quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

“HACKERS RUSSOS”, NOVA INVENÇÃO DA VELHA MÍDIA


A história se repete: como no Iraque, em 2003, agências de espionagem dos EUA acusam sem prova alguma – e jornais publicam sem nada investigar

Matt Taibbi, na Rolling Stone – Outras Palavras - Tradução: Inês Castilho

Num passo extraordinário, o governo  Obama anunciou na quinta-feira, 29 de dezembro,uma série de sanções contra a Rússia. Trinta e cinco cidadãos russos foram expulsos do país. O presidente emitiu uma declaração concisa em que parece culpar a Rússia por invadir os emails do Comitê Nacional do Partido Democrata.

“Essa ação de roubar e divulgar dados só poderia ter sido obra dos mais altos níveis do governo russo”, escreveu ele. Primeiro a Rússia prometeu retaliar severamente, e então voltou atrás. Hoje a imprensa russa está informando que Vladimir Putin está até convidando “os filhos dos diplomatas americanos” para visitar a árvore de Natal do Kremlin”, não importa quão repulsiva, ameaçadora ou sarcástica cada um considere a reposta de Putin.

Essa história dramática coloca a mídia diante de uma grande aposta. Como não se faz investigação independente, para contar essa história os repórteres terão de basear-se inteiramente na avaliação das agências de inteligência. Vários repórteres que conheço estão enlouquecidos — embora calados — por ter de passar por isso novamente. Ninguém esqueceu o fiasco das supostas armas de destruição em massa (WMD, na sigla em inglês).

“Isso é déjà vu, vamos ver tudo de novo” – considera um amigo.

Pode-se perceber o constrangimento refletido nas manchetes que passaram pela Internet logo após o anúncio das sanções de Obama. Algumas agências de notícias pareciam divididas entre declarar inequivocamente que houve hackeamento da Rússia e cobrir as apostas colocando essas declarações na boca do governo, com a fórmula “diz Obama”.

O New York Times foi o mais agressivo, escrevendo direto: “Obama Contra-Ataca a Rússia por Hackear a Eleição”. O jornal sustentou sua história com o link de um relatório conjunto FBI/Segurança Interna que detalha como civis russos e serviços militares de inteligência (grafados como “RIS”, Russian Intelligence Services no relatório) violaram por duas vezes as defesas de “um partido político dos EUA”, presumivelmente o Democrata.

Esse relatório é extenso em jargões, mas curto em detalhes. Mais da metade dele é apenas uma lista com sugestões de medidas preventivas. A certa altura, vemos que o nome em código que a comunidade de inteligência norte-americana deu às supostas cibertravessuras russas é urso da estepe, um detalhe suficientemente sexy.

Mas nada ficamos sabendo sobre o que levou a Casa Branca a determinar: a) que esses ataques foram dirigidos pelo governo russo; ou b) que eles foram feitos com o objetivo de influenciar o pleito, e em particular ajudar na eleição de Donald Trump.

O problema com essa história é que, como no caso do Iraque e das falsas “armas de destruição em massa”, ela acontece num ambiente altamente partidarizado, no qual os motivos de todos os atores relevantes são duvidosos. Nada junta-se com nada.

Se as agências de segurança norte-americanas apresentassem uma evidência inequívoca de que os russos organizaram uma campanha para mudar os rumos da eleição presidencial dos EUA e entregar a Casa Branca a Trump, então expulsar umas poucas dúzias de diplomatas depois da eleição parece uma resposta estranhamente fraca e inoportuna. Nos dois partidos há vozes dizendo isso, agora. Os senadores republicanos John McCain e Lindsey Graham observaram que a Rússia pagou um “preço barato” por seu “ataque descarado”. Enquanto isso, o Comitê Nacional Democrata disse na quinta-feira que, tomada isoladamente, a resposta de Obama é “insuficiente” como resposta a “ataques aos Estados Unidos por um poder estrangeiro”.

O “preço barato” levanta dúvidas. Como na história das “armas de destruição em massa”, há um tipo de marketing sendo usado pela Casa Branca para vender uma narrativa da hackeamento que poderia deixar os repórteres nervosos. Por exemplo, esse trecho da fala de Obama sobre os maus tratos sofridos por diplomatas americanos em Moscou: “Além do mais, nossos diplomatas em Moscou experimentaram, no último ano, um nível inaceitável de provocação pela polícia e serviços de segurança russos.”

