O
Natal chegou mais cedo para o casal português que estava proibido de sair de
Timor-Leste pela Justiça do país, desde 2014. Tiago e Fong Fong Guerra, os dois
portugueses que fugiram para a Austrália depois de terem sido condenados por
peculato em Díli, já regressaram a Portugal.
À chegada ao aeroporto Humberto Delgado (Lisboa), este sábado
de manhã, o casal foi recebido com emoção por alguns familiares, incluindo
os dois filhos, que estão à guarda dos avôs paternos e que não abraçavam os
pais há três anos.
Tiago
Guerra escusou-se a falar aos jornalistas, posição também assumida ao JN pelo
pai, Carlos Guerra, que, ainda assim, não escondeu a emoção do reencontro,
vivido entre família e "dois ou três amigos chegados".
"Está
tudo bem. (O Tiago) Chegou bem. Está felicíssimo. Isto é um Natal antecipado. É
dia 25", desabafou, aliviado. "Basta olhar para a cara dos filhos,
dos meus netos", continuou.
O
casal foi detido na semana passada, em Darwin (Austrália), onde entrou
ilegalmente de barco, no início do mês, com passaportes portugueses. Os Guerra
pediram a extradição para Portugal, tendo o requerimento, que visava o
acionamento da convenção existente entre Portugal e Austrália, dado entrada na
Procuradoria-Geral da República dia 17 de novembro.
Dois
dias depois, os pais de Tiago, responsáveis pela petição que solicitava a
extradição do casal e que foi entregue no Parlamento, foram recebidos pela Comissão
de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, de acordo com
informação disponível no site da instituição.
Tiago
e Fong Fong foram condenados em Díli, em agosto, a oito anos de prisão por
peculato (uso fraudulento de dinheiros públicos) e ao pagamento do valor em
que, segundo o acórdão, terão defraudado do Estado de Timor-Leste (cerca de 859
mil dólares).
Os
portugueses recorreram da sentença tendo em conta um processo "cheio de
inconsistências e contradições", como descreveu ao JN Tiago Guerra, em outubro. O casal
fugiu para Austrália antes de sair a decisão do Tribunal de Recurso.
Entretanto, a ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, disse à agência
Lusa que não recebeu, da parte das autoridades timorenses, "nenhum pedido
de intervenção", admitindo que tal ainda possa acontecer.
Rui
Salcedas | Jornal de Notícias
Foto José
Sena Goulão/lusa
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