sexta-feira, 15 de abril de 2016

“SILÊNCIO DOS EUA É APOIO A GOLPE NO BRASIL”, diz especialista norte-americano



Revista Brasileiros, São Paulo – em Opera Mundi

Para Mark Weisbrot, codiretor de Centro de Pesquisa Econômica e Política, em Washington, discrição de Obama não é acaso

“O governo dos Estados Unidos vem guardando silêncio sobre esta tentativa de golpe, mas há poucas dúvidas quanto à sua posição.” A frase é de Mark Weisbrot, codiretor do Centro de Pesquisa Econômica e Política, em Washington, e presidente da Just Foreign Policy, organização norte-americana especializada em política externa. Para ele, a campanha do impeachment é, sim, um golpe de Estado capitaneado pela elite nacional, algo impensável nos Estados Unidos.

O especialista norte-americano comparou as pedaladas fiscais de Dilma a expedientes utilizados recentemente pelo presidente norte-americano Barack Obama. “Quando os republicanos se negaram a elevar o teto da dívida, em 2013, a administração Obama recorreu a vários truques de contabilidade para adiar o prazo final no qual se alcançaria o limite. Ninguém se incomodou com isso”, escreveu Weisbrot em artigo para o jornal Folha de S.Paulo.

Ele frisou que a articulação do golpe vem da elite nacional “para obter por outros meios aquilo que não conseguiu conquistar nas urnas nos últimos anos”. “O juiz Sergio Moro lidera uma bem executada campanha de difamação de Lula”, escreveu o especialista norte-americano.

Para Weisbrot, o golpe prospera no silêncio conveniente dos Estados Unidos. “Há poucas dúvidas quanto à sua posição”, disse. “Eles sempre apoiaram golpes contra governos de esquerda no hemisfério, incluindo, apenas no século 21, o Paraguai em 2012, Haiti em 2004, Honduras em 2009 e Venezuela em 2002.”

Ele lembra que recentemente Obama foi à Argentina para “derramar-se em elogios ao novo governo de direita, pró-EUA”. “E hoje, no Brasil, a oposição é dominada por políticos favoráveis a Washington. Seria mais uma coisa lamentável se o Brasil perdesse boa parte de sua soberania nacional, além de sua democracia, com este golpe sórdido.”

Originalmente publicado no site da Revista Brasileiros.

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Brasil – BOULOS: EIS O PROGRAMA DO GOLPE



Nos quatro eixos de eventual governo Temer, o projeto da elite brasileira: contra-reforma trabalhista, ataque a programas sociais, privatização disfarçada da Petrobras e abafamento dos escândalos de corrupção

Guilherme Boulos – Outras Palavras

Ao que parece, a votação do próximo domingo será decidida – como num jogo do Corinthians – nos últimos instantes, lance a lance.

Sabendo disso, Temer entrou em campo, como cabo eleitoral de si mesmo, no processo que visa a cassar sua companheira de chapa. A seu favor, tem Eduardo Cunha e suas manobras.

A voz das ruas já não é uníssona. O mesmo percentual que defende a derrubada de Dilma também é contra a permanência de Temer. E as manifestações para barrar o impeachment têm crescido expressivamente nas últimas semanas. A esplanada dos Ministérios estará dividida no domingo.

Aliás, tratando-se de popularidade, a última pesquisa Datafolha mostrou que Temer teria entre 1% e 2% das intenções de voto. Querem impor pelo Parlamento um presidente biônico ao país. Tem cheiro de golpe, tem cara de golpe, enfim, é golpe.

É golpe por não haver comprovação de crime de responsabilidade, condição constitucional do impeachment. É golpe também pela condução ilegítima e imoral de Eduardo Cunha, que em qualquer outro lugar estaria preso –e não definindo os destinos políticos do país.

Mas, para além dos meandros legais, é importante que o Brasil saiba qual o pacote que virá após domingo caso prospere o impeachment. O pacote do golpe, ou Agenda Temer, vem sendo anunciado aqui e ali, em jantares indiscretos, entrevistas e em discursos vazados numa forma rasteira de se fazer política.

Vamos a ele:

1. O vice. Pouco se fala, mas caso Michel Temer se torne presidente com o impeachment, o vice-presidente da República será Eduardo Cunha, nome seguinte da linha sucessória por ser presidente da Câmara. Um escárnio.

2. Direitos dos trabalhadores. O entorno de Temer propõe abertamente uma Reforma Trabalhista para diminuir o “custo Brasil”, isto é os direitos dos trabalhadores. Defendem também a desindexação do salário mínimo e a Reforma da Previdência (esta, vale dizer, encampada também por Dilma). Um ataque sem precedentes. Daí talvez o entusiasmo da Fiesp e de seus patos a favor do impeachment.

3. Programas sociais. Wellington Moreira Franco, braço direito de Temer, deu o tom da política em relação aos programas sociais: corte drástico de subsídios e revisão dos repasses do FGTS. Em tradução literal, isso significa destroçar a rede de programas sociais do Estado brasileiro. Sem subsídios e FGTS, não há Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida ou Prouni. É evidente que uma tal devassa não seria feita de uma só vez, mas sob a forma de “auditorias” e “contingenciamentos”. Ao fim e ao cabo, só muda a dose, o efeito é o mesmo.

4. Petrobrás. O presidente do Credit Suisse no Brasil esclareceu em entrevista recente as razões que levam o mercado a apoiar Temer contra Dilma. Junto a várias das medidas citadas acima, menciona a privatização da Petrobrás, ou “capitalização” segundo o eufemismo utilizado.

