Em
inícios de 2015, Marine Le Pen já era apontada como uma potencial vencedora das
eleições presidenciais de 2017. Então, recebeu o Expresso para uma entrevista
exclusiva, na qual confessou gostar dos portugueses, recusou o epíteto de
extrema-direita, defendeu a saída do euro, a nacionalização da banca, o
restabelecimento da pena de morte e o fecho das fronteiras para imigrantes.
Este domingo, Marine está mais perto do que nunca de ocupar o Palácio do
Eliseu. Releia a sua entrevista ao Expresso publicada a 21 de março de 2015
Pronto,
respondi-lhe sempre sem papas na língua, hein?”. Marine Le Pen (formada em
Direito, de 46 anos) fala assim, com exclamações diretas, por vezes joviais.
“Sem papas na língua” é, de facto, o mínimo que se pode dizer no fim da longa
entrevista exclusiva ao Expresso, no seu pequeno gabinete no edifício do
Parlamento Europeu, em Estrasburgo, onde é deputada. A líder da Frente Nacional
(FN) respondeu a todas as perguntas, recorrendo por vezes a imagens
inesperadas. Ela, que não desmente ter uma “história de amor” com os
portugueses de França, compara por exemplo Durão Barroso a um chefe dos guardas
da prisão que, para ela, é a União Europeia (UE). Segundo a filha de Jean-Marie
Le Pen, fundador da FN, Angela Merkel é a patroa de tudo, a “diretora da
prisão”. Em vésperas de eleições departamentais (nos diversos departamentos das
regiões francesas), para as quais a FN parte em primeiro lugar, segundo as
sondagens, Marine Le Pen desenvolve nesta entrevista, com convicção apoiada em
sorrisos, alguns sarcasmos e gestos largos, as suas propostas para a Europa —
saída da França da UE, fim do euro, fim da imigração, regresso das fronteiras,
fim de Schengen e da livre-circulação, regresso à Europa das Nações. Diz
defender a restauração da pena de morte em França para os crimes mais graves,
como o terrorismo.
Sem
mãos a medir, em campanha eleitoral e com 25 pedidos de entrevistas só para a
imprensa estrangeira, Marine Le Pen é a nova estrela da política francesa. É
dada como vencedora de todas as eleições em França, incluindo as presidenciais
de 2017. O primeiro-ministro, Manuel Valls, confessou há dias que tem medo
dela, receia que a França se estilhace contra a FN já em 2017. Foi designada
como a adversária principal a abater pelo Presidente, François Hollande, e pelo
seu antecessor, Nicolas Sarkozy. Se Barroso é o chefe dos guardas da prisão,
estes dois franceses são prefeitos às ordens de Bruxelas, diz.