quarta-feira, 5 de julho de 2017

AJUSTES NO MÉDIO-ORIENTE



Thierry Meyssan*

Enquanto os Estados do Médio-Oriente Alargado se dividem entre partidários e adversários do clericalismo, Washington, Moscovo e Pequim negoceiam uma nova orientação. Thierry Meyssan avalia o impacto deste tremor de terra sobre os conflitos palestino, sírio-iraquiano e iemenita.

A crise diplomática em torno do Catar congelou diversos conflitos regionais e mascarou as tentativas de resolução de alguns outros. Ninguém sabe quando terá lugar o levantar da cortina, mas tal deverá fazer surgir uma região profundamente transformada.

1— O conflito palestiniano

Desde a expulsão da maioria dos Palestinianos das suas casas (a Nakhba, a 15 de Maio 1948) e a recusa pelos povos árabes desta limpeza étnica, apenas a paz separada israelo-egípcia dos Acordos de Camp David (1978) e a promessa de uma «solução de dois Estados» dos acordos de Oslo (1993) mudaram parcialmente a situação. No entanto, quando foram reveladas as negociações secretas entre o Irão e os Estados Unidos, a Arábia Saudita e Israel decidiram, por seu lado, negociar. Após 17 meses de reuniões secretas, foi concluído um acordo entre o Guardião das Duas Mesquitas e o Estado judeu [1]. Este concretizou-se através da participação do Tsahal na guerra do Iémene [2] e a transferência de bombas atómicas tácticas [3].

Lembremos que este acordo previa, igualmente, fazer evoluir a Arábia Saudita de modo que embora a sua sociedade permanecesse salafista as suas instituições se tornassem laicas. Previa também a independência do Curdistão Iraquiano (que irá realizar um referendo em Setembro) e, ao mesmo tempo, tanto a exploração dos campos de gás do «Quarto Minguante» (que estão a cavalo sobre a Arábia e o Iémene, daí a guerra actual) como os do Ogaden (daí a retirada, esta semana, das tropas catarianas da fronteira do Djibuti).

Por fim, o Egipto decidiu ceder as ilhas de Tiran e de Sanafir à Arábia Saudita, tal como havia prometido há um ano atrás. Ao fazê-lo, Riade reconheceu de facto os Acordos de Camp David, que incluem, nomeadamente, a gestão do status destes territórios. Israel confirmou ter obtido garantias sauditas (quanto ao direito de livre navegação- ndT).

EUA | O MUNDO É TODO DELES | Por trás do novo vírus global, as digitais da NSA



O Petya, que estreou ontem e está se alastrando rapidamente, também apoia-se na ferramenta criada pelos EUA para invadir computadores no mundo todo

Bryan Clark, no TheNextWeb | Outras Palavras | Tradução: Antonio Martins

A Agência Nacional de Segurança (NSA) dos EUA começou, há mais de cinco anos, a usar uma ferramenta de invasão de computadores denominada EternalBlue. Durante este tempo, a agência descobriu sua capacidade sem paralelos de violar redes, aproveitando-se de uma falha no sistema operacional Windows. A brecha foi considerada tão perigosa, entre integrantes da NSA, que a agência considerou a hipótese de revelá-la à Microsoft, responsável pelo Windows.

Enquanto debatia, a agência continuou usando a ferramenta – e ponderando as implicações devastadoras do que poderia ocorrer se o EternalBlue alguma vez escapasse do controle.

Então, isso aconteceu.

A NSA finalmente informou à Microsoft sobre a vulnerabilidade no início deste ano – mas apenas depois de a ferramenta ter sido roubada e, em seguida liberada online. A Microsoft lançou um alerta “crítico” em março e em maio o vírus WannaCry – que usava o EternalBlue para penetrar em computadores baseados em Windows – havia infectado mais de 230 mil PCs, em mais de 150 países.

Ontem, o mundo conheceu o NotPetya.

PÁTRIA AMADA | Carta dos oficiais: "Quando é que os políticos deixam de brincar com o país?"



A questão é uma das muitas que fazem parte da carta que os oficiais das Forças Armadas endereçam ao Presidente da República. Pedem, ainda, a recondução dos cinco militares exonerados.

Leais ao Presidente da República, leais às chefias militares, mas duros com os políticos. Na carta dirigida a Marcelo Rebelo de Sousa, os Oficiais das Forças Armadas falam em exemplo desastroso de uma classe que deixou de ser respeitada no país. Ao longo de oito páginas, desfilam críticas e colocam-se questões directas que atiram sempre ao mesmo alvo.