5. Acordão. Para ninguém no empresariado e no Parlamento brasileiro interessa a permanência da instabilidade institucional representada pela Lava Jato. Por isso, embora isso esteja entre aquilo que não possa ser dito, os rumores em Brasília revelam a expectativa de um governo Temer com condições políticas para abafar as investigações. A tal “salvação nacional” seria na verdade salvar Cunha, Renan, Jucá e companhia.

Este é o pacote do golpe. São os “sacrifícios” de que Temer falou em seu discurso antecipado de posse. Vale recordar aqui que a última vez que um político sentou na cadeira antes da hora – Fernando Henrique, na disputa com Jânio – foi desautorizado logo em seguida.

Mas, mesmo que venha a sentar, com este pacote dificilmente dura muito tempo.

Na foto: O PRETENDENTE E O PATRÃO: Em 27/8/15, Temer fala em jantar de gala na sede da Fiesp, observado por Paulo Skaf. Também participaram Luís Carlos Trabuco (Bradesco), o usineiro Rubens Ometo (Cosan), Benjamin Steinbruch (CSN) e Flávio Rocha (Riachuelo)

OFF-SHORES – A CANALHA DOURADA



Mendo Henriques*

Ocidentais e outros que tais!

Confrontado com o escândalo dos “Documentos do Panamá” o sr. Ramón Fonseca, de 64 anos, banqueiro, novelista, presidente do “partido panamenho” no seu país, co-associado da Mossack Fonseca, e um grande traste, respondeu: “Há duas maneiras de ver o mundo. A primeira é ser competitivo e a segunda criar mais impostos“.

Para já, há uma terceira maneira. É dar um pontapé nesta canalha dourada – incluindo a Mossack Fonseca – que tomou conta dos destinos do mundo ocidental e que nos faz passar por menores aos olhos do resto do globo.

Mas vamos por partes

O que haverá de comum entre Putin, o rei Saud, o presidente Macri , o primeiro-ministro da Islândia, os familiares de  Xi Jining, e pelo menos mais 140 políticos, entre os quais 12 actuais ou antigos chefes de Estado ou de Governo, além de empresários, actores e jogadores de futebol, que se aproveitam das técnicas de fazer dinheiro em off-shores para fugir ao fisco em mais de 200 países ou territórios?

Cometeram ilegalidades nestas aplicações? O pensamento único dos mercados financeiros dirá que não. Mas o que está em causa não é ser ou não ser ilegal. O que é chocante é o que foi legalizado: o roubo organizado dos povos através dos off-shores.

Praticaram subornos, peculatos, abusos de poder, concussão, favorecimentos pessoais, tráfico de influências? Mais escandaloso do que ser contra a lei, é uma lei escandalosa que não permitirá ir muito longe neste caso.

E mesmo se crimes não existiram, nem tudo o que é legal é lícito. Ser ético não é cumprir a lei mas sim criar a lei certa para benefício de todos.

Ora os documentos revelados pelo ICIJ desde 3 de Abril mostram como centenas de personalidades usam paraísos fiscais para fugir ao fisco e criar empresas fantasmas de lavagem de dinheiro.

Então, sabemos onde reside o mal. Dinheiro sujo. Dinheiro não declarado. Dinheiro não tributado. Dinheiro subtraído ao investimento social. Dinheiro roubado ao Estado Social. Dinheiro que nos faz a todos mais pobres do que já somos.

É uma história com barbas

A canalha dourada mundial descobriu há dezenas de anos que os ocidentais têm técnicas de multiplicar o dinheiro. E aproveitam-se enquanto se riem de nós, ocidentais que vendemos a corda com que outros que tais nos enforcam.

Niklas Luhmann explicou em A política da sociedade (2000) que as sociedades ocidentais operam em vários sistemas, cada qual com seus valores. Na política, esse meio é o poder legítimo das eleições; na economia, é o dinheiro, desejavelmente transparente; no direito, é a justiça, desejavelmente imparcial; na ciência é o conhecimento insuspeito nas unidades de investigação.

Até aqui, tudo muito limpinho. A sociedade seria uma máquina. Mas uma sociedade é também uma comunidade viva. Tem um rosto, um propósito, tem um carácter, tem uma ética, um princípio que ao mesmo tempo mobiliza esses sistemas e os mantém autónomos.

Foi com esse propósito de vida em comum para benefício de todos, que o ocidente criou grandes códigos de conhecimento, legalidade, democracia e honestidade que estão na raiz dos subsistemas em que (sobre)vivemos. Foi a esse propósito que o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação deu vida.

Mas é esse bem comum que é pisado pela canalha de colarinho branco que apaga as fronteiras entre conhecimento, legalidade, democracia e honestidade e deixa à solta a ganância humana.

Desde que Sutherland falou em 1939 dos “crimes de colarinho branco” que se estuda como a riqueza conduz a mais crimes que a pobreza. E com a festa dos paraísos fiscais e do dinheiro roubado ao investimento social, vem a orgia da corrupção e a violação dos valores.

Aí temos as empresas a comprar decisões políticas e sentenças judiciais; os políticos a obter favores de juízes, empresários e cientistas. Empresários, políticos, cientistas, juízes, académicos,  todos se deixam comprar. Em Roma, tudo se vende, escreveu o poeta Juvenal. No Ocidente, também, e sobretudo aos inimigos.

