O Brasil está aberto a discutir
com a CPLP possibilidades de cooperação estruturada em várias frentes de
actuação, com destaque para Angola e Moçambique, no exercício da presidência do
BRICS em 2019, segundo Nedilson Jorge, embaixador do Brasil na África do Sul.
"O diálogo entre o BRICS
[Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul] e a Comunidade de Países de
Língua Portuguesa (CPLP) tem o potencial de propiciar programas de cooperação
estruturada em várias frentes de actuação. Como se sabe, ao longo dos anos, o
BRICS desenvolveu o pilar de cooperação sectorial em mais de 30 áreas",
disse em entrevista à Lusa.
De acordo com o diplomata
brasileiro, Angola e Moçambique "são países de grande relevância"
para as relações do Brasil com o continente africano. "Ambos se têm
empenhado no diálogo com os países do BRICS, especialmente por meio do
mecanismo de 'outreach'. Esta iniciativa foi lançada pela África do Sul e, este
ano, pela segunda vez, dará grande ênfase à participação dos países
africanos", referiu.
Na opinião do embaixador Nedilson
Jorge, a participação de Angola e Moçambique no diálogo alargado deste ano do
BRICS a África, em particular aos Estados-membros da Comunidade de
Desenvolvimento da África Austral (SADC), bloco regional sob a presidência da
África do Sul, contribuirá para o aprofundamento das relações com o grupo.
O diplomata recorda que, na sua
primeira década de existência, o BRICS construiu novas pontes de diálogo com
países em desenvolvimento, frisando que os países africanos estão no centro
dessas iniciativas.
"O diálogo de 'outreach' foi
lançado na 5ª Cimeira de Durban, em 2013, com a participação de chefes de
Estado de diversos países africanos. Nesta Cimeira (Joanesburgo), os países da
SADC deverão participar no exercício de diálogo alargado, que engloba temas da
agenda internacional e inúmeras possibilidades de cooperação", precisou.
Por manter fortes laços
históricos com Angola e Moçambique, o embaixador Nedilson Jorge acrescenta que
o Brasil sempre tem entre as suas prioridades a aproximação e a colaboração com
os países africanos lusófonos.
Neste sentido, afirma, a 10.ª
Cimeira BRICS, em Joanesburgo, "constituirá uma oportunidade na qual
poderemos dialogar com ambos os países sobre questões centrais dessa
colaboração". "Desde a sua criação, o BRICS apresenta uma vocação
para o diálogo com o mundo em desenvolvimento, no qual sempre está presente a
busca pelo desenvolvimento sustentável e inclusivo", sublinhou.
O embaixador do Brasil na África
do Sul, desde 2016, acredita que o BRICS "tem o objectivo inato" de
fazer avançar a reforma das instituições de governança global, de modo a
torná-las mais representativas e legítimas. "Esse é um objectivo que
beneficia o mundo em desenvolvimento, ao abrir-lhes os espaços de participação
que lhe são devidos", disse à Lusa o embaixador Nedilson Jorge.
O Brasil assumirá a presidência
anual do grupo BRICS no próximo ano.
Lusa | em Jornal de Negócios
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