… “En
apenas tres siglos fueran desarraigados de sus tierras con destino a las
plantaciones americanas más de cinquenta millones de africanos reducidos a la
condición de esclavos, muchos de los cuales murieron en la captura y en la
travesia.
Martinho Júnior | Luanda
Más
de cinco centurias de saqueo por parte de las metropolis europeas a la que se
suma Estados Unidos desde el pasado siglo, han sido testigos de la edificación
de opulentas sociedades capitalistas desarrolladas, erigidas en buena medida,
sobre el sufrimiento, la miseria, el hambre y la muerte de los pueblos de
Africa”… - Discurso do Comandante Raul de Castro, a 7 de Novembro de 1985, por
ocasião do Vigésimo Aniversáio da criação das Colunas Um e Dois do Comandante
Che Guevara no Congo (In “El Segundo Frente del Che en el Congo”, Jorge
Risqué Valdés).
1-
Os ecos da Operação Carlota ressoavam em Cuba quando a 26 de Julho de 1976, há
41 anos, com a presença do camarada Presidente António Agostinho Neto, o
Comandante Fidel de Castro, em Pinar del Rio cumpriu com as comemorações
daquele ano, na parte mais ocidental de Cuba.
As
comemorações do 26 de Julho de 2017, foram também em Pinar del Rio, mas os cubanos
revolucionários e os progressistas de todo o mundo, celebram a data em
uníssono, colectiva ou individualmente, por onde quer que estejam, pois ela é
uma sensível prova de vida para todos aqueles que anseiam pela paz, pela
liberdade, pelo aprofundamento da democracia, pelo socialismo e pelo respeito
que humanidade e a Mãe Terra merecem e tanto carecem.
Todos
esses, revolucionários e progressistas, que sabem que a Fidel a História o
Absolverá, sabem que os que dão continuidade a esse caminho de dignidade a
História os Absolverá e por isso fazem também legitimamente anos nessa data
memorável…
Há
41 anos o discurso do Comandante Fidel tocou sensivelmente em Angola, perante o
emocionado primeiro Presidente da República:
… “Agostinho
Neto es un hombre cuyo nombre pasará a la historia entre los dirigentes
revolucionarios que han adquirido grandes méritos con su pueblo y con el
movimiento revolucionario mundial.
A
veces la historia se desarrolla ante nuestros propios ojos y no la comprendemos
en todo su significado. Los cubanos podemos comprenderla remitiéndonos sobre
todo a nuestras propias experiencias. ¿Qué era Cuba en el siglo pasado sino una
colonia española? ¿Qué ha sido Angola hasta muy recientemente sino una colonia
portuguesa? Dos naciones de la misma península, y dos sistemas coloniales
igualmente expoliadores y crueles. ¿Y cómo surge la independencia de Cuba? ¿Que
obstáculos no encontraron nuestros compatriotas en aquella época para alcanzar
la independencia? ¿Con cuántos cientos de miles de soldados no tuvieron que
luchar? Tampoco existía —puede decirse— la nación cubana. El sentimiento de
nación se fue forjando a lo largo de la lucha.
Admiramos
infinitamente a Martí por su gigantesca tarea, formando una conciencia
revolucionaria en el seno de nuestro pueblo. Admiramos a Martí porque era un
intelectual brillante, un hombre de extraordinaria cultura, un poeta de
exquisita sensibilidad, que consagró su talento a la lucha revolucionaria, que
consagró su vida y su pluma a esa lucha, que fue hombre de palabra y de acción.
Le agradecemos y le agradeceremos eternamente lo que significó y lo que
simbolizó.
Pero
esa misma historia de nuestra patria a finales del pasado siglo, ha sido la
historia presente de Angola (APLAUSOS). Un país colonizado durante más de 400
años, un país donde los colonialistas explotaron, desarrollaron y exacerbaron
todas las divisiones posibles; donde los colonialistas —como explicó Neto— se
apoyaron en el racismo, en el tribalismo, en el regionalismo, y acudieron a
todas las armas para evitar que fraguara una nación angolana, al objeto de
mantener indefinidamente su dominio colonial.
Y
tenemos aquí a un hombre que también consagró toda su vida al esfuerzo de
liberar su patria, que se vio en la necesidad de enfrentarse a enormes
dificultades, para ser más parecidas las situaciones, Neto es también un hombre
de extraordinaria cultura, de gran capacidad intelectual, y un extraordinario
poeta que consagró su vida y su pluma a su pueblo, a sus hermanos discriminados
y esclavizados, a forjar la conciencia política de los angolanos (APLAUSOS)”…
(…)
… “Son
muchas las cosas que nos unen a Angola: la causa, los intereses comunes, la
política, la ideología. Pero nos une también la sangre (APLAUSOS), y la sangre
en el doble sentido de la palabra: ¡la sangre de nuestros antepasados y la
sangre que hemos vertido juntos en los campos de batalla! (APLAUSOS
PROLONGADOS).
Son
muy sabias y muy profundas las palabras pronunciadas por el compañero Neto
acerca de que no es la geografía lo que une o separa a los pueblos, y que la
lucha común revolucionaria debe unir cada vez más a nuestros pueblos con independencia
de la geografía.

