Está sol e um verão normal. Isto
acontece hoje e independentemente das previsões meteorológicas tudo pode virar
daqui por umas horas ou dentro de alguns dias. Nunca se sabe o que o “clima”
nos reserva. Muitos são os que assim acreditam: no “tempo” nunca fiando. Pois.
Se ainda não fez as festas e
saudações aos animais que têm passado por si faça-o. Principalmente aos de
quatro patas. Aos outros… com muito cuidado. Vá à província, aos chamados
saloios e outras coisas e diga às pessoas bom dia por saudação que leva logo com a
resposta tipo eco e um sorriso, isto se não forem elas primeiro a saudá-lo(a), o que é
costume. E agora faça isso em Lisboa… Poucas serão as respostas da saudação. Os
alfacinhas (esses até já nem existem) andam trombudos por tudo e por nada, até
parece que não vêem os que por eles passam. Caminham à laia de zumbis com uns fios
ou um pequeno “tijolo” encostado aos ouvidos. E falam, parece que sozinhos até dentro dos automoveis…
Grandes bestas modernas repletas de arreios. É o que é.
Tomando o rumo para finalizar
esta abertura do Curto de hoje… Pfff, não vale quase nada, a não ser a partir
da metade (talvez). É que a libra turca é o mote e lá fora é que é bom, ou mau.
Mas sempre bom para notícias que faltam (dizem eles ‘práli’ sentados) nesta época
parva e deficitária da ‘papa’ do costume para os jornalistas, desta época
medonha em que muitos até andam a ganhar calo como o macaco. Quem? Sabemos lá. Olhem:
eles. Por qualquer coisa diz-se “eles”. Aos do governo, aos dos deputados, aos
dos que roubam a bancos-banqueiros, aos que se dizem democratas mas fazem
arremessos de esclavagistas e outros istas e ismos… Ufff. Adiante, p’ra acabar
com o resto, como berravam as varinas (ovarinas) aí pelas ruas, de canastra à
cabeça: “acaba o resto ké barato”. Afinal quem acabou foram elas. Ena, tantos
que acabaram!
Acabámos, por hoje. O futuro de todos nós é acabarmos. Pois. (MM | PG)
Bom dia este é o seu Expresso
Curto
A crise da lira turca: enganado
por um tapete que custou milhões
Vítor Matos | Expresso
Bom dia!
Foi tudo uma questão de zeros, viria a descobrir uns dias depois, quando vi o extrato bancário. E nada a meu favor. As minhas duas únicas visitas à Turquia coincidiram com uma crise grave de desvalorização da lira turca, só ultrapassada pela espiral que se tem visto nos últimos dias: uma viagem em trabalho e outra em lazer. Da primeira vez, durante a presidência portuguesa da União Europeia, no ano 2000, fiz uma pausa durante uma reportagem em Ancara para entrar numa loja de tapetes e trazer para Lisboa um pequeno tapete. Custava milhões de liras turcas, era uma verdadeira pechincha tendo em conta o câmbio. Se bem me lembro, custava uns 40 euros. Verifiquei depois que o cartão de crédito registara umas dez vezes mais. Era impossível confirmar tantos zeros. Um ano depois voltei à Turquia para recuperar o dinheiro. O preço de fazer lá turismo compensava o que tinha perdido.
A lira turca tinha-se afundado ainda mais e era tudo baratíssimo para os nossos padrões. Há 18 anos, Recep Tayyip Erdogan ainda não tinha chegado ao poder. Estava quase. Apresentava-se como um democrata conservador, islamista mas moderado. O país era tão contrastado a todos os níveis que só por uma questão de diplomacia a União Europeia mantinha em aberto a possibilidade de a Turquia um dia integrar o clube - era uma hipótese de trabalho para manter os turcos na orla do ocidente. Istambul era uma cidade quase europeia, com zonas com uma movida tão animada quanto outra qualquer capital do continente. Mas viajar pela Anatólia e pela Capadócia revelava que aquele era um país asiático sem qualquer relação, na verdade, com o mínimo de cimento cultural que une os países da Europa, apesar de todas as suas diferenças.