Enquanto não reconhecermos o princípio judaico-cristão que exige ao Estado respeitar o mais humilde dos cidadãos, não vamos a sítio nenhum. Enquanto esquecermos que estas coisas foram ditas por uma equipa que dá pelos nomes de Goethe, Cervantes, Morus, Camões, Shakespeare, Dante, Victor Hugo, Melville, e tantos mais, não vamos a sítio nenhum.

Na nossa arrogância e condescendência de ocidentais, supomos que o mundo vai abusar dos nossos sistemas maravilhosos e deixar-nos a alma intacta. Não vai. E a nossa alma já está quase perdida.


ESCRAVOS DO SISTEMA CAPITALISTA




O sistema capitalista é anti-ético e habilidoso desde o seu nascimento. No início escravizava as crianças e as mulheres como trabalhadores, para financiar a exploração organizada de uma classe operária nascente que precisava ser formada técnicamente para a produção industrial.

Com o movimento comunista mundial, que no século XIX conduziu as lutas por direitos trabalhistas da classe operária e desvendou a exploração das mulheres atravez dos movimentos específicos que até hoje reivindicam a igualdade de direitos trabalhistas para as mulheres e o respeito pela formação e proteção das crianças, e o mundo recebeu um grande apoio da Revolução Soviética que introduziu o sistema socialista como modêlo antagónico ao capitalista.

Durante quase 80 anos, a União Soviética aguentou todas as envestidas destruidoras dos capitalistas, no que se somam guerras, crimes de toda ordem, espionagens, sabotagens e mentiras espalhadas pelos órgãos de comunicação social para formar uma cultura anti- comunista, e novas formas de escravidão aplicadas nos países colonizados. O princípio da escravidão, garantidos por leis aprovadas a nível internacional pela ONU, foi sendo adaptado aos setores da humanidade que ainda não podiam conquistar os seus direitos, trabalhistas e de cidadania das nações dependentes.

Libertadas as antigas colónias, ainda com forte apoio da URSS, dos países socialistas e dos partidos comunistas existentes em todas as nações, cresceram as reivindicações por uma legislação avançada que, apoiada nas Constituições Nacionais, defendem palmo a palmo os Direitos Humanos especificados em termos relativos à necessidade de criação de empregos com remuneração condigna e todos os atendimentos sociais devidos à população no que se refere às condições de vida e de formação.

Os cérebros que dirigem o sistema capitalista, limitados pelas leis que impõem o respeito social em países desenvolvidos, aperfeiçoaram as entidades financeiras mundiais de modo a escravizarem os sistemas bancários de todos os países estabelecendo a moeda única - dollar - e depois a sua parceira - euro - para controlarem todas as operações financeiras internacionais. Assim ficavam acima das Constituições que asseguram a soberania dos povos.

A globalização, sob o poder das empresas transnacionais que vão produzir nas regiões mais pobres onde os salários são baixos e os investimentos externos são recebidos como um "maná dos céus", estabeleceu os novos eixos da escravidão, agora dos países, usando os bancos nacionais que são os veículos das transações financeiras.

Criam-se teorias sobre o "capitalismo humanizado" e o "neo-liberalismo", mantendo a mesma lógica da exploração dos que trabalham pelo bem comum e dos lucros crescentes que enriquecem uma elite escolhida pela sua flexibilidade ética diante de corrupções e escravidão consideradas como "fatalidades".

Com todas estas formas de domínio do capital, o insaciável sistema capitalista entra em crises cíclicas. Sendo um sistema contrário ao socialismo da vida cidadã (que é fundamental ao desenvolvimento da humanidade) e anti-ético por natureza, precisa escravizar as populações que trabalham e comem menos para sustentar as elites serviçais ao controle supra-nacional. Não lhes custa dizimar grande parte dos seres.

*Zillah Branco -  Cientista social, consultora do Cebrapaz. Tem experiência de vida e trabalho no Brasil, Chile, Portugal e Cabo Verde.

DERIVA POLICIALESCA INTENSIFICA-SE NA UE



Com o pretexto do "combate ao terrorismo", em 14 de Abril o Parlamento Europeu aprovou a diretiva "Passenger Name Record"

Esta lei obriga as companhias aéreas a registarem dados pessoais dos seus passageiros, como nome, morada, número de telefone, número do cartão de crédito e forma de pagamento, nome dos acompanhantes (se os houver), bagagem e itinerário da viagem. Os dados serão retidos durante quatro anos. 

A deriva policialesca da União Europeia segue pari passu  a rota traçada pelo seu amo estado-unidense. Lá como cá, estão em causa os direitos, liberdades e garantias dos cidadãos. 

Eles praticam terrorismo de estado e depois valem-se disso para implantar estados policiais. É necessário abandonar a UE para preservar a democracia.

Resistir.info

FACTOS OCULTADOS A NÃO ESQUECER



Portugal está agora a pagar o regabofe das privatizações da banca. 

As receitas das privatizações do Sector Bancário do período 1989/1997 foram avaliadas em 3,63 mil milhões de euros a preços correntes, ou seja, 3,6% do PIB (1997), como recordou Agostinho Lopes no seminário "Controle público da banca". 

Há que comparar este montante e esta percentagem com o que o Estado português já gastou a salvar bancos privados. Segundo o BCE (2015) no período 2008-2014 foram gastos 19,5 mil milhões de euros, ou seja, 11,3% do PIB (e ainda falta contabilizar os custos com o Banif). 

Mas os "comentaristas económicos" que peroram na TV & jornais portugueses nunca falam destas coisas – ou seguem a voz do dono ou são dispensados.

