Noruega melhorou o Índice de
Desenvolvimento Humano e continua a ser o país mais desenvolvido do mundo,
enquanto o Níger é o pior no relatório do PNUD.
Os cinco países do topo do Índice
de Desenvolvimento Humano (IDH), divulgado pelo Programa das Nações Unidas para
o Desenvolvimento (PNUD), mantêm-se inalterados desde o ano passado, sendo a
Noruega o país mais desenvolvido do mundo, com um IDH de 0,953 num máximo de
01, seguida pela Suíça, Austrália, Irlanda e Alemanha.
O Relatório Global de 2018
apresentado em Nova Iorque ,
com dados referentes ao ano de 2017 destaca que se tem assistido a um progresso
"impressionante" no desenvolvimento humano, mas com uma tendência de
desigualdade evidente e preocupante.
O PNUD conclui que mais de 51% da
população mundial vive atualmente numa condição de desenvolvimento considerada
alta (53 países) ou muito alta (59 países), numa altura em que a educação está
no nível mais elevado de sempre e a duração da vida tem aumentado.
No estudo, apenas 38 países foram
contabilizados na categoria mais baixa de desenvolvimento, entre os quais se
encontram os países de língua portuguesa Guiné-Bissau e Moçambique, contra 50
em 2016. No fundo da tabela está o Níger, com um IDH de 0,354.
Deste modo, 926 milhões de
pessoas são afetadas pelo fraco desenvolvimento nos seus países, totalizando
12% da população mundial estudada. O PNUD congratula-se com a redução dos
resultados considerados baixos, sendo que, em 1990, a categoria mais
fraca englobava 60% da população mundial.
O relatório conclui que um dos
entraves mais graves que se põem ao desenvolvimento humano é a desigualdade de
género, pois a nível global, as mulheres beneficiaram de menos 5,9% de melhoria
de condições do que os homens.
Novos dados apresentados no
relatório contrapõem a esperança média de vida à esperança de média de vida
saudável, estimando que o tempo que uma pessoa vive em boa saúde é de menos 12
anos do que o tempo considerado pela esperança média de vida à nascença.
ONU revê em alta dados de
Moçambique
Moçambique é o nono país com
menor índice de desenvolvimento humano (IDH) do mundo (0,437 valores), ocupando
a 180.ª posição entre 189 países, informa o relatório do PNUD.
No documento, todos os números
anteriores foram atualizados e recalculados segundo novas metodologias, tendo
atribuído a Moçambique, um valor de 0,435, que é significativamente maior do
que o IDH de 0,418 que tinha sido divulgado no ano passado. Ainda assim, apesar
de Moçambique melhorar no IDH, o país encontra-se entre os 38 Estados
classificados na categoria de "baixo desenvolvimento".
Segundo os autores do relatório,
Moçambique é um dos exemplos de países que, por não recolher e apresentar os
dados pedidos pelo PNUD a tempo, tem uma avaliação que pode não corresponder à
realidade, com discrepâncias nos números.
O desenvolvimento humano é
calculado com base em vários fatores e aspetos, como a esperança média de vida,
que em Moçambique é de 58,9 anos, e os anos de escolaridade frequentados pela
população, que é, em média de apenas 3,5 anos, um dos números mais diminutos do
mundo.
Moçambique tem desigualdades de
género evidentes, sendo que a média de 3,5 anos de escola é uma realidade de
2,5 anos na educação das mulheres e de 4,6 anos na dos homens.
A taxa de fertilidade indica uma
média de cinco filhos por mulher em idade fértil.
Moçambique é o quinto país mais
afetado pela tuberculose, uma doença que ataca, no mundo, cerca de 140 pessoas
em cada 100 mil, mas que neste país de expressão portuguesa aumenta para 551
pessoas em cada 100 mil.
Com cerca de 84,6% dos
trabalhadores em condições precárias, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita,
calculado em unidades de paridade de poder de compra, é de 1.136 dólares, numa
média mundial de 15.439 dólares.
