Ex-funcionários da Casa
de Segurança do Presidente da República realizaram hoje, em Luanda, uma marcha
pacífica, pedindo o pagamento das indemnizações decidida em tribunal em 2012 e
que continuam por concretizar.
A concentração, que teve início
na manhã de hoje no centro de Luanda, tinha como destino a Cidade Alta, zona
onde se encontra o Palácio Presidencial, contudo, o grupo acompanhado pela
polícia, foi travado no Ministério da Defesa, local de acesso ao Palácio.
Em declarações antes da partida, o
porta-voz do grupo, Mário Faustino, disse que o objectivo era dar a conhecer ao
Presidente da República, João Lourenço, o “sofrimento e as dificuldades” por
que está a passar aquele grupo de 3.800 ex-trabalhadores da Casa de Segurança
do Presidente da República, no tempo em que ainda era Presidente de Angola José
Eduardo dos Santos.
“Vamos fazer essa marcha até ao
Palácio, mas sem vandalismo, vamos parar com palavras de ordem para que sejamos
ouvidos. Nós só estamos a ir para darmos o grito de clamor junto do Presidente
da República. Nós estamos cansados, já não temos a quem recorrer”, disse.
Segundo Mário Faustino, o grupo
apenas iria abandonar o local com um pronunciamento de alguma autoridade.
Mário Faustino referiu que depois
de o ministro de Estado e chefe da Casa de segurança do Presidente da
República, Pedro Sebastião, ter garantido, em Janeiro, que iria resolver a
situação dos ex-trabalhadores, houve alguma esperança para o caso, que se
arrasta desde 2012.
“Nós criámos essa confiança,
porque era o ministro de Estado e chefe da casa de segurança. Depois disso, ele
abordou isso na rádio nacional ou na imprensa pública, os colegas de algumas
províncias ouviram, deslocaram-se a Luanda, tiveram que se endividar para
chegar até aqui a Luanda, porque estavam confiantes de que poderiam regressar
com o seu dinheiro, mas até à data presente a casa militar remeteu-se ao
silêncio”, lamentou.
Mário Faustino disse que
decidiram voltar a convocar a marcha, para hoje, para pedir “ajuda ao próprio
Presidente da República, para rever essa situação, porque são oito anos de
sofrimento que essa população vive”.
“Tenho colegas que morrem, têm
famílias a padecerem, tenho colegas aqui que nem conseguiram matricular os
filhos por falta de condições, tenho colegas que na casa de renda foram
enxotados, foram abandonados à sua sorte”, frisou.
O caso envolve antigos
trabalhadores de três empresas criadas pelo ex-Presidente José Eduardo dos
Santos, a Brigada Especial de Limpeza, Brigada Especial de Construções
Militares e Unidade da Guarda Presidencial.
Aqueles trabalhadores dizem que a
Casa de Segurança deveria disponibilizar para estas forças indemnizações 8.296
milhões de kwanzas (33 milhões de euros), mas um novo mapa apresentado pela
entidade patronal prevê apenas 312 milhões de kwanzas (1,2 milhões de euros)
para o pagamento de todo o pessoal.
Lusa | em Folha 8 | Foto de
arquivo DW
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