Perante
um auditório completamente cheio no Centro de Cultura e Congressos de Aveiro,
Edgar Silva falou de justiça – no combate à exploração e na redistribuição da
riqueza criada; na defesa da democracia pela assumpção da soberania como factor
de progresso económico e social e pelo combate à corrupção. E apelou a que
ninguém falte, dia 24 de Janeiro, a votar nos valores de Abril.
Depois
de um dia passado a dar visibilidade à realidade penosa no mundo do trabalho, o
candidato à Presidência da República esteve à noite em Aveiro para um comício
de sala repleta. Antes de intervir no encerramento da iniciativa em que se fez
acompanhar por dirigentes do PCP e do PEV, ouviu porém a jovem Renata Costa
qualificar a sua candidatura como «aquela que assume a Constituição como um
texto vivo».
Francisco
Gonçalves, mandatário distrital, por seu lado, cerrou fogo no tratamento
tendencioso da candidatura de Edgar Silva por parte da generalidade da
comunicação social, chamando os presentes a serem o motor da campanha nos dias
que ainda faltam até ir a votos, porque, explicou, «não nos podemos dar ao luxo
de “fazer uns bonecos” para TV ver».
Edgar
Silva no seu discurso também fez enfáticos apelos «à mais funda generosidade e
disponibilidade» e «à«ousadia na abordagem, no contacto e esclarecimento» para
o voto nos valores de Abril. Mas depois de uma jornada com trabalhadores,
impunha-se, primeiro, consolidar algumas ideias-chave.
Foco
no Trabalho
Lembrando
o apoio manifestado por um trabalhador e representante dos trabalhadores na PSA
em Magualde, o candidato frisou que aquele traduz o reconhecimento, «bem-vindo
e sincero», de que a sua candidatura à mais alta magistratura da nação é
promovida por quem «não está só com os trabalhadores quando há eleições e
porque há eleições».
Por
outro lado, prosseguiu, a jornada permitiu «constatar a intensificação da
exploração», avançando, nesse sentido, com o exemplo de um trabalhador que, na
empresa situada no distrito de Viseu, lhe disse estar ali há espera que lhe
dessem trabalho.
A
situação, qualificou ainda, ilustra as «novas praças de jorna» que proliferam
em Portugal. Os trabalhadores «estão à porta das empresas a mendigar um
contrato precário», cenário, relatou, que já havia testemunhado nos estaleiros
da Lisnave, no Distrito de Setúbal.
A
esta «realidade concreta», «ninguém que tenha um coração de carne» pode ficar
indiferente. Exigem-se, por isso, compromissos e acção, os quais Edgar Silva
assume com orgulho, nomeadamente a defesa dos preceitos constitucionais sobre a
matéria.
Combate
decidido
O
candidato à chefia do Estado não se limitou, no entanto, a relembrar e a
insistir nos temas sobre os quais colocou acento tónico ao longo do dia.
Tratando-se do mundo do trabalho, é verdade que se o fizesse já faria mais
sobre a matéria que os restantes candidatos.
Mas
não foi isso que sucedeu. Edgar Silva reservou uma surpresa e depois de
reclamar uma maior redistribuição dos rendimentos entre Capital e Trabalho como
factor de desenvolvimento, ou a necessidade de investimento público mesmo que
isso obrigue ao afrontamento de constrangimentos à soberania, casos da dívida e
dos juros sobre a mesma, referiu-se à corrupção.
Ao
fenómeno e tema candente nesta campanha, Edgar Silva chamou «o cancro da
democracia». Daí considerar que o Presidente da República tem o dever de
intervir. Nesse sentido, apresentou cinco eixos centrais: combate ao crime
económico e financeiro; aperto à promiscuidade entre política e grupos
económicos, quer no que toca ao exercício de funções e cargos, quer no que toca
a negócios envolvendo o interesse público e privados; o fim do sigilo bancário,
que titulou de «armadura de opacidade das traficâncias»; o fim dos paraísos
fiscais e a exigência de meios operacionais para a investigação judicial, bem
assim como a garantia da sua independência face ao poder político.
«O
combate à corrupção não pode ser uma figura retórica», realçou, antes de deixar
aos presentes um impressivo apelo: «ergamo-nos na procura daqueles que têm fome
e sede de justiça».
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