Resistir.info

CAPITAL PAPERS




O Panamá é apenas um de entre centenas de países que se dedicam a tornar o seu território num destino aprazível para os despojos da exploração legal e do crime.

Muita tinta já correu e muita ainda há de correr, mas é de temer que a simples dimensão do fenómeno dos "offshores" seja suficiente para que toda esta tinta tenha como consequência quase nada. Porque, no fundo, no fundo, os "offshores" são uma vanguarda do pensamento e da racionalidade económica capitalista: acumular riqueza segundo quaisquer métodos, obter rendimentos da especulação e criar todos os meios para evitar a redistribuição da riqueza.

Olhando para as caras galácticas que foram denunciadas na exposição inicial dos 11 milhões de documentos dos Panama Papers — Lionel Messi, Vladimir Putin, Jackie Chan, Mauricio Macri, Petro Poroshenko, Bashar al-Assad ou David Cameron — podemos sentir sempre a pulsão para imaginar grandes "vendetas" políticas associadas à revelação parcial da informação. Mas os Panama Papers são mesmo uma revelação parcial: ainda não foram divulgados todos os 11 milhões de documentos, a Mossak Fonseca é apenas uma de entre milhares de empresas de advogados dedicadas a esconder o dinheiro de multimilionários e o Panamá é apenas um de entre centenas de países que se dedicam a tornar o seu território num destino aprazível para os despojos da exploração legal e do crime.

Dos documentos revelados sabe-se já que a Suíça e Hong Kong são os dois locais onde estão a maior parte das empresas receptoras do dinheiro: Hong Kong tem 37 mil, a Suíça tem mais de 38 mil. De seguida, no "ranking", entram o próprio Panamá, Jersey e Guernsey no Canal da Mancha, o Luxemburgo e o Reino Unido. A lista continua: Emirados Árabes Unidos, Bahamas, Isle of Man, Uruguay, Rússia, Singapura, Chipre, China, Mónaco, Estados Unidos... Esta fuga de informação, que com elevada probabilidade não é a operação total da Mossak Fonseca, mostra uma rede de escala global para distribuir dinheiro por empresas fantasma em dezenas de países em todos os cinco continentes. E estamos a falar, na maioria dos casos, de operações legais.

É importante ver que esta fuga de informação, sendo gigante, é minúscula. Portugal é identificado como tendo 244 empresas recetoras, 23 clientes e 34 beneficiários. Basta olhar para a Zona Franca da Madeira, o nosso "offshore" nacional, que alberga 2016 empresas para perceberemos que o volume de riqueza que é roubado às populações mundiais e aos impostos que, melhor ou pior, financiam os serviços públicos e o bem comum, é um roubo épico. Mas legal. Não nos esqueçamos que todos os bancos resgatados com dinheiro público — BPN, BPP, BCP, BES e BANIF —, utilizaram contas "offshore" para esconder dinheiro que nós pagámos.

A ausência de um grande volume de dinheiro dos EUA identificado nos Panama Papers, quando se estima que só em 2014 os mais ricos americanos depositaram 1,2 biliões de dólares em "offshores", é relativamente fácil deexplicar: eles preferem esconder o seu dinheiro nas Bermudas, nas Ilhas Caimão e em Singapura.

A lei do capitalismo

A procissão de lamúrias que por estes dias passa na televisão e nos parlamentos, da impotência de fazer o que quer que seja porque este é um problema “global”, recorda-nos que a única lei internacional que existe é a lei do capitalismo selvagem, ditada pela Organização Mundial do Comércio e pelo Fundo Monetário Internacional. Isso ficou patente no impotente acordo para as alterações climáticas em Paris em 2015, e na incapacidade de respeitar sequer a Convenção de Genebra em relação aos refugiados, tornando a União Europeia (UE) uma estrutura pária e de párias.

A UE só respeita, integralmente, a omissão de leis que facilita os "offshores", não apenas financeiros: a imposição de políticas de austeridade aos países do sul e do leste da Europa é a criação de facto de um "offshore" laboral e ambiental do qual se podem beneficiar as lideranças do centro da Europa.

A política dos últimos anos, de “atração de investimento”, com precarização, privatização de recursos públicos e naturais, gigantes perdões fiscais e folgas generalizadas em relação ao que se aplica à restante população da periferia europeia não é senão um caminho consciente para criar o derradeiro "offshore" europeu, a zona económica especial.

Nada disto nos deve merecer muito espanto: o Offshore Leaks em 2013, divulgado pelo mesmo consórcio de jornalistas, com 2,5 milhões de documentos que revelam os beneficiários de 122 mil empresas sediadas em "offshores", de 12 mil intermediários e 130 mil beneficiários em 170 países resultou em nada. A mesma notícia dada de outra maneira, de que os 1% mais ricos do mundo possuem mais dinheiro do que os 99% restantes, também resultou em nada.

Não estamos a receber novidades. Não é novidade que os dinheiros do terrorismo, da máfia, do tráfico de armas e de drogas estejam sentados na mesma conta que os dinheiros da fuga aos impostos. Obedecem simplesmente à mesma lei. Capitalismo. Nele não existe corrupção, não existe crime, não existe fuga aos impostos. Existe capital e como acumulá-lo. Se nos offshores está presente cerca de 8% de toda a riqueza mundial, é mesmo nas grandes praças financeiras que circula o grosso do dinheiro do crime — na City de Londres, no NYSE, no NASDAQ, na Euronext, na Bovespa, na HKEx, na SSE.

