quarta-feira, 30 de março de 2016

SOMÁLIA: TERRA QUEIMADA



Rui Peralta, Luanda 

As Forças Armadas da Somália (SNA), compostas por 20 mil elementos, constituem uma das poucas instituições do Estado Somali que demonstram coesão e um elevado espirito de responsabilidade patriótica. Cerca de 7,5% dos seus combatentes são mulheres (aproximadamente mil e 500 mulheres), algumas delas oficiais e comandantes operacionais. Isto num país mergulhado no caos, uma nação destruturada, onde as culturas tradicionais são patriarcais e atribuem às mulheres funções domésticas. A grande maioria do corpo feminino somali encontra-se nos serviços de saúde, logística e patrulhamento, embora existam mulheres nas frentes de combate (em numero crescente).

Esta questão das mulheres nas Força Armadas foi aproveitada pela al-Shabab que passou a acusar o governo somali de estar a “perverter a tradição islâmica e a desafiar os ensinamentos do Profeta”, campanha que a organização desenvolveu nas aldeias, incentivando os homens a proibir as mulheres a vestirem o uniforme e a alistarem-se nas forças armadas. Desde que exerce a sua actividade terrorista a al-Shabab, afiliada da al-Qaeda, escolhe os seus alvos entre o governo federal e as forças de paz da UA (AMISOM) compostas por 22 mil elementos. Após a ofensiva da AMISOM em 2011-2012, a al-Shabab perdeu o controlo das cidades, embora continue a controlar vastas áreas rurais, onde exerce uma dura versão da Sharia, a lei islâmica. A organização impõe códigos de conduta para as mulheres, o que devem vestir, comer, fazer, etc.. As mulheres não podem expor nenhuma parte do corpo, excepto os olhos. Em caso de não cumprimento são acusadas de adultério e apedrejadas até á morte.

Na Somália 99,8% da população é islâmica, maioritariamente sunita. A destruturação, a falta de entendimento entre as forças politica e o caos a que o país chegou (dominado por “senhores da guerra”), associados aos factores culturais levaram a um rápido crescimento da al-Shabab, que era portadora de uma imagem de ordem. Formada durante a última invasão etíope (2006) a al-Shabab implementou-se no terreno e chegou mesmo a ocupar uma parte da capital somali, Mogadíscio. Dominou vastas zonas do país, mas foi forçada a desocupar as cidades que dominava e a sua acção no terreno limita-se, agora, a algumas áreas rurais.

Nos últimos anos, a organização incrementou os ataques a alvos civis (Em Janeiro atacaram um popular restaurante em Mogadíscio, provocando 20 mortos). O grupo é constituído por cerca de 8 mil combatentes caracterizados por uma grande mobilidade, que no inicio do ano atacaram uma base das forças da UA, matando mais de 100 soldados (algumas fontes revelam 200) quenianos, em El Adde, na região de Gedo.

Após esse ataque surgiram rumores que a al-Shabab preparava-se para juntar-se ao Estado Islâmico (ISIS). O ministro queniano da defesa declarou que estão em curso investigações sobre o ataque às tropas quenianas em El Adde que comprovam a participação do ISIS. Por outro lado a policia queniana afirma que a al-Shabab dividiu-se em duas facções, após esse ataque às forças da UA. Uma das facções mantem-se leal á al-Qaeda (e esta parece ser maioritária no seio do grupo) enquanto a outra quer estreitar os laços com o Daesh, facção liderada por um comandante da região de Puntland, no Norte do país.

As declarações do ministro queniano da defesa não parecem ter substância e até agora aguarda-se que os quenianos apresentem provas. De facto o ataque a El Adde foi efectuado por combatentes da al-Shabab muito próximos á al-Qaeda, sendo grande parte dos elementos que tomaram parte nessa acção, do núcleo formado por Saleh Ali Nabhan, um queniano que foi fundador da célula da al-Qaeda na África Oriental, morto pelas forças norte-americanas na Somália, em 2009. O ataque foi uma prova que a al-Shabab endureceu a sua posição, mas permanece leal á al-Qaeda. Possivelmente a posição do Quénia é para “inglês ver”, pois se a ameaça ISIS for ampliada torna-se maior a assistência estrangeira (o que implica menos custos para o Quénia).

Os quenianos observaram os acontecimentos na região do Lago Chade, afectada pelo Boko Haram, um movimento originário do nordeste da Nigéria, que aderiu ao ISIS em 2015, passando a expandir as suas operações no país, nos Camarões e no Chade. Ao aderir ao ISIS o Boko Haram despertou, também, a atenção internacional. Em Outubro de 2015 os USA enviaram 300 militares para darem assistência às operações nos Camarões e recentemente forneceram 11 milhões de USD em veículos blindados para o exército nigeriano. Efectivamente a polícia queniana parece ter razão nas suas declarações, enquanto as do ministro da defesa parecem mais uma operação de marketing tendente a captar atenções (embora sejam complementares, quanto ás intenções).

