Paulo Tavares | Diário de Notícias
| opinião
Se há algo que podemos ter como
certo na política nacional é a concorrência eleitoral entre PSD e CDS, muito
mais aguerrida, aliás, do que entre o PS e os seus agora parceiros e
ex-opositores à esquerda. Quando uns conseguem maioria absoluta, outros arrumam-se
num táxi e o movimento contrário, muito menos acentuado, também existe.
Outra garantia, bem mais recente
- tem pouco mais de uma semana -, é que Rui Rio vai ter uma tarefa muito mais
pesada do que seria de esperar para arrumar a casa e ter o PSD na mão. Por
muitas catarses que Negrão vá fazendo nos próximos tempos com os seus pares, o
ambiente continuará pesado na bancada e a eficácia na oposição não será a
ideal.
Dito isto, e lembrando que mais
mês menos mês entramos em pré-campanha para as legislativas do próximo ano, e
que pelo caminho há o aquecimento com as europeias, pode estar a criar-se o
ecossistema ideal para assistirmos a um CDS verdadeiramente concorrencial. Na
entrevista que Nuno Magalhães dá hoje ao DN, a uma semana do congresso de Lamego,
é curioso ler os cuidados do líder parlamentar do CDS ao tentar definir o
posicionamento ideológico do partido dele. É um partido de centro-direita, mas
isso de direita e esquerda já teve melhores dias, não tem problemas em dizer
que é de direita, liberal, mas também conservador, e democrata-cristão. Só lhe
faltou dizer que o CDS também era de centro-esquerda... Compreende-se o
cuidado. O CDS sabe que está a caminho de um ciclo eleitoral decisivo, no qual pode,
talvez como nunca, capitalizar votos ao centro.
Assunção Cristas e Nuno
Magalhães, claro, sabem bem que não é líquido que Rui Rio consiga recuperar, em
pouco mais de ano e meio, as faixas do tradicional eleitorado do PSD que
Passos-que-se-lixem-as-eleições-e-fui-expoliado-do-governo-Coelho alienou nos
últimos anos. Há no mercado eleitoral um significativo conjunto de votos, de
eleitores que jamais votarão PS, à mercê de Cristas se Rio não os conseguir
convencer das qualidades do "novo" PSD. São esses votos que acentuam
pot-pourri ideológico do CDS e que justificam a aposta em temas sociais e de
soberania - permitem alargar a audiência. Esperam-nos tempos interessantes...
Sem comentários:
Enviar um comentário