O
Petya, que estreou ontem e está se alastrando rapidamente, também apoia-se na
ferramenta criada pelos EUA para invadir computadores no mundo todo
Bryan
Clark, no TheNextWeb | Outras Palavras | Tradução: Antonio Martins
A
Agência Nacional de Segurança (NSA) dos EUA começou, há mais de cinco anos, a
usar uma ferramenta de invasão de computadores denominada EternalBlue. Durante
este tempo, a agência descobriu sua capacidade sem paralelos de violar redes,
aproveitando-se de uma falha no sistema operacional Windows. A brecha foi
considerada tão perigosa, entre integrantes da NSA, que a agência considerou a
hipótese de revelá-la à Microsoft, responsável pelo Windows.
Enquanto
debatia, a agência continuou usando a ferramenta – e ponderando as implicações
devastadoras do que poderia ocorrer se o EternalBlue alguma vez escapasse do
controle.
Então,
isso aconteceu.
A
NSA finalmente informou à Microsoft sobre a vulnerabilidade no início deste ano
– mas apenas depois de a ferramenta ter sido roubada e, em seguida liberada
online. A Microsoft lançou um alerta “crítico” em março e em maio o vírus
WannaCry – que usava o EternalBlue para penetrar em computadores baseados em
Windows – havia infectado mais de 230 mil PCs, em mais de 150 países.
Ontem, o mundo conheceu o NotPetya.
O NotPetya é similar a outro vírus, o Petya,
mas deve ser classificado à parte, segundo pesquisadores de segurança com que
falei. Ambos usam o EternalBlue, mas a maior parte das similaridades termina
aqui. O NotPetya é uma forma inteiramente nova de vírus, usado na manhã desta
terça-feira para derubar
tudo na Ucrânia – do sistema de detecção de radiações em Chernobyl ao
metrô de Kiev, bancos – além de diversas empresas europeias e ao menos um
hospital nos Estados Unidos.
A empresa de segurança Kaspersky calcula que ao menos 2 mil organizações em todo o mundo foram afetadas, nas últimas 24 horas – e a contaminação continua.
Apesar de todo o seu poder destrutivo, o WannaCry era uma ferramenta precária, cheia de bugs [programações incorretas] e criada por amadores. O NotPetya, segundo especialistas, não é.
“Será
um acontecimento grande – realmente grande”, afirmou à revista Forbes David
Kennedy, um ex-analista da NSA.
Ao contrário do WannaCry – que continha um botão para desabilitar remotamente o programa e afetou principalmente versões antigas do Windows – não há ferramenta de desativação agora, e o NotPetya pode afetar qualquer versão de Windows, inclusive o Windows 10. Pior, ele é capaz de movimentos laterais automáticos entre aparelhos, o que significa que pode infectar inclusive máquinas previamente protegidas, se houver um PC não-protegido na rede.
A incapacidade de manter o EternalBlue fora das mãos de criminosos desperta preocupações reais sobre se as agências que desenvolvem tais ferramentas podem esperar que elas permaneção “a salvo”. Devido ao fato agências como a NSA e a CIA apostarem firmemente neste projetos – como parte de sua ação de espionar e capturar informações em todo o mundo – é provável que a abrangência das ferramentas de invasão creça ao longo do tempo. Crescerão junto os danos que elas provocam quando caem nas mãos de criminosos.
Não
nos esqueçamos: o NotPetya era inteiramente previsível – se a NSA quisesse
enxergar.
1 comentário:
Permaneçam e não "permaneção"
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