Pedro Ivo
Carvalho* | Jornal de Notícias | opinião
Era
uma vez 684 milhões de euros em obras públicas que nasceram e morreram na mesma
tarde. É uma história triste esta, quase tocante, equivalente na tensão
dramática à do bebé que padece no primeiro choro estrangulado pelo cordão
umbilical. O Governo anunciou quatro novas estações e depois foi--se a ver e
continuava tudo como dantes - verão, primavera, outono e inverno. Mais a sério:
as estações eram outras. Do Metropolitano de Lisboa. Amoreiras, Estrela, Santos
e Campolide. Só que não. Houve um lapso e, uma hora depois, aquele camião de
dinheiro tinha-se eclipsado num triângulo das Bermudas comunicacional. Já não
havia estações novas (nem quatro, nem duas, nem uminha que fosse), já não havia
nada. Apenas uma data para humedecer a boca seca: 2022. O Ministério do
Ambiente não esclareceu em profundidade o misterioso desaparecimento de quase
700 milhões de euros do espaço mediático, limitando-se a dizer que a boa nova
contida no primeiro comunicado estaria errada ou não validada. Eu tenho outra
teoria: este Governo consegue ser tão competente a fazer aparecer dinheiro onde
se pensava que ele não existia como a fazer desaparecer dinheiro onde ele nunca
existiu.
*
Jornalista
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