Angola
é um dos regimes mais corruptos do mundo. Disso dão nota os indicadores
internacionais, como o Índice de Percepção da Corrupção da Transparency
International, em que o país surge num vergonhoso 164º lugar, em 176 avaliados
– o 13º pior do mundo!
Paulo
de Morais | opinião
Prova
de corrupção em Angola é também a obscena fortuna da família Dos Santos, com a
sua filha Isabel à cabeça, uma das mulheres mais ricas do mundo, que ostenta
diariamente no Instagram, a riqueza que partilha com o congolês Sindika Dokolo.
A riqueza estende-se a toda a família, à irmã de Eduardo dos Santos, Marta, aos
filhos e sobrinhos.
Aliás,
todos os que gravitaram à volta de Eduardo dos Santos nas últimas décadas
ficaram multi-milionários, à custa de sugar os recursos naturais (petróleo,
diamantes e outros), de destruir bancos como o BES (Angola), que concedeu
empréstimos sem garantias a toda a cúpula do MPLA, inclusive ao próprio
presidente anunciado, João Lourenço; e graças a muitas outras edificantes
actividades que depauperaram o país e hipotecaram o seu futuro.
Mas
o testemunho mais doloroso de toda esta corrupção são as crianças que morrem na
rua, numa pátria que lhes é madrasta e que, apesar do seu petróleo e dos seus
diamantes, possui o pior indicador mortalidade infantil do mundo, com o
aterrador score de 156/1000. A este indicador de pobreza junta-se uma esperança
média de vida de apenas 52 anos. Em suma, um povo em sofrimento, uma sociedade
em extinção.
Com
a corrupção a dominar o regime, Angola vê destruído o seu Estado de Direito. E
um estado que não é de direito não é, obviamente, democrático. Pelo que Angola
não é uma democracia.
As
eleições de amanhã serão assim apenas uma legitimação formal da escolha, por
parte de Eduardo dos Santos, do regente João Lourenço. A sua legitimidade é
nula e semelhante à dos actos eleitorais nos anos terminais de vigência do
regime fascista colonizador; à época, organizava-se um acto eleitoral formal e,
no final, vencia a União Nacional no poder e reforçava-se o ditador. Era esse o
regime contra o qual o MPLA genuíno de então lutava; mas que o actual MPLA
decrépito – e abastardado por uma geração de líderes corruptos – optou por
imitar.
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