A al-Shabab declarou a sua adesão á al-Qaeda em 2009, ainda liderada por Ahmed Abdi Godane, que recebeu treino no Afeganistão. Apesar das suas ligações, a al-Shabab é uma organização essencialmente somali (não no que respeita aos militantes, mas no que respeita aos objectivos). A maioria dos seus ataques ocorrem no país (mesmo os mais recentes, que parece traduzirem um novo modus operandi, como o efectuado numa praia de Mogadíscio, onde morreram 20 pessoas), enquanto os ataques fora das fronteiras da Somália – como os de Abril de 2015 ao Garissa University College, no Quénia, ou ao centro comercial de Westgate, no ano de 2013 – são ostensivamente executados em resposta á presença das tropas quenianas na Somália.

O fenómeno ISIS na al-Shabab é de origem estrangeira, ou seja, muitos combatentes estrangeiros que se encontram nas fileiras do al-Shabab são do ISIS, como o caso do norte-americano, membro da al-Shabab, que foi preso em Dezembro de 2015. Os combatentes estrangeiros e os somalianos na diáspora estão mais próximos ao ISIS, enquanto os combatentes recrutados localmente, somalis, preocupam-se essencialmente com assuntos somalis, com a jihad interna, mais do que com a jihad global.

Claro que esta divisão não é harmoniosa e que existe uma luta interna que, nos últimos meses, se agravou ao ponto do actual líder da organização, Abu Ubaidah (conhecido por Direye), ter afirmado, via rádio, que “se alguém pertencer a outro movimento islâmico – além daquele a que a al-Shabab aderiu – será morto”. A ameaça não é usual – não pelo tom em que foi proferida, ou que não seja hábito de Direye proferir ameaças de morte via rádio - se atendermos ao alvo: directamente os seus correligionários. E estas declarações demonstram as tensões internas na al-Shabab, historicamente ligada á al-Qaeda da África Oriental, mas com diversas tendências pró-Daesh – crescentes - no seu interior. E aqui as palavras do ministro da defesa queniano, embora não expressem a realidade actual, poderão tornar-se “proféticas”, se forem projectadas para uma eventual realidade futura.

O ISIS parece ser irresistível para os diversos grupos fascistas islâmicos. Na Nigéria, em Março do ano passado, o Boko Haram, que operava sem qualquer afiliação, aderiu ao ISIS / Província da África Ocidental. Até agora a al-Shabab permanece na al-Qaeda, á qual aderiu em 2012, o que não implica que exista unanimidade no seio do grupo, quanto a esta lealdade. Na região de Puntland, em Outubro do ano passado, o comandante (e um dos seniores da al-Shabab) Abdiqadir Mumin, com cerca de 20 dos seus elementos, proclamou a sua adesão ao ISIS. Um oficial e alto responsável da organização, no sul do país, foi cercado e morto pelos seus homens, por ter tendências pró-ISIS. Existem várias notícias sobre detenções de militantes que demonstram simpatias ou eventual adesão ao ISIS e uma das tarefas da temida polícia secreta da al-Shabab, a Amniyat é detectar e deter as infiltrações do ISIS no seio da organização.

Embora sem peso significativo, o número de militantes da al-Shabab pró-ISIS pode adquirir importância crescente e revelar-se uma nova ameaça na região da África Oriental. É possível, pois, que algumas acções recentes revelem o peso crescente destas facções (talvez o ataque efectuado á universidade queniana, em Fevereiro, que provocou a morte a 147 pessoas, seja um exemplo). O ISIS adquiriu uma importância internacional que a al-Qaeda nunca obteve e tem uma política de recrutamento muito mais eficaz. A influência que exerce sobre os grupos islâmicos extremistas e sectários é enorme.

As razões que levam a al-Shabab a permanecer afiliada á al-Qaeda são, fundamentalmente, históricas. Godane o primeiro líder da al-Shabab lutou no Afeganistão contra os soviéticos. Conheceu pessoalmente Osama Bin Laden, que lhe escreveu em 2010 lembrando-o da importância de estreitar os laços entre ambas as organizações, o que veio a acontecer em 2012, com a afiliação da al-Shabab na al-Qaeda, que tem um longo historial de operações e redes na África Oriental (antes do 11 Setembro em Nova York, 2001, já a al-Qaeda tinha atacado a embaixada norte-americana no Quénia e na Tanzânia em Agosto de 1998, dos quais resultou a morte de 224 pessoas e mais de 4 mil e quinhentos feridos).

Para a al-Shabab “virar as costas” á al-Qaeda significa abandonar os recursos logísticos e financeiros colocados á sua disposição por estrutura organizacional e trocá-la por uma incerteza que é o ISIS e a sua fraca implementação na África Oriental. O Daesh não tem, na região, as redes e a estrutura organizativa da al-Qaeda. Para a al-Shabab a adesão ao ISIS não representa qualquer vantagem (por enquanto). O ISIS tem efectuado esforços concertados para convencer a al-Shabab a aderir á sua causa. Em Maio do ano passado o Daesh apresentou um vídeo sobre o recrutamento de combatentes somalis e apelava aos jovens somalis para aderirem á sua estrutura. Além disso tem efectuado apelos a Abu Ubaidah (o actual dirigente da al-Shabab) e publicado panfletos que apelam á al-Shabab para seguir o exemplo do Boko Haram, na África Ocidental.