Isso parece referir-se a um incidente, durante o verão, em que um diplomata americano foi espancado em Moscou, fora do contexto diplomático. Foi depois de um caso, em 2013, em que um diplomata dos EUA chamado Ryan Fogle foi preso de maneira semelhante.

Fogle foi descrito como um agente da CIA, de forma inequívoca, em vários relatórios russos. Fotos do kit espião de Fogle – que incluía perucas e um mapa da cidade – tornaram-se fonte de muitas piadas na imprensa russa e nas mídias sociais. De maneira semelhante a essa história de hackers aqui nos EUA, os cidadãos russos comuns pareciam divididos sobre se deviam ou não acreditar.

Se os russos atrapalharam uma eleição, isso por si só seria suficiente para garantir uma resposta maciça – muito pior do que respostas pesadas para episódios de espionagem comuns. O fato de Obama mencionar essas pelejas monótonas dá a impressão de que ele está jogando alguma coisa para reforçar um caso que, em outras condições, seria fraco.

Acrescente-se ao problema que, nos últimos meses de campanha, e também no período pós-eleição, assistimos a uma epidemia de informações sobre a Rússia factualmente fracas e com motivação claramente política. Democratas com vocação de guru têm sido irritantemente rápidos ao usar frases como “a Rússia hackeou a eleição”.

Isso levou a uma confusão generalizada, entre as pessoas que ouvem notícias. Teriam os russos hackeado os emails do Comitê Nacional Democrata? (uma história que foi sustentada por ao menos alguma evidência, embora limitada) Ou hackearam a contagem de votos em estados essenciais? (uma lenda muito mais estranha, sem nenhuma evidência merecedora de crédito).

Como notaram The Intercept e outras mídias, uma pesquisa do Economist/YouGov realizada este mês mostra que 50% dos eleitores de Hillary acreditam que os russos hackearam a contagem de votos. Esse número é quase tão perturbador quanto os 62% de eleitores de Trump que acreditam na contenda estapafúrdia e sem fontes de Trump e Alex Jones, de que “milhões” de imigrantes sem documentos votaram na eleição.

E ainda houve o episódio em que o Washington Post publicou aquela história de tirar o fôlego sobre russos ajudando a espalhar “notícias falsas”. Uma história irresponsável que, revelou-se, baseava-se numa fonte altamente dúbia denominada “PropOrNot”. Ela classificou 200 organizações diferentes de mídia alternativa norte-americana como “inocentes úteis” do Estado russo.

Mais tarde o Washington Post afastou-se dessa história, dizendo que “não atesta a validade do que diz o PropOrNot”. Foi muito estranho dizer isso numa declaração que não era uma clara retratação. A ideia de que não está tudo bem publicar uma alegação, quando você mesmo não confia no que diz sua fonte, é um grande desvio daquilo que era antes entendido como norma em um jornal como o Post.

Houve outros excessos. Uma entrevista de um jornal italiano com Julian Assange foi alterada ao ser reescrita em outras publicações do Ocidente, com The Guardian atribuindo a Assange elogios a Trump e comentários aparentemente elogiosos sobre a Rússia, sem fundamento no texto original. (The Guardian agora “corrigiu” várias passagens do texto em questão).

Informes de repórteres amistosos ao Partido Democrata – como Kurt Eichenwald, que gerou alguns absurdos no período, inclusive “informações” (que ele admitiu não terem fundamento) de que Trump esteve por algum tempo numa instituição psiquiátrica, em 1990 — tentaram argumentar que representantes de Trump podem ter colaborado com os russos, ou porque visitaram a Rússia ou porque apareceram na rede RT. Reportagens semelhantes sobre o “esquema russo” foram inteiramente baseadas em fontes de segurança anônimas.

Temos agora essa história das sanções, que coloca uma nova charada. Parece que grande parte da imprensa está engolindo com força o cerne das alegações de interferência eleitoral que emanam do governo Obama. Teriam os russos cometido o delito? É possível, mas nesse caso o fato deveria ter máxima divulgação. Mas a imprensa, neste momento, ensaia um voo cego. Continuar com relatos crédulos é problemático, porque estão em jogo vários cenários diferentes possíveis.