Os "offshores" são só mais uma arma, como a austeridade ou a xenofobia, para que os de cima se mantenham na sua posição de sempre, furtando-se a contribuir para o bem comum e podendo albergar os seus pequenos e grandes crimes sem ter de prestar esclarecimentos à plebe. Acabar com eles seria ótimo, mas se nos foi dado a ver uma ponta, o lençol ainda está longe de poder ser arrancado.

*Esquerda.net, opinião de João Camargo - Engenheiro do ambiente. Deputado municipal do Bloco na Amadora

“Quantas falhas graves são necessárias para substituir governador do Banco de Portugal?”



No debate quinzenal, Catarina Martins defendeu a destituição do governador do Banco de Portugal e apresentou a António Costa cinco condições para um programa de limpeza da banca. O primeiro-ministro responde que só tem dúvidas sobre uma delas.

O debate sobre o futuro do sistema financeiro português e a resolução do problema do crédito malparado dominaram as perguntas ao governo por parte da bancada bloquista, que mais uma vez reafirmou a sua oposição a novas ajudas à banca em prejuízo dos contribuintes.

Referindo-se às declarações do governador do Banco de Portugal, que defendeu um banco mau com garantias públicas de 20 mil milhões de euros, Catarina desafiou Costa a dizer se subscreve a ideia, sublinhando que as solução do “banco mau” adotada em Espanha não serviu para colocar crédito na economia e a que a que está em preparação em Itália apenas resolve uma percentagem pequena do crédito malparado.

Na resposta, António Costa afirmou que nunca defendeu uma solução à espanhola ou à italiana e que espera o contributo do Bloco “para uma boa solução à portuguesa” que permita garantir o financiamento à economia, fator essencial para o aumento do investimento e a criação de emprego.

Cinco condições para um "programa de limpeza da banca"

O debate prosseguiu com Catarina Martins a defender um “programa de limpeza da banca” e a anunciar as condições do Bloco para trabalhar nessa solução: “Em primeiro lugar, não pode haver mais chantagens europeias de última hora, para soluções em que Portugal perde sempre. Em segundo lugar, os acionistas privados têm de pagar pelo buraco que fizeram e os contribuintes têm de ter controlo sobre tudo o que pagam”, propôs Catarina.

A terceira garantia exigida pelo Bloco é que “em todo o processo há controlo público e as regras mudam”. E a quarta é a de que “a Caixa Geral de Depósitos sai fortalecida e integralmente pública”. Por último, Catarina Martins colocou a condição de que o Novo Banco “fica como banco público”.

“Se não for assim, vai acontecer como das outras vezes: entregar à banca internacional os bancos limpos com dinheiro público. As garantias públicas são sempre dinheiro público”, concluiu a porta-voz do Bloco.

António Costa respondeu que partilha da intenção bloquista de que o problema se resolva sem ser à custa dos contribuintes. E das cinco condições colocadas por Catarina Martins, aceita quatro. “Sobre o Novo Banco, não sei se estamos ou não estamos de acordo”, prosseguiu o primeiro-ministro, concluindo que “para início da conversa, não estamos mal”.

“Optarei pela sua solução [sobre o Novo Banco] se essa for a melhor, ou pela proposta do PCP se essa for a melhor. Não optarei nem por uma nem por outra se entender que não são as melhores para defender o interesse público”, afirmou António Costa.

“Banco mau vai servir para vender créditos à empresa de Maria Luís Albuquerque?”

Catarina Martins apontou baterias ao governador do Banco de Portugal, sublinhando que “não queremos outra escorregadela como a do Banif em que o Banco de Portugal fez o que entendeu, o Santander ganhou o que queria ganhar e o seu governo perdeu a maioria parlamentar”.

“Quem nos ouve a falar de um banco mau tem o direito de perguntar se toda esta operação não serve afinal para vender crédito dos bancos a uma empresa como a Arrow Global, de Maria Luís Albuquerque”, prosseguiu a porta-voz do Bloco, considerando “brincadeiras de mau gosto” as garantias dadas por Passos Coelho aos deputados “de que o BES não ia custar um tostão aos contribuintes e o Banif até ia dar lucro”.

“É muito difícil perceber que tenhamos tido tanta dificuldade em debates sobre 3 milhões de euros para o abono de família e depois sermos confrontados com notícias do BdP que quer mais 20 mil milhões de garantias para a banca, depois da banca já ter recebido 12 mil milhões”.

“Quando é que a falha grave serve para substituirmos o governador do Banco de Portugal?”

Catarina Martins referiu-se ainda às notícias que dão conta de que Carlos Costa acelerou o processo de venda do Banif sem informar o governo, com graves prejuízos para os contribuintes, já depois de “ter escolhido os credores a dedo” sem autorização do governo no processo de resolução do BES, “pondo Portugal num processo de litigância em que pode perder milhões.

“De quantas falhas graves precisa o governador do BdP para se reconhecer que está cumprido o critério de falha grave quer obriga à sua destituição?”, questionou.

António Costa respondeu que aguarda “serenamente” pela conclusão da comissão de inquérito e confirmou que “não fomos ouvidos sobre o critério que foi definido pelo BdP quanto aos credores seniores que seriam sacrificados” no caso do BES.

Catarina desafia Costa a apoiar propostas de combate aos offshores

A propósito do escândalo “Panama Papers”, a porta-voz do Bloco insistiu nas propostas que apresentou a seguir à comissão de inquérito ao BES, chumbadas pela direita: o registo obrigatório dos últimos beneficiários “para que os donos do dinheiro não se possam esconder atrás dos offshores” e a proibição de transferências para offshores não cooperantes.