Uma área onde o ISIS focou a sua actividade (e onde conquista posições) foi no recrutamento de combatentes estrangeiros e mesmo de somalis na diáspora. E aqui o ISIS ganhou pontos e isolou a al-Shabab, que já foi a maior “contratadora” de mercenários islâmicos, lugar que perdeu para o ISIS. Se, na África Oriental, a influência do Daesh é, ainda, pouca, e as redes da al-Qaeda dominam a região, um facto é que a médio-prazo a correlação de forças tende a mudar. O cada vez maior silêncio da al-Qaeda é um sinal das tensões internas que atravessam a organização. Em contrapartida o ISIS exerce uma influência e uma actividade crescentes, que jogarão a seu favor, mesmo que seja derrotado na Síria e sofra imensas perdas no Iraque.

Claro que existe ainda um outro cenário: um acordo conducente a uma eventual fusão entre a al-Qaeda e o ISIS. Este cenário é uma forte probabilidade, uma vez que não representa mais do que um upgrade (permitindo ao ISIS acesso ás redes logísticas e financeiras da al-Qaeda). Mesmo que não seja realizado á escala global, poderá ser uma aliança regional que operará, numa primeira fase na África Oriental (e que pode constituir uma “versão africana” da estrutura).

Seja como for a situação para a Somália mantem-se: a de nação destruturada, com um caminho longo que determinará a sua sobrevivência….

Fontes
Gaffey, C. Meet the Female Somali military captain fighting al-Shabab http://europe.newsweek.com
Gaffey, C. Why al-Shabab is not joining ISIS http://europe.newsweek.com
Gaffey, C.  ISIS or al-Qaeda? Somalia`s al-Shabab divided over allegiance http://europe.newsweek.com
Gaffey, C. Militants kill 20 in Somali beach restaurant attack http://europe.newsweek.com
Gaffey, C. al-Shabab killed 180 Kenyan troops in El Adde http://europe.newsweek.com
Gaffey, C. al-Shabab attacks African union Base in Somalia http://europe.newsweek.com
Gaffey, C. U.S. gives Nigeria 24 armored vehicles to fight Boko Haram http://europe.newsweek.com
Gaffey, C.American al-Shabab fighter arrested in Somalia http://europe.newsweek.com
Gaffey, C. Boko Haram looks beyond Nigeria in face of increasing military pressure http://europe.newsweek.com
Gaffey, C.al-Shabab´s most wanted: Abu Ubaidah, ther leader with a $6 million bounty on his head http://europe.newsweek.com
Hatcher, J. After Garissa, Kenyans and Somalis face divided future http://europe.newsweek.com
Moore, J. U.S. send 300 troops to Cameroon to join fight against Boko Haram http://europe.newsweek.com
Moore, J. ISIS target Africa in new issue of recruitment magazine http://europe.newsweek.com
Ohito, D. and Ombati, C. Syrian fighters may have helped plan attack on KDF in Somalia http://www.standardmedia.co.ke
Sheikh, A. Small group of Somali al Shabaab swear allegiance to Islamic State  http://www.reuters.com
The Guardian Somali minister hints at move to ban FGM 2015/08/13

Portugal. DUAS MAIORIAS, DOIS GOVERNOS, DOIS PRESIDENTES



Miguel Guedes – Jornal de Notícias, opinião

Sendo quase impossível, a comparação entre os inícios de mandato de Cavaco e Marcelo está na ordem do dia e tem um traço identitário político comum. Oriundos da mesma área política, Cavaco Silva e Marcelo Rebelo de Sousa chegaram a chefe de Estado ganhando as eleições presidenciais com duas maiorias absolutas à primeira volta e deram de caras com duas "maiorias absolutas" sentadas no Governo. Maiorias bem distintas, porém: em 2006, com a de José Sócrates; em 2016, com a de António, Catarina e Jerónimo, uma "maioria absoluta" pós-eleitoral e de incidência parlamentar, pronta a re(des)fazer-se. Cavaco Silva nunca poderia lidar com tamanha pluralidade, engenho e quantidade mas - convenhamos -, lidar com um Governo maioritário de Sócrates (e, posteriormente em 2009, com um Governo minoritário do mesmo) era semelhante a lidar com uma turba ou multidão a irromper a uma só voz. Rezam as crónicas que Cavaco, ainda assim, preferia mil vezes cooperar inicialmente com Sócrates do que render-se finalmente a Passos.

O desejo hegemónico de Sá Carneiro de "uma maioria, um Governo, um presidente" deve ser interpretado no contexto de época. Nunca foi fácil e ilude muita gente. Na realidade, concretizou-se no breve espaço temporal em que Jorge Sampaio e Sócrates coabitaram em Belém e São Bento, entre Março de 2005 e de 2006. Logo depois, chegaria Cavaco para destruir o velho sonho social-democrata. As primeiras palavras de Cavaco foram para o desejo de "fazer obra em comum" com o Governo de Sócrates e em estreita "cooperação estratégica". Mas se olharmos, no ano de 2016, para a expressão do deputado do PSD José Matos Correia, após a aprovação do Orçamento do Estado (OE) por Marcelo, entramos num mundo de ficção científica onde se esperaria que o novo chefe de Estado derrubasse o Governo mesmo após ter dado uma bela bofetada política a Passos Coelho há poucos dias. "O país não pode viver sucessivamente em campanhas eleitorais", sustentava Marcelo há cerca de um mês, quando parte do PSD parecia não acreditar que fosse tempo de arrumar com os pin"s da lapela. Lá continuam, à espera do rigor. Matos Correia, instado a comentar a aprovação do OE por Marcelo, chegou a afirmar não estar ali para comentar o discurso do presidente. Lá continuam.

