José
Ribeiro – Jornal de Angola, opinião
As
reacções à nomeação do novo Conselho de Administração da Sonangol foram
particularmente intensas, ou não se tratasse de algo que tem a ver com o
petróleo.
Por mais que falemos de diversificação económica e juremos a pés juntos que estamos todos apostados em olhar para outras fontes de receita, a mentalidade do barril de petróleo vem sempre ao de cima, como o azeite.
Por mais que falemos de diversificação económica e juremos a pés juntos que estamos todos apostados em olhar para outras fontes de receita, a mentalidade do barril de petróleo vem sempre ao de cima, como o azeite.
O problema está na habituação. Tudo o que se afaste do modelo de pensamento e de gestão imposto por conceitos académicos ou dos padrões dominantes ocidentais, ainda que se faça algo que conduza à melhoria do estado da Nação, para a nossa mal formada oposição é motivo para voltar ao insulto.
A Sonangol é a maior empresa angolana. Nenhuma outra desempenhou tão bem como ela o papel tão importante de instrumento de construção e defesa do Estado angolano. A Sonangol, ela própria uma obra da Independência Nacional, teve à sua frente grandes e ousados gestores angolanos. A empresa formou muitos quadros que dão suporte à vida activa nacional. Tive o orgulho de ver jovens da minha geração, em capitais europeias, a tratarem de igual para igual grandes especialistas mundiais em petróleo e gás.
Mas toda a empresa tem o seu ciclo. Era evidente, para toda a gente, que o gigantismo exacerbado que a estrutura da Sonangol foi adquirindo ao longo dos tempos, tinha de ser posto à prova em qualquer momento, face aos altos e baixos que a economia sempre apresenta, e para os quais temos de estar prevenidos, sejam as empresas, as famílias ou o Estado.
A altura para a reestruturação chegou, com a crise acentuada que atravessa o mercado petrolífero internacional era inadiável. Muitas empresas iguais à Sonangol, que não fizeram a necessária adaptação, acabaram por ter prejuízos elevadíssimos. Algumas faliram mesmo. É de desconfiar, aliás, de qualquer empresa que desde 2008, no início da Grande Crise nascida em Wall Street, não se tenha lançado num processo de inovação dos seus negócios. Se assim continuar, é melhor arrepiar caminho ou essa empresa acabará por se espetar contra a parede.
Uma vez concluído o urgente estudo, encomendado pelo Executivo, para o Aumento da Eficiência do Sector Petrolífero, foi aprovado um novo tipo de organização da gestão da Sonangol e nomeado um novo Conselho de Administração. A escolha para presidir a esse órgão recaiu na engenheira Isabel dos Santos, a mais bem-sucedida empresária angolana de todos os tempos.
E foi aqui que a oposição e os críticos voltaram à carga com os ataques pessoais e as alegações de corrupção e de improbidade.
Se é inegável que a empresa petrolífera angolana precisava de uma remodelação enérgica e corajosa, e disto ninguém duvida, ao colocar Isabel dos Santos à frente do Conselho de Administração da Sonangol o Presidente da República mostrou que aposta fortemente, e sem mais delongas, no sucesso da necessária reestruturação da empresa. E como homem determinado e nobre em ideais que é, colocou todo o seu empenho pessoal, incluindo sacrifícios da sua família, nessa tarefa que é fundamental para que se preserve a defesa dos valores e da perenidade do Estado angolano em que ele acredita e tem transmitido.
Este gesto do Presidente representa precisamente o contrário daquilo que dizem ou querem dar a entender a oposição e os críticos habituais. O Presidente, como pessoa honrada que é, pauta-se rigorosamente pelos princípios da probidade, e foi mais longe, ao convidar Isabel dos Santos para ajudar a recuperar os activos em risco de uma empresa angolana que é importantíssima, levando assim todo o país a beneficiar do saber e das competências provadas da engenheira angolana.
No caso presente, convém notar, é o Estado que beneficia dos serviços de uma personalidade privada que aceita abandonar a normalidade dos seus negócios e o sossego do seu lar para reerguer um negócio do Estado em crise – precisamente o oposto do conceito de corrupção, evocado a torto e a direito, por tudo e por nada, pela oposição, na tentativa de lançar no lixo o nome das pessoas. Só alguém movido por valores mais elevados do que o do lucro e o benefício meramente pessoal ou familiar aceita empreender uma empreitada de dimensão tão grande como esta, da qual depende muito daquilo que serão os próximos anos.
O ataque pessoal e a mentira não podem ser armas da política. Mas este parece não ser o tipo de entendimento que têm os críticos da oposição. De mim, até inventaram que tenho uma fazenda na Quibala de milhares de hectares. Não me importava nada de a ter, mas é falso. Os “goebells” cá da casa têm de procurar fazer melhor. Não enganem nem confundam as pessoas com falsificações.
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