De visita à Alemanha, onde foi
recebido com honras militares pela chanceler Angela Merkel, o Presidente João
Lourenço tem falado sobretudo de negócios para diversificar a economia
angolana, mas também na área da defesa.
É a primeira vez que João
Lourenço visita a Alemanha desde que foi eleito Presidente, há um ano. O
Presidente angolano vem com uma grande comitiva de ministros e de empresários,
e com uma mensagem: vale a pena investir em Angola.
O Presidente não está só à
procura de investimentos para diversificar a economia - está também interessado
em negócios no setor da defesa: "Estamos a convidar os investidores
alemães a trabalharem com o Estado angolano na proteção da nossa costa",
disse Lourenço, em Berlim, esta quarta-feira (22.08).
O "fornecimento de
embarcações de guerra" para a marinha angolana e "outros meios
electrónicos" foram alguns dos exemplos que acompanharam o convite do
chefe de Estado aos investidores alemães para ajudar a "controlar melhor
esta vasta fronteira marítima, que é uma parte do Golfo da Guiné, cobiçada
pelos piratas e pelos terroristas".
Merkel quer ajudar apesar da
polémica
Em 2011, a chanceler Angela
Merkel esteve em Luanda e propôs a venda de barcos-patrulha alemães. No
entanto, a oferta desencadeou uma onda de críticas da oposição na Alemanha e o
negócio não avançou.
Merkel disse esta quarta-feira em
Berlim que se lembra da controvérsia na altura. Ainda assim, mostrou-se
disponível para ajudar Angola a defender a costa marítima. "Pode ser que,
agora, sejam concretizados determinados investimentos do lado angolano, e é
claro que aí também ficaremos contentes em estabelecer uma parceria se a
marinha angolana tomar tais decisões de investimento", disse a chanceler.
Merkel frisou que "não há
desenvolvimento sem segurança, nem segurança sem desenvolvimento". A
chanceler alemã lembrou ainda o papel de Angola na pacificação da região e
disse ter abordado, no encontro com João Lourenço, a situação na República
Democrática do Congo (RDC).
As eleições na RDC já foram
adiadas várias vezes, mas os congoleses deverão finalmente ir às urnas em
dezembro, e o Presidente Joseph Kabila anunciou que não se iria
recandidatar.
"Queremos e esperamos que as
eleições, no final do ano, decorram de forma pacífica, mas o Presidente também
deixou claro que há muitas outras coisas que são importantes para pacificar o
Congo, que tem um vasto território", afirmou Merkel.
Diversificar com investimento
alemão
À chanceler alemã, o Presidente
angolano falou também sobre oportunidades de negócio por explorar, para diversificar
a economia.
O volume de negócios entre os
dois países rondou os 299 milhões de euros, no ano passado, com Angola a
exportar sobretudo petróleo e gás e a Alemanha a exportar automóveis,
maquinaria e tecnologia.
João Lourenço diz que Angola quer
atrair investimentos privados "praticamente em todos os domínios" da
economia. No 7.º Fórum Económico Alemanha-Angola, esta quarta-feira, em Berlim,
Lourenço disse que há oportunidades por explorar desde os setores da agricultura
e mineração, aos setores da tecnologia e dos transportes.
O Presidente angolano referiu,
por exemplo, que gostaria de ver empresários alemães a ajudar a construir
ferrovias ou auto-estradas. E deixou uma garantia aos investidores: o ambiente
de negócios em Angola está a melhorar, por exemplo, através do combate à
corrupção e à impunidade.
"Da nossa parte, temos
estado a tomar todas as medidas legais, cambiais, migratórias e outras para
melhorar o ambiente de negócios e tornar mais atrativas as condições para o
investimento estrangeiro", garantiu o chefe de Estado.
Lourenço salientou que Angola
"está a viver um processo de renovação e abertura ao exterior". A
visita do Presidente angolano à Alemanha segue-se a outras deslocações, à
França e à Bélgica. Esta quinta-feira, Lourenço encontrar-se-á com o homólogo
alemão, Frank-Walter Steinmeier.
Guilherme Correia da Silva | Deutsche
Welle
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