Outro traço identitário comum em forma de interrogação: por que será que Cavaco e Marcelo ostentam profundo desprezo por Passos Coelho? A social-democracia não se entende, talvez porque já perdeu o fio à meada da sua corrente ideológica, desistiu de ir a jogo político apostando na actual abstinência e já nem sequer o seu mais trivial parceiro de poder mora ao lado. Já não há cirurgias pendentes ou fio de sutura no PSD de Passos. Este PSD só se entenderá novamente com "uma maioria, um governo, um presidente" e só se Marcelo quiser. E não é ele, actualmente, um dos últimos resquícios da social-democracia no partido?

"Nacionalizar é necessário mas não basta. É preciso socializar os bancos públicos"



Octávio Teixeira [*]

Como já muito foi dito, apenas quatro notas.

1 – Começando pelos fundamentais:

A criação de moeda é uma prerrogativa soberana do Estado. E moeda não são apenas as notas e moedas mas também a chamada moeda escritural que é criada pelos bancos comerciais e que é muitíssimo maior que as notas e moedas emitidas pelos bancos centrais; e o sistema de crédito, como já foi dito, é "o coração que faz circular o sangue que alimenta e permite o funcionamento das economias".

Por isso quer a moeda quer o sistema de crédito são bens públicos. Tal como é um bem público a confiança nos dois. E essa confiança, maior ou menor, só existe porque devido à garantia do Estado. (Por exemplo, falou-se aqui do Fundo de garantia dos Depósitos até 100 mil euros. Esses depósitos somam mais de 150 mil milhões de euros. Mas as reservas do Fundo são de apenas 1,5 mil milhões. Se for à falência um banco que detenha 20% dos depósitos, o restante sistema bancário não pode complementar o Fundo porque iriam todos à falência. É o Estado que de facto terá de garantir esses depósitos.

Ora, se se trata de bens públicos é o Estado que os deve deter e gerir.

Acresce que se há sectores estratégicos, o sector bancário é provavelmente o mais estratégico. Já um antigo banqueiro inglês do século 19 dizia "dêem-me o controlo sobre a moeda das nações e não me importo com quem faz as leis".

2 – Os bancos privados têm demonstrado que estão cada vez menos virados para o apoio à economia e à sociedade, e cada vez mais transformados em sujas lavandarias que promovem a evasão fiscal e o branqueamento de capitais, e continuam a especular delapidando a utilidade social das poupanças dos cidadãos.

Cá dentro basta lembrar: 

Que entre 2008 e 2014 as imparidades montaram a 40.000 milhões de euros, e que ninguém sabe quando se poderá ver o fundo do saco; 

os " coco " (obrigações convertíveis ou capital contingente como se queira chamar) significaram a injecção pública de muitos milhares de milhões de euros para recapitalizar os bancos, com o Estado a substituir-se aos banqueiros para suprir o resultado das suas irresponsabilidades e dos seus crimes, sem que passasse a ser titular do correspondente capital nesses bancos; 

os custos suportados ou a suportar pelo Estado com o BPN, o Novo Banco e o Banif montarão a cerca de 15 mil milhões de euros.

Tudo isto mostra que a moeda e o sistema de crédito são demasiado importantes e sérios para serem deixados nas mãos de banqueiros. Não pode ser permitido que a função essencial de concessão de crédito à economia seja suplantada pela especulação financeira e que os enormes custos daí decorrentes tenham depois de ser pagos pelo Estado e pelos cidadãos.

3 – É hoje claro que a estratégia do BCE é a criação de uma rede de alguns poucos grandes bancos (os tais demasiado grandes para os Estados os poderem deixar falir) com presença na totalidade do território da zona Euro. E que nessa repartição dos domínios regionais está a subordinação de Portugal aos grandes bancos espanhóis. O que sucedeu com o BANIF é disso sintomático.

Ora, o problema central dessa estratégia não é se os bancos a que nos deveremos submeter sejam espanhóis ou de qualquer outra nacionalidade. O problema é que ela visa eliminar ou reduzir ao mínimo os sistemas bancários de base nacional, o que seria desastroso para os interesses de Portugal.

Aliás, se esta estratégia não for travada, veremos o que poderá suceder com a CGD se, a pretexto das "ajudas de Estado", o BCE e a Direcção-Geral da Concorrência da UE não autorizarem a sua recapitalização pelo Estado.

4 – Há 41 anos a nacionalização da banca em Portugal correspondeu a uma necessidade estrutural. Essa necessidade estrutural continua a fazer-se sentir hoje. Não é admissível que o Estado continue a nacionalizar os custos e os prejuízos da banca privada. O que é necessário é nacionalizá-los na sua integralidade.

Mas sejamos realistas, o contexto em que vivemos não o permite. Mas devemos aproveitar todas as oportunidades para legitimamente alargar o pólo público bancário, através de nacionalizações directas ou de controlo do seu capital.

E essas oportunidades já existiram e continuam a existir.

O anterior Governo podia e devia tê-lo feito com a injecção dos "coco" ou quando da resolução do BES.