Uma visita ao mausoléu de Mustafa Kemal Attaturk, o pai da Turquia moderna, ocidentalizada e secular, revelava um povo profundamente nacionalista: filas intermináveis de mães com criancinhas pelas mãos, vestidas de camuflados, com espingardas de brincar, a prestar homenagem ao homem que criou a primeira democracia naquela zona. Aos poucos, a Turquia foi abandonando o “kemalismo”. A fonte do nacionalismo foi mudando de natureza e foi dando força a Erdogan.
Eleito em junho com os poderes de um sultão, hoje a Turquia enfrenta a sua pior crise desde 2001, e a lira bateu no fundo esta segunda-feira, confrontando Erdogan com os limites da sua deriva autoritária, o que pode acabar com a sua longa carreira de sucesso, como escreve o The New York Times. Analistas dizem ao jornal que os problemas económicos do país têm mais a ver com a interferência do Governo na economia com fins políticos do que com a sua disputa com os Estados Unidos. Depois de prender jornalistas, controlar os tribunais, despedir milhares de funcionários públicos e militares, parece ser mais difícil ao regime submeter os mercados.
A crise desencadeou-se depois de a Turquia ter prendido um pastor norte-americano, Andrew Brunson, por alegada cumplicidade com o imã Fethullah Gullen, que o regime acusa de estar por detrás do golpe de Estado falhado de 2016. Como retaliação, os Estados Unidos aplicaram sanções e duplicaram as taxas às importações de aluminio e aço. Donald Trump chegou a publicar no Twitter uma mensagem de contentamento em relação à queda da lira.
“Só nos curvamos perante Deus”, disse Erdogan. Mas a lira já se curvou com uma queda de 40% face ao dólar. O Washington Post avisa que esta crise faz aumentar os receios de uma nova crise financeira global. O Observador escreve um artigo sobre até quando pode resistir uma Turquia sem aliados: até recorrer ao FMI será difícil. Aqui no Expresso pode perceber as flutuações e os danos colaterais da crise.
Não é uma piada. Esta mistura entre crise financeira com o endurecimento de uma ditadura cada vez mais isolada pode vir a ter influência nas nossas vidas - mais do que um mero engano na contabilidade dos zeros na compra de um tapete.
Foi tudo uma questão de zeros, viria a descobrir uns dias depois, quando vi o extrato bancário. E nada a meu favor. As minhas duas únicas visitas à Turquia coincidiram com uma crise grave de desvalorização da lira turca, só ultrapassada pela espiral que se tem visto nos últimos dias: uma viagem em trabalho e outra em lazer. Da primeira vez, durante a presidência portuguesa da União Europeia, no ano 2000, fiz uma pausa durante uma reportagem em Ancara para entrar numa loja de tapetes e trazer para Lisboa um pequeno tapete. Custava milhões de liras turcas, era uma verdadeira pechincha tendo em conta o câmbio. Se bem me lembro, custava uns 40 euros. Verifiquei depois que o cartão de crédito registara umas dez vezes mais. Era impossível confirmar tantos zeros. Um ano depois voltei à Turquia para recuperar o dinheiro. O preço de fazer lá turismo compensava o que tinha perdido.
A lira turca tinha-se afundado ainda mais e era tudo baratíssimo para os nossos padrões. Há 18 anos, Recep Tayyip Erdogan ainda não tinha chegado ao poder. Estava quase. Apresentava-se como um democrata conservador, islamista mas moderado. O país era tão contrastado a todos os níveis que só por uma questão de diplomacia a União Europeia mantinha em aberto a possibilidade de a Turquia um dia integrar o clube - era uma hipótese de trabalho para manter os turcos na orla do ocidente. Istambul era uma cidade quase europeia, com zonas com uma movida tão animada quanto outra qualquer capital do continente. Mas viajar pela Anatólia e pela Capadócia revelava que aquele era um país asiático sem qualquer relação, na verdade, com o mínimo de cimento cultural que une os países da Europa, apesar de todas as suas diferenças.
