A
Autoeuropa hoje produziu zero. Esteve parada. O motivo foi a greve dos
trabalhadores, que contestam o trabalho ao sábado decretado pela administração
da empresa sem ouvir os trabalhadores e assumindo uma atitude irredutível após
constatar a discordância daqueles por motivos absolutamente justificáveis, que
se relacionam com a vida familiar, a saúde, o trabalho excessivo sem descanso,
etc.
A
seguir incluímos uma breve reportagem da TSF na recolha de declarações de
trabalhadores da Autoeuropa. Antes fazemos referência a
manipulações de números da greve em que os representantes dos trabalhadores não
entram no jogo.
Diz a administração que a adesão à greve foi de 41 por cento de
trabalhadores. Porém reconhece a paralisação total da fábrica, a paralisação da
linha de montagem. De tudo e da produção zero de hoje. Provavelmente estava a
referir-se a escriturários, gestores, administradores e afins… que não fizeram
greve. Porém, sem os que produzem tudo pára.
Logo
de manhã a TSF indagou da opinião de Torres Couto, antigo secretário-geral da
UGT, e de outros que à priori sabemos
ser insufláveis da alta finança e muito pouco representantes da defesa dos
interesses e direitos dos trabalhadores. Claro que Torres Couto repegou no papão
CGTP e PCP, o que não demonstrou foi estar contra o aumento das horas de
trabalho, a alteração de horários que prejudicam de vários modos a vida
familiar dos que ali trabalham, etc. Couto, um próadministrações bem pago,
que se diz sindicalista… E também socialista… Pois.
O
sucesso da Autoeuropa está nas capacidades e qualidades dos seus trabalhadores.
Qualquer ataque da administração ao bem-estar familiar e de saúde (entre outros
itens) dos trabalhadores, acaba por também ser nocivo para a empresa. Mas parece que a
administração quer impor a ditadura destes tempos neoliberais-fascizantes que
apostam tudo no esclavagismo e no desprezo pela humanidade.
O
ataque concertado das multinacionais vai recrudescer e todos nós vamos ver. Não
acontece por acaso. Portugal demonstrou nestes quase dois anos que a "crise" não justificou o debulho e roubo de direitos, liberdades e garantias que os governos da UE puseram em prática, principalmente a troika e a "trika" nacional Cavaco-Passos-Portas. (PG)
GREVE
NA AUTOEUROPA
"A
família é que sofre. Trabalhar ao sábado será como viver num hostel"
Estão
colocados em turnos diferentes mas, em geral, os casais que trabalham na
Autoeuropa só se conseguem ver ao fim de semana.
Daniela
Costeira está casada há 11 anos e trabalha na Autoeuropa há seis, tal como o
marido. Lamenta só ter vida ao fim de semana, essencial para estar com os dois
filhos, de 10 anos e 10 meses. "Esta história de trabalhar ao fim de
semana está fora de questão".
Outro
caso idêntico é o de Rui Fernandes, cuja mulher também trabalha na Autoeuropa.
"Com as novas regras propostas é a vida familiar que sofre. Afeta
bastante, deixamos de nos ver, porque seria ao fim de semana que nos
encontrávamos. Tendo só o domingo e um dia de semana que nunca vai ser o mesmo,
praticamente deixo de ver a minha mulher. É como viver num hostel. Para quem
tem casais e filhos a situação é difícil. Imaginemos que temos de pagar a uma
ama ao sábado, ao final do mês esse casal vai perder muito dinheiro."
Sara
de Melo Rocha e Jorge Garcia | TSF
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