Especialistas entrevistados pela
Sputnik opinam que o pragmatismo econômico e os benefícios comerciais estão
aproximando cada vez mais a China e a UE em sua oposição contra o protecionismo
dos EUA.
Apesar de certos desacordos no
âmbito dos investimentos, da política industrial e do acesso aos mercados, a
China e a UE planejam coordenar suas ações contra o protecionismo dos EUA. Tal
teria sido acordado pelas partes durante um diálogo comercial e económico de
alto nível em Pequim realizado em 25 de junho.
"A divisão entre a Europa e
os EUA está adquirindo contornos cada vez mais claros. Se assim for, a
orientação para a China, o sudeste asiático, se tornará mais forte e mais
desejável para a UE", comentou o analista político Mikhail Belyaev à Sputnik China.
A China e a Ásia em seu conjunto
estão se convertendo em um dos centros do desenvolvimento mundial.
Em meados de julho deste ano, em
Pequim será celebrada a cúpula China-UE, onde poderá ser firmado um acordo
sobre a expansão das importações pela China de produtos agrícolas franceses,
carne de bovino e de aviões Airbus.
Desta maneira, a China está dando
um sinal claro aos EUA de que pode entrar no mercado europeu e, de facto, já
encontrou uma alternativa à importação de aviões Boeing e de carne norte-americana,
comentou Belyaev.
A Boeing, por sua vez, sofrerá
grandes perdas se for afetada pelas medidas de retaliação da China em
resposta às restrições tarifárias dos EUA, sublinhou Li Kai, especialista no
Instituto Financeiro de Shanxi.
"Se a China decidir abdicar
dos aviões da Boeing, a alternativa será os da Airbus. Antes, o déficit
comercial entre os EUA e a China foi mitigado com a compra de aviões
norte-americanos pela China. Era um fluxo de dinheiro importante que regulava a
balança comercial entre os dois países. Mas agora, tendo em consideração que
Trump está decidido a continuar a guerra comercial, e as relações
comerciais e econômicas entre os EUA e a China estão em um beco sem saída, a
China planeja pôr o dedo na ferida", declarou Li Kai.
A exportação de aviões desempenha
um papel importante não apenas nos negócios, mas também na política dos EUA. Os
grupos de lobby da Boeing têm uma grande influência nos círculos políticos
norte-americanos.
"A Boeing tem uma cadeia
complexa de produção de vários níveis e, se nela forem produzidas mudanças,
isso afetará muitas das partes interessadas. Embora recentemente não tenha
havido guerra verbal entre a China e os EUA, as medidas tomadas por ambas
as partes indicam um enfoque claro em continuar a guerra comercial",
acrescentou o especialista chinês.
Sputnik
Foto: Sputnik / Alexey Babushkin
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