terça-feira, 11 de abril de 2017

JOGO DE CINTURA RUSSA ENTRE ATRACÇÃO E REPULSÃO



1- A espectativa optimista que a inteligência russa depositou nos Estados Unidos em função da ascensão eleitoral de Donald Trump face à inveterada belicista Hillary Clinton, acabou estrondosamente reduzindo-se a pó com os acontecimentos desta última semana na Síria.

No imediato seguimento da acusação da Síria ter usado armas químicas num bombardeamento aéreo na região de Idlib, os Estados Unidos atacaram a base que recentemente foi reconstruída pela Rússia e Síria, a sudeste de Homs, acusando os sírios de que seria a partir dela que esse bombardeamento foi executado… reeditando as técnicas de informação, propaganda e contrapropaganda experimentadas antes, quando os Estados Unidos deram início às guerras do Vietname ou à do Iraque…

Que os Estados Unidos repetissem a façanha, adaptando-a no espaço e no tempo aos parâmetros da hegemonia unipolar conforme o capitalismo neoliberal da segunda década do século XXI, a ninguém pode admirar, mas a surpresa reside na deliberada baixa de guarda por parte da Rússia, que entretanto arranjou forma para se desmobilizar da Síria, escancarando a porta à barbárie!

Numa operação-embuste que por si só indicia uma perigosa escalada em termos de caos e de terrorismo, os ponteiros do relógio aproximaram-se ainda mais da hora zero duma guerra nuclear que poderá vir a ser total, quando já se está numa Guerra Mundial assimétrica, de intensidade e geometria variável e com um cunho psicológico sem precedentes, que se vai espalhando inexoravelmente por todos os continentes da Terra!

2- A Rússia retirou praticamente do Mediterrâneo Oriental o escudo naval que impedia ataques á Síria a partir do Mediterrâneo central (a sul da Itália e Sicília) e os navios que deveriam estar de sentinela ao redor de Tartus, um deles estava em manobras com os turcos no Mar Negro, o outro (que pertence à Frota do Norte) estava sulcando o Atlântico Sul, em visita à África do Sul, Namíbia e Angola…

As articulações anti aéreas de protecção a algumas bases, entre elas a que foi atacada pelos mísseis Tomahawk disparados pelos “destroyers” USS Porter e USS Ross que integram a VIª Frota, não foram activadas, assim como não foram activadas as contra medidas electrónicas que teriam cortado o sinal de orientação que alimentou o direcionamento dos mísseis.

A Rússia evoca um acordo recente com os Estados Unidos que regulava a exploração operacional do espaço aéreo sobre a Síria, que a administração Trump demonstrou não mais poder considerar, alertando contudo os russos e os sírios para abandonarem a base-alvo imediatamente antes dos disparos, o que possibilitou a retirada organizada dos meios principais que desse modo foram salvos.

É imperdoável, terem-se abandonado essas medidas, pois assistiu-se a uma cedência tácita numa plataforma de manobra geoestratégica, no momento em que Mosul (no Iraque) e Raqa (na Síria) estão simultaneamente em fase de assédio sob os auspícios de forças próximas ou aliadas dos Estados Unidos.

A Rússia não perdeu por completo a sua capacidade de manobra geoestratégica, porém colocou-a em penhora e só uma brusca reversão poderá salvaguardar o seu prestígio operacional numa Síria que continua a ser uma “manta de retalhos”…

3- O plano geoestratégico integrador da “rota da seda” que absorve também o caudal de oleodutos e gasodutos que do interior profundo da Rússia dirigem-se a oeste para abastecer a União Europeia, dá coerência ao empenho da Rússia na Síria, conjuntamente com aliados como o Irão.

A “rota da seda” está na sua primeira fase em execução até meados do século XXI e os Estados Unidos, nada têm de similar ao seu nível, enquanto capacidade geoestratégica no vasto supercontinente euroasiático.

Sem capacidade geoestratégica com essa dimensão, os Estados Unidos estão contudo apostados em impor sua vontade no Médio Oriente, substituindo por seus (e dos seus aliados-vassalos) os oleodutos e gasodutos russos e por isso Assad é para ser derrubado, pois ele impede o plano dos interesses da hegemonia unipolar.

A hesitação russa abriu um precedente que aumentou sua vulnerabilidade, por abandono das medidas preventivas plenamente justificáveis, ou seja, a sua inteligência indicia ter feito uma avaliação errada do poder do núcleo duro militarista ao serviço da aristocracia financeira mundial, em benefício dum acordo tácito que demonstrou ter tempo de vida muito curto para poder ser levado tão a sério como o foi.

Se a Rússia não aprendeu a lição e implementa imediatamente as urgentes medidas correctivas, mais tarde ou mais cedo sentirá sobejas dificuldades para se poder defender, tendo em conta que a ameaça de caos e de terrorismo dentro de suas fronteiras é ainda um risco a não desprezar.

