domingo, 27 de dezembro de 2015

Portugal. ESTÓRIA SEM EXEMPLO



Fernando Campos

HISTÓRIA EXEMPLAR 

Entrei.
– Tire o chapéu – disse o Senhor Director.
Tirei o chapéu.
– Sente-se – determinou o Senhor Director.
Sentei-me.
– O que deseja? – investigou o Senhor Director.
Levantei-me, pus o chapéu e dei duas latadas no Senhor Director.
Saí. 

Mário Henrique Leiria, Contos do gin-tonic.

O Banif foi vendado aos espanhóis do Santander. Como de costume, com enooormes "perdas para o contribuinte".

Até agora ainda ninguém foi preso. Nem o governador do Banco de Portugal, nem a ex-ministra Albuquerque, nem o ex-ministro Gaspar. Nem sequer o seu presidente do conselho de administração, Luís Amado.

A verdade é que esta gente não vai dentro. As suas reputações são inatacáveis, os seus percursos inquestionáveis, as suas posições inexpugnáveis.

Amado é um vistoso economista e consultor de empresas que já foi auditor do Tribunal de Contas(!) e ministro dos Negócios Estrangeiros, e de Estado, e da Defesa e tudo. Já me debrucei sobre a sua figura aqui, a propósito da performance diplomática que fez nas Necessidades.

Amado é muito considerado. Amado é um servidor compulsivo e satisfeito (veja-se a lista, impressionante – que ele exibe com garbo, na sua ficha da wikipédia – de países a quem prestou e que lhe reconheceram serviços ). Por isso o desenhei de libré .

Além disto, Amado é adorado pela imprensa de referência. E tem tão boa imprensa que é chamado amiúde pelas televisões, rádios e jornais de negócios. Questionam-no muito respeitosamente e ouvem-no, muito sérios e circunspectos, discorrer melancólico sobre a temática da problemática, a crise económica, a dívida pública, o sistema bancário, as consolidações, as fusões, as estratégias, as oportunidades, a globalização enfim, até sobre o desígnio nacional e de como afinal, nisto como naquilo, é prudente ser prudente.

E ninguém se ri. Tudo se passa como se Amado fosse mesmo alguém capaz, realmente decente, um sábio, um senador, um estadista.

Não há ninguém que lhe dê duas latadas. 

Ver também: 

ISLÂNDIA E PORTUGAL



A Islândia já condenou 26 banqueiros à prisão pela crise financeira de 2008. A actuação das autoridades islandesas contrasta agudamente com a das portuguesas. 

Aqui os banksters permanecem impunes e os culpados nunca aparecem (e muito menos o dinheiro que arrecadaram). 

O novo escândalo do BANIF – um rombo da ordem dos 3 mil milhões de euros – segue-se aos do BPN, BPP, BES, ...

O que mais irá acontecer com tais supervisores & tribunais?

Resistir.info

Portugal. CAVACO – O ORÁCULO DA MORTE DA POLÍTICA



Isabel Moreira – Expresso, opinião

Disse Cavaco: “observando a zona euro, verificamos que a governação ideológica pode durar algum tempo, faz os seus estragos na economia, deixa faturas por pagar, mas acaba sempre por deixar faturas por pagar”. Mais acrescentou que “a ideologia económica só resiste como modelo de vida de comentadores, de analistas políticos, de articulistas que fazem o deleite de alguns ouvintes, de alguns leitores, em tempo de lazer”.

Nestas vestes de comentador de direita, de analista de direita, de articulista de direita que faz o deleite da direita que sempre protegeu, de alguns leitores de direita em tempo de lazer pragmático, Cavaco, para além de fazer de tudo menos de Presidente da República, foi o oráculo da pior tese que contamina a política, quer nacional, quer europeia.

Esta obsessão pela morte das ideologias pela via da exclusividade do pragmatismo é a morte da democracia.

A democracia nasce, desenvolve-se, e vive quotidianamente de escolhas. E essas escolhas são, e devem ser, precisamente, ideológicas.

Optar entre defender a não flexibilização do mercado laboral, optar por defender a gestão pública de sectores estratégicos do Estado, optar pela defesa intransigente de um serviço nacional de saúde universal e púbico, optar pela defesa de uma escola pública como motor de desenvolvimento e de igualdade, optar por um sistema de pensões público, optar por uma atitude patriótica no nosso relacionamento com a UE, optar pela valorização da cultura, optar pelas prestações sociais comprovadamente mais eficazes no combate ao flagelo da pobreza, optar pelo papel do Estado na criação de condições para a criação de emprego, optar pela decisão governativa de subir o salário mínimo não arrastando a concertação social, optar pela defesa dos direitos das minorias, entre tantas opções, é sempre optar ideologicamente.