"Quando é que os partidos políticos e os representantes do povo deixam de brincar com o país?", "Quando é que deixam de pensar nas próximas eleições e se ajudam?", "Quando é que temos uma classe política com verdadeiro sentido de serviço público?".

Respostas, os Oficiais das Forças Armadas não dão, mas afirmam que é neste cenário que têm vivido nos últimos anos. Como bola de arremesso entre interesses partidários, de todos os partidos. Da direita à esquerda.

A necessidade de equipar as forças armadas, mas também as forças policiais, é outro recado que faz parte da carta para o Presidente da República. Os militares dizem que é um investimento de vida, na segurança do país... e não um custo igual às mordomias e luxúria de festas em que vivem alguns políticos.

Sobre os cinco militares exonerados, os oficiais falam em humilhação pública, como se fossem incompetentes. Quem os exonerou, foi uma política conduzida por quem não sabe o que é dever e honra e que todos os dias demonstra falta de patriotismo.

Assim, no final da carta, os oficiais apelam ao Comandante Supremo das Forças Armadas, Marcelo Rebelo de Sousa, e ao Chefe Estado Maior do Exército, Rodovisco Duarte, que reconduzam os militares afastados após o assalto em Tancos.

Se o fizerem, o erro será corrigido. Voltar atrás seria um sinal de honradez de todos os envolvidos.

Sónia Santos Silva | TSF – ontem 4/7

DEPOIS DE CASA ARROMBADA | TANCOS À PORTA



Miguel Guedes* | Jornal de Notícias | opinião

Um simples buraco na rede é, desde há uma semana, a arma de passagem privilegiada para o crime organizado. Vive-se a culpa, tal como em Pedrógão Grande, pela acção do agressor externo e pela personalização das culpas. Para o fogo não há patentes: atira-se a culpa à trovoada seca ou ao arco voltaico, porque exonerar as matas do eucaliptal é trabalho para presidiários no inverno. E tudo parece uma saga de "fake news". No roubo de Tancos, aponta-se ao crime organizado internacional porque olhar para dentro do buraco da rede é demasiado exigente. Se alguém acreditar que o submundo internacional do tráfico de armamento acerta no maior roubo de material de guerra deste século por um buraco na rede e sem recorrer a detalhada informação interna, belisque-se. Mas só trancar a porta que alguém terá aberto não chega.

É claro que seria um enorme ajuda que tivéssemos sentinelas portadores de G3 com munições. Não para o caso em concreto - tendo em conta que nenhum guardou o Paiol Nacional de Tancos durante cerca de 20 horas a fio - mas para a dignidade geral do coldre. 1450 cartuchos de munição de 9 milímetros, 18 granadas de gás lacrimogéneo, 150 granadas de mão ofensivas, a título de inventário definitivo que se afigura tão temporário como a exoneração dos cinco comandantes pelo chefe do Estado-Maior do Exército, Rovisco Duarte. A lista pode crescer, sob confirmação. Aos responsáveis, não basta assumir responsabilidades políticas que dispararam para baixo na hierarquia: a falta de videovigilância e de guarda física numa zona de armazenamento de armamento de guerra é quase tão ofensiva para a ideia que temos de país como fazerem-nos acreditar que uma rede degradada é condição que propicia assalto.

A relação privilegiada com o mal reside no mal com que se usa o que se tem. Toda esta fragilidade tem um nome: incúria. Está muito para além do desinvestimento, existe pela incapacidade que convoca o desleixo. É nem querer. Fala-se agora de voltarmos à segurança que existia nos anos 80: mais dois militares nas secções de vigia, uma força de reforço para casos de emergência, redobrada atenção aos paióis pelas rondas dos regimentos e armas desseladas para uso pronto. A Procuradoria Geral da República abriu inquérito e há quem adiante ligação de alguns sectores militares a grupos extremistas. Mais uma vez, a questão assenta muito mais em perceber como é possível que o país funcione sem uma rede mínima de pensamento em alguns sectores estratégicos. Nada disto se resolve com investimento. Com mais investimentos mas sem coerência, continuaremos na lógica do fogo posto, à procura do furo na rede e dos bodes expiatórios, com Tancos à porta.

O autor escreve segundo a antiga ortografia

*Músico e advogado

Título com acréscimo “depois de casa arrombada” - PG

LIMIAR DA POBREZA | ATÉ VIGARIZAM NOS NÚMEROS... E A TROPA FICA PARA DEPOIS



Expresso Curto sempre fora de horas mas a tempo. Hoje quem serve a cafeína que por aqui se bebe após almoço, não de manhã, é João Silvestre. 