O actual Governo já o poderia e deveria ter feito com o BANIF. Aliás, exige-se ao Governo que explique de forma muito clara o que se passou com a entrega do BANIF ao Santander. O Estado ficou com os prejuízos que podem ascender a 4 mil milhões, e vendeu o "bife" ao Santander por 150 milhões. Mas passados 15 dias o Santander inscreveu no seu balanço uma mais-valia de 280 pela compra do BANIF… (Eu não acredito em bruxas mas que as há, lá isso há.)

E isto não pode repetir-se com o Novo Banco. O Governo tem o dever indeclinável de manter o Novo Banco em mãos portuguesas. E isso só pode fazer-se com a sua nacionalização.

Os custos dessa nacionalização já foram assumidos pelo Estado português, via Fundo de Resolução. Porque é uma falácia dizer-se que tais custos virão a ser suportados pelo restante sector bancário. O Estado já lá meteu 3.900 milhões. E as contribuições anuais dos bancos para o Fundo não ultrapassam os 40 milhões/ano. O que significa que seriam necessários 100 anos para pagarem ao Estado os 3.900 milhões que lá meteu.

Uma nota final. Nacionalizar é necessário mas não basta. E a CGD é disso exemplo. É preciso socializar os bancos públicos. Isto não significa que neles não deva haver autonomia de gestão. Mas como em qualquer outro banco deve ser o accionista a definir as orientações estratégicas que os seus bancos devem prosseguir, a bem do desenvolvimento do país e da soberania nacional.

Ver também: 
  A União Bancária , Miguel Viegas

[*] Economista. Intervenção no seminário "controlo público da banca, condição para o desenvolvimento da soberania nacional", em 22/Março/2016

O original encontra-se em www.pcp.pt/...

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/


Portugal. FACTOS OCULTADOS A NÃO ESQUECER



Portugal está agora a pagar o regabofe das privatizações da banca. 

As receitas das privatizações do Sector Bancário do período 1989/1997 foram avaliadas em 3,63 mil milhões de euros a preços correntes, ou seja, 3,6% do PIB (1997), como recordou Agostinho Lopes no seminário "Controle público da banca". 

Há que comparar este montante e esta percentagem com o que o Estado português já gastou a salvar bancos privados. Segundo o BCE (2015) no período 2008-2014 foram gastos 19,5 mil milhões de euros, ou seja, 11,3% do PIB (e ainda falta contabilizar os custos com o Banif). 

Mas os "comentaristas económicos" que peroram na TV & jornais portugueses nunca falam destas coisas – ou seguem a voz do dono ou são dispensados.

Resistir.info

ALIANÇA DE TERRORISTAS EM MOÇAMBIQUE?



Salah Abdeslam é o da fotografia que temos à nossa direita. Terrorista dos ataques de Paris que se abrigou em África. Isso é uma certeza. Surgiu a alegação de que está em Moçambique. A polícia de cá desmente. Ela lá sabe... Ou não sabe. E isso é mau.


Pior ainda são as alegações de que radicais islamitas estão em contacto com Afonso Dhlakama e a Renamo para concretizarem uma espécie de aliança... Se assim é será uma grande carga de trabalhos a acrescer aos problemas que já existem na África Austral.



Imaginem, o terrorista Dhlakama aliado aos outros terroristas (islâmicos). Moçambique a ferro e fogo? Que os deuses nos salvem!



A polícia moçambicana, o próprio governo e justiça, parecem não estar preocupados com o facto dessa aliança corresponder à realidade. Que são só boatos. Da parte da Renamo dizem o mesmo, que é a Frelimo a difamar. Guerra psicológica. Pelo sim pelo não o melhor é investigar. A sério!



Saiba o que acontece em Moçambique selecionando a secção correspondente. É mais fácil, se esse for o seu interesse.



Redação PG / BG



Polícia moçambicana desmente passagem pelo país de alegado cabecilha dos ataques de Paris

O Comando Geral da Polícia da República de Moçambique (PRM) indicou hoje que as autoridades do país não encontraram indícios de que o alegado cabecilha dos atentados de Paris, Salah Abdeslam, tenha passado por Moçambique no ano passado.

Citando trabalhadores de um restaurante de uma das zonas nobres de Maputo, alguma imprensa moçambicana e alguns utilizadores da rede social "Facebook" veicularam que Abdeslam terá frequentado o restaurante, onde normalmente bebia chá verde e ficava a falar via "skype".

Questionado hoje em Maputo pelos jornalistas, em conferência de imprensa de balanço semanal, o porta-voz do Comando Geral da PRM, Inácio Dina, disse que as autoridades moçambicanas investigaram os rumores, mas não encontraram indícios da presença do alegado cabecilha dos atentados de Paris, em 13 de novembro.

Lusa

A BELA ANGOLA ESTÁ REFÉM DE UM REGIME DITATORIAL. ATÉ QUANDO?



A Bela Angola está refém de um regime ditatorial que já entrou em desespero há muito mas que agora mostra muitas mais cabeças da hidra que representa. A comunidade internacional diz-se chocada. Por nada. Afinal todos devíamos saber que o final do julgamento dos 17 ativistas terminaria com penas de prisão muito pesadas, muito punitivas. No canto do cisne que está à morte é quando ele grasna mais e produz maiores decibéis. É aquilo que está a acontecer em Angola. O regime está nas últimas. Dir-se-á que está canceroso em último grau.