Uma visita ao mausoléu de Mustafa Kemal Attaturk, o pai da Turquia moderna, ocidentalizada e secular, revelava um povo profundamente nacionalista: filas intermináveis de mães com criancinhas pelas mãos, vestidas de camuflados, com espingardas de brincar, a prestar homenagem ao homem que criou a primeira democracia naquela zona. Aos poucos, a Turquia foi abandonando o “kemalismo”. A fonte do nacionalismo foi mudando de natureza e foi dando força a Erdogan.
Eleito em junho com os poderes de um sultão, hoje a Turquia enfrenta a sua pior crise desde 2001, e a lira bateu no fundo esta segunda-feira, confrontando Erdogan com os limites da sua deriva autoritária, o que pode acabar com a sua longa carreira de sucesso, como escreve o The New York Times. Analistas dizem ao jornal que os problemas económicos do país têm mais a ver com a interferência do Governo na economia com fins políticos do que com a sua disputa com os Estados Unidos. Depois de prender jornalistas, controlar os tribunais, despedir milhares de funcionários públicos e militares, parece ser mais difícil ao regime submeter os mercados.
A crise desencadeou-se depois de a Turquia ter prendido um pastor norte-americano, Andrew Brunson, por alegada cumplicidade com o imã Fethullah Gullen, que o regime acusa de estar por detrás do golpe de Estado falhado de 2016. Como retaliação, os Estados Unidos aplicaram sanções e duplicaram as taxas às importações de aluminio e aço. Donald Trump chegou a publicar no Twitter uma mensagem de contentamento em relação à queda da lira.
“Só nos curvamos perante Deus”, disse Erdogan. Mas a lira já se curvou com uma queda de 40% face ao dólar. O Washington Post avisa que esta crise faz aumentar os receios de uma nova crise financeira global. O Observador escreve um artigo sobre até quando pode resistir uma Turquia sem aliados: até recorrer ao FMI será difícil. Aqui no Expresso pode perceber as flutuações e os danos colaterais da crise.
Não é uma piada. Esta mistura entre crise financeira com o endurecimento de uma ditadura cada vez mais isolada pode vir a ter influência nas nossas vidas - mais do que um mero engano na contabilidade dos zeros na compra de um tapete.
OUTRAS NOTÍCIAS
Esta manhã, um carro atirou-se contra as barreiras de segurança do Parlamento, em Londres, Há feridos, mas a esta hora ainda não se sabe quantos. Já há um vídeo com a detenção do homem que conduzia a viatura. O Expresso está a seguir o tema.
Agora o tempo, porque se não está de férias gostaria de estar. Está um bom dia para ir à praia, céu limpo, com temperaturas que vão dos 28º em Lisboa, aos 33º em Beja ou aos 29º em Faro. É aproveitar enquanto o verão se mantém.
Depois a política. O primeiro-ministro deu uma longa entrevista de 2h15 ao Expresso que foi publicada na última edição e, como de costume nestas ocasiões, há muita informação que precisa de interpretação. António Costa dá pistas, esconde jogo, mostra só umas pontas. O Expresso Diário descodificou 10 frases do secretário-geral do PS: para quem vai haver mais dinheiro no Orçamento do Estado? E o que se segue no ano político que antecede as próximas legislativas? O que diz e o que deixa por dizer?
Na sequência da mesma entrevista, mais uma reação: António Saraiva, presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), critica as observações de António Costa sobre as remunerações nas empresas. O primeiro-ministro disse ser “fundamental as empresas alterarem radicalmente” a política de vencimentos, dizendo que “não é aceitável” a grande disparidade entre os salários de topo, dos administradores, e os salários mais baixos e médios. “São afirmações simplistas”, acusa Saraiva, ao Expresso Diário. E destaca: “Não vejo ninguém falar dos salários que se pagam no futebol e noutras áreas, a pessoas com muito menos qualificações. Num clube de futebol, um roupeiro ganha, se calhar, o salário mínimo, o que compara com os salários dos jogadores, mas não vejo o senhor primeiro-ministro fazer essas comparações”. Um tema que ainda pode continuar a dar que falar.
