quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Alemanha disponível para cooperar com Angola na defesa


De visita à Alemanha, onde foi recebido com honras militares pela chanceler Angela Merkel, o Presidente João Lourenço tem falado sobretudo de negócios para diversificar a economia angolana, mas também na área da defesa.

É a primeira vez que João Lourenço visita a Alemanha desde que foi eleito Presidente, há um ano. O Presidente angolano vem com uma grande comitiva de ministros e de empresários, e com uma mensagem: vale a pena investir em Angola.

O Presidente não está só à procura de investimentos para diversificar a economia - está também interessado em negócios no setor da defesa: "Estamos a convidar os investidores alemães a trabalharem com o Estado angolano na proteção da nossa costa", disse Lourenço, em Berlim, esta quarta-feira (22.08).

O "fornecimento de embarcações de guerra" para a marinha angolana e "outros meios electrónicos" foram alguns dos exemplos que acompanharam o convite do chefe de Estado aos investidores alemães para ajudar a "controlar melhor esta vasta fronteira marítima, que é uma parte do Golfo da Guiné, cobiçada pelos piratas e pelos terroristas".

Merkel quer ajudar apesar da polémica

Em 2011, a chanceler Angela Merkel esteve em Luanda e propôs a venda de barcos-patrulha alemães. No entanto, a oferta desencadeou uma onda de críticas da oposição na Alemanha e o negócio não avançou.

Merkel disse esta quarta-feira em Berlim que se lembra da controvérsia na altura. Ainda assim, mostrou-se disponível para ajudar Angola a defender a costa marítima. "Pode ser que, agora, sejam concretizados determinados investimentos do lado angolano, e é claro que aí também ficaremos contentes em estabelecer uma parceria se a marinha angolana tomar tais decisões de investimento", disse a chanceler.

Merkel frisou que "não há desenvolvimento sem segurança, nem segurança sem desenvolvimento". A chanceler alemã lembrou ainda o papel de Angola na pacificação da região e disse ter abordado, no encontro com João Lourenço, a situação na República Democrática do Congo (RDC).

As eleições na RDC já foram adiadas várias vezes, mas os congoleses deverão finalmente ir às urnas em dezembro, e o Presidente Joseph Kabila anunciou que não se iria recandidatar.

"Queremos e esperamos que as eleições, no final do ano, decorram de forma pacífica, mas o Presidente também deixou claro que há muitas outras coisas que são importantes para pacificar o Congo, que tem um vasto território", afirmou Merkel.

Diversificar com investimento alemão

À chanceler alemã, o Presidente angolano falou também sobre oportunidades de negócio por explorar, para diversificar a economia.

O volume de negócios entre os dois países rondou os 299 milhões de euros, no ano passado, com Angola a exportar sobretudo petróleo e gás e a Alemanha a exportar automóveis, maquinaria e tecnologia.

João Lourenço diz que Angola quer atrair investimentos privados "praticamente em todos os domínios" da economia. No 7.º Fórum Económico Alemanha-Angola, esta quarta-feira, em Berlim, Lourenço disse que há oportunidades por explorar desde os setores da agricultura e mineração, aos setores da tecnologia e dos transportes.

O Presidente angolano referiu, por exemplo, que gostaria de ver empresários alemães a ajudar a construir ferrovias ou auto-estradas. E deixou uma garantia aos investidores: o ambiente de negócios em Angola está a melhorar, por exemplo, através do combate à corrupção e à impunidade.

"Da nossa parte, temos estado a tomar todas as medidas legais, cambiais, migratórias e outras para melhorar o ambiente de negócios e tornar mais atrativas as condições para o investimento estrangeiro", garantiu o chefe de Estado.

Lourenço salientou que Angola "está a viver um processo de renovação e abertura ao exterior". A visita do Presidente angolano à Alemanha segue-se a outras deslocações, à França e à Bélgica. Esta quinta-feira, Lourenço encontrar-se-á com o homólogo alemão, Frank-Walter Steinmeier.

Guilherme Correia da Silva | Deutsche Welle

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