Em dezembro
de 2014, o ministro do CDS Mota Soares faltou a um debate potestativo sobre
pobreza, que teve lugar após a então maioria chumbar o requerimento de 17 de
novembro do PS para ouvir o ministro. Foi fácil perceber por quê.
Ainda
hoje, se Assunção Cristas não tivesse surgidoalarmadíssima acusando o
governo de estar em curso a diminuição do número de beneficiários do RSI e do
CSI, ninguém estranharia o silêncio do CDS.
O
CDS foi o responsável pela pasta ministerial que desenvolveu uma cruzada
ideológica contra as prestações sociais mais eficazes no combate à pobreza.
Será
possível que Assunção Cristas, agora tão vigilante da prestação social que o
seu partido despreza, não se recorde que o RSI foi retirado a cerca de 115 mil
pessoas, das quais 40% crianças, desde a entrada em funções do anterior
governo?
Vamos
supor que se recorda de tudo e que está a lutar indignadacontra a
diminuição de prestações cuja valia agora abraça. Vamos ultrapassar o choque de
ver o CDS a falar de RSI e de CSI e vamos aos factos.
Assunção
Cristas agita águas quietas, como sempre. Todas as semanas sabemos do seu
método: tira uma cartada para fazer notícia e passados sete dias tem de ir
procurar outra cartada.
Na
sua vasta autoridade em matéria de RSI, Assunção Cristas omite que a única
alteração digna de registo nas Estatísticas Oficiais do Instituto de Segurança
Social é que o Valor Médio do RSI por Beneficiário subiu mais de 25% e que o
Valor Médio do RSI por Família Apoiada subiu mais de 20%.
Para
detratores do RSI temos uma péssima notícia: o número de
beneficiários ou mesmo das famílias apoiadas por esta prestação resgatada pelo
governo atual (e chumbada pela direita) tem-se mantido estável durante o último
ano.
Começando
com fantasmas europeus, passando por contratos de associação e agora com o RSI
e o CSI, Cristas opta por uma oposição de falsos casos. É uma líder que tropeça
propositadamente, o que só à mesma dá trabalho.
Porque
os portugueses sabem a história. Sabem que o Governo do PS repôs os níveis de
cobertura do RSI. Com a entrada em vigor do Decreto-Lei n.º 1/2016, de 6 de
janeiro, a 01 de março de 2016, alterou-se a escala de equivalência da
percentagem do montante de RSI a atribuir por cada indivíduo maior (excluindo o
titular da prestação), de 50 % para 70 %, e por cada indivíduo menor, de 30 %
para 50 % do valor de referência do RSI. Por outro lado, atualizou-se o valor
de referência do RSI em 2016, repondo 25 % do corte operado pelo anterior
Governo, passando o valor de referência do RSI para 43,173 % do IAS, ou seja,
€180,99.
De
quantas pessoas podemos estamos a falar, Assunção Cristas?
Ora,
a medida poderá abranger cerca de 240.000 portugueses. Pessoas de carne e osso
que têm direito a um Estado social que lhes reconheça dignidade e que não
brinque com as suas vidas.
Também
no que toca ao CSI, cujo corte, no anterior governo, em conjunto com o corte do
RSI, contribuiu para um aumento vergonhoso da taxa de risco de pobreza, temos
agora a vozpreocupada de Assunção Cristas. Estamos a falar da presidente
do CDS, que tutelava a segurança social, tutela responsável pelas reduções
referidas, atacando de preferência crianças e idosos.
As
prestações devem por isso ser analisadas em conjunto.
O
Governo do PS repôs valor de referencia do CSI nos 5.022 €/ano, valor que tinha
sido reduzido em 2013 para os 4.909 €/ano.
No
Orçamento da Segurança Social, aprovado em paralelo com o Orçamento de Estado
para 2016, o valor orçado para o RSI atingiu os 355M€, que representa um
aumentou 23,6% (+67,7 M€). Em relação ao CSI o valor orçado atingiu os 203,7M€,
que representa um aumentou 6,9% (+13,2 M€).
Se
há notícia de uma redução de cerca de 3% de beneficiários do CSI – foi aqui que
Cristas apanhou a cartada – há de ser por quê? Porque se diminuiu o CSI? Não,
porque foi aumentado.
Então?
Não será por questões que exigem análise externa aos números de reposição
social evidentes que já citei?
Vou
dar um exemplo que poderá ter escapado à líder popular: o valor das pensões dos
novos pensionistas é mais elevado relativamente aos dos mais antigos, superando
o valor de acesso. Mas com a subida do valor de referência a médio prazo será
de prever um aumento de beneficiários, sendo de referir que voltará a boa
prática de se levar a cabo uma campanha de esclarecimento pelo ISS.
Temos
um governo que cumpre a sua palavra, que vira a página da austeridade, que
repõe cortes ideológicos levados a cabo durante 4 anos, sobretudo em prestações
sociais de comprovadíssima eficácia no combate à pobreza como o RSI e o CSI.
Temos
o CDS a denunciar fantasmas sobre matérias com que agora se preocupa,
depois de quatro anos de desprezo.
Diga
lá outra vez, Assunção Cristas: depois de vexa ter sido cúmplice da razia no
RSI e no CSI e deste governo os ter reposto, como demonstrei, quer mesmo vir acusar o
executivo de diminuição de benificiários?
É
isto.
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