sábado, 6 de maio de 2017

Portugal | É MAGIA


Pedro Ivo Carvalho* | Jornal de Notícias | opinião

Era uma vez 684 milhões de euros em obras públicas que nasceram e morreram na mesma tarde. É uma história triste esta, quase tocante, equivalente na tensão dramática à do bebé que padece no primeiro choro estrangulado pelo cordão umbilical. O Governo anunciou quatro novas estações e depois foi--se a ver e continuava tudo como dantes - verão, primavera, outono e inverno. Mais a sério: as estações eram outras. Do Metropolitano de Lisboa. Amoreiras, Estrela, Santos e Campolide. Só que não. Houve um lapso e, uma hora depois, aquele camião de dinheiro tinha-se eclipsado num triângulo das Bermudas comunicacional. Já não havia estações novas (nem quatro, nem duas, nem uminha que fosse), já não havia nada. Apenas uma data para humedecer a boca seca: 2022. O Ministério do Ambiente não esclareceu em profundidade o misterioso desaparecimento de quase 700 milhões de euros do espaço mediático, limitando-se a dizer que a boa nova contida no primeiro comunicado estaria errada ou não validada. Eu tenho outra teoria: este Governo consegue ser tão competente a fazer aparecer dinheiro onde se pensava que ele não existia como a fazer desaparecer dinheiro onde ele nunca existiu.

* Jornalista

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