domingo, 26 de novembro de 2017

"Natal antecipado" para o casal português que fugiu de Timor-Leste



O Natal chegou mais cedo para o casal português que estava proibido de sair de Timor-Leste pela Justiça do país, desde 2014. Tiago e Fong Fong Guerra, os dois portugueses que fugiram para a Austrália depois de terem sido condenados por peculato em Díli, já regressaram a Portugal.

À chegada ao aeroporto Humberto Delgado (Lisboa), este sábado de manhã, o casal foi recebido com emoção por alguns familiares, incluindo os dois filhos, que estão à guarda dos avôs paternos e que não abraçavam os pais há três anos.

Tiago Guerra escusou-se a falar aos jornalistas, posição também assumida ao JN pelo pai, Carlos Guerra, que, ainda assim, não escondeu a emoção do reencontro, vivido entre família e "dois ou três amigos chegados".

"Está tudo bem. (O Tiago) Chegou bem. Está felicíssimo. Isto é um Natal antecipado. É dia 25", desabafou, aliviado. "Basta olhar para a cara dos filhos, dos meus netos", continuou.

O casal foi detido na semana passada, em Darwin (Austrália), onde entrou ilegalmente de barco, no início do mês, com passaportes portugueses. Os Guerra pediram a extradição para Portugal, tendo o requerimento, que visava o acionamento da convenção existente entre Portugal e Austrália, dado entrada na Procuradoria-Geral da República dia 17 de novembro.

Dois dias depois, os pais de Tiago, responsáveis pela petição que solicitava a extradição do casal e que foi entregue no Parlamento, foram recebidos pela Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, de acordo com informação disponível no site da instituição.

Tiago e Fong Fong foram condenados em Díli, em agosto, a oito anos de prisão por peculato (uso fraudulento de dinheiros públicos) e ao pagamento do valor em que, segundo o acórdão, terão defraudado do Estado de Timor-Leste (cerca de 859 mil dólares).

Os portugueses recorreram da sentença tendo em conta um processo "cheio de inconsistências e contradições", como descreveu ao JN Tiago Guerra, em outubro. O casal fugiu para Austrália antes de sair a decisão do Tribunal de Recurso.


Rui Salcedas | Jornal de Notícias

Foto José Sena Goulão/lusa


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