E lá vai ele como tiro e queda ao Costa, ao ministro da defesa, à ministra da administração interna e ao PM interino que é – legitimamente – Augusto Santos Silva, porque António Costa, o primeiro-ministro, está de férias. Ena grande falta de poder de encaixe em aceitar as férias do PM Costa! Também o Silvestre acha que está mal. Não o diz, mas percebe-se. Que coisa!

A seguir vêm os das tropas. Que Marcelo foi a Tancos, os militares escreveram uma carta e anularam a manifestação anunciada, e blá, blá, blá. A carta, dessa vamos tratar noutra ocasião, talvez ainda hoje, mas não aqui nesta espécie de entrada para depois largar o Curto. Resta dizer que sobre a carta devemos agarrar o velho adágio “quem não se sente não é filho de boa gente”. Por isso os militares sentiram-se, aqueles, os da não bandalheira a que os “tropas” chegaram. Esses não aceitam a bandalheira e disseram alguma coisita sobre a trampa de políticos que abundam em Portugal. Verdade, verdadinha sem tirar nem pôr. É o que está à vista. Lá iremos, como acima referimos.

Outro assunto que incomoda (aos pobres) é a pobreza. Por nós ontem abordado na “entrada” do Expresso que da pobreza quase agora não sabe o que é. Lá vem hoje a notícia, logo a seguir a este Curto. Quanto é necessário para uma pessoa viver com dignidade em Portugal? Um “Estudo científico demonstra que o limiar da pobreza em Portugal está definido muito abaixo do que deveria”. É o que dizem nas conclusões do estudo.

Quer parecer que afinal os “dótores & enginheiros” que dividem entre eles os poderes há já décadas, são mesmo uns grandes vigaristas. Vai daí e conclui-se que os números que apontam para o limiar da pobreza estão muito abaixo por batota em conluio de uns quantos “sábios” da desonestidade. Daí podemos também concluir que muitos que se julgam da classe média afinal são uns pobretanas que às vezes se desenrascam mas enchem-se de dívidas por via da mania das grandezas ilusórias.

O que diz o estudo é que “ um indivíduo em idade ativa, ou seja dos 18 aos 64 anos, a residir só precisa de pelo menos 783 euros para viver com dignidade, enquanto se for um casal em que ambos estão em idade ativa, o valor deveria subir para os 1.299 euros”. E agora digam lá quantos são os que têm de ordenado mensal 783 euros ou um casal com 1.299 euros. Quem não chega aí não vive com dignidade. E quem nos tira essa dignidade? São os políticos, além de outros. Contudo para eles é só mordomias, corrupção e chulice. Para não falar em roubos não declarados. Pudera! Que políticos e afins? Ora, ora…

Pobreza, a florir em Portugal é em barda. Já foi pior. Pois foi, com Salazar, com Passos/Portas, com Cavaco. E mais. Ena tantos!

Fiquemos agora por aqui. Depois voltaremos. Por agora avancem. Avante, para o Curto, se continuarem a ler.

MM | PG

BATOTA NO LIMITE | Quanto é necessário para uma pessoa viver com dignidade em Portugal?



Estudo científico demonstra que o limiar da pobreza em Portugal está definido muito abaixo do que deveria

Um indivíduo em idade ativa a viver sozinho deveria ganhar, por mês, 783 euros para ter um nível de vida digno e um casal com um filho menor deveria auferir cerca de 1.800 euros, revela um estudo apresentado esta terça-feira.

As conclusões são do estudo "Rendimento Adequado em Portugal (raP) -- Quanto é necessário para uma pessoa viver com dignidade em Portugal?", que resulta de uma parceria entre várias universidades, entre as quais a de Lisboa e a Católica, e a Rede Europeia Anti-Pobreza, e que demonstra que o limiar da pobreza em Portugal está subestimado.

Os valores de rendimento estimados neste estudo para que cada um dos agregados familiares viva com dignidade são superiores aos 422 euros mensais definidos em 2014 como limiar da pobreza ou aos 439 euros de 2017.

O estudo teve, primeiramente, em consideração o mês de dezembro de 2014 como mês de referência dos orçamentos construídos, para depois os atualizar a preços de abril de 2017.

Olhando para os valores atualizados de 2017, o estudo revela que um indivíduo com 65 anos ou mais a residir só deveria ganhar 634 euros, enquanto um casal em que ambos têm 65 anos ou mais deveria auferir 1.007 euros mensais.

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