Numa hipótese extrema, os Estados Unidos poderiam ter sido vítimas de um golpe de Estado virtual arquitetado por uma combinação de Donald Trump e Vladimir Putin, o que estaria entre as coisas mais graves jamais ocorridas contra o sistema político. Mas poderia ser também apenas uma campanha cínica do Partido Democrata, numa tentativa de desviar a atenção do seu próprio fracasso eleitoral.

Os democratas, que estão deixando o poder, poderiam estar apenas usando uma “avaliação” da inteligência exageradamente interpretada para deslegitimizar o governo Trump e empurrá-lo a uma situação política embaraçosa: ou ele fala manso com a Rússia e parece um tonto, ou leva ainda mais longe a escalada contra uma potência dotada de armas nucleares.

Poderia também ser algo entre os dois. Talvez o Serviço Federal de Segurança russo [FSB, em inglês] não tenha cometido a invasão, mas simplesmente permitido que, de alguma forma, acontecesse. Ou ainda, talvez os russos tivessem hackeado o Comitê Democrata, mas o material do WikiLeaks veio de outra pessoa. Há até mesmo um relatório sobre isso, tendo um ex-embaixador britânico como fonte, embora não mereça nenhum crédito a mais do que qualquer outra coisa aqui exposta.

Nós simplesmente não sabemos, e esse é o problema.

Deveríamos ter aprendido com o episódio Judith Miller. Não apenas os governos mentem, mas eles também não hesitarão em comprometer agências de notícias. Num momento de desespero, usarão qualquer otário que possam encontrar para impor seu ponto de vista.

Não tenho problema algum para acreditar que Vladimir Putin possa ter tentado influenciar a eleição americana. Ele é um gangster-espião-escória do mais baixo nível e capaz de qualquer coisa. E Donald Trump também foi porco o suficiente, durante a campanha, para expressar, publicamente, o desejo de que os russos revelasem os emails de Hillary Clinton. De modo que muita coisa, sobre isso, é bastante plausível.

Mas os norte-americanos já nos queimamos com histórias como essa, de efeitos desastrosos. O que torna surpreendente que não estejamos tentando, mais seriamente, evitar ser enganados de novo.

“ESTAMOS VIVENDO NA ALEMANHA NAZI?”, questiona Trump


No Twitter, presidente eleito americano lança fortes críticas às agências de inteligência, em resposta a relatos de que Moscou teria compilado informações comprometedoras sobre ele.

Horas antes de sua primeira entrevista coletiva como presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump usou o Twitter nesta quarta-feira (11/01) para atacar as agências de inteligência americanas, após o vazamento de um dossiê com denúncias graves relacionadas a ele.

Na terça-feira, diversos veículos de imprensa americanos divulgaram um dossiê, que estaria em poder das agências de inteligência do país, com denúncias não comprovadas de que a Rússia tem informações comprometedoras sobre a vida privada e financeira de Trump.

No Twitter, o presidente eleito reiterou que Moscou negou a existência do dossiê e disse que está sendo alvo de perseguições, após derrotar a candidata democrata Hillary Clinton nas eleições presidenciais.

"Eu ganho as eleições com facilidade, um grande 'movimento' se inicia, e oponentes desonestos tentam diminuir nossa vitória com notícias falsas. Um estado lamentável!", escreveu Trump.

O presidente aproveitou para negar qualquer envolvimento com Moscou. "A Rússia jamais tentou exercer influência sobre mim", escreveu, para depois, em letras maiúsculas, complementar: "Não tenho nada a ver com a Rússia – não há acordos, não há empréstimos, não há nada!".

Trump e o presidente dos EUA, Barack Obama, teriam sido informados pelas autoridades de inteligência sobre a existência do dossiê, dias antes do portal de notícias BuzzFeed News publicar um resumo do conteúdo. O editor-chefe da página fez a ressalva de que haveria razões para questionar a veracidade do documento, uma vez que as informações não puderam ser totalmente verificadas.

RC/ap/afp – Deutsche Welle

SOARES ‘PRÁQUI’, SOARES ‘PRÁLI’… UF! QUE FARTUM!




