Mário Motta, Lisboa
Ferro
Rodrigues, do Partido Socialista, foi eleito Presidente da Assembleia da República
perante os rostos fechados dos protegidos de Cavaco Silva, deputados do PSD e
do CDS - em minoria na AR - que o PR Cavaco indigitou, na pessoa de Passos
Coelho, para primeiro-ministro e governo. Um governo a cair no prazo máximo de
duas semanas.
Considerando
os valores da democracia e os votos igualitários na sua expressão de todos os
cidadão eleitores em Portugal, ao contrário daquilo que foi afirmado pelo
extremista radical Cavaco Silva, ainda presidente da República, Ferro Rodrigues
deixou o recado à contraposição ontem manifestada por Cavaco no seu discurso
sectário, revanchista, antidemocrático: a Assembleia da República respeita
todos os poderes instituídos nos devidos preceitos constitucionais mas exige de
igual modo ser respeitada. O que significa que Cavaco no seu discurso foi longe
demais, desrespeitou a vontade dos eleitores portugueses e, consequentemente os
deputados eleitos por partidos políticos de esquerda. Terá de arrepiar caminho
ou dispor-se ao confronto que gerou com suas declarações discursivas de
perfeita chantagem como bom génio da mediocridade que é, como mau perdedor,
como ditador que se pudesse não exitaria em promover um golpe de Estado para se
fazer perdurar no poder junto com os do seu bando de direita antidemocrática.
Na
eleição de hoje, de Ferro Rodrigues, assistiu-se a uma mostra daquilo com que
Cavaco e a direita podem contar: com a unidade de uma esquerda maioritária na
casa da democracia e dos representantes do povo, a Assembleia da República. Manda
a democracia que sejam respeitados os mais votados, em alianças ou não. Vamos
ver se Cavaco aprende a lição. Duvidamos muitíssimo, mas resta a esperança de
que o professor Cavaco aprenda a lição, ou, se não, com o agravante de estar a provar o que
sobre ele impende em acusações da sua postura antidemocrática e saudosista do
regime fascista de António Oliveira Salazar. Perante este personagem que habita
Belém graças à democracia já há os que perguntam aos que punham dúvidas ou de todo não acreditavam: “ E então?
Já acreditas que Cavaco era da PIDE?” Até prova em contrário a resposta é evidente.
Diga-se, em
abono da verdade, perante tantas atitudes de direita doentia e antidemocrática
de Cavaco, ao longo dos anos nos poderes, das duas uma: não era da PIDE mas
encaixava-se naquela polícia política perfeitamente… Ou era mesmo. Devido aos
manuseamentos possíveis em aplicações na internete, o cartão da PIDE associado a
Cavaco pode não ser correspondente a um autêntico, não manuseado, facto é que,
assim, depois do que disse ontem e da sua postura antidemocrática, se não tem o
cartão devia. Assentava-lhe muito bem.