Não nos passou ao lado a morte de João Semedo. Curtimos a mágoa
e hoje é dia de deixar aqui algo singelo mas que marque a falta que a todos nos
faz aquele homem, solidário, sempre com o desejo e ações de contribuir para o
melhor para os portugueses, para Portugal. A discrição com que o fazia merece
nunca ser esquecida. Ele rir-se-ia de uma homenagem póstuma… mas até a merece.
Bem, mas essas homenagens estão para os vivos e para o
devaneio dos saldos com que Marcelo as entrega por dá cá aquela palha. Sorte
que nenhum português venceu um campeonato mundial de traques… Só por isso o campeão não foi chamado a Belém, para a
medalha e a homenagem em saldos. Enfim. É o que temos. Foi o que escolheram os
portugueses. Pelo visto assim vamos continuar. Porque com papas e bolos se
enganam os tolos. Marcelo sabe que essas coisas 'caem bem'. Certo é que é um inteligente malipulador, ao contrário de Cavaco, pior que calhau. Estamos bem, felizes. Não se sabe muito bem porquê, mas estamos. Pois.
Esta hora é do João Sem Medo. Pessoa excecional, curador, médico de
tantas maleitas que afetam os portugueses. Maleitas físicas e de sociedade
injusta. Por isso lá esteve até poder o João a defender a solução da cura, como
tantos outros. Mas muito dedicado, como poucos.
Muito obrigado, João Semedo. (PG)
João Semedo foi recordado com
música, poesia e cravos
O ex-coordenador do Bloco de
Esquerda (BE) João Semedo, que morreu na terça-feira com 67 anos, foi recordado
no Porto por familiares, amigos e bloquistas numa evocação com música, poesia,
relato de histórias e cravos vermelhos.
Asala do Teatro Municipal Rivoli,
onde decorreu na quinta-feira à noite a sessão de homenagem, foi 'pequena' para
acolher os que quiseram contar, mas também ouvir histórias ligadas a João
Semedo.
Brindados com cravos vermelhos,
símbolo do 25 de Abril, aqueles que assistiram à cerimónia podiam ver em palco
uma imagem do bloquista acompanhado da frase: "Tive a vida que escolhi, a
vida que quis, não tenho nada de que me arrependa. Sim, fui muito feliz".
Com mais de 16 testemunhos, a
abertura coube ao deputado José Manuel Pureza que contou ter sido
"incrível" ter sido companheiro do João na viagem da vida, ter ido ao
seu lado na mesma carruagem e ter partilhado com ele a escolha do destino.
"A viagem da vida do João
não foi cómoda, nem deu direito a 'glamour'. Sabendo isso, o João escolheu o
destino, os prontos principais do trajeto e os companheiros de viagem",
relatou.
Revelando que se tratavam por
irmãos, José Manuel Pureza recordou o "irmão" como um homem que
gostava de conhecer "ferozmente para mudar tenazmente".
"Comoveu-me o número de
pessoas que ao longo do velório do João quiseram estar presentes porque ele as
ajudou a resolver problemas na sua vida", referiu.
Contando o processo de escolha de
João Semedo a candidato à Câmara Municipal do Porto, candidatura que teve de
abandonar em virtude da sua saúde, o deputado José Soeiro falou na "imensa
lição de coragem" que o bloquista deu.
"Por todas as razões do
mundo o João podia ter ficado confortável, mas decidiu ir à luta porque dava
uma profunda atenção ao outro", considerou.
José Soeiro vincou que o antigo
coordenador "semeou" até ao fim da sua vida, numa profunda
preocupação com o outro.
A ex-eurodeputada Alda Sousa
disse que os amigos do João Semedo vão ter "muitas saudades" da sua
generosidade, "olhar maroto" e sentido de humor.
"Este é o início do não
esquecimento, não é uma cerimónia de dizer adeus, mas sim a cerimónia do começo
de um outro caminho que se fará com ele", considerou o presidente do
Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, Henrique Barros.
Já o médico Viriato Moura frisou
que o melhor legado do antigo coordenador é a sua intervenção política,
cultural e social, sublinhando como uma amizade subtil evoluiu para uma amizade
cúmplice.
O diretor do Hospital Joaquim
Urbano, Rui Sarmento, descreveu um homem exigente e rigoroso, e salientou que,
mesmo doente, João Semedo deu um "grande exemplo" ao marcar presença
nas campanhas e nas palestras.
João Semedo morreu na terça-feira,
aos 67 anos, depois de anos de batalha contra o cancro.
O ex-coordenador do BE e médico
teve uma vida marcada pela política e participação cívica, tendo as duas
últimas lutas sido a despenalização da eutanásia e a defesa do Serviço Nacional
de Saúde.
Depois de 30 anos de militância
no PCP, João Semedo aderiu oficialmente ao BE em 04 de abril de 2007, apesar da
aproximação ao partido ter acontecido três anos antes, quando fez parte,
enquanto independente, das listas do partido às eleições europeias de 2004, a
convite de um dos fundadores bloquistas, Miguel Portas.
Após a saída de Francisco Louçã
de líder do partido, João Semedo assumiu a coordenação, em conjunto com
Catarina Martins, entre 2012 e 2014, numa solução de liderança bicéfala que os
bloquistas viriam a abandonar.
A batalha de João Semedo contra o
cancro começou em 2015. Na altura renunciou ao mandato de deputado da
Assembleia da República que exercia desde 2006.
Para lá de décadas de intervenção
política, a atividade cívica de João Semedo foi multifacetada e incluiu, entre
muitas outras, a participação nas campanhas de alfabetização pós-25 de Abril, a
intervenção na Cooperativa Árvore, na direção do Festival Internacional de
Teatro de Expressão Ibérica (FITEI), na Universidade Popular e na fundação do
Sindicato dos Médicos do Norte.
Lusa | em Notícias ao Minuto |
Foto Global Imagens
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