Mário Motta, Lisboa

Hoje, quarta-feira, 11 de janeiro, é o último dia do luto nacional decretado pelo governo em memória e homenagem a Mário Soares. Foram quatro dias de Mário Soares em dose excessiva, provavelmente nem o próprio, de si para si, concordaria. Quer parecer que não.

Nas rádios ouvimos (ainda se ouve) Soares, Soares, Soares. Nas televisões idem. Nos jornais o mesmo fartum. Os profissionais de comunicação social quase conseguiram fazer de um homem admirado e popular alguém indesejado que por quatro dias, constantemente, nos entrou (ainda entra) pela casa dentro sem ser convidado. Na morte de Mário Soares os média não encontraram meio-termo mas sim excesso a rasar o vómito. Quase ao estilo do anúncio e cobertura da morte do ditador Salazar.

Evidentemente que durante os quatro dias o tema esgotado levou os jornalistas a quase entrevistarem os animais de estimação dos plebeus e, principalmente, das figuras de Estado ou públicas. E houve até quem chamasse a Soares “pai da democracia” quando é sabido que Soares não se considerava nada disso e já antes havia declarado que era pai dos seus filhos e que aí parou. “Que vão chamar pai a outro”, respondeu Soares. Mesmo assim os excessivos não perderam a oportunidade para epitetar Soares de pai à força de uma democracia enfezada, muitas vezes vergonhosa por ser aproveitada para ser abandalhada por cromos nefastos como Cavaco Silva, Passos Coelho e outros do mesmo jaez.

A grandeza de Soares não precisava de tanto fartum de manifestações espúrias ao estilo de feira das vaidades. Pelas suas decisões e atitudes políticas positivas e negativas demonstrou ser dotado de capacidades e personalidade que não podíamos ignorar e muitas vezes havíamos de concordar, admirar e apoiar. Mas só isso. Muitos preferem recordar a grandeza de Soares pela resistência à ditadura salazarista mas passaram a ser seus contestatários após o 25 de Abril, com razão em muitos aspetos e sem razão noutros. A política é isso mesmo. E a democracia também… se houver tolerância e diálogo.

Uff! Até que enfim que o dia está a acabar e os excessos praticados e baseados em falsos pretextos soaristas da comunicação social também.

Até sempre, Mário Soares!

NOVO BANCO, UMA HISTÓRIA MAL CONTADA


Mariana Mortágua* – Jornal de Notícias, opinião

Em 2014, o BES foi intervencionado e divido em dois pelo Banco de Portugal. Para o Novo Banco, propriedade do Fundo de Resolução (Estado), transitariam os ativos de qualidade e para o BES as partes tóxicas. Era suposto que as contas iniciais do Novo Banco estivessem certas: que os empréstimos irrecuperáveis tivessem ficado no BES, que os créditos em risco tivessem sido prudentemente provisionados, que as garantias tivessem sido realisticamente avaliadas. Foi com base nessas contas que o Novo Banco recebeu uma injeção de 4900 milhões de euros do Fundo de Resolução.

À data, Passos Coelho estava empenhado em convencer o país do seu milagre: tinha solucionado uma falência bancária sem dinheiro dos contribuintes. Mas o milagre era uma farsa. Era suposto os bancos terem financiado o Fundo de Resolução, o que não aconteceu. Do total, 3900 milhões provinham de um empréstimo do Estado que, para ser ressarcido, precisaria, isso sim, de um milagre: que o Novo Banco fosse vendido por, pelo menos, 3900 milhões, ou que os bancos pagassem o empréstimo, sem eles próprios entrarem em dificuldades. Nenhuma destas opções se materializou.

Em 2015, o Novo Banco voltava a precisar de capital. O Banco de Portugal foi então buscar mais 2000 milhões de obrigações que passaram para o BES mau, garantido que o perímetro da resolução estava finalmente fechado.

Depois de uma primeira tentativa falhada, o Novo Banco está de novo à venda e, segundo se sabe, os compradores querem enormes garantias públicas para cobrir a diferença entre o valor contabilístico (registado nas contas) e o valor real dos ativos.

Pagar para vender o terceiro maior banco do país a fundo abutre nem pensar. A nacionalização é por isso a solução. Não uma nacionalização temporária, para salvar conjunturalmente alguns interesses até que o mercado melhore, mas o controlo público permanente do banco, para que este possa ser gerido de acordo com os interesses de longo prazo do país.