Voltar à decrepitude da era de Boris Yeltsin pode estar na forja e a abertura de qualquer brecha vai ser explorada “automaticamente” nessa direcção!...

A única opção é ter na devida conta que a fragilidade da administração Trump face ao núcleo duro militarista impedirá sempre o abandono de medidas operativas de carácter preventivo e qualquer acordo como o que foi assumido e agora revogado, é um golpe profundo que pode não ser mais possível suturar! 

- Imagens de Keule Ruke e proximidades: o braço longo da contrapropaganda contra Donald Trump numa das zonas mais cosmopolitas (estação ferroviária central e muitos hotéis) de Vílnius, a capital da Lituânia, um dos países bálticos colonizados pela NATO; a caricatura de hoje (beijo entre Trump e Putin) é uma réplica a uma caricatura de ontem (beijo entre Brejnev e Honecker) num contexto similar de guerra psicológica sem muros, nem fronteiras, levada a cabo pelo núcleo duro da aristocracia financeira mundial que tutela a CNN… - http://edition.cnn.com/2016/05/15/politics/donald-trump-vladimir-putin-mural/  

Rússia e Irão reiteram apoio à Síria e dizem estar 'prontos para responder a qualquer agressão'


Comando conjunto entre Moscou, Teerã e forças pró-Assad na Síria disseram que EUA 'conhecem bem nossas capacidades'; Putin e Rohani disseram que ação norte-americana contra Damasco é 'inaceitável'

"Estamos preparados para responder a qualquer agressão ou transgressão das linhas vermelhas por parte de qualquer um. Os Estados Unidos conhecem bem nossas capacidades de resposta", afirmou o comando.

O comunicado acrescenta que "a agressão dos EUA na Síria ultrapassa e ataca a soberania do povo e do Estado (sírio)" e afirmou que o país árabe está há seis anos lutando contra o terrorismo em nome do resto do mundo.

“A agressão dos EUA não dissuadirá os aliados que lutam contra o terrorismo e o eliminam”, diz a nota. “Continuaremos lutando junto ao exército Árabe de Síria e trabalharemos com ele para liberar o território sírio da abominação do terrorismo”, destaca o texto.

Mais cedo, os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e do Irã, Hassan Rohani, conversaram por telefone e reiteraram hoje sua condenação ao ataque dos EUA.

JORNALISTAS SUBSTITUIDOS POR ROBÔTS?


Programas inteligentes para a criação de textos jornalísticos estão já a ser usados nos EUA, na China e na Alemanha. Isto em linha com o que tem acontecido nas mais variadas actividades humanas. Quais serão as consequências da aplicação destes algoritmos aos serviços jornalísticos?

Informação sobre a bolsa, desporto ou a meteorologia são ambientes de aplicação já testados com sucesso, isto num processo que demora, agora, apenas, milissegundos.

Para a criação automática de artigos tudo o que necessitamos são dados bem delineados. Em testes realizados ao mercado, os leitores de “notícias automáticas” escritas por robots  têm  considerado como muito positivo este novo tipo de jornalismo. Daqui resultam textos mais credíveis, isto segundo o distribuidor europeu do sistema (retresco).

As máquinas redigem notícias apenas baseadas em dados e factos concretos. Os seres humanos fazem textos mais etéreos. E isso dá  um estilo de escrita em tudo diferenciado, acredito. Mas, por quanto tempo permanecerá assim?

POESIA, QUE É O QUE FAZ FALTA À MALTA


Poesia no título deste Expresso Curto. É o que faz falta, à malta, e ao mundo. Pena que não possamos contar com atos poéticos e de humanidade por entre os políticos que governam (ou se governam, propriamente a eles, familiares e amigos de suas cores) o chamado mundo ocidental, de onde parte a economia de casino que serve a pouco mais de 1% dos terráqueos a habitarem este mundo que é uma  bola de conflitos que servem interesses geoestratégicos, económicos e de ganância desses mesmos 1%. Entretanto a humanidade que se dane, que feneça, que seja vilipendiada na exploração e nos abusos perpetuados pela desumana e escassíssima minoria.

É de poesia que trata o Curto escrito por Valdemar Cruz. Bem. O que significa que ao menos temos esse consolo ao lermos esta parte do Expresso de hoje. Poesia que é coisa tão rara por entre as sapiências de muitos dos atuais jornalistas e jornaleiros que enxameiam as redações a troco de uns recibos temporários, da cor de escribas contratados que não podem ou não devem pôr pé-em ramo-verde, como sistemáticos tementes ao deus desemprego que são.

Sem mais, fiquemos com a poesia apesar da intensidade das partes negras de que são tecidos os nossos quotidianos. Poesia, muito obrigado, Valdemar. Adiante, vá ler. (MM / PG)

O DIREITO À REFORMA PARA QUEM NÃO TEVE INFÂNCIA


Mariana Mortágua – Jornal de Notícias, opinião

Dijsselbloem não compreende porque se ofendeu tanto Portugal com as suas considerações preconceituosas sobre "copos e mulheres". Não compreende porque não lhe interessa a história da nossa gente. Porque ignora que, em Portugal, a pobreza sempre foi o produto de longas jornadas de trabalho por muito pouco salário. Não sabe nem quer saber que já em 1964 um operário do fabrico de telhas ganhava em Portugal seis vezes menos que na Holanda.