“Estamos de acordo sobre este tema desde que eu era ministro da Justiça”, respondeu António Costa, anunciando a regulamentação das recentes autorizações legislativas para reforçar a fiscalização e do acordo de partilha de informação com outros países para combater evasão fiscal e branqueamento de capital através dos offshores.

Esquerda.net

CALOTES NÃO SÃO PROBLEMA A RESOLVER COM URGÊNCIA - Passos




Assim, nú e crú... Em Notícias ao Minuto. Dito por um caloteiro, até se compreende.

PG

ATÉ AS ÁRVORES MORREM DE PÉ. A LUTA CONTINUA



Hoje foi tempo do governo estar na Assembleia da República a debater e esclarecer os que deviam ser representes dos interesses dos portugueses (deputados), de todos os portugueses. Debate que terminou pouco antes do meio-dia – com o governo de Passos eram para aí mais… quase duas horas de patranhas.

Vimos como a direita (CDS e PSD) se atiram ao governo apoiado pela esquerda como gato a bofe. Ressabiados como estão se voltassem a ser governo iam vingar-se pela certa e baixar o salário mínimo, aumentar os impostos aos de menores recursos, dar isenções fiscais aos que auferem quantias imorais mensalmente… Mais do mesmo mas ainda para o pior, até rebentarmos de fome.

Nessa linha ressabiada vimos os que opinam na comunicação social e quantos a opinar à direita compõem as colunas da respetiva opinião, talvez dos mais conhecidos seja o Jornal de Notícias que mantém o equilíbrio democrático e equitativo dos fazedores de opinião. O Diário de Notícias, por outro lado, com o novo diretor, veio encostando à direita dos vícios e do conservadorismos neoliberal que tem levado o país e a União Europeia rumo à desgraça, rumo à destruição dos valores por que foi fundada. Outros há na comunicação social, a direita em peso foi recrutada para fazer as cabeças dos portugueses. Temos em Portugal um exército de reacionários nessa coisa das colunas de opinião. Devem receber a peso as palavras e intenções de levar a que pensem o slogan “volta Passos, Cavaco e Portas, estão perdoados”. São os chamados arrependidos, são os traidores das causas e dos objetivos de tornar Portugal mais justo para os portugueses e não permitir que os de colarinho branco da banca e do grande empresariado cometam o crime de se refugiarem nos offshores para não pagarem os impostos que são devidos e que devem ser cumpridos por todos, não só pelos que menos têm.

Do Expresso trazemos costumeiramente o chamado Expresso Curto que desponta logo pela manhã. Aqui chegou à hora de almoço. Depois de almoçarem vai cair que nem ginjas. A servir está Miguel Cadete… Opiniões são opiniões. Cada um é livre de manifestar as suas, à esquerda, à direita, assim-assim, essa é a faceta boa da democracia, liberdade de expressão, mas a equidade devia representar atenção e imparcialidade dos “democratas” das chefias dos jornais e restante comunicação social. Em vez disso temos um exército de críticos do governo como não o foram com Passos-Cavaco-Portas, e quando o foram vieram a reboque da opinião pública saturada da corja de salafrários, mentirosos e vigaristas que abundavam nos poderes desses malfadados quatro anos, somados aos cinco anos (10) anos de Cavaco Silva. Saíram de rastos mas estão vivos e recomendam-se a eles próprios. Lagarto, lagarto, lagarto.

O jornal Expresso é o que é. É interessante e útil mas cumpre a função na linha do Bilderberg Balsemão. Sabemos isso. Devemos lê-lo com muita cabeça e cérebro desperto. Aliás, os grupos que detêm a informação em Portugal e no mundo servem para se servirem e servirem os interesses das elites que servem. Quem manda é o dinheiro. Sabemos. Estamos tramados, mas vivos. A luta continua.

Abra os olhos. Pense pela sua própria cabeça quando lê as opiniões nos jornais ou escuta e vê os comentadores que por aí abundam. Dizem o que dizem, como dizem, muitas vezes para receberem o ordenado, não perderem os empregos ou serem colocados na prateleira, para agradarem e até subirem na hierarquia. É que as famílias estão lá em casa e o pilim surge em conformidade com as palavras expressas. É violento para os próprios mas é o que está a dar. A tramar os cidadãos, as nações, as sociedades, as vidas da maioria. A nossa alcunha é “estamos tramados”. Mas a luta continua.

Essa coisa de possuírem colunas vertebrais amovíveis é uma moda que pegou no novo tipo de rastejantes, e não é de agora. Só que agora existem cada vez mais.

Bom dia. Lembre-se que até as árvores morrem de pé. A luta continua. (MM / PG)

Bom dia, este é o seu Expresso Curto 

Miguel Cadete – Expresso

O maior inimigo do Governo é o próprio Governo

Já se sabe: a realidade ultrapassa a ficção. E quase nunca é o que dizemos dela, pelo menos quando nos propomos prever o que vai acontecer. As aparências iludem. E por isso talvez sejam tão importantes em tantas ocasiões.

Ainda há um par de semanas se discutia o que iria derrubar se este governo. Se cairia devido à pressão de Bruxelas. Se seria a própria geringonça a desmanchar-se. Se seria o PresidenteMarcelo, lá mais para diante, a deitar abaixo António Costa. Se Passos, ou outro alguém no PSD, recuperava o ímpeto oposicionista.

