O
advogado Paulo Blanco foi hoje constituído arguido, por suspeitas de corrupção
ativa, na mesma investigação que levou à detenção do procurador do Ministério
Público Orlando Figueira, confirmou o próprio à agência Lusa.
Paulo
Blanco confirmou à Lusa ter sido hoje constituído arguido, por indícios de
corrupção, e que o seu escritório foi alvo de buscas.
"Posso
confirmar que o meu escritório, em Lisboa, foi alvo de buscas a meio da
manhã", disse Paulo Amaral Blanco à Lusa.
O
advogado adiantou que os elementos da PJ levaram cópias de declarações, sobre
os vencimentos que o atual vice-presidente de Angola, Manuel Vicente, auferia
entre 2007 e 2010, quando exercia atividades na Sonangol, BCP e Banco Angolano
de Investimentos (BAI), entre outras entidades, e que pertenciam a um processo
que foi arquivado em 2012.
Paulo
Blanco explicou que os investigadores levaram cópias de declarações sobre os
rendimentos auferidos por Manuel Vicente, que fizeram parte de um processo -
sobre a compra de um apartamento, pelo político angolano -, que foi arquivado
em 2012 por Orlando Figueira, na altura procurador do Departamento Central de
Investigação e Ação Penal (DCIAP).
"Em
2012, fui advogado do engenheiro Manuel Vicente, na compra de um apartamento no
edifício Estoril Sol. Na altura, o MP quis saber quanto é que o meu cliente
auferia. Contudo, quando o processo foi arquivado, para proteger a vida privada
do meu cliente, pedi que me fossem devolvidos [os documentos] e foram esses que
hoje foram levados", explicou.
"Sendo
Manuel Vicente um político, fiz um requerimento para que os documentos onde
constavam os seus rendimentos me fossem devolvidos depois do arquivamento do
processo [por Orlando Figueira], em 2012", acrescentou.
Paulo
Blanco disse ainda que o processo que investiga as atividades do procurador
Orlando Figueira, detido por suspeitas de corrupção, branqueamento e fraude
informática, teve início em 2014, demarcando-se por completo das atividades do
ex-procurador do DCIAP, atualmente advogado na sociedade BAS.
"Não
tenho nada a ver com as atividades ou a investigação a Orlando Figueira e
aguardo para ser ouvido por um juiz de instrução", referiu.
O
Expresso adianta que Manuel Vicente é considerado suspeito de corrupção ativa,
pelo facto de duas transferências bancárias, totalizando um montante de 200 mil
euros, terem sido feitas para uma conta de Orlando Figueira, pela Primagest,
uma sociedade controlada pela Sonangol, precisamente quando o atual
vice-presidente de Angola era o presidente executivo (CEO) da companhia estatal
angolana de petróleo.
O
ex-procurador do DCIAP, em licença sem vencimento desde 2012, foi detido na
"Operação Fizz", por suspeitas de corrupção passiva na forma
agravada, corrupção ativa na forma agravada, branqueamento e falsidade
informática.
Uma
nota da PGR adianta que foram realizadas buscas a domicílios, a escritórios de
advogados e a instituições bancárias, na qual participam onze procuradores da
República, oito juízes e seis dezenas de elementos da Polícia Judiciária.
Em
causa, adianta o comunicado da PGR, "está o recebimento de contrapartidas
por parte de um magistrado do Ministério Público (em licença sem vencimento de
longa duração desde setembro de 2012), com a finalidade de favorecer interesses
de suspeito, em inquérito cuja investigação dirigia".
Entre
outros, Orlando Figueira foi o procurador responsável pelos processos "BES
Angola" e "Caso Banif", que arquivou, relacionados com capitais
angolanos.
CC
// MAG - Lusa
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