O PSD prepara-se para apresentar medidas contra os incêndios, noticia o Público, depois de ter mais dados sobre o que aconteceu no fogo em Monchique. Os sociais-democratas já tinham admitido alterar a configuração do Observatório Técnico Independente para os incêndios, o que valeu as críticas do PS: "Estranho que o partido proponente deste observatório ande aos ziguezagues", afirmou a deputada do PS Susana Amador.
“Deus, vitória e tiros nos pés: os políticos foram aos fogos”, é uma história do Expresso Diário sobre a ida dos políticos aos fogos: de Marcelo Rebelo de Sousa a António Costa e ao ministro Eduardo Cabrita. Neste vídeo pode ver as reações da oposição.
Há uma nova forma de vistos gold, diz o jornal Politico, edição europeia. Num artigo com uma foto da secretário de Estado Graça Fonseca, o Governo português faz saber ao mundo que “o novo lugar no mapa para empreendedores de tecnologia é Lisboa, onde podem levar uma vida barata” e “saltar para um comboio para uma cidadania europeia”. O prémio para os empreendedores que venham para Portugal e invistam pelo menos um milhão de euros, comprem propriedades no valor de 500 mil euros ou criem 10 postos de trabalho, ganham direito de residência ou mesmo a cidadania.
No mesmo jornal europeu, a manchete também era esta manhã de um português: Bruno Maçães, o ex-secretário de Estado dos Assuntos Europeus de Passos Coelho escreveu um artigo no Politico sobre os desafios geopolíticos da Europa. O texto é assinado a partir de Istanbul, e começa assim: “Talvez a história se repita: da primeira vez como tragédia, da segunda como uma proposta da Comissão Europeia”. E argumenta que o que a Europa precisa é de voltar a sair das suas fronteiras em direção ao mundo para contrariar a influência de outras potências como a China ou a Rússia.
Com os transportes mergulhados no caos, o PCP tomou uma posição e o eurodeputado João Ferreira veio a público culpar Bruxelas, mas também o PS, PSD e CDS pelo estado “de profunda degradação e iminente ruptura” a que chegou a ferrovia nacional. Pode ver aqui o vídeo.
Se os problemas nos transportes públicos em pouco afetam os mais ricos, a política não é para pobres, escreve o Diário de Notícias, num artigo sobre as elites portuguesas que ascendem ao poder. E como essas elites estão agora banhos, por isso vamos ao que se passa no resto do mundo.
Esta quinta-feira, mais de 100 jornais norte-americanos vão publicar editoriais contra Donald Trump, uma iniciativa lançada pelo The Boston Globe em defesa da imprensa livre.
As tensões raciais continuam a agravar-se nos Estados Unidos. Passou um ano sobre o avanço dos supremacistas brancos em Charlottesville, que custou a vida a uma ativista antifascista local. As tensões continuam vivas, mesmo que uma outra manifestação, convocada pelos organizadores da marcha do ano passado, tenha ficado muito abaixo dos números esperados. “Temos um enorme problema racial na nossa cidade e no nosso país”, alerta a mãe da vítima de 12 de agosto de 2017. O Hélder Gomes conta-lhe no Expresso como “as feridas ainda estão por sarar”, um ano depois.
No Irão, a crise económica agrava-se com a queda a pique da moeda e começa já a haver repercussões das sanções estabelecidas pelos Estados Unidos: dias depois de o Irão decidir o estabelecimento de tribunais especiais para lidar com a corrupção e outros crimes económicos, as prisões começaram. Um porta-voz dos tribunais anunciou: "Sessenta e sete suspeitos foram presos, alguns dos quais libertados sob pagamento de fiança, e mais de cem pessoas, incluindo empregados do governo e funcionários, foram proibidos de viajar." O regime culpa os EUA por manterem o país sob pressão económica.
Há outra história que nos chega do Irão, mas para marcar a diferença. Naquele país, as mulheres não podem entrar num estádio futebol para assistir a um jogo. Mas Parisa Pourtaherian, fotógrafa de profissão, tinha um trabalho: fotografar um jogo da liga nacional. Não a deixaram entrar no estádio por ser mulher. Como resolveu o problema? Subiu aos telhados.
