quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Autoeuropa | ATAQUE DE MULTINACIONAIS RECRUDESCE. NÃO ACONTECE POR ACASO



A Autoeuropa hoje produziu zero. Esteve parada. O motivo foi a greve dos trabalhadores, que contestam o trabalho ao sábado decretado pela administração da empresa sem ouvir os trabalhadores e assumindo uma atitude irredutível após constatar a discordância daqueles por motivos absolutamente justificáveis, que se relacionam com a vida familiar, a saúde, o trabalho excessivo sem descanso, etc.

A seguir incluímos uma breve reportagem da TSF na recolha de declarações de trabalhadores da Autoeuropa. Antes fazemos referência a manipulações de números da greve em que os representantes dos trabalhadores não entram no jogo. 

Diz a administração que a adesão à greve foi de 41 por cento de trabalhadores. Porém reconhece a paralisação total da fábrica, a paralisação da linha de montagem. De tudo e da produção zero de hoje. Provavelmente estava a referir-se a escriturários, gestores, administradores e afins… que não fizeram greve. Porém, sem os que produzem tudo pára.

Logo de manhã a TSF indagou da opinião de Torres Couto, antigo secretário-geral da UGT, e de outros que à priori  sabemos ser insufláveis da alta finança e muito pouco representantes da defesa dos interesses e direitos dos trabalhadores. Claro que Torres Couto repegou no papão CGTP e PCP, o que não demonstrou foi estar contra o aumento das horas de trabalho, a alteração de horários que prejudicam de vários modos a vida familiar dos que ali trabalham, etc. Couto, um próadministrações bem pago, que se diz sindicalista… E também socialista… Pois.

O sucesso da Autoeuropa está nas capacidades e qualidades dos seus trabalhadores. Qualquer ataque da administração ao bem-estar familiar e de saúde (entre outros itens) dos trabalhadores, acaba por também ser nocivo para a empresa. Mas parece que a administração quer impor a ditadura destes tempos neoliberais-fascizantes que apostam tudo no esclavagismo e no desprezo pela humanidade.

O ataque concertado das multinacionais vai recrudescer e todos nós vamos ver. Não acontece por acaso. Portugal demonstrou nestes quase dois anos que a "crise" não justificou o debulho e roubo de direitos, liberdades e garantias que os governos da UE puseram em prática, principalmente a troika e a "trika" nacional Cavaco-Passos-Portas. (PG)

GREVE NA AUTOEUROPA

"A família é que sofre. Trabalhar ao sábado será como viver num hostel"

Estão colocados em turnos diferentes mas, em geral, os casais que trabalham na Autoeuropa só se conseguem ver ao fim de semana.

Daniela Costeira está casada há 11 anos e trabalha na Autoeuropa há seis, tal como o marido. Lamenta só ter vida ao fim de semana, essencial para estar com os dois filhos, de 10 anos e 10 meses. "Esta história de trabalhar ao fim de semana está fora de questão".

Outro caso idêntico é o de Rui Fernandes, cuja mulher também trabalha na Autoeuropa. "Com as novas regras propostas é a vida familiar que sofre. Afeta bastante, deixamos de nos ver, porque seria ao fim de semana que nos encontrávamos. Tendo só o domingo e um dia de semana que nunca vai ser o mesmo, praticamente deixo de ver a minha mulher. É como viver num hostel. Para quem tem casais e filhos a situação é difícil. Imaginemos que temos de pagar a uma ama ao sábado, ao final do mês esse casal vai perder muito dinheiro."

Sara de Melo Rocha e Jorge Garcia | TSF

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