Ana Paula Laborinho | Jornal de
Notícias | opinião
Muitos não conseguirão
identificar CPLP como Comunidade de Países de Língua Portuguesa e, mesmo que o
façam, outros muitos perguntarão o que faz e para que serve. Outros ainda dirão
que faz pouco e não atinge os seus objetivos. De uma forma ou outra, a CPLP
ainda está afastada dos cidadãos que a ela pertencem e isso mesmo reconheceu o
presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, na cimeira de chefes de Estado
e de Governo que se reuniu na ilha do Sal durante a semana que passou. Mas as
críticas expressam também as expectativas de que a comunidade possa trazer
reais benefícios aos seus povos e avance para resultados práticos.
A CPLP foi criada há 22 anos e,
apesar de tudo, muito caminho foi feito no sentido da concertação
político-diplomática e da cooperação, dois dos seus pilares constitutivos, a
par da língua portuguesa como terceiro pilar essencial. Mas há novos desafios,
sendo o primeiro de todos a circulação de pessoas e bens o que facilitará os
negócios, a mobilidade académica, científica e cultural. Estando cada um dos
países integrado em contextos regionais distintos, não se trata de um exercício
fácil, mas há avanços significativos e foi o tema mais recorrente das
intervenções ao mais alto nível.
Cabo Verde assume a presidência
da Comunidade nos próximos dois anos e elegeu como lema "Pessoas, cultura,
oceanos". Não podia ser mais certeiro. Os mares e os oceanos são uma
riqueza com muito para explorar. Como foi dito, conhecemos melhor a Lua que os
oceanos e estes são hoje um vasto domínio de intervenção que vai da economia e
da ciência à segurança marítima. Também a cultura desenha novos desafios, não
apenas pelos traços comuns ou pela sua diversidade, mas porque é um recurso
estratégico que importa desenvolver desde logo através de um mercado da cultura
comum que permita (mais uma vez) a mobilidade de artistas, bens e serviços
culturais. Também a língua portuguesa participa deste eixo como foi destacado
em todas as intervenções que fizeram o pleno na valorização do Instituto
Internacional da Língua Portuguesa (IILP) que nasceu ainda antes da CPLP.
Mas as pessoas continuam a ser o
centro do projeto o que retoma a urgência de resultados virados para as suas
necessidades e ambições. A CPLP representa um imenso potencial como testemunha
o número de estados-membros associados que este ano aumentou de forma
exponencial. Mas as pessoas, sempre as pessoas.
*Professora universitária
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