Mas, antes disso, era bom que o Banco de Portugal se explicasse. Como é que ainda falta dinheiro no Novo Banco? Será que os 4900 milhões iniciais alguma vez foram suficientes? E os 2000 milhões subsequentes? É difícil não achar que se trata, na melhor das hipóteses, de incompetência.

*Deputada do BE

VIOLAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS NO OCIDENTE, DA ILUSÃO À REALIDADE


Embora na declaração Universal dos Direitos Humanos e os documentos internacionais não haja conversado sobre a liberdade religiosa e o respeito e não discriminação a causa deste assunto, nos dias de hoje, vemos que na Europa e nos Estados Unidos, pressupostos afirmadores da liberdade e os direitos humanos, têm aumentado a islamofobia, os ataques de militantes e a discriminação contra os muçulmanos.

Além disso, embora os governos sejam obrigados, segundo documentos internacionais a fornecer segurança e condições de vida para todos os cidadãos, sem discriminação de raça e religião, parece que os responsáveis de alguns governos não têm tomado medidas sérias a este respeito e, em alguns países, em conferências e comentários que se dão, provocam este tipo de violência.

Estima-se que cerca de três milhões de muçulmanos vivem em toda a Grã-Bretanha, durante estes dias tenham sido expostos a violações e ataques por militantes racistas e extremistas. Segundo o relatório, de um grupo de vigilância da islamofobia no Reino Unido, chamado de "Tell Mama", mais de cem mesquitas nos últimos três meses e meio têm sido alvos de ataques. De acordo com o relatório da polícia, os ataques islamofóbicos aumentaram 58 por cento após o referendo de saída do Reino Unido da União Europeia.

Recentemente, através de um comunicado, o Conselho Muçulmano da Inglaterra, manifestou sua preocupação sobre o aumento dos ataques contra os muçulmanos nas mesquitas e lugares islâmicos no país. Nesta declaração se lê que durante os dias passados realizaram ataques contra os muçulmanos, e esta questão deve ser tida em conta pelos líderes dos principais partidos.

-Um homem armado com uma faca em Londres, em um ataque islamofóbico feriu um muçulmano de origem de Bangladesh causando ferimentos nos olhos e no peito pelo que teve que ser hospitalizado.

-Em outro incidente, em Londres, outro homem tentou tirar o véu da cabeça uma mulher muçulmana; a mulher tentou se proteger e impedir que seja removido o véu, perante olhos indiferente de pessoas que circulavam por lugar do incidente.

-Outro ataque racista sucedeu em uma mesquita na Escócia "Cumbernauld" quando os atacantes escreveram slogans islamofobicios nas paredes do recinto sagrado.

-Segundo o comunicado do Conselho Muçulmano da Grã-Bretanha, a polícia neste país tem informado que estava crescendo número de ataques islamofobios, a tal ponto que a ganhadora britânica de concursos de culinários no ano passado, Nadia Hussein disse que no trem onde viajava, um homem se recusou a sentar-se no assento ao lado dele porque "não queria sentar ao lado de um muçulmano.

O secretário-geral do Conselho Muçulmano da Grã-Bretanha, Haron Khan, nesta versão, pediu a todos os líderes dos partidos britânicos tomarem medidas contra a crescente onda de islamofobia no país e solidariedade para com os muçulmanos que radicam nele.

-Em outro incidente ocorrido recentemente na Suíça, três adoradores muçulmanos foram feridos por um atirador que invadiu um centro de oração islâmica onde estavam reunidos. Polícia de Zurique também informou sobre danos a edifícios vizinhos a recinto. As vítimas eram três homens de 30, 35 e 56, o mais jovem e o maior ficavam gravemente feridos.

Nos Estados Unidos, após a vitória de Donald Trump, tem aumentado a onda de ataques contra muçulmanos. Trump durante a sua campanha, se comprometeu proibir a entrada de mais muçulmanos e refugiados ao seu país. Neste sentido, os muçulmanos anunciaram que se Trump cumprir o que declarado, estaria violado um dos importantes princípios fundamentais dos Estados Unidos baseado em liberdade da religião. Agora, com Trump como presidente dos Estados Unidos, se tem criado uma atmosfera em escolas, universidades e comunidade norte-americana em que os muçulmanos não se sentem seguros.