Parece uma guerra esquecida. No Afeganistão morreram ontem mais de 300 pessoas (20 a 30 civis) num combate entre forças talibãs e governamentais na cidade de Ghazni. Mais de metade dessas baixas terão sido provocadas aos próprios talibãs por raides aéreos dos Estados Unidos.
AS MANCHETES DO DIA
Público: “Um terço dos alunos mais frágeis abandona ensino profissional”
Jornal de Notícias: “PJ investiga apostas fraudulentas na Liga”
Correio da Manhã: “Jogadores envolvem Bruno no terror”
Negócios: “Sonangol negoceia venda de posição na Galp”
Diário de Notícias: “Mais de um quinto do emprego é a prazo ou muito precário”
O QUE ANDO A LER
Quando estou em férias costumo ler livros de verão, mas ao contrário. Em vez das leituras leves e frescas, aproveito o facto de ter tempo e de não andar a ler às prestações para conhecer clássicos que ainda não li (ou de outras vezes reler os que já esqueci). Esta semana, enquanto andava a conhecer praias fluviais do interior do país, mergulhei na primeira metade dos Irmãos Karamazov, de Dostoievski. Há quase 15 anos, desde que li o Mal no Pensamento Moderno, da filósofa Susan Neiman, que andava a adiar esta leitura. As referências aos Irmãos Karamazov eram muitas e percebe-se porquê: é um livro sobre o mal. Todas as personagens, ou quase, são pérfidas até à medula, algumas com uma maldade intrínseca quase impossível de imaginar (embora o mundo pós-Dostoievsky tenha sido muito criativo a esse respeito).
Num capítulo intitulado a “Revolta”, dois dos três irmãos têm uma conversa em que Aleksei, o monge ingénuo, acha que Ivan, o intelectual, está a ficar louco. Fala-lhe do mal no mundo, e da impossibilidade de acreditar em Deus perante o mal que as pessoas fazem às crianças. Não acredita na redenção final, por não crer que seja possível redimir quem torturou crianças. “Acho que, se o Diabo não existe e é portanto uma invenção do homem, então este inventou-o à sua imagem e semelhança”, diz a certa altura Ivan a um Aleksei chocado.
A seguir, desfia-lhe um rol de crimes sobre crianças, o mais infame deles cometido por um general que mandou uma matilha de cães caçar um rapazinho à frente da própria mãe. É o velho dilema do mal, a que a Filosofia convencionou chamar de teodiceia: a maneira de explicar a coexistência de um Deus omnipotente e bondoso com o mal no mundo: os dois irmãos estão em pólos opostos, mas o monge pode começar aqui a duvidar. É claro que o livro (na verdade a edição da Presença são dois volumes traduzidos por Nina Guerra e Filipe Guerra) é muito mais do que isto. E os acontecimentos sucedem-se tão depressa como numa peça de teatro em que não permite a um leitor aborrecer-se.
Este Expresso Curto fica por aqui. Espero que tenha um bom dia de férias (ou de trabalho, caso também já tenha regressado)!
Esta manhã, um carro atirou-se contra as barreiras de segurança do Parlamento, em Londres, Há feridos, mas a esta hora ainda não se sabe quantos. Já há um vídeo com a detenção do homem que conduzia a viatura. O Expresso está a seguir o tema.
Agora o tempo, porque se não está de férias gostaria de estar. Está um bom dia para ir à praia, céu limpo, com temperaturas que vão dos 28º em Lisboa, aos 33º em Beja ou aos 29º em Faro. É aproveitar enquanto o verão se mantém.
Depois a política. O primeiro-ministro deu uma longa entrevista de 2h15 ao Expresso que foi publicada na última edição e, como de costume nestas ocasiões, há muita informação que precisa de interpretação. António Costa dá pistas, esconde jogo, mostra só umas pontas. O Expresso Diário descodificou 10 frases do secretário-geral do PS: para quem vai haver mais dinheiro no Orçamento do Estado? E o que se segue no ano político que antecede as próximas legislativas? O que diz e o que deixa por dizer?
