quinta-feira, 20 de abril de 2017

A DISPUTA DOS ATORES INTERNACIONAIS NA BALANÇA DO PODER


Roger Rafael Soares* | Manatuto, Timor-Leste | opinião

Os últimos acontecimentos referentes ao conflito sírio fizeram despoletar as divergências dos EUA com a Rússia, alimentadas pelo conflito de interesses entre as duas grandes potências mundiais, que de certa forma fazem relembrar o período da Guerra Fria, pelo facto de medirem forças e influências não só no território sírio, mas, também, na arena internacional.

Se, com a eleição de Donald Trump, pairava no ar a ideia de “amizade” entre os dois líderes, norte-americano e russo, com o ataque preconizado pelos EUA sobre a base militar de Assad, essa ideia desvaneceu por completo.

O alegado ataque químico supostamente cometido pelo regime Assad causou uma mudança no discurso político do líder norte-americano, Donald Trump, sobre a questão síria, levando os EUA a reagirem com um ataque contra uma base militar de Assad, o que se traduz no agravamento e complexidade do conflito, assumindo-se como um problema político e económico de grandes proporções e de difícil predisposição de resolução, em virtude da disputa de interesses políticos, geoestratégicos e geopolíticos, quer das potências mundiais, quer das potências regionais de apoio ou contra o regime Assad. Isto é, o “que mais preocupa os defensores da hegemonia norte-americana é que os EUA tenham perdido a capacidade para gerir unilateralmente a ordem e a estabilidade nessa região [Médio Oriente], e que tenha que partilhar essa tarefa com a Rússia, o Irão e, em menor medida, com a China” (Rafael Parra, 2015). Por seu lado, a Rússia usa a base Naval de Tartus, bem como a Síria importa muito armamento da Rússia, pelo que a “política russa para a Síria se circunscreve numa visão de ordem multipolar onde a Rússia possa gerir os seus interesses ou converter-se num ator com poder influente e, ao mesmo tempo, promover a implantação de normas internacionais diferentes às que promovem os aliados ocidentais” (Rafael Parra). A posição estratégica que o Médio Oriente detém na geopolítica internacional é objeto de grandes disputas pelos atores externos, sendo de realçar a Síria, um território estrategicamente colocado no Médio Oriente.

E, portanto, a resolução do conflito sírio e das consequências que lhe são inerentes, como a crise humanitária, está longe, dado que os Estados-membros permanentes que compõem o Conselho de Segurança divergem sobre o regime.

*Rojer Rafael T. Soares, Ailili, Manatuto, Timor-Leste


CUIDADO COM OS CÃES DE GUERRA | ESTARÁ O IMPÉRIO AMERICANO À BEIRA DO COLAPSO?


John W. Whitehead [*]

De todos os inimigos das liberdades públicas a guerra é, talvez, o mais temível porque inclui e desenvolve o germe de todos os outros. A guerra é o pai de exércitos; destes originam-se dívidas e impostos... instrumentos conhecidos para submeter os muitos à dominação dos poucos... Nenhuma nação poderia preservar sua liberdade em meio à guerra contínua. – James Madison

Travar guerras sem fim no estrangeiro (no Iraque, Afeganistão, Paquistão e agora Síria) não torna a América – ou o resto do mundo – mais seguros, certamente não está a fazer a América grande outra vez e está inegavelmente a afundar os EUA ainda mais profundamente na dívida.

De facto, é admirável que a economia ainda não tenha entrado em colapso.

Na verdade, mesmo se puséssemos fim a toda intrusão dos militares e trouxéssemos hoje todas as tropas de volta para casa, levaria décadas para pagar o preço destas guerras e afastar os credores do governo das nossas costas. Mesmo assim, os gastos do governo teriam de ser cortados dramaticamente e os impostos agravados.

Faça as contas.

O governo tem US$19 milhões de milhões (trillion) de dívida: Os gastos de guerra aumentaram a dívida do país. A dívida agora excedeu uns estarrecedores 19 milhões de milhões e está a crescer a uma taxa alarmante de US$35 milhões/hora e US$2 mil milhões a cada 24 horas . Mas enquanto os empreiteiros da defesa estão a ficar mais ricosdo que nos seus sonhos mais loucos, nós estamos empenhados a países estrangeiros tais como o Japão e a China(nossos dois maiores credores estrangeiros em US$1,13 e US$1,13 milhões de milhões, respectivamente).

