Hong
Kong, China, 28 jun (Lusa) -- O líder do Governo de Hong Kong não pretende, no
ano que lhe resta até ao fim do mandato, retomar o processo da reforma
política, alegando que "não tem tempo", "não é realista" e
não há consenso na sociedade.
"Por
mais que quisesse retomar o processo de desenvolvimento político, não acho que
vou ter tempo nos próximos 12 meses e não acho que temos o consenso necessário
na sociedade (...). Sei que Pequim não vai rever a Lei Básica, não é realista
recomeçar o processo", disse CY Leung, em entrevista ao jornal South China
Morning Post.
Em
2014, Pequim avançou com uma proposta de reforma política que previa a
introdução de voto universal para o líder do Governo, mas só depois de os
candidatos (dois a três) serem pré-selecionados por uma comissão de 1.200
membros, vista como próxima de Pequim.
A
proposta, que esteve na origem do movimento Occupy Central, que durante 79 dias
bloqueou as ruas da cidade, foi rejeitada pelo Conselho Legislativo.
Na
mesma entrevista, CY Leung garantiu que Hong Kong permanece uma cidade plural e
livre, apesar dos receios de um maior controlo de Pequim, particularmente após
o caso dos cinco livreiros de Hong Kong que desapareceram, sendo meses depois
conhecido que tinham sido detidos pelas autoridades da China.
"Somos
uma sociedade plural. Permitimos que se façam todo o tipo de sondagens.
Permitimos que as pessoas desenhem todo o tipo de cartoons. Temos leis de
difamação muito liberais em Hong Kong. Não pomos pessoas atrás das grades
porque atacam o chefe do executivo. É parte da vida em Hong Kong",
afirmou.
Apesar
disso, e mesmo tendo em conta o caso dos livreiros, que gerou receios de uma
ameaça ao princípio 'Um país, dois sistemas', o governante admitiu que a
diplomacia com a China é feita com cuidado.
"Entre
governos de países soberanos, as pessoas não usam uma diplomacia de megafone. O
mesmo se passa com Hong Kong e a China. Não vou dizer se esta é a mais grave
ameaça ao princípio 'Um país, dois sistemas'. O principal é que quero expressar
e transmitir as preocupações das pessoas de Hong Kong a Pequim e espero uma
resposta de Pequim a essas preocupações", disse.
Na
segunda-feira, as autoridades de Pequim e Hong Kong concordaram em iniciar a
discussão para melhorar o mecanismo de notificação recíproca lançado no ano
2000.
CY
Leung frisa que o mais importante neste processo é "saber o mais
rapidamente possível quando um residente de Hong Kong é detido numa jurisdição
fora de Hong Kong".
"Isso
aplica-se a governos estrangeiros e deve também aplicar-se à China, porque
temos dois sistemas diferentes. O que quero é um acordo semelhante ao que temos
com jurisdições estrangeiras. O elemento chave é a notificação. Acho que as
pessoas de Hong Kong têm noção de que quando estão fora de Hong Kong, se espera
que cumpram as leis do país ou cidade de acolhimento", afirmou.
Dos
cinco livreiros que desapareceram entre outubro e dezembro do ano passado e só
este ano reapareceram sob a custódia das autoridades chinesas, três foram
detidos na China, um na Tailândia e outro, Lee Bo, em Hong Kong -- a sua saída
da cidade nunca foi registada num posto fronteiriço.
Na
mesma entrevista, CY Leung diz ainda não ter decidido se quer concorrer a um
segundo mandato. As eleições realizam-se em 2017.
ISG
(FV) // ARA
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