Na sequência da mesma entrevista, mais uma reação: António Saraiva, presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), critica as observações de António Costa sobre as remunerações nas empresas. O primeiro-ministro disse ser “fundamental as empresas alterarem radicalmente” a política de vencimentos, dizendo que “não é aceitável” a grande disparidade entre os salários de topo, dos administradores, e os salários mais baixos e médios. “São afirmações simplistas”, acusa Saraiva, ao Expresso Diário. E destaca: “Não vejo ninguém falar dos salários que se pagam no futebol e noutras áreas, a pessoas com muito menos qualificações. Num clube de futebol, um roupeiro ganha, se calhar, o salário mínimo, o que compara com os salários dos jogadores, mas não vejo o senhor primeiro-ministro fazer essas comparações”. Um tema que ainda pode continuar a dar que falar.
O PSD prepara-se para apresentar medidas contra os incêndios, noticia o Público, depois de ter mais dados sobre o que aconteceu no fogo em Monchique. Os sociais-democratas já tinham admitido alterar a configuração do Observatório Técnico Independente para os incêndios, o que valeu as críticas do PS: "Estranho que o partido proponente deste observatório ande aos ziguezagues", afirmou a deputada do PS Susana Amador.
“Deus, vitória e tiros nos pés: os políticos foram aos fogos”, é uma história do Expresso Diário sobre a ida dos políticos aos fogos: de Marcelo Rebelo de Sousa a António Costa e ao ministro Eduardo Cabrita. Neste vídeo pode ver as reações da oposição.
Há uma nova forma de vistos gold, diz o jornal Politico, edição europeia. Num artigo com uma foto da secretário de Estado Graça Fonseca, o Governo português faz saber ao mundo que “o novo lugar no mapa para empreendedores de tecnologia é Lisboa, onde podem levar uma vida barata” e “saltar para um comboio para uma cidadania europeia”. O prémio para os empreendedores que venham para Portugal e invistam pelo menos um milhão de euros, comprem propriedades no valor de 500 mil euros ou criem 10 postos de trabalho, ganham direito de residência ou mesmo a cidadania.
No mesmo jornal europeu, a manchete também era esta manhã de um português: Bruno Maçães, o ex-secretário de Estado dos Assuntos Europeus de Passos Coelho escreveu um artigo no Politico sobre os desafios geopolíticos da Europa. O texto é assinado a partir de Istanbul, e começa assim: “Talvez a história se repita: da primeira vez como tragédia, da segunda como uma proposta da Comissão Europeia”. E argumenta que o que a Europa precisa é de voltar a sair das suas fronteiras em direção ao mundo para contrariar a influência de outras potências como a China ou a Rússia.
Com os transportes mergulhados no caos, o PCP tomou uma posição e o eurodeputado João Ferreira veio a público culpar Bruxelas, mas também o PS, PSD e CDS pelo estado “de profunda degradação e iminente ruptura” a que chegou a ferrovia nacional. Pode ver aqui o vídeo.
Se os problemas nos transportes públicos em pouco afetam os mais ricos, a política não é para pobres, escreve o Diário de Notícias, num artigo sobre as elites portuguesas que ascendem ao poder. E como essas elites estão agora banhos, por isso vamos ao que se passa no resto do mundo.
Esta quinta-feira, mais de 100 jornais norte-americanos vão publicar editoriais contra Donald Trump, uma iniciativa lançada pelo The Boston Globe em defesa da imprensa livre.
As tensões raciais continuam a agravar-se nos Estados Unidos. Passou um ano sobre o avanço dos supremacistas brancos em Charlottesville, que custou a vida a uma ativista antifascista local. As tensões continuam vivas, mesmo que uma outra manifestação, convocada pelos organizadores da marcha do ano passado, tenha ficado muito abaixo dos números esperados. “Temos um enorme problema racial na nossa cidade e no nosso país”, alerta a mãe da vítima de 12 de agosto de 2017. O Hélder Gomes conta-lhe no Expresso como “as feridas ainda estão por sarar”, um ano depois.