O orçamento anual do Pentágono consome quase 100% da receita do imposto sobre o rendimento individual . Se há qualquer regra absoluta pela qual o governo federal parece operar é de que o contribuinte americano sempre é espoliado, especialmente quando chega o momento de pagar a conta da tentativas da América de policiar o mundo. Tendo sido cooptados pela cobiça dos empreiteiros da defesa, de políticos corruptos e de responsáveis incompetentes do governo, a expansão militar do império americano está a sangrar o país a uma taxa de mais de US$57 milhões por hora.

A GUILHOTINA DA EUROPA


Rafael Barbosa | Jornal de Notícias, opinião

É já no domingo que os franceses são chamados a escolher o seu próximo presidente. É o momento político mais importante dos últimos anos, a nível europeu. E também para os portugueses. No final da contagem dos boletins de voto, não estará "apenas" em causa perceber se a extrema-direita xenófoba, nacionalista e antieuropeia fica mais perto de conquistar o poder. Está também em jogo o que os franceses querem da União Europeia, com ou sem Le Pen, sabendo-se que o ideal europeu pode sobreviver ao Brexit, mas não sobreviverá sem a adesão empenhada da França. Como disse por estes dias Pascal Perrinau, diretor do Instituto de Pesquisas Políticas da célebre universidade Sciences Po, em jeito de aviso, "nunca se esqueçam que os franceses são um povo que corta cabeças. Nós fizemos isso. Literalmente". Ou seja, cortar rente, seja partidos, seja políticos, seja políticas, não constituirá um problema para os eleitores franceses. E isso é ainda mais claro por estes dias, com o cenário inédito de quatro candidatos nada ortodoxos com possibilidade de passar a uma segunda volta.

Umas eleições em que parece desenhar-se um primeiro facto político notável: pela primeira vez, podem ficar de fora, logo à primeira volta, os dois grandes partidos do Centro que governam a França desde a II Guerra Mundial. François Fillon, do centro-direita, atolou-se no escândalo dos empregos públicos fictícios que criou para a mulher e os filhos. Mas tem ainda hipóteses de sobrevivência, ao contrário do representante do centro-esquerda, o socialista Benoit Hamon, vencedor das primárias, mas entretanto renegado, com a deserção dos notáveis para o Centro e dos eleitores para a Esquerda.

Outro facto político notável é que o principal favorito, Emanuel Macron, não tem qualquer partido a suportá-lo. Aliás, procura, a todo o vapor, institucionalizar o seu movimento En Marche (note-se o narcisismo de as iniciais serem as mesmas do nome do candidato) para as legislativas de junho (uma espécie de terceira volta). Acresce que Macron é, sem dúvida, o mais europeísta dos candidatos. Defende, sem sofismas, o aprofundamento da União Europeia, seja ao nível económico (propõe um Parlamento, orçamento e ministro da Economia e Finanças para os países da Zona Euro), seja na partilha da soberania em matéria de segurança e defesa.

O oposto de dois dos seus principais adversários: Marine Le Pen (extrema-direita, que defende o fim do euro e da Europa) e Jean-Luc Mélenchon, do movimento esquerdista França Insubmissa (que quer uma revisão dos tratados e se assume eurocético). A julgar pelas sondagens, há vários candidatos ao trono, como há vários à guilhotina. E entre eles o ideal e o futuro da União Europeia. E, por arrasto, o de Portugal.

* Editor-executivo

TRÊS MORTOS EM TIROTEIO EM PARIS


Atacante, que foi abatido, abriu fogo sobre um carro das autoridades. Dois polícias morreram

Dois polícias foram mortos e um está ferido após um tiroteio em Paris, esta quinta-feira, nos Campos Elísios. A avenida foi evacuada e está encerrada.

De acordo com a Reuters, testemunhas viram um homem sair de um carro e disparar uma metralhadora contra um carro das autoridades, matando um polícia. Depois tentou fugir a pé, tendo sido atingido e morto durante o tiroteio.

Durante a fuga, na troca de tiros, feriu outros dois polícias. O atacante era referenciado pelas autoridades, de acordo com várias fontes.

Segundo fonte da polícia, citada pela Sky News, foram escutados disparos numa segunda localização em Paris, perto do local onde ocorreu o tiroteio.

Portugal. JORNALISTAS JUSTICEIROS!



Paulo Baldaia | Diário de Notícias | opinião

Este não é um texto polido, até para poder fazer justiça à cartilha que surgiu nos últimos dias para atacar o Diário de Notícias. Regista-se a coincidência de João Miguel Tavares (JMT), no Público, e José Manuel Fernandes (JMF), no Observador, terem deixado passar dez dias para procurar satisfazer os seus leitores. Dois jornalistas que precisam de se afirmar de direita para que faça sentido o populismo em que navegam. Quanto valeriam se não soubéssemos que eles são jornalistas (?) de direita?!