Ora bem, esta semana mostrou que muito provavelmente o maior inimigo do Governo de Portugal está dentro do próprio executivo. Serão os próprios ministros capazes de destruir o que o seu líder tão diligentemente construiu depois das eleições de 4 de outubro?

O PSD ataca o ministro das Finanças no caso Banif, acusando-o de termentido na comissão de inquérito. Está na primeira página do jornal “i” de hoje e é manchete do “Jornal de Negócios”. Terá Mário Centeno escondido que recomendou a venda do banco português ao Santander? Deputados do PSD pedem o seu regresso à comissão, de maneira a esclarecer o sucedido. Mas é por aí que a geringonça estremece?

Uma acusação que parece surtir tanto efeito quanto o contra-ataque do Governo relativamente ao Governador do Banco de Portugal: foi Carlos Costas quem pediu ao Banco Central Europeu restrições à liquidez do Banif, lê-se na manchete do “Público”. O Expresso revelou ontem a minuta da reunião do Conselho de Governadores do BCE que prova isso mesmo. Mas será por aí?

Pela via presidencial é que o Governo não cai. Aviso aos incautos: o Expresso e a SIC publicam hoje uma sondagem, a primeira em que é avaliada a popularidade do Presidente da República, em que este bate todos os recordes das últimas temporadas. Mais de 50% de saldo positivo chegam e sobram para afastar Marcelo dessas quezílias.

Dentro da geringonça, apesar da situação económica estar a piorar e das previsões em baixa do FMI, da Universidade Católico e do próprio Governo, o povo é sereno. O ministro da Finanças “já avisou os parceiros parlamentares que é preciso prudência no desenho do Programa de Estabilidade que levará a Bruxelas ainda neste mês”, conta o “Diário de Notícias” logo na primeira página. Bruxelas certamente que agradece.

O que mexe então com este Governo? As páginas do Facebook dos seus membros e o que eles aí escrevem para os seus amigos. Os amigos, claro, também contam.

João Soares, ministro da Cultura foi ontem substituído por Luís Filipe de Castro Mendes. Demitiu-se depois de ter metaforicamente prometido bofetadas a dois dos seus críticos. O país não suportou a ousadia e o primeiro-ministro despachou o assunto em grande velocidade.

Mas hoje há nova controvérsia na pasta da cultura. O “Jornal de Notícias” escreve em parangonas que Castro Mendes não é Embaixador de pleno direito. O tribunal ter-lhe-á retirado a mais alta categoria da diplomacia depois de assim ser nomeado durante um dos governos de Sócrates.

As redes sociais não carecem de mediação. A mensagem vai direta ao consumidor final. João Wengorovius Meneses, ex-secretário de Estado do Desporto e da Juventude, também usou nos últimos dias a ferramenta de Mark Zuckerberg para dizer que se ia embora, “em profundo desacordo com o Sr Ministro da Educação”.

Colaborador do antigo executivo camarário lisboeta, foi ontem substituído por João Paulo Rebelo, que já esteve na Movijovem durantes os Governos Sócrates onde se envolveu em controvérsias. A Movijovem terá sido uma das razões do afastamento entre o Miniustro da Educação Tiago Brandão Rodigues e João Wengorovius Meneses.

Rebelo também tomou ontem posse, tal como Miguel Honrado, novo secretário de Estado da Cultura, na mesma sessão que conduziu o poeta e diplomata Castro Mendes ao cargo de ministro da Cultura.Mas não contou com a presença do seu antecessor, ao contrário do que sucedeu com o novo ministro da Cultura.

O primeiro-ministro António Costa também tem página pessoal no Facebook, mas à cautela não escreve lá nada há quase dois meses. Mas continua a falar com os amigos. O facto de terinformalmente empossado Diogo Lacerda Machado no cargo de “facilitador” (ou “doer”, em inglês) deste Governo tem gerado mais controvérsia do que a resolução de alguns bancos. O “Observador” tem enumerado essas ligações perigosas entre o PM e Lacerda Machado.

Até porque o inimigo está sempre em casa. António Galamba, segurista, já lembrou que Lacerda Machado também já esteve presente na compra de helicópteros Kamov quando o atual primeiro-ministro era ministro da Administração Interna.

A esse propósito, o Bloco de Esquerda, que não quer perder a áurea de zelar pela seriedade da res publica, vai acrescentar um artigo ao pacote de transparência que se exige a governantes de maneira a que estes consultores fiquem abrangidos pelo regime de incompatibilidades.

No Facebook, que não é incompatível com o cargo de ministro defende Ricardo Costa, ou na vida real, os amigos são quase sempre o centro de tudo. Importa escolhê-los bem, até porque as aparências iludem e por isso são muitas vezes tão importantes.

Escutemos Oscar Wilde: “Escolho os meus amigos pela sua boa apresentação, os meus conhecidos pelo seu bom carácter e os meus inimigos pela sua boa inteligência. Um homem não pode ser muito exigente na escolha dos seus inimigos”.

OUTRAS NOTÍCIAS

O Expresso e Micael Pereira vão continuar a publicar os resultados da investigação sobre os Panama Papers que, nos últimos meses, têm levado por diante com Rui Araújo da TVI junto do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação.

Ontem, no Expresso Diário, foi revelada bastante mais informação sobre a relação intensa entre Manuel Villarinho e a Mossack Fonseca. São dados que esclarecem as intenções do ex-presidente do Benfica (proteger os seus bens de penhora) e da própria Mossack Fonseca, particularmente empenhada em conhecer bem um cliente que esteve envolvido no caso Monte Branco e numa alegada agressão a uma stripper brasileira.