No Irão, a crise económica agrava-se com a queda a pique da moeda e começa já a haver repercussões das sanções estabelecidas pelos Estados Unidos: dias depois de o Irão decidir o estabelecimento de tribunais especiais para lidar com a corrupção e outros crimes económicos, as prisões começaram. Um porta-voz dos tribunais anunciou: "Sessenta e sete suspeitos foram presos, alguns dos quais libertados sob pagamento de fiança, e mais de cem pessoas, incluindo empregados do governo e funcionários, foram proibidos de viajar." O regime culpa os EUA por manterem o país sob pressão económica.
Há outra história que nos chega do Irão, mas para marcar a diferença. Naquele país, as mulheres não podem entrar num estádio futebol para assistir a um jogo. Mas Parisa Pourtaherian, fotógrafa de profissão, tinha um trabalho: fotografar um jogo da liga nacional. Não a deixaram entrar no estádio por ser mulher. Como resolveu o problema? Subiu aos telhados.
Parece uma guerra esquecida. No Afeganistão morreram ontem mais de 300 pessoas (20 a 30 civis) num combate entre forças talibãs e governamentais na cidade de Ghazni. Mais de metade dessas baixas terão sido provocadas aos próprios talibãs por raides aéreos dos Estados Unidos.
AS MANCHETES DO DIA
Público: “Um terço dos alunos mais frágeis abandona ensino profissional”
Jornal de Notícias: “PJ investiga apostas fraudulentas na Liga”
Correio da Manhã: “Jogadores envolvem Bruno no terror”
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Diário de Notícias: “Mais de um quinto do emprego é a prazo ou muito precário”
O QUE ANDO A LER
Quando estou em férias costumo ler livros de verão, mas ao contrário. Em vez das leituras leves e frescas, aproveito o facto de ter tempo e de não andar a ler às prestações para conhecer clássicos que ainda não li (ou de outras vezes reler os que já esqueci). Esta semana, enquanto andava a conhecer praias fluviais do interior do país, mergulhei na primeira metade dos Irmãos Karamazov, de Dostoievski. Há quase 15 anos, desde que li o Mal no Pensamento Moderno, da filósofa Susan Neiman, que andava a adiar esta leitura. As referências aos Irmãos Karamazov eram muitas e percebe-se porquê: é um livro sobre o mal. Todas as personagens, ou quase, são pérfidas até à medula, algumas com uma maldade intrínseca quase impossível de imaginar (embora o mundo pós-Dostoievsky tenha sido muito criativo a esse respeito).
Num capítulo intitulado a “Revolta”, dois dos três irmãos têm uma conversa em que Aleksei, o monge ingénuo, acha que Ivan, o intelectual, está a ficar louco. Fala-lhe do mal no mundo, e da impossibilidade de acreditar em Deus perante o mal que as pessoas fazem às crianças. Não acredita na redenção final, por não crer que seja possível redimir quem torturou crianças. “Acho que, se o Diabo não existe e é portanto uma invenção do homem, então este inventou-o à sua imagem e semelhança”, diz a certa altura Ivan a um Aleksei chocado.
A seguir, desfia-lhe um rol de crimes sobre crianças, o mais infame deles cometido por um general que mandou uma matilha de cães caçar um rapazinho à frente da própria mãe. É o velho dilema do mal, a que a Filosofia convencionou chamar de teodiceia: a maneira de explicar a coexistência de um Deus omnipotente e bondoso com o mal no mundo: os dois irmãos estão em pólos opostos, mas o monge pode começar aqui a duvidar. É claro que o livro (na verdade a edição da Presença são dois volumes traduzidos por Nina Guerra e Filipe Guerra) é muito mais do que isto. E os acontecimentos sucedem-se tão depressa como numa peça de teatro em que não permite a um leitor aborrecer-se.
Este Expresso Curto fica por aqui. Espero que tenha um bom dia de férias (ou de trabalho, caso também já tenha regressado)!
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