JMT diz que eu e outros no DN criticámos "o Ministério Público pelas suspeitas que deixou no ar ao arquivar o processo" de Dias Loureiro. No meu caso, fiz mais! Ao contrário de JMT, arrisquei ter uma posição sobre a Justiça e digo que "o Estado de Direito está a ser corrompido", apontando o dedo à hierarquia do Ministério Público e ao poder político. E faço-o em coerência com o que sempre disse, ainda não havia Daniel Proença de Carvalho na Global Media, numa altura em que JMT trabalhava comigo na chefia de redação do DN e muito antes até de trabalhar na TSF ou no DN.

JMT ataca o grupo e os órgãos de comunicação social que a ele pertencem (JN, DN e TSF), esquecendo que ele próprio é colaborador há muitos anos da TSF, dizendo livremente o que pensa no programa Governo Sombra, que também está na TVI. Como "taxista malandro", percorre vielas e atravessa pontes para chegar onde quer, cobrando mais na bandeirada. Como se apenas no DN tivesse havido críticas ao Ministério Público. Que interessa que Daniel Oliveira, Pedro Adão e Silva ou Miguel Sousa Tavares tenham feito exatamente o mesmo no Expresso? Não interessa nada, porque deita por terra a teoria mirabolante, e ofensiva para o bom nome de todos os jornalistas que trabalham no DN, de que só critica o Ministério Público quem está contra o combate à corrupção ou ao serviço de Daniel Proença de Carvalho. E o que interessa que Nuno Garoupa, também no DN, tenha escrito, ontem mesmo, um texto em que defende uma versão completamente diferente daquela que é referida pelos jornalistas (?) de direita como sendo um modus operandi dos assalariados da Global Media? Não interessa para nada, porque revela um DN plural onde é possível ser livre a pensar e a escrever.

Depois há JMF que não tem a lisura e a coragem de JMT para chamar "os bois pelo nome" e que faz de conta que fala sobre justiça e Dias Loureiro para poder atacar o DN. Basta dizer que esta espécie de guru do "Tea Party" português não se importa de mentir para atacar companheiros de profissão. No texto dele, escreve que o art.º 277 do Código do Processo Penal diz que há duas formas de arquivar um inquérito, sendo que a segunda é "concluir que os indícios recolhidos não foram suficientes para formular uma acusação, mesmo subsistindo suspeitas fundadas". Agora vejam o que diz o número 2 do art.º 277 e concluam: "O inquérito é igualmente arquivado se não tiver sido possível ao Ministério Público obter indícios suficientes da verificação do crime ou de quem foram os agentes". Onde está escrito o "mesmo subsistindo suspeitas fundadas" que JMF garante estar no Código de Processo Penal? Não está!

Daria um certo gozo ver estes jornalistas justiceiros serem vítimas do que dizem defender, mas podem estar descansados, no DN vamos continuar a bater-nos pela defesa do Estado de Direito e estaremos sempre na linha da frente para fazer jornalismo de acordo com as regras estabelecidas e não em defesa de interesses próprios.

ESTARÁ À VISTA O FIM DO MUNDO?



Paul Craig Roberts

A indiferença do mundo ocidental é extraordinária. Não são só os americanos que se permitem terem os cérebros lavados pela CNN, MSNBC, NPR, New York Times e Washington Post, são também os seus comparsas na Europa, Canadá, Austrália e Japão, que confiam na máquina da propaganda de guerra que se apresenta como media. 

 http://www.bbc.com/news/world-us-canada-39573526

Os "líderes" ocidentais, isto é, os fantoches na ponta dos cordéis puxados pelos grupos de interesses privados poderosos e pelo Estado Profundo, estão igualmente indiferentes. Trump e seus comparsas no Império Americano devem estar inconscientes de que estão a provocar guerra com a Rússia e a China, se não são psicopatas.

Um novo Louco da Casa Branca substituiu o velho louco. O Novo Louco enviou o seu secretário de Estado à Rússia. Para que? Para apresentar um ultimato? Para fazer mais acusações falsas? Para se desculpar pelas mentiras? 

Considerem a audácia do secretário de Estado Tillerson. Ele passou a semana anterior à sua visita a Moscovo a corroborar mentiras incríveis e alegações falsas de que Assad da Síria utilizou armas químicas com permissão da Rússia, o que justificava o inequívoco crime de guerra de Washington de um ataque militar a um país ao qual os EUA não declararam guerra. Com menos de 100 dias no gabinete Trump já é um criminoso de guerra, juntamente com o resto do seu governo belicista.

Mais lidas da semana