Luanda prepara-se para contrair
mais um empréstimo chinês. O acordo deverá ser assinado em setembro, quando for
realizado o Fórum de Cooperação China-África. Governo angolano também solicitou
apoio financeiro ao FMI.
De 3 a 4 de setembro, Angola
participa no Fórum
de Cooperação China-África, com uma delegação que será chefiada pelo
Presidente João Lourenço. Espera-se que sejam negociados mais de 10 mil milhões
de euros. A linha de crédito servirá para construção
de infraestruturas como o novo Aeroporto Internacional de Luanda.
Em declarações à DW África, o
economista Francisco Paulo, do Centro de Estudos e Investigação Cientifica da
Universidade Católica de Angola, espera que estes investimentos signifiquem
mais benefícios para os angolanos. "É importante que este novo governo
garanta que esse dinheiro que se vai obter seja aplicado exactamente nas
infraestruturas que terão grandes repercussões económicas e sociais",
defende.
O economista sublinha que é
necessário um "retorno económico e social" deste dinheiro. "Não
como aconteceu no consulado anterior, em que gastamos tanto dinheiro, ou
pedimos tanto dinheiro à China, para poder fazer a reconstrução das
infraestruturas e hoje quase todas elas estão degradadas e é preciso construir
novas estradas e pontes, lembra Francisco Paulo. "Temos de saber que esse
dinheiro é dívida", acrescenta.
Reconstrução com dinheiro chinês
As relações
económicas e comerciais entre Angola e China intensificaram-se em
2002, com o fim da guerra civil. O gigante asiático desembolsou milhares de
euros para reconstrução de Angola.
"A reconstrução de Angola
não foi feita com dinheiro angolano, foi feita com o empréstimo chinês. Quer
dizer que é a China que deteve os seus dinheiros e Angola limitava-se a
solicitar destes valores aquilo que precisava reconstruir", lembra David
Kissadila, especialista em políticas públicas.
Em 2017, a dívida bilateral e
comercial de Angola com a China ascendia a mais de 18 mil milhões de euros.
Apoio do FMI
Por outro lado, o Ministério das
Finanças anunciou que o Governo angolano também solicitou apoio financeiro
ao Fundo
Monetário Internacional (FMI). Uma equipa do FMI esteve em Luanda no
início deste mês.
Francisco Paulo saúde a
solicitação do apoio, mas diz que medida peca por tardia. Na opinião do
economista, este pedido devia ter sido feito na altura em que se solicitou
assistência técnica ao FMI.
Como Angola é um país membro,
lembra o especialista, os empréstimos concedidos serão com a taxa mais baixa do
mercado. "O FMI também poderá ajudar o Governo angolano a implementar as
políticas necessárias para poder equilibrar a balança de pagamentos e poder
alcançar a estabilidade macroeconómica que o país precisa", afirma.
Manuel Luamba (Luanda) | Deutsche
Welle
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