No Página Global as opiniões e notícias sobre Angola têm sido muito volumosas. Tenha acesso a quase tudo sobre Angola na respetiva secção dos vários países da lusofonia. Agora por lusofonia: a CPLP está a braços com uns quantos regimes ditatoriais ou muito próximo disso. Já repararam? Libertaram-se do colonialismo, do fascismo, mas estão a reimplantá-lo. Alegadamente queriam a libertação… deles, só deles. Depois de tomarem os poderes. Que seres humanos tão desumanos.

Redação PG / BG

UE espera que recursos ainda protejam direitos dos ativistas angolanos condenados

A delegação da União Europeia (UE) e as embaixadas dos estados-membros em Angola esperam que os anunciados recursos da condenação dos 17 ativistas angolanos, a penas de até oito anos de cadeia, permitam respeitar os direitos destes jovens.

A posição consta numa declaração conjunta enviada à Lusa por estes representantes diplomáticos acreditados em Luanda, à qual se associou a embaixada da Noruega, recordando que este caso, e as penas divulgadas na segunda-feira pelo tribunal de Luanda, "tem vindo a suscitar reservas no que concerne o respeito pelas garantias processuais e pelo princípio de proporcionalidade".

"A UE espera que os mecanismos legais de recurso disponíveis ofereçam aquelas garantias, em conformidade com os direitos e os princípios consagrados na Constituição angolana", lê-se na declaração.

Além disso, recordam que a UE e os seus estados-membros "viram ser-lhes reiteradamente negada a possibilidade de observarem o julgamento", que decorreu no tribunal de Luanda entre 16 de novembro e 28 de março, quando terminou com condenações por atos preparatórios de rebelião e "adicionalmente" - como se lê no texto - "de pertencerem a uma organização de malfeitores".

Os jovens foram condenados a penas efetivas de cadeia entre dois anos e três meses e os oito anos e seis meses. A defesa anunciou recursos para os tribunais Supremo e Constitucional, o que não trava o início do cumprimento das penas por serem todas de prisão maior (superiores a dois anos).

"A UE reitera o seu compromisso em apoiar as autoridades angolanas na implementação das suas obrigações internacionais e em promover e proteger os direitos humanos", conclui a declaração.

O tribunal deu como provado que os 17 acusados formaram uma associação de malfeitores, pelas reuniões que realizaram em Luanda entre maio e junho de 2015 (quando foram detidos). Num "plano" desenvolvido em coautoria, pretendiam - concluiu o tribunal - destituir os órgãos de soberania legitimamente eleitos, através de ações de "Raiva, Revolta e Revolução", colocando no poder elementos da sua "conveniência" e que integravam a lista para um "governo de salvação nacional".

Os ativistas garantiram em tribunal que defendiam ações pacíficas e que nestes encontros discutiam política, lendo um livro de um dos condenados, o professor universitário Domingos da Cruz, e fazendo uso dos direitos constitucionais de reunião e de associação.

PVJ // JPS - Lusa

DILMA NÃO VAI AOS EUA. EUA PLANEJA E VAI AO GOLPE NO BRASIL



Público e notório é que os EUA estão por detrás da agitação golpista que vai no Brasil. Isso mesmo pode ler aqui no Página Global em BRASIL

Mas que provas? Perguntarão. Como se sabe pelo demonstrado historicamente só daqui por muitos anos surgirão as provas mencionadas em documentação dos próprios EUA, quando liberarem documentação classificada e que hoje é confidencial ou secreta. Dilma devia ir aos EUA agora, mas não vai. Faz sentir aos EUA que o golpismo que atiraram para o seu país não lhe agrada. Que é o mesmo que cumprimento de um aperto de mão e com a mão livre dar uma catanada no pescoço e decepar a democracia.

Atenção. Golpismo despudorado no Brasil. E a Globo à cabeça. Planejamento dos EUA  naquele que considera o seu quintal das traseiras, a América Latina.

Redação PG / BG

Dilma Roussef cancela viagem aos EUA no meio de crise política interna

A Presidente brasileira, Dilma Rousseff, cancelou hoje a viagem que deveria fazer esta semana aos Estados Unidos, pouco depois de o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) ter decidido abandonar a coligação de governo.

A chefe de Estado brasileira iria participar na 4.ª Cimeira de Segurança Nuclear, em Washington, entre quinta e sexta-feira, e deveria partir do Brasil na quarta-feira de manhã.

Segundo a Agência Brasil, a equipa de apoio que viaja sempre antes da Presidente não embarcou na segunda-feira e hoje recebeu o aviso de que aquela iniciativa deixou de figurar na agenda.

Caso participasse no encontro, no qual são esperados outros chefes de Estado, o vice-presidente Michel Temer, também presidente do PMDB, assumiria a Presidência da República brasileira, como sempre acontece nas viagens de Dilma Rousseff ao estrangeiro.
Esta tarde, o PMDB, principal aliado do Partido dos Trabalhadores (PT) da Presidente Dilma Rousseff, decidiu abandonar o Governo.