As opções opostas que vivemos nos últimos quatro anos foram opções ideológicas. Dar prevalência ao capital sobre o trabalho, dar preferência à escola privada sobre a escola pública, sabotar todas as decorrências do Estado social, propor a privatização parcial do sistema de pensões, privatizar furiosamente em modo de horror a tudo o que fosse empresa pública, mesmo a que apresentasse lucro, desinvestir na saúde pública, criar falsos estágios, relacionar-se com a UE sem qualquer sentido patriótico, vilipendiar os funcionários públicos, criar fraturas sociais numa tentativa de destruir a coesão entre novos e idosos, entre trabalhadores do setor público e do setor privado, entre jovens e jovens, destruir a classe média, esse motor de alavancagem da pobreza, empobrecer e, assim. calar o país, defender um modelo único de família, entre tantas opções, foi sempre optar ideologicamente.

A luta pela democracia foi também a luta pelo confronto livre de ideologias e estamos a assistir a um caminho perigoso de apagamento que pretende fazer da política um espaço apolítico. Na verdade, um pântano, no qual ser-se democrata-cristão, socialista, comunista, defensor de diferentes correntes filosófico-políticas e sim, também económicas, é ser-se um embaraço aos que querem pôr um ponto final à exigência primeira da liberdade e da democracia, essa da clarificação, essa de cada um dizer ao que vem, de onde vem, qual o seu espaço e assim clarificar as tais das escolhas.

O “pragmatismo” sem mais defendido por Cavaco mais não é do que uma estratégia política, uma visão pobre e retrógrada da política, uma adesão ao pântano que vem destruindo os mundos nacionais e internacionais e o adormecimento dos povos. Porque Cavaco é, de facto, pragmático. E nele pode ver-se o horror dessa escolha.

Portugal. Presidenciais. “Não precisamos de camaleões políticos por mais hábeis que sejam”



Marisa Matias criticou Marcelo Rebelo de Sousa pelo aproveitamento político que fez ao ir ao Hospital de S. José, quando há pouco tempo, na campanha das legislativas, assumia que a política do Governo PSD-CDS tinha custos, mas “tinha de ser”. “Coerência já fazia falta ao candidato Marcelo”, apontou.

Marisa Matias esteve este domingo na Guarda, ao lado do deputado municipal Marco Loureiro, e da deputada à Assembleia da República Isabel Pires, onde não poupou nas críticas ao candidato da direita Marcelo Rebelo de Sousa. 

“É muito triste quando vimos candidatos a fazer um aproveitamento, porque não se deve ter apenas sensibilidade para os danos sociais depois de eles estarem causados, essa sensibilidade tem que se ter antes, tem que vir dos nossos valores, dos nossos princípios, daquilo que defendemos em cada momento”, destacou Marisa.

Para a candidata presidencial, é pena que o que se ouviu falar nos últimos dias, sobre o Serviço Nacional de Saúde (SNS), “tenha sido tão invisível nos últimos anos, quando as políticas de austeridade empurraram para fora do SNS pessoas por falta de recursos ou por falta de meios, liquidaram a capacidade de resposta do SNS em muitas das circunstâncias, encerraram centros de saúde, hospitais e postos de atendimento em muitas zonas do país”.

Sublinhando que não precisou de nenhuma campanha presidencial para denunciar os cortes no SNS, ou lutar pela saúde de todos e todas, Marisa recordou as palavras de Marcelo Rebelo de Sousa, que há pouco tempo, dizia que a proposta do PSD-CDS era a proposta “mais segura, mais sensata e mais ponderada”, e lembrou-lhe que “a austeridade tem mesmo consequências concretas na vida das pessoas concretas, e a candidatura a Belém não é um mero passeio de passadeira vermelha, de fingimento”.

“Não entendo que os valores que estão inscritos na nossa lei fundamental, que foram sistematicamente violados, sejam meras declarações genéricas que podem permitir tudo. Não os entendo assim”, destacou Marisa Matias, que logo a seguir salientou que  “aquilo que se cortou no SNS é o equivalente ao que perdemos, por exemplo, com o BANIF, porque sabemos que se trata tudo de escolhas políticas e temos que ter na Presidência da República um árbitro de proximidade com os cidadãos e cidadãs”.

