@Verdade,
Editorial
Disse
Karl Marx que “a história se repete, primeiro como tragédia e segundo como
farsa”. Porém, a realidade de Moçambique tem mostrado outro cenário: a história
sempre se repete como tragédia, sobretudo quando se trata de calamidades
naturais como, por exemplo, a passagem do ciclone tropical Dineo pela província
de Inhambane. Nesse ponto do país, o vento deitou abaixo milhares de
infra-estruturas, com destaque para estradas, escolas, unidades sanitárias,
entre outros edifícios públicos.
Este
não é um caso isolado. A nível nacional, sempre que chove ou verifica-se um
vendaval, há registos de danos humanos e materiais incalculáveis, facto que
deixa transfigurado o país. A título de exemplo, desde o final do ano passado
até à presente data, dezenas de infra-estruturas públicas desabaram, colocando
a nú a qualidade das mesmas. Aliás, hoje em dia, parece que ninguém tem dúvidas
em relação à má qualidade das infra-estruturas públicas que são erguidas no
país.
Isso
é o facto bastante preocupante, pois revela a promiscuidade e falta de
seriedade no sector das Obras Públicas no país. É evidente que os responsáveis
pela construção dessas obras públicas tem estado metidos num grande esquema de
corrupção. Não se justifica que as infra-estruturas construídas no período colonial
continuem intactos, após a passagem de um vendaval.
Por
outro lado, essa situação revela a falta de seriedade do Governo da Frelimo na
construção de infra-estruturas públicas duradouras para o benefício dos
moçambicanos. É vergonhoso quando uma mera chuva deixa grande parte das
estradas nacionais intransitável. Na época chuvosa de 2015/2016, mais de 110
escolas ficaram danificadas, sem falar de unidades hospitalares, pontes e
estradas. E a projecção para esta época (2016/2017) é que 1.893 instituições de
ensino sejam afectadas por cheias ou ciclones.
O
mais caricato nessa história, sobretudo em relação aso estabelecimentos de
ensino, há anos existe uma iniciativa para a construção de “Escolas Seguras”,
resilientes aos desastres naturais, que custam somente mais 8% do que uma construção
convencional, porém até hoje não foi edificada nenhuma por falta de vontade
política do partido Frelimo. O estudo mostra que o custo para construir todas
salas de aulas que fazem falta em Moçambique de forma segura e resistente às
cheias, vendavais e ciclones custaria menos do que o valor das dívidas
secretamente contraídas pelas empresas Proindicus e MAM.
Mas
o Governo da Frelimo continua a inescrupulosamente a ignorar essa situação.
Portanto, como resultado da incompetência e a promiscuidade entre os
empreiteiros e os indivíduos ligados às obras públicas são as infra-estruturas
de má qualidade que desabam na passagem de um mero vendaval.
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