A possibilidade de Michel Temer assumir a Presidência, caso Dilma Rousseff seja destituída do cargo, torna-se mais provável depois desta decisão do maior partido brasileiro.

A imprensa brasileira tem dado conta de vários encontros entre elementos do PMDB e do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), da oposição, para discutir um possível acordo de governo pós-destituição, em que Michel Temer assumiria a Presidência da República.

ANYN // JPS - Lusa

BRUXELAS, CAPITAL DOS ESTILHAÇOS DE VIDRO



Bom dia. Expresso Curto servido por uma senhora, jornalista. Dispensa apresentações. Onde os homens prevalecem, pelo lido e visto, é quase coisa rara neste Expresso Curto. Venham mais cinco… senhoras. Deixem-se de machismos seus dissimulados que nem põem a louça que sujam na máquina de lavar. Vão ter de mudar. Vão, vão. Aproveitem o café, está quentinho. Sorvam com prazer.

Redação PG / BG

Bom dia, este é o seu Expresso Curto 

Cristina Peres – Expresso

Estamos todos rodeados de vidros

O balanço dos ataques terroristas destas semanas está longe de estar terminado. Até porque não se pode dizer que tenham parado. Daesh, talibãs paquistaneses, milícias Al-Shabaab, Ansar Dine (Mali), Al-Qaeda e as suas ramificações impõem outro ritmo ao mundo. A capa da última revista The Economist chama-lhe em título: Europe’s New Normal, o novo normal da Europa. Nas redes sociais resiste-se escrevendo: “nunca será normal”. Porém, não é só na Europa. Bruxelas há uma semana, Lahore no Paquistão no domingo de Páscoa, Bagdade, Iraque na terça-feira… o número de vítimas aumenta, retomar a normalidade é cada vez menos fácil e se se volta lá, é sempre a um sítio diferente. É por isso que a província do Punjab está a ser peneirada por buscas militares, que prendem suspeitos de atos terroristas e apreendem armamento. É o “novo normal” autorizado pelo primeiro-ministro Nawaz Sharif, que tem até evitado mencioná-lo, talvez por dificuldade em justificar o tempo que levou a dar luz verde ao exército para a caça ao homem. No domingo, um bombista suicida fez-se explodir à entrada de um parque em Lahore, matando 72 pessoas, na sua maioria mulheres e crianças.

Uma semana depois dos atentados, o estado de sítio mantém-se em Bruxelas, o aeroporto de Zaventem está ainda encerrado, as linhas de metropolitano na capital da Bélgica retomam o funcionamento com a lentidão equivalente à destruição provocada lá e numa linha de metro.

No meio desta espécie de balanço temporário, leio ontem de manhã sobre o desvio do avião da EgyptAir durante uma escala no aeroporto de Munique. Os três primeiros jornais que consulto nas aplicações mal se ligam ao wi-fi têm em “última hora” a aterragem forçada em Larnaca, no Chipre, de uma voo doméstico da EgyptAir que seguia de Alexandria em direção ao Cairo. Tudo isto me devolve, nem 45 minutos depois de ter acontecido na realidade (8h30 de terça-feira, 7h30 em Lisboa), o que se passou em Zaventem. Rodo os olhos à minha volta contabilizando as superfícies de vidro que me rodeiam naquele silêncio das portas de embarque G do terminal de Munique. Embarco sem saber em tempo útil o que se passou no Egito. Eu como milhares de passageiros na mesma situação, também todos rodeados de vidros.

Só noite dentro se descartou oficialmente a hipótese terrorismo: o voo da EgyptAir aterrou na pista cipriota por ameaça de um homem se fazer explodir com mais de 80 passageiros a bordo. As causas ainda não são 100% claras ainda que, ao final do dia de ontem se declarasse tratar-se de um “excêntrico” que reivindicava falar com a mulher…um professor egípcio desarmado que enrolara à volta da cintura uma quantidade de fios telefônicos fez o que bastou para gerar pânico e ocupar as aberturas dos noticiários, provando de caminho a falta de segurança nos aeroportos do Egito. Os reféns libertados contam aquilo por que passaram enquanto o Twitter difunde o hashtag árabe “quem me dera ter estado com eles” a bordo do voo doméstico da EgyptAir para poder escapar do país. Há muita gente a querer fugir dos seus países…

Estamos nervosos, desconfiados e sem recuo para graças de mau gosto quando são difíceis de distinguir dos números de mortos que pesam demais e que transformam a praça da Bolsa em Bruxelas num local de romagem. O que fazer com a memória da violência? tal como a praça da República em Paris ainda é um local de evocação do massacre de 13 de novembro. Flores frescas, velas e cartazes insistem:même mas peur!

Estamos angustiados. Multiplicam-se as análises para esclarecer questões cruciais, interroga-se sem sempre se esclarecer por que é que a mistura das culturas se tornou uma questão de vida e de morte. Misturam-se assuntos e conceitos que não devem ser misturados (como diz Viriato Soromenho Marques, cuja citação roubo ao Expresso Curto de ontem) e cada um puxa o cobertor da segurança mediática para o seu quintal:

“O Europeu será a melhor resposta a quem tentar impor o medo na Europa”, disse ontem o Presidente francês François Hollande insistindo que a realização do campeonato de futebol europeu, - de 10 de junho a 10 julho de 2016 -, será uma “resposta ao ódio, à divisão ao medo e ao horror”.