Para Marco Loureiro, deputado municipal na Guarda, é tempo de eleger “uma Presidente que mobilize o país para as questões pertinentes como são o sector da saúde, da educação, da cultura, bem como das políticas sociais e económicas, que tanto necessitamos na nossa região”. Lembrou os cortes que os sucessivos orçamentos têm feito àquela região, na área da saúde e da justiça, e lembrou as visitas do ainda Presidente da República que “nunca se pronunciou quando tivemos situações que vieram cortar, desde as portagens, desde o fecho dos tribunais, desde o fecho das finanças, do fecho dos serviços de atendimento na área da saúde. Um Presidente que nunca quis debater aquilo que mais tocava na vida daqueles que devia representar”.

“A austeridade não só deu cabo do país como ainda nos colocou no interior mais profundo, num interior vazio, num interior esquecido”, destacou. 

á para a deputada à Assembleia da República Isabel Pires, se juntarmos aos dois mandatos de Cavaco Silva, os últimos quatro anos de governação PSD-CDS verificamos que o país “ficou pior em todas as áreas que nos possamos lembra”, apelando à urgência de “acabar, de vez, com os comportamentos criminosos que alguns governantes tiveram até agora”.

Lembrou os quatro anos de “política de terra queimada” que “ainda nos dizem para não estragar”, e convidou a direita a “descer à realidade e ver o estado real em que o país ficou. O país onde ter direitos no trabalho é, hoje em dia, a exceção, o país onde o desemprego é preocupante, o país onde quem vai ao hospital ao fim-de-semana pode não ter garantidos os cuidados que precisa, o país onde a pobreza aumenta a cada ano que passa, o país onde os níveis de emigração são dos mais altos de sempre”.

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Lider trabalhista Jeremy Corbyn vem a Portugal apoiar programa anti-austeridade do novo governo



O líder dos trabalhistas britânicos aceitou o convite do primeiro-ministro António Costa para participar numa “tournée de conferências” que terão lugar no início do ano e que contarão também com a participação do ministro das Finanças sombra de Corbyn, John McDonnell.

egundo revela o Morning Star, Jeremy Corbyn e António Costa aproximaram-se numa reunião dos líderes socialistas europeus em Bruxelas na passada semana, tendo agora o líder trabalhista aceite vir a Portugal participar numa série de conferências em apoio ao programa anti-austeridade do novo governo português.

“Vamos fazê-lo como apoio ao seu programa anti-austeridade. Estamos a construir uma coligação anti-austeridade por toda a Europa”, afirmou Jeremy Corbyn em declarações ao Morning Star.

“O Governo grego passou por um período terrível e o Banco Central Europeu tratou-o de forma vergonhosa. O caso mais interessante na Europa é agora o do Governo português e o seu programa anti-austeridade”, acrescentou o líder trabalhista.

Jeremy Corbyn lembrou que votou contra o Tratado de Maastricht “porque este criava uma Europa baseada na economia do mercado livre e não uma Europa baseada na segurança social e nos direitos dos trabalhadores”.

O novo líder do Partido Trabalhista é uma das vozes antiausteridade na política britânica e esteve em Portugal na manifestação contra a NATO e numa conferência organizada pelo Bloco sobre o euro e a crise das dívidas. 

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Portugal. A REALIDADE



Carvalho da Silva* – Jornal de Notícias, opinião

Este ano de 2015 que agora termina foi desavergonhadamente classificado de "ano de saída limpa", entretanto, na sua ponta final, está a propiciar-nos uma perceção mais clara das sujidades escondidas ao longo das últimas décadas e, em particular, durante a governação da Direita na anterior legislatura. Os crimes políticos (e outros) contra os direitos e superiores interesses dos portugueses foram muitos e de enorme dimensão.