Hemos
cumplido nuestro deber internacionalista con el hermano pueblo de Angola y nos
sentimos orgullosos por ello (APLAUSOS). Orgullosos de nuestro pueblo
revolucionario, que estuvo dispuesto a enrolar si fuera necesario a cientos de
miles de sus combatientes (APLAUSOS); orgullosos de nuestros reservistas y
soldados revolucionarios, que fueron capaces de combatir junto a los angolanos
con el mismo heroísmo y el mismo valor con que son capaces de combatir en
nuestra propia patria (APLAUSOS); de esos soldados que a 10 000 kilómetros de
distancia, junto a la consigna de "¡La lucha continúa, la victoria es
cierta!", supieron proclamar su consigna de "¡Patria o Muerte, Venceremos!"
(APLAUSOS Y EXCLAMACIONES DE: "¡Venceremos!"), y con toda
justificación, porque, cuando luchaban junto a sus hermanos angolanos, era como
si estuvieran luchando por su propia patria (APLAUSOS)”…
2-
Os ecos da Operação Carlota ainda ecoavam mundo fora, no rescaldo daquele parto
tão crítico para África e para os Não-Alinhados que foi a independência de
Angola, quando Portugal foi assolado pela campanha sangrenta duma enraivecida
sequela fascista e colonialista que, sob os auspícios de Frank Charles Carlucci
III, pretendia reverter os avanços progressistas com tanta esperança alcançados
com o 25 de Abril…
Frank
Charles Carlucci III (Embaixador dos Estados Unidos em Lisboa entre 9 de
Dezembro de 1975 e 5 de Fevereiro de 1978 nomeado pela Administração Ford) completava
assim em Portugal a sanha de Henry Kissinger (Secretário de Estado dessa mesma
administração) em Angola, com a Operação Iafeature, a Operação da CIA contra
Angola lançada com o concurso de Mobutu a partir do Zaíre e do “apartheid” com
a Operação Savannah, conforme testemunho em livro de John Stockwell, seu
responsável, na 1ª pessoa…
A
contra revolução ganhou ânimo em Portugal em finais de 1975 e ao longo da
Primavera e do Verão de 1976, envolvendo o 25 de Novembro de 1975 e esse facto,
sintomaticamente, seria sublinhado sem vergonha pelo Presidente Cavaco Silva a
24 de Novembro de 2003 (vinte e sete anos depois das barricadas de Rio Maior),
ao condecorar Frank Charles Carlucci III com a Grã-Cruz da Ordem do
Infante D. Henrique…
O
então Embaixador Frank Charles Carlucci III, recorde-se, foi em 1961 diplomata
dos Estados Unidos no Congo, contemporâneo nessa qualidade, à época e no
terreno, ao assassinato do herói africano Patrice Lumumba e, pouco mais tarde,
ainda que à distância, à resoluta decisão de Cuba na estreita aliança com o
Movimento de Libertação em África, Cuba que em 1975 levaria a cabo a Operação
Carlota…

Até
hoje desconhece-se o autor material desse atentado, um entre os muitos que Cuba
haveria de sofrer ao longo de décadas por parte da contra revolução instigada
pela e ligada à CIA, mas o acontecimento que vitimou os dois funcionários da
Embaixada em Lisboa, foi nos mesmos moldes, no mesmo “estilo” e com a
mesma assinatura que muitos outros atentados terroristas levados a cabo pelas
redes que tinham Orlando Bosh ou Posada Carrilles como dois dos seus mais
activos“operacionais”…
4-
Neste 26 de Julho de 2017 lembro as comemorações em Pinar del Rio, em 1976,
como lembro a contra revolução portuguesa instigada pela CIA e por Frank
Charles Carlucci III, consumados os actos terroristas e entre eles o de 22 de
Abril de 1976…
Se
o grupo dos 9 em Portugal arredou caminho na trajectória dessa barbárie que
fragmentou e ensanguentou Portugal, iria dar início contudo a um ciclo que
perseverantemente iria, em especial com Cavaco Silva, Mário Soares e alguns dos
seus “derivados”, dar corpo a uma superestrutura ideológica remanescente
do conservadorismo do “Le Cercle”, repescando veladamente muito do que ao
fascismo e ao colonialismo dizia (e diz) respeito, algo que seria aproveitado,
pelos governos portugueses no âmbito duma ambiguidade que tem sido um
subproduto de inveterada vassalagem aos poderosos da Europa e do Mundo, que se
vai arrastando naquele “cantinho à beira-mar plantado” já há mais de
três séculos.
Os
relacionamentos de Portugal para com Angola foram também filtrados por esse
tipo de enredos, quer durante a luta contra o “apartheid” (no
rescaldo do Exercício ALCORA) de 1976 a 1992, quer durante a “guerra dos
diamantes de sangue” quando em Angola Savimbi se vocacionou a tal no
âmbito do que se lhe propiciava com o capitalismo neoliberal e levou a cabo o
choque (1992 a 2002), quer durante o “soft power” dilecto veículo da
terapia em vigor desde 2002…

Por
isso ainda hoje podemos reflectir entre o que é da barbárie e o que é da
civilização aqui em Angola, com ensinamentos que passam pelo 26 de Julho e as
experiências sucessivas da memória que se prende ao redor dos episódios
originais no quartel de Moncada, como se prendem à memória de heróis e de
mártires como Adriana Corcho e Efrén Monteagudo…
A
todos esses, a História os Absolverá!...
Fotos:
O
26 de Julho de 1976 em Pinar del Rio, com Neto e Fidel; Montagem sobre imagem
da Embaixada de Cuba em Lisboa em escombros, com as fotos de Adriana Corcho e
Efrén Monteagudo; Capa do Time, por alturas das acções de terrorismo da contra
revolução em Portugal, em 1976; Capa do livro “Quando Portugal ardeu”, de
Miguel Carvalho, que relata os acontecimentos daquele “verão quente” de
1976; Capa do livro “A CIA contra Angola” de John Stockwell.
A
CONSULTAR:
Discurso
do Comandante Fidel em Pinar del Rio, a 26 de Julho de 1976 – http://www.cuba.cu/gobierno/discursos/1976/esp/f260776e.html
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