Inês
Santinhos Gonçalves e Fátima Valente, da agência Lusa
Macau,
China, 28 jun (Lusa) -- Dois dias depois do nascimento dos primeiros pandas em
Macau, muitos residentes e visitantes não estavam ainda a par da novidade, mas
quase todos reagiram com agrado e consideram que será uma vantagem para o
turismo.
Calvin
Siu, proprietário da emblemática mercearia Tong Fong, há 70 anos na sua
família, foi apanhado de surpresa pelo nascimento das crias.
"A
sério? Não sabia. Claro, é bom, não sei como explicar, mas é bom", reage,
em declarações à Lusa. Apesar da satisfação, Siu disse não ter planos para
visitar os pequenos pandas quando o pavilhão onde vivem reabrir ao público, a
12 de julho. "Não tenho tempo. Estou muito ocupado", justifica.
Já
Peter Cheng, também residente de Macau, soube do nascimento dos gémeos na
segunda-feira. Encontra vantagens familiares e económicas: "Sim, estou
contente, assim os meus filhos podem ir vê-los. Acho que é bom para a indústria
do turismo".
Marco
Carvalho, jornalista português radicado em Macau, vai mais além e coloca a
questão ao nível da diplomacia, lembrando o "simbolismo que os animais têm
para a República Popular da China".
"São
símbolo de uma outra forma de 'soft power' por parte da República Popular da
China. Há esta tradição da China enviar os animais para jardins zoológicos
estrangeiros. No caso de Macau acaba por ser quase uma espécie de uma dádiva,
ou uma espécie de bom filho, de bom aluno por parte de Pequim", comenta.
Marco
Carvalho considera que, termos gerais, as crias vão "deixar o território
bem visto", isto "se Macau não as deixar morrer", numa
referência à fêmea que morreu em 2014. "Isto acaba por ser quase um
emendar da mão", comenta.
A
nível pessoal, o jornalista admite que "daqui a uns meses" deverá ir
ver os novos filhos de Macau. "É óbvio que se calhar daqui a seis ou sete
meses vou lá ver os bichinhos mandar umas cambalhotas e tirar umas fotografias
e me divertir um bocadinho com isso", graceja.
O
Pavilhão do Panda Gigante de Macau está encerrado desde dia 14, primeiro devido
ao início do processo de acasalamento e agora devido ao nascimento das crias,
mas é possível circular no Parque de Seac Pai Van, onde está inserido.
Apesar
de quase vazio, a Lusa encontrou alguns turistas que vieram ao engano.
"Queria
ver um panda a sério. Mas [o pavilhão] estava fechado, não sei porquê",
diz Vanz Zukkuh, turista das Filipinas. Após conhecer o motivo, reage com
satisfação: "Ah, isso é ótimo, parabéns! Adoraria ver os bebés. Acho que é
bom para Macau porque nem todos os países têm pandas".
Também
no parque, os portugueses Inês e Miguel mostram-se desapontados. "Acho que
nunca vi nenhum panda na vida, daí querer ver ao vivo", diz Inês, considerando
que os gémeos vão ser um grande atrativo turístico.
"Tendo
em conta que os pandas são um animal em extinção, acho que ver as crias é algo
raro", conclui.
Os
dois pandas nasceram no domingo e são filhos do casal Sam Sam e Hoi Hoi.
Uma
das crias nasceu com 135 gramas, em boas condições de saúde, e a outra com
apenas 53,8 gramas, pelo que teve de ser colocada numa incubadora, em cuidados
intensivos, segundo o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais.
ISG/FV
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