A Direita tem consciência do que fez, por isso já se colocou em reformulação e está a criar as várias caras com que pretende dar eficácia à sua ação. No seu seio está entranhado um forte ressentimento face à solução política que o voto dos portugueses permitiu; então fica entregue ao CDS o papel de o exprimir, dado que ideologicamente a Direita não democrática se identifica naquele partido e ali não faltam quadros arrogantes, desavergonhados e sem pudor. Ao PSD ficam entregues as tarefas de representar uma Direita responsável que de novo quer ser dialogante, logo empenhada em recompor todos os mecanismos e compromissos do centrão de interesses, de que aliás também uma parte do Partido Socialista tanto gosta. Passos Coelho está em reciclagem e, porque pode ser-lhe atribuída forte responsabilidade pelo desastre e sofrimento em que o país e o povo foram colocados, já vai dizendo: "Espero que não façam demasiadas passa-culpas".

Sem espírito de vingança, mas com determinação e rigor, há que pôr a nu as charlatanices e maldades que nos têm sido impostas. A participação e responsabilização social e política das pessoas exige conhecimento objetivo da realidade em que se movem, dos perigos que trilham e das capacidades mobilizáveis para a construção "de projetos de vida e de felicidade", de que nos falou o primeiro-ministro na sua mensagem de Natal. O diálogo, a transparência e o compromisso de que os portugueses necessitam têm de partir destas premissas.

O Serviço Nacional de Saúde foi depauperado: surgem doenças e mortes em resultado dessa política. Sem alarmismos, há que assumir esses factos identificando bem os elos e as capacidades destruídas. Os recursos do país são escassos, os profissionais de saúde, que tão maltratados têm sido, vão ter de fazer sacrifícios para ajudarem à eliminação dos problemas mas, naturalmente, só o farão se houver verdade na responsabilização, se se sentirem parte da construção das políticas e se as promiscuidades de negócio entre o público e o privado forem desmanteladas. Os novos governantes não podem fazer abordagens redondas que diluem culpas.

Num tempo de premência de investimento produtivo, é dramático constatar-se que, em menos de uma década, o sistema bancário destruiu 40 mil milhões de euros. Grande parte da poupança de que agora tanto precisávamos foi distribuída aos acionistas em forma de "lucros", os gestores pagaram-se principescamente e outra parte do dinheiro evaporou-se em negociatas e atos de gestão irresponsável. O buraco do Banif ampliou-se em resultado de uma atuação politicamente oportunista de Passos, Portas, Maria Luís e Carlos Costa. A "saída limpa" de Portas e Passos foi camuflada pelo acumular de buracos no setor financeiro e nem o professor de finanças que mora em Belém quis topar a coisa. Os seus amigos da troica e do poder instituído na União Europeia deram cobertura a este caminho, porque estão em funcionamento mecanismos que colocam, sem apelo nem agravo, o povo a pagar as faturas.

Cavaco Silva, na escalada do disparate que vem preenchendo o seu discurso, afirmou que "Em matéria de governação, a realidade acaba sempre por derrotar a ideologia". Este grande "malandro" da política - está no combate ideológico e político há 40 anos e faz de conta que é um tecnocrata sem ideologia - chama realidade ao conjunto de estruturas, práticas e regras neoliberais criadas por quem pensa como ele, e coloca como irreais os valores da democracia, da soberania e da dignidade humana.

O discurso das reestruturações e reformas tem se ser substituído, em parte significativa, pela ação política de reabilitação das estruturas e infraestruturas humanas que organizam e gerem o setor público e privado.

*Investigador e professor universitário

Portugal. CAVACO SILVA NUM BAR DE ALTERNE



Num bar de alterne da capital, Cavaco Silva encontrou três lindas mulheres. Uma ruiva, uma loira e uma morena.

Sentando-se ao lado da ruiva disse:

- Eu sou o Presidente de todos os portugueses, quanto me pede você para passar uma noite comigo?

Ela respondeu:

- Ao Sr. Presidente faço um preço especial, somente 125 euros!

Cavaco Silva achou muito caro, levantou-se e foi sentar-se ao lado da loira e fez-lhe a mesma pergunta, ela respondeu:

- Ao Sr. Presidente faço um preço especialíssimo, somente 75 euros!

Tentando arranjar algo mais barato, Cavaco Silva foi-se sentar ao lado da morena e perguntou-lhe a mesma coisa, e ela respondeu da seguinte forma:

- Sr. Presidente, se você conseguir tirar para fora o seu coiso e fazê-lo crescer como faz os preços, mantendo-a dura como a vida e tesa como a carteira dos portugueses, se me levantar a saia como levanta os impostos, se descer as minhas cuecas como desce os salários e se me f*der com tanto jeitinho como f*de o povo português, então Sr. Presidente para si é de borla!


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