sábado, 16 de abril de 2016

A IMAGEM DISTORCIDA (de Angola)



Jornal de Angola, editorial

As palavras do empresário britânico David Wyne-Morgan segundo as quais alguns países ocidentais conhecem “pouco e mal” Angola representam um desafio para Angola e os angolanos.

Em visita ao país, durante a qual foi recebido em audiência pelo Presidente da República, José Eduardo dos Santos, o empresário disse ter encontrado uma realidade diferente e que precisa de ser dada a conhecer ao mundo.

É de espantar o facto de que, embora vivamos ao toque de um “clic” para que determinada  informação ou notícia atravesse oceanos, em muitas partes do mundo prevaleça uma imagem deturpada de Angola. O país não está inacessível, até a julgar pela vaga de imigrantes que continuam a encarar Angola como uma terra boa para viver. 

A imagem descrita pelo empresário do Reino Unido constitui um elemento que deve ser encarado com muita seriedade nesta fase em que a abertura do país ao mundo para acelerar o processo de diversificação é de suma importância.

Angola implementou importantes reformas no sentido de assegurar a abertura ao investimento privado, mas o sector diplomático angolano precisa de lutar mais para que a imagem de Angola lá fora não conheça os níveis de distorção de que falam os empresários britânicos.  

Quando, por mérito próprio, os angolanos souberam retirar o país da zona cinzenta em que resvalava, a caminho de um conflito militar interminável e do fracasso como Estado, não faltou quem procurasse fazer o contrário. Ainda estamos hoje a pagar as consequências desses actos. 

Urge dar a conhecer ao mundo a realidade exacta do nosso país, porque, como referiu David Wyne-Morgan, a imagem que certos países ainda querem fazer prevalecer é a mesma que prevalecia no tempo do conflito armado. Para eles, o esforço de democratização e recuperação da economia feito pelo povo angolano de nada valeu, porque não serviu os interesses e os apetites dos grandes grupos económicos mundiais que querem mandar no nosso país. 

Felizmente, a vinda ao país de personalidades do mundo da política e economia, agora em tempos de paz e estabilidade, tem servido para transmitir a verdadeira percepção que devem ter da realidade do país. Mas algumas capitais europeias constituem-se ainda como verdadeiras centrais de intoxicação. Os seus órgãos de comunicação actuam com uma agenda anti-angolana, pretendendo que nada mudou e que a situação geral do país só conhece retrocessos. Ignoram completamente os numerosos instrumentos internacionais que instam os Estados a promover o respeito pela igualdade soberana e optam pela desestabilização política e social. Foi o que se viu com o processo dos indivíduos implicados em actos preparatórios de rebelião, um caso judicial normal em qualquer sistema de justiça mas que serviu como arma de arremesso contra os poderes públicos. 

Portugal é o país que serve de base para essas campanhas de mentira e desinformação contra Angola. Apesar de partilharmos a mesma língua e muitos aspectos da cultura de cada um, sente-se que os portugueses de uma forma geral não tratam os angolanos com o respeito com que nós os recebemos. A responsabilidade disso deve ser atribuída aos meios de comunicação públicos de Portugal e à meia dúzia de dirigentes políticos interessados na relação de conflitualidade entre os dois países.

Angola passa regularmente pelo crivo da Comissão dos Direitos Humanos das Nações Unidas, aproveitando para dar a conhecer a evolução positiva que o país conhece. Neste exercício, para demonstrar o compromisso firme que o Executivo tem com  a  questão dos Direitos Humanos, as delegações angolanas são permanentemente de nível ministerial e acompanhadas de técnicos especializados na matéria. 

As recomendações feitas pela comissão da ONU têm sido apreciadas pelo Estado angolano que, como qualquer entidade soberana, é livre de aplicar aquilo que melhor está em consonância com os seus objectivos. 

Tal como defendeu o homem de negócios britânico, é fundamental que as autoridades angolanas estejam atentas para contrariar as campanhas lançadas contra Angola. 

Temos de continuar a trabalhar para sermos capazes de mostrar Angola e ter como resultado mudanças na forma como o país é encarado, 14 anos depois do fim da guerra. 

Na verdade, não se trata de uma situação nova, embora ao longo dos últimos tempos, sobretudo por via da nova realidade trazida pela paz e estabilidade, muito tenha mudado. 

Precisamos de continuar a levar para os quatro cantos do mundo a mensagem de que o Estado angolano vive em paz e estabilidade, com ajuda daqueles que pretendem o bem de Angola e dos angolanos. 

Não se trata de uma tarefa impossível, na medida em que as ferramentas e as  modalidades estão todas ao nosso alcance, algumas contando mesmo com o apoio dos amigos de Angola.

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