vida chamado Ângelo Correia. Agora, olhem, temos de o gramar porque os portugueses andam com o espírito pobre e anémicos mas gostam da fruta e do slogan: fome e porrada não vos há-de faltar.

Vai daí saiu na rifa de Portugal a mole imensa de vendilhões e prestidigitadores que convencem otários aos milhões bramindo uma garrafa de plástico ou várias, dizendo e convencendo a assistência que é de porcelana. Até parece que a Catarina Martins não tem cá estado. Oh senhora, mas qual é a admiração? Ele diz e convence. Indromina. A admiração deve estar naqueles que vêem que a garrafa é de plástico e não são capazes de deixar o vendilhão aldrabão a falar para as paredes. Na volta votam nele e afirmam-se uns grandes masoquistas. Calhaus… O que se queira. Pior é que arrastam nessa senda horrível muitos milhões de portugueses e o país. Destino? O descalabro. A fome. A penúria. A exploração desbargada… Tudo isso e muito mais. De qualquer modo é sempre bom que alguém vá avisando. Vá chamando à atenção os portugueses: “rapaziada, temos um primeiro-ministro que é um charlatão, pessoa capaz de dizer e convencer que uma garrafa de plástico é de porcelana.” Palavras bem ditas.

Tavares, pobre livre

Rui Tavares. Do Livre – Tempo de Mudança. Mudanças era com o Galamas, uma empresa da especialidade. Agora é o Livre a querer mudar o país. Querias? Será que o Rui Tavares não aprendeu que mudar é coisa que a seita referida atrás não quer e não deixa, a não ser à porrada ou através de um grande cagaço do estilo do 25 de Abril de 1974? O Rui ainda não aprendeu nada? Oh jovem, vamos lá a abrir a pestana. Francamente.

Diz no título: Rui Tavares "Governo não deixará pedra sobre pedra até ao seu último minuto"Ah. Isso já Tavares aprendeu. Mas então o que é que o Livre pensa que poderá fazer perante (contra) a máfia que existe no Arco da Governação e ilhargas? Rui. As intenções podem ser das melhores e legítimas mas só unidos é que os venceremos. De contrário com mais partidos todos partidos e ínfimos só se contribui para mascarar ainda mais a democracia e enfraquecer os milhões que de facto podem mudar isto e recuperar a democracia, a justiça, as liberdades, o respeito pelos direitos dos cidadãos, incluindo os Direitos Humanos, etc.

Pelo que se sabe Portugal não é pobre como o pintam. Há ainda muito para vender, para desbaratar, para roubar. Mais uma  reeleição e então sim, não ficará pedra sobre pedra no país. Palavras bem ditas.

Partido Socialista a fazer de conta

É isso mesmo. O PS anda a fazer de conta que não sabe, não percebe o que estão a fazer ou o que já fizeram em alegado secretismo. O PS anda numa ciranda de faz-que-faz, diz-que-diz… E o que desse raciocínio mais houver.

Lê-se no Notícias ao Minuto: TAP. PS questiona base das informações de Cavaco sobre processoOh PS, mas que treta é essa? A base de informações de Cavaco Silva é o seu governo. Sobre o processo da TAP e outros mais. O mago de Belém está super informado sobre os desempenhos do seu governo. Nem é do modo de ser de Cavaco, PR da direita ressabiada e saudosista do salazarismo, não estar inteirado das vendas, concessões e outras negociatas do seu governo. É o seu governo. E o PS sabe isso. Então para quê questionar quais as informações que Cavaco tem? Deixem-se de rodriguinhos e hipocrisias para parecerem oposição, quando não o são. Francamente.

Recordemos que ainda de nada sabíamos sobre o aeroporto, o novo, em Rio Frio, era o PS governo, e um amigão de longa data de Cavaco desatou a comprar terrenos nas imediações do eventual novo aeroporto porque teve informação previligiada. Como soube? Foi o governo PS que o informou secretamente? Foi? Sabendo que o marmanjo faz parte da parelha de Cavaco Silva?

Porque o PS nada tem de socialista também nas suas fileiras existem cavaquistas. Vamos lá a deixar de fazer de conta. Afinal existem portugueses que sabem muito bem que o PS de socialista nada tem, nem de social-democrata, nem… O que os partidos do Arco da Governação querem e fazem é governarem-se e aos amigos. Estas sim, são palavras verdadeiras, bem ditas.

Galamba com todos

Já que estamos na área do PS vamos lá repescar o João Galamba. Jovem deputado. Jovem dirigente. Ainda com poucos vícios. Smpático. Acessível. Dele sobra hoje este título:  João Galamba. "Paulo Portas vem agora fingir que é um tipo respeitável".

A abordagem ao simpático e lavadinho João Galamba cabe aqui mais em homenagem do que outra coisa. É de lana caprina o que ele afirma sobre Paulo Portas. Portugal sabe que Portas é um vigarista de primeira-apanha que vai escapando pelos intervalos da chuva devido a existirem outros políticos nos partidos do Arco da Governação dupla ou triplamente mais vigaristas que Portas. Só por isso ele escapa. E também por Portugal estar com o setor da Justiça nas mãos de uns quantos mafiosos… Mas isso são outras conversas.

Ora o que João Galamba está a proporcionar ao PS é que ainda pareça mais um partido político honesto, como João, quando não é. João contribui para que o PS até pareça um bocadinho socialista, quando não é.

Nem ao João nem a Portugal é desejável que ele se estrague e seja absorvido pela matula que fez do PS um coio de malfeitores (como os outros do Arco). Por isso algo deve ser feito, pelo João e por outros dessa tempera no PS: sanear. Pelo menos fazer um regresso ao passado e voltar a ser um bocadinho socialista ou social-democrata… Mas sem vigaristas de permeio. É que uns quantos andam a conspurcar o PS há anos. E o que se pretende é um João com todos, sem contaminações, e não um João só com alguns. Palavras bem ditas.

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