Em Lisboa, o Ponto de Contacto Único ou Single Point of Contact entra em vigor. É aqui que ficar congregadas todas as informações relevantes que os vários órgãos da polícia em Portugal obtenham na luta contra o terrorismo. Amanhã será apresentado à Assembleia o relatório anual sobre Segurança Interna.

OUTRAS NOTÍCIAS

Mesmo que tudo estivesse a correr sobre rodas e não tivesse havido já uma série de brutalidades dos “guarda-costas” de Donald Trump, a verdade é que a corrida à nomeação pelos dois principais partidos norte-americanos - e e entre os quais tudo se decide - está a ter um registo “indesejável”, um tom pouco habitual e uma “ousadia” que pouco tem de política e demasiado de bullying. As aspas disfarçam os eufemismos que retratam o registo de ameaças, insultos públicos e confrontos físicos da campanha. A polícia da Florida acusou Corey Lewandowski, diretor da campanha de Trump, de atacar fisicamente uma jornalista, impedindo-a de fazer uma pergunta ao candidato. Hillary Clinton aproveitou para acusar o tom “de incitação a comportamentos violentos” da campanha do seu opositor. Poucos terão sido os que não escreveram sobre o assunto, mas fica aqui a notícia dada com o apagamento emocional que caracteriza as agências, neste caso a Reuters.

Esta semana, o Presidente da Ucrânia vai voltar a tentar convencer os seus parceiros ocidentais em Washington que é séria a sua determinação de combater a corrupção. Ainda ontem correu com o seu aliado próximo, o procurador-geral Viktor Shokin, para reforçar a sua credibilidade interna e externa. O primeiro-ministro, o impopular Aeseny Yatseniuk, aceitou demitir-se… porém, as perspetivas de formar uma coligação exequível não são as melhores.

No Brasil, a Presidente Dilma Rousseff está à beira de perder bases de apoio fundamentais desde que ontem oparceiro de coligação rompeu o vínculo. A direção do partido decidiu que os seis ministros do PMDB, assim como os filiados que ocupam outros cargos no executivo, têm de abandonar os seus cargos. Quem não cumprir será punido. E todo este processo está longe de ser pacífico e inócuo.

A mulher de Luaty Beirão apela ao bom senso de Luanda, este “regime maquiavélico”. Uma entrevista a Mónica Almeida.

Jorge Tomé, ex-presidente do Banif garante que o banco tinha uma situação normal de liquidez até à notícia dada pela TVI. A Anabela Campos explica a argumentação do antigo homem-forte do banco.

Fique a conhecer a história incrível do melhor tenista português de sempre contada de uma maneira muito especial É um trabalho multimédia do Expresso que vai surpreendê-lo.

FRASES

“Não há que falar em golpe ou abuso de poder na Operação Lava Jato”, Gilmar Mendes, juiz do Supremo Tribunal Federal ao jornal i

“Rui Moreira disse que a ponte aérea era ótima notícia”, Fernando Pinto, presidente da TAP ao Jornal de Notícias

“O Banco de Portugal não dava uns conselhozinhos. Fazia muitas sugestões”, Jorge Tomé, ex-CEO do Banif ao Negócios

“Este é um dia diferente. Pela primeira vez, neste lugar, escrevo na primeira pessoa. É o momento em que me despeço da direção do Negócios, um jornal com a melhor equipa de jornalistas de economia do país que tive a honra de dirigir”, Helena Garrido, Negócios

O QUE ANDO A LER

Edward Lucas, editor sénior da revista “The Economist”, é o autor de três livros que vou ler todos de seguida. Conhecia-o de conferências e análises, conheci-o pessoalmente num colóquio em Varsóvia organizado pela revista Poland Today em 2013 em que Lucas foi um dos principais oradores, moderadores e relatores. No entanto, só o descobri como autor através do artigo que o Paulo Anunciação escreveu para o Expresso sobre o Arquivo Mitrokhine. Lucas é um dos especialistas inquiridos pelo jornalista para esclarecer a importância das revelações contidas no arquivo. Falou enquanto autor de livros sobre espionagem como este que estou a devorar, The New Cold War: Putin’s Threat to Russia and the West. O livro é de 2008, porém Edward Lucas escreveu um prefácio à edição de 2014 em que se retrata por não ter previsto o quanto estava certo, ou seja, o quanto Putin viria a ser uma verdadeira ameaça: “Desde que The New Cold War foi publicado pela primeira vez em fevereiro de 2008, a Rússia tornou-se mais autoritária e corrupta, as suas instituições são mais fracas e as reformas diluíram-se”, escreve no prefácio. No fundo, o regresso do tema tem pouca graça, mas é preferível não enfiar a cabeça na areia e ler o que analisam os peritos. A seguir vou passar para Deception - Spies, Lies and how Russia dupes the West e já descarreguei as edições para Kindle de A Operação Snowden.Irresistível!

Termino por aqui recomendando-lhe que siga o Expresso online até à “chegada às bancas” às 18h do Expresso Diário. Porque hoje é dia de 2:59, venha descobrir se o Serviço Nacional de Saúde é tão universal como imaginamos. Passe uma ótima quarta-feira.

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