Segundo as estatísticas anunciadas pelo Conselho de Relações muçulmanos dos EUA em Los Angeles, a partir do dia da realização de eleições presidenciais nos EUA até agora, receberam cerca de 200 relatos de ataques contra muçulmanos no país mencionado.

As medidas violentas e discriminatórias contra os muçulmanos nos Estados Unidos e seu crescimento após a eleição do novo presidente dos Estados Unidos tem causado muita preocupação entre os ativistas cívicos.

Tanto assim que na tarde do Sábado 17 de dezembro, a convite do Centro para a Paz, em Washington, mais de três mil pessoas de ativistas cívicos e políticos e outro status da comunidade americana participaram de uma reunião onde estudaram maneiras de combater medidas de Gabinete de Trump contra os muçulmanos.

Na consulta, o advogado e analista, Deepa Iyer em um discurso sobre o tema da justiça racial e solidariedade no contexto da evolução demográfica nos Estados Unidos em bairros e escolas e sobre o registo de muçulmanos dentro do ano 2001, em Nova York, disse: Passada 15 anos dos acontecimentos de 11 de Setembro, ainda estamos testemunhando a discriminação racial e a discriminação extra e violência contra muçulmanos nos Estados Unidos".

"Depois do 11 de Setembro, uma lei foi aprovada nos EUA pela qual os muçulmanos tiveram que se registrar no Departamento de Imigração.

Depois destes acontecimentos, o departamento continua a operar dentro do Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos.

"Devido a esta lei, dezenas de muçulmanos foram presos ou deportados injustamente, e embora em 2005, a lei em questão fosse cancelado, o Gabinete de Trump tem a intenção de revigora-la novamente".

O ativista passou a dizer: "Por tudo isso, peço-lhes estar preparados e evitar que Trump novamente fazer cumprir esta lei." Ele também exortou os participantes a entrar em contato com seus representantes regionais no Congresso para pedir a Obama, para eliminar essa lei, do Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos para que o novo presidente não comece a vigora-la de novo.


A HERANÇA DO “DEMOCRATA” BARACK OBAMA



Às vésperas da transmissão de poder na Casa Branca, o ano de 2017 se abre com o massacre terrorista na Turquia, duas semanas depois do assassinato do embaixador russo em Ancara, perpetrado um dia antes do encontro em Moscou entre Rússia, Irã e Turquia para um acordo político sobre a Síria. Encontro do qual os Estados Unidos foram excluídos.

Nos últimos dias da administração Obama, os EUA estão empenhados em criar a máxima tensão possível com a Rússia, acusada inclusive de ter subvertido, com os seus “malignos” hackers e agentes secretos, o êxito das eleições presidenciais que Hillary Clinton deveria ter vencido. Isto teria assegurado a continuidade da estratégia neocon, da qual Clinton foi a artífice durante a administração Obama.

Esta termina sob o signo do fracasso do principal objetivo estratégico: a Rússia, jogada às cordas pela nova guerra fria desencadeada com o golpe na Ucrânia e pelas decorrentes sanções, pegou Washington de surpresa intervindo militarmente em apoio a Damasco. Isto impediu que o Estado sírio fosse desmantelado como o líbio e permitiu às forças governamentais libertar vastas áreas controladas durante anos pelo Isis (o chamado Estado Islâmico na sigla em inglês), Al Nusra e outros movimentos terroristas funcionais à estratégia dos EUA e da Otan. Abastecidos com armas, pagos com bilhões de dólares pela Arábia Saudita e outras monarquias, através de uma rede internacional da CIA (documentada pelo New York Times em março de 2013) que chegavam à Síria através da Turquia, posto avançado da Otan na região.

Mas agora, diante do evidente fracasso da operação, que custou centenas de milhares de mortos, Ancara se retira, abrindo uma negociação com o intento de obter o máximo de vantagem possível. Com essa finalidade, recostura as relações com Moscou, que estavam a ponto de ruptura, e toma distância de Washington. Uma afronta para o presidente Obama. Este, porém, antes de passar o bastão de comando ao recém eleito Trump, dispara o último cartucho.

