A dívida pública de Cabo Verde
registou, em 2017, a primeira redução em 10 anos, situando-se agora nos 126,5%
do Produto Interno Bruto (PIB), mas continua como o maior desafio do país,
segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI).
"Cabo Verde alcançou uma
consolidação orçamental impressionante nos últimos anos, mas a redução da
dívida pública tem-se revelado um desafio, em parte devido à desvalorização do
escudo em relação ao dólar americano, embora também reflita a necessidade de apoiar
o Setor Empresarial do Estado (SEE) gerador de perdas", adianta o
comunicado final da missão anual do FMI a Cabo Verde.
O comunicado foi apresentado
hoje, na cidade da Praia, numa conferência de imprensa conjunta do
representante do FMI para Cabo Verde, Max Alier, e do ministro das Finanças
cabo-verdiano, Olavo Correia.
Os dados do FMI apontam para que
a dívida pública tenha registado uma redução para 126,5% do PIB, a primeira
queda numa década em Cabo Verde que, no entanto, continua entre as quatro economias
mais endividadas do mundo.
No final de 2016, a dívida
pública representava 130% do PIB.
Para 2018, as estimativas da
proposta de Orçamento de Estado apontam para a subida do endividamento público
para os 132%.
"A missão deu-nos
oportunidade de constatar que a situação económica está a melhorar, porém o
alto nível de endividamento público continua a ser um grande, senão o maior,
desafio de Cabo Verde", disse Max Alier.
O FMI estimou ainda para 2017 um
crescimento da economia cabo-verdiana na ordem dos 4% sustentado pelo aumento
do número de turistas, recuperação do crédito ao setor privado e maior
confiança dos consumidores e setor dos negócios.
"A recuperação económica
está a ganhar impulso, o que reflete um ambiente externo mais favorável e os
resultados positivos das reforças económicas em curso", considerou o FMI.
"É evidente que parte da
recuperação está ligada ao efeito cíclico de recuperação da economia europeia,
mas as reformas estruturais em curso têm tido um impacto importante",
sublinhou Max Alier.
O FMI estimou ainda uma
diminuição para 3% do défice orçamental.
O ministro Olavo Correia
reconheceu que "o endividamento é um desafio em relação ao futuro",
mas destacou os "dados muito positivos" da evolução da conjuntura
económica e a importância das "reformas estruturais em curso" para
aumentar o PIB potencial.
"Estamos numa trajetória de
consolidação orçamental, mas temos muitos desafios pela frente. Reestruturar as
empresas públicas, eliminar o risco fiscal que vem desse setor, mas sobretudo
trabalhar para uma trajetória de médio prazo que possa permitir uma redução do
'stock' da dívida pública em percentagem do PIB", disse Olavo Correia.
A missão do FMI visitou Cabo
Verde entre 15 e 26 de janeiro no âmbito das consultas anuais da
organização.
CFF // EL // Lusa
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