Hoje, no Expresso da Meia Noite, às 23h na SIC Notícias, o tema volta a ser abordado, desta vez com a participação do diretor do Expresso, Pedro Santos Guerreiro. E amanhã, sábado, na edição semanal do Expresso, novas revelações serão feitas a partir dos documentos entretantos estudados pela equipa que em Portugal está a investigar a “maior fuga de informação de sempre”.

Governo de Espanha deixa cair ministro da Indústria. Novas informações que ligam José Manuel Soria a atividades empresarias em paraísos fiscais dispararam os alarmes no governo do PP. O “El País” traz hoje na primeira página a história de como o ministro da Indústria e Turismo foi apanhado nos Panama Papers devido às ligações a uma empresa offshore em Jersey. Soria já não comparece no Conselho de Ministro que irá hoje ter lugar.

Votação do impeachment de Dilma é mesmo no domingo. O Governo brasileiro recorreu ao Supremo Tribunal Federal para tentar adiar a votação de domingo, numa altura em que os seus aliados estão a desertar, mas as suas pretensões não foram atendidas. Segundo a “Folha de São Paulo”, o Supremo Tribunal também validou o processo de votação do afastamento de Dilma a acontecer no domingo: ao contrário do que era intenção do PT, ordem alfabética, foi decidido que os deputados de cada Estado votariam de Norte para Sul, de forma intercalada.

John Kerry: “podíamos ter abatido os aviões russos”. O secretário de Estado norte-americano criticou vivamente o encontro militar no Mar Báltico entre um destroyer dos EUA e dois aviões de guerra da Rússia. O tal “encontro” foi descrito como um “ataque simulado” por parte da aviação russa, devido aos voos rasantes que, na terça-feira passada, dois aviões Sukhoi SU-24 fizeram ao porta-aviões Donald Cook. A agência de notícias Interfax cita um porta-voz do ministro da Defesa da Rússia que terá dito que as suas tripulações cumpriram todas as normas de segurança.

Jeremyn Corbyn a favor da Europa. O líder do Partido Trabalhista britânico fez ontem o seu primeiro grande discurso a favor da manutenção do Reino Unido na União Europeia quando faltam dez semanas para o referendo que decidirá o Brexit. Corbyn junta-se a David Cameron no movimento The In Campaign, enquanto os partidários da saída, liderados por Boris Johnson, estão agrupados noVote Leave. As sondagens, como a do What UK Thinks, dão 50% das intenções de voto a cada uma das partes.

FRASES

“A tragédia da televisão portuguesa é o triunfo da telenovela” Manuel S. Fonseca ao “Jornal de Negócios”

“O candidato do CDS à Câmara de Lisboa pode ser um independente” Assunção Cristas ao jornal “i”

Banco mau “tem de ser encarado com prudência”. Fernando Ulrich ao “Diário de Notícias”

“Se nos mantivermos unidos e não deixarmos os Trumps deste mundo nos dividir podemos oferecer cuidados de saúde, educação, energia renovável, higiene financeira e impostos justos” Bernie Sanders no nono debate presidencial com Hillary Clinton

“Derrubem as barreiras. Não apenas as barreiras económicas. Também as raciais, de género, homofóbicas, de invalidez. Estou a pedir-vos humildemente o vosso apoio. Nós não fazemos só promessas. Nós apresentamos resultados!”. Hillary Clinton no nono debate presidencial

O QUE EU ANDO A LER E A VER

“Júlio Pomar – Obra Gráfica” é o título da edição recentemente publicada pela editora Caleidoscópio onde se encontra recenseada a mais completa listagem de gravuras e serigrafias daquele artista português.

Inclui as imagens, algumas delas pela primeira vez, e muita informação além da que obviamente está disponível nestes casos. O trabalho é feito em colaboração com a Fundação Júlio Pomar e o Atelier-Museu Júlio o que garante propriedade a uma publicação que, sendo dedicada a um mestre da pintura portuguesa, é também umexcelente manual de introdução ao colecionismo de gravuras e/ou serigrafias mercê dos textos incluídos.

A recolha publicada é tão completa quanto possível, percorrendo com exaustão os anos de gravura (1948-1964) e da serigrafia (1974-2015).

Trata-se de uma edição do maior relevo, mesmo descontado a importância de Pomar na história das artes plásticas em Portugal, quando surge uma renovada tendência pelo colecionismo, barato e mais acessível, da obra gráfica de grandes mestres.

Tal sucede quando em Lisboa abriram (não tão) recentemente lojas que se dedicam à comercialização de múltiplos como é o caso de o Gabinete, de Delfim Sardo (Rua Ruben A. Leitão, 2B), e de A Pequena Galeria, de Alexandre Pomar (Avenida 24 de Julho, 4C).

No mesmo movimento, começa também a ser muito facilitado o acesso a leilões não só em Portugal, onde se nota certo aquecimento do mercado, mas também internacionalmente, com a possibilidade de se licitar facilmente em qualquer parte do mundo através de sites ou apps como a Invaluable.

Porém, todo o cuidado é pouco. O que parece distante não é tanto assim, desde que, mais uma vez, não nos esqueçamos de que as aparências, tal como na política, iludem.

Por hoje é tudo. Logo pelas 18h chega mais um Expresso Diário. Às 23h há Expresso da Meia Noite na SIC Notícias. E amanhã é dia desemanário. No Expresso Online, as atualizações são em permanência.

Bom fim de semana

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