Escondida nas dobras da autorização das despesas militares para 2017, assinada pelo presidente, está a lei para “contrastar a desinformação e a propaganda estrageira”, particularmente atribuída à Rússia e à China, conferindo ulteriores poderes à tentacular comunidade de informação, formada por 17 agências federais. Graças também a uma alocação de 19 bilhões de dólares para a “cyber-segurança” essas agências podem silenciar qualquer fonte de “falsas notícias”, segundo o incontestável julgamento de um “Centro” especial coadjuvado por analistas, jornalistas e outros “experts” recrutados no exterior. Torna-se realidade o orwelliano “Ministério da Verdade” que o presidente do parlamento europeu, Martin Schultz, prenuncia como algo que deveria ser instuído pela União Europeia.

Ficam assim potenciadas pela administração Obama também as forças especiais, que estenderam as suas operações secretas de 75 países em 2010 para 135 em 2015.

Nos seus atos finais a administração Obama reafirmou em 15 de dezembro o próprio apoio a Kiev, à qual fornece armas e cujas forças treina, inclusive os batalhões neonazistas, para combater os russos na Ucrânia.

E em 20 de dezembro, com propósitos antirrussos, o Pentágono decidiu fornecer à Polônia mísseis de cruzeiro de longo alcance, com capacidade de penetração anti-bunker, equipáveis também com ogivas nucleares.

Do democrata Barack Obama, Prêmio Nobel da Paz, fica para a posteridade a sua última mensagem sobre o estado da União: “A América é a mais forte nação da Terra. Dispendemos para o setor militar mais do que dispendem as oito seguintes nações somadas. As nossas tropas constituem a melhor força combatente na história do mundo”.

Manlio Dinucci - Geógrafo e geopolítico. Últimas publicações : Laboratorio di geografia, Zanichelli 2014 ; Geocommunity Ed. Zanichelli 2013 ; Escalation. Anatomia della guerra infinita, Ed. DeriveApprodi 2005.


AS GUERRAS QUE SE AVIZINHAM


As expectativas brandas com o mandato do novo presidente dos EUA, daqueles que pensam que é impossível que seja tão mau como parece, chocam-se de frente contra os fatos

Nuno Ramos de Almeida – Outras Palavras

Há uma anedota sobre um homem que quase pisa na merda de cão. Desconfiado e cético por natureza, o homem vai fazer um conjunto de testes para confirmar empiricamente a sua primeira sensação: tira com o dedo parte da massa estranha. Cheira-a. Prova-a, enquanto vai dizendo: “Isto parece merda. Isto parece mesmo merda. Isto é mesmo merda, imaginem se a tivesse pisado.” As expectativas brandas com o mandato do novo presidente dos EUA, daqueles que pensam que é impossível que seja tão mau como parece, batem decididamente na parede da realidade dos fatos.

Donald Trump nomeou para dirigir a agência ambiental, que combate o aquecimento global, Scott Pruitt, um homem que não acredita que haja aquecimento global; nomeou para a agência da energia Rick Perry, um homem que pediu repetidamente a extinção dessa agência governamental; nomeou para responsável das relações externas Rex W. Tillerson, um empresário de uma das maiores petrolíferas do mundo que foi condecorado por Putin; para responsável da saúde, Tom Price, alguém que combateu o plano, de Barack Obama, de tornar a saúde acessível a todos os norte-americanos; e como responsável pelos esforços governamentais na educação pública apontou Betsy DeVos, uma mulher que defende acima de tudo os colégios privados. A sua última nomeação conhecida mantém a linha de coerência de lançar petróleo sobre fogo: foi apontado como embaixador em Israel David M. Friedman. O presidente eleito defendeu que o objetivo dessa escolha era clara: “Conseguir uma forte relação com Israel são os fundamentos da sua missão.”

O recém-nomeado começou logo a cumprir o desejo presidencial declarando que pretende estabelecer a embaixada dos EUA em Jerusalém, cidade sagrada de várias religiões e que é reclamada por judeus e palestinos. “Quero fortalecer os laços inquebrantáveis entre as nossas duas nações… e desejo fazer isso numa embaixada dos EUA na eterna capital de Israel, Jerusalém”, declarou Friedman.

