domingo, 26 de fevereiro de 2017

MOÇAMBIQUE PROMETE AJUDAR NA LUTA PELA AUTODETERMINAÇÃO DO SAARA OCIDENTAL



Presidente da República Árabe Saarauí Democrática recebeu o apoio de Maputo no diferendo com Marrocos. Joaquim Chissano será o enviado especial da União Africana para a resolução do conflito.

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, reiterou esta quarta-feira (22.02), em Maputo, o total apoio do país a todas as iniciativas internacionais na luta do povo saarauí à autodeterminação. Uma promessa deixada durante a visita do Presidente da República Árabe Saarauí Democrática (RASD), Brahim Ghali, a Moçambique, que terminou esta quinta-feira (23.02).

Um diferendo opõe a República Saarauí a Marrocos, com este país a reivindicar a autonomia do território sob a sua soberania. As autoridades saarauís rejeitam esta reivindicação e exigem a autodeterminação do território.

UA como plataforma de conciliação

A RASD é membro de pleno direito da União Africana (UA) desde 1984, facto que levou, na altura, Marrocos a abandonar a organização pan-africana. O país foi readmitido no passado mês de janeiro.

Esta readmissão é encarada por Filipe Nyusi como a criação de condições de uma plataforma de oportunidades necessárias para conciliar as posições das duas partes. o Presidente defende que a União Africana deverá facilitar a abertura de vias para negociações abertas e francas no quadro dos princípios da intangibilidade das fronteiras e boa vizinhança que caracteriza a interação no seio da organização.

"O Governo de Moçambique continuará a apoiar os esforços tendentes a aproximação das partes e o alcance de uma solução sustentável e duradoura no quadro da União Africana e da Organização das Nações Unidas”, defende.

Do lado da RASD, Brahim Ghali afirma que "o povo saarauí irá continuar a resistir até a vitória, até que África esteja totalmente independente”.

"Somos e seremos a última colónia em África”, entende.

Readmissão sem consenso

A readmissão de Marrocos na União Africana tem dividido os países africanos. O ministro moçambicano dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Oldemiro Balói, defende sinceridade dos que apoiaram a decisão.

"O nosso desejo ardente é que haja boa-fé por parte dos que defenderam a entrada de Marrocos a todo o custo, argumentando que seria a forma do problema do Saara Ocidental ser debatido dentro da família, respeitando os princípios da União Africana”, nota.

Já o homólogo saaraui, Muhamed Salek, espera que Marrocos mantenha e honre os compromissos que assumiu, aceitando, sem condições e sem reservas, a ata constitutiva da União Africana.

Chissano o enviado da UA

O ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação da RASD revelou ainda que Joaquim Chissano, antigo Presidente moçambicano, será o enviado especial da União Africana para a resolução do diferendo entre a RASD e Marrocos. Um nome que agrada a Salek.

"O Presidente [Joaquim] Chissano e todos os diplomatas moçambicanos têm trabalhado para que haja paz em Madagáscar, nas Comores e em muitos países e Moçambique, na sede da ONU e da União Africana, tem trabalhado sempre nas operações de manutenção da paz e contribuiu positivamente”, refere.

A visita do Presidente da República Árabe Saarauí Democrática, Brahim Gahli, a Moçambique culminou com a assinatura de um memorando de cooperação sobre consultas políticas entre os dois países.

Leonel Matias (Maputo) – Deutsche Welle

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