Talvez lhe fizesse bem ler os "Esteiros", de Soeiro Pereira Gomes. O livro dedicado aos "filhos dos homens que nunca foram meninos", sendo que muitos desses filhos e filhas também nunca chegaram a sê-lo. São os pais e as avós das gerações de hoje, que começaram na lida dos campos, das fábricas, das minas ou a servir em casas alheias, desde os dez, ou onze anos, às vezes mais cedo. Trabalho de dia inteiro, a "construir as cidades pròs outros, carregar pedras e desperdiçar muita força pra pouco dinheiro", escreveu o Sérgio Godinho. Mas Dijsselbloem também não conhece Sérgio Godinho.

Não são uma minoria. Mais de metade das pessoas que hoje se reformam começaram a trabalhar antes dos 16 anos. Nada mau, para um país de alegados preguiçosos.

Dijsselbloem e Schäuble, o ministro das Finanças alemão que encontra satisfação em fazer de Portugal o bode expiatório dos males da Europa, não devem nada a esta geração de trabalhadores a não ser um pedido de desculpas pelo insulto à sua vida de trabalho. Mas nós, sociedade, devemos-lhes muito.

Temos a responsabilidade de conquistar o direito ao descanso e à reforma para todos os trabalhadores depois de 40 anos de contribuições. E dentro desta reivindicação há uma urgência, que deve ser resolvida já, enquanto é tempo.

Não podemos aceitar que se penalize quem, apesar de ter quarenta ou mais anos de descontos, ainda não atingiu a idade da reforma porque começou a trabalhar em criança. A infância não pode ser devolvida, mas a reforma sem penalizações é um direito que não pode ser adiado.

* Deputada do BE

DIJSSELBLOEM: SOCIAL-FASCISTA SOB CAPA DE SOCIAL-DEMOCRATA


PARA QUANDO O PROTESTO E O PEDIDO FORMAL DE DEMISSÃO DE DIJSSELBLOEM?

Foi ontem que Dijsselbloem manteve o seu estatuto de estrela fosca na comunicação social, pelo menos em Portugal. O propósito  refere uma entrevista em que Dijsselbloem se faz de parvo e diz-se surpreendido por Portugal não apresentar oficialmente o pedido de demissão do presidente do Eurogrupo, nem Portugal nem qualquer outro país do sul, por causa de declarações suas referentes aos países do sul. Na realidade se Portugal não o fez, oficialmente, devia tê-lo feito. Assim como outros países do sul. O que o comprovado xenófobo e racista presidente do Eurogrupo passa com esponja são todas as declarações públicas dos mais altos responsáveis de República Portuguesa, assim como o pedido de demissão de Dijsselbloem formalizado nas declarações do Parlamento Europeu.

Na verdade as declarações que foram proferidas por Dijsselbloem, acerca dos países do sul, somente se podem enquadrar numa mente racista e xenófoba, para além de sexista – como António Costa referiu. Acresce que se olharmos o historial da postura e de outras declarações daquele alto responsável do Eurogrupo, relativamente aos países do sul, podemos colecionar algumas frases que indiciam a sua costela racista e xenófoba relativamente a esses países e povos. Só não captou esta propensão do holandês Dijsselbloem quem não estava atento ou não teve propensão para tal.

Também em declarações à comunicação social afirmou que era social-democrata e que jamais será racista e xenófobo, o que não é confirmável ao longo do tempo, antes pelo contrário. O que o presidente do Eurogrupo tem declarado (veladamente ou não) configura uma personalidade eivada de preconceitos sociais-fascista, encapotadamente nazis. Comuns naquela região mais a norte da Europa, que apenas há algumas décadas estava repleta de campos de concentração nazis e fornos crematórios especialmente construídos para deter e assassinar maioritariamente povos oriundos do sul da Europa. Por capa Dijsselbloem diz-se social-democrata mas o que ressalta de declarações e postura no cargo que exerce é a mente social-fascista que nele perdura e de vez em quando transborda à vista de todos que queiram ver e saber interpretar o que certos e incertos encapados de social-democratas transportam no seu âmago: nazis por enquanto contidos. Até quando?

Dijsselbloem, o dissimulado, tem razão quando aponta o folclore do governo português acerca do assunto mas que nunca apresentou oficialmente um protesto e pedido formal de demissão, a demissão do presidente do Eurogrupo. É hora, sobre isso, para questionar os países do sul, objetivamente o governo de Portugal: para quando a apresentação do protesto e o pedido formal de demissão de Dijsselbloem? (MM / PG)

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