O novo governo, constituído por muitos multimilionários, não tem uma divisão clara entre os seus interesses privados e a gestão dos cargos públicos que vão ocupar. Pela primeira vez de uma forma clara, os bilionários vão governar diretamente os Estados Unidos e prescindir dos habituais intermediários. O mais paradoxal é que a sua subida ao poder foi feita com base numa campanha populista que se insurgia contra as oligarquias de Washington. Os bilionários, como Trump, que pagavam e apoiavam políticos com milhões, decidiram mandar diretamente. A política da oligarquia não foi derrotada: os capatazes foram apenas substituídos pelos seus patrões.

Mais de 40% dos norte-americanos declararam em sondagens não confiar no sistema político e um número equivalente defendeu que pretendia uma “mudança”. Para a política da oligarquia se manter foi necessário que tudo parecesse mudar para que tudo pudesse ficar na mesma. Qualquer operação política de construção de uma maioria popular exige a criação de um território hegemônico que é determinado pela operação da escolha de um inimigo. O discurso de Trump para conseguir ocupar diretamente o poder teve dois vetores principais: a suposta contestação da classe política de Washington e a afirmação de uma política que elege os imigrantes e os muçulmanos como mal absoluto. A identificação de um inimigo deste tipo permite-lhe a criação de um bode expiatório da crise e da guerra ao terrorismo, ao mesmo tempo que cria uma cortina de fumaça para governar em prol dos seus interesses privados e com o fito de tornar os mais ricos ainda mais ricos, enquanto o resto da sociedade se entretém a perseguir os imigrantes.

Para contrariar esta vaga populista e racista no mundo é preciso construir um outro povo e estabelecer uma hegemonia completamente diferente. É preciso afirmar uma política que inverta as desigualdades sociais, em que 1% da população tem o rendimento de 99% da restante, e que faça corresponder a esse combate o dar poder à maioria das pessoas.

Para isso era preciso um novo polo de esquerda que tivesse a capacidade de se bater em todas as ruas e locais com os populistas racistas que servem interesses milionários.
É preciso uma nova unidade popular que perceba que a sua paixão pelo real tem de ir para lá dos likes virtuais e atingir as riquezas reais de quem vive à conta da maioria das pessoas do planeta.

Na foto: Trump e David M Friedman, futuro embaixador dos EUA em Israel. O recém-nomeado já começou a atacar direitos palestinos, declarando que pretende estabelecer a embaixada dos EUA em Jerusalém.

RUSSOS TÊM INFORMAÇÃO COMPROMETEDORA SOBRE TRUMP


Os serviços de Informações dos EUA apresentaram a Barack Obama e a Donald Trump material alegadamente comprometedor para o último, que estaria na posse do Governo russo, noticia a CNN.

Este material, sintetizado em duas páginas, foi apresentado a Donald Trump durante a reunião que teve na semana passada com o diretor das Informações Nacionais (DNI, na sigla em inglês), James Clapper, da polícia federal (FBI), James Comey, e das agências Central de Informações (CIA), John Brennan, e da Segurança Nacional (NSA), Mike Rogers.

A estação televisiva CNN sustenta a sua história em "múltiplos" funcionários norte-americanos com conhecimento daquelas reuniões.

Parte da informação apurada foi obtida por um ex-agente do serviço de informações britânico MI6, que esteve colocado em Moscovo na década de 1990 e agora tem uma empresa, adianta a televisão de Atlanta. As suas investigações começaram por ser financiadas por apoiantes de opositores de Trump durante as primárias republicanas.

Alegações da existência de um fluxo contínuo de informação entre Trump e o Governo russo

Aquelas duas páginas com a alegada informação comprometedora, de caráter pessoal e financeiro, segundo a CNN, serão de conhecimento muito reservado. Apenas Obama, Trump e os quatro líderes partidários do Congresso e os quatro principais membros das comissões de Informações do Senado e da Casa dos Representantes conheceriam o seu conteúdo, além dos dirigentes dos serviços de informações.

As páginas sintetizariam um conjunto de 35, que a CNN garantiu já ter visto.

Além da eventual informação pessoal e financeira comprometedora, a CNN adiantou ainda que a sinopse de duas páginas incluiria alegações da existência de um fluxo contínuo de informação entre Trump e o Governo russo, com recurso a vários intermediários.

Jornal de Notícias - Foto: MIKE SEGAR/Reuters

Mais lidas da semana