Guiné-Bissau com segundo pior
resultado no IDH
A Guiné-Bissau desceu duas
posições no relatório anual do PNUD e é o segundo país de expressão portuguesa
na categoria de desenvolvimento "baixo", ocupando o 177.º
lugar.
Num máximo possível de 1,0
valores, a Guiné-Bissau teve um índice de desenvolvimento humano de 0,455 em
2017, o que significa uma melhoria de 0,95% por ano desde 2010, mas que não
acompanha o crescimento dos outros países, de acordo com o relatório.
Depois da atualização de dados a
que o PNUD procedeu, o país africano foi colocado na 175.ª posição no ano de
2016, uma diferença de três posições em relação ao lugar 178 anunciado em março
do ano passado, relativo a 2016.
Deste modo, o estudo que indica
os dados de 2017, conta uma descida de duas posições para a Guiné-Bissau em
relação aos dados atualizados da última contagem.
Apesar de uma escolaridade
prevista de 10,5 anos, a população guineense passa apenas três anos na escola e
soma a maior taxa de trabalho infantil da Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa (CPLP): 36,2% das crianças com idades entre 5 a 17 anos trabalham.
A nível de saúde, nos hospitais
existem cerca de 10 camas por 10 mil habitantes e um médico por cada 20 mil
habitantes (0,5 em 10 mil).
O vírus da sida atinge cerca de
3,1% da população, a tuberculose atinge uma média de 374 pessoas em cada 100
mil e a malária põe em risco 73 pessoas por cada mil.
ONU coloca Angola nos países de
desenvolvimento médio
Angola obteve um índice de
desenvolvimento humano de 0,581, que coloca o país na categoria de
"desenvolvimento médio", no relatório do PNUD). Angola está na
posição 147 de 189, com IDH a crescer todos os anos.
Este ano, as categorias foram
alteradas e fazem parte da categoria média os países com IDH entre 0,550 e
0,699, o que dá um total de 39 países na categoria, entre os quais cinco países
de língua portuguesa.
"Falando de países de língua
portuguesa, têm um bom exemplo de Angola, que aumentou e está no
desenvolvimento médio", disse à agência de notícias Lusa Milorad
Kovacevic, chefe de estatística do relatório, na apresentação do documento em,
Nova Iorque.
"O impacto dos dados e da
frequência com que as estatísticas nacionais são atualizadas pelos países é
grande", considerou o especialista.
Ao obter os censos, "usaram
isso de forma esperta e sábia para melhorar as estatísticas que dizem respeito
a esperança de vida, educação e outros", destacou Kovacevic. Os novos
dados foram usados pelo PNUD para calcular de forma mais precisa o IDH angolano.
Os censos em Angola, em 2015, que
não existiam depois da independência em 1974, vieram melhorar as estatísticas
obtidas e mostrar que o país está em "muito melhor forma e em nível de
desenvolvimento melhor do que se acreditava anteriormente".
Por outro lado, o diretor do
PNUD, Achim Steiner, afirmou que um dos desafios no panorama angolano são as
políticas aplicadas e a distribuição dos rendimentos.
Num índice de perceção de
bem-estar, com valores de 0 a
10, a
população angolana obteve 3,8 pontos na escala de satisfação. Apenas 29% dos
angolanos se consideram satisfeitos com a qualidade dos cuidados de saúde
prestados. A nível de saúde, os angolanos têm uma esperança média de vida de
61,8 anos, enquanto Cabo Verde conta com uma esperança média de vida de 73
anos. A taxa de desemprego é de 8,2% e desde 2010, Angola tem sofrido uma
grande inflação nos preços, que aumentaram 2,81 vezes. A taxa de fertilidade é
de 5,6 filhos por mulher.
Entre os indicadores
socioeconómicos, as poupanças líquidas ajustadas são as segundas mais negativas
do mundo: menos 38,4% do Produto Interno Bruto, a maior taxa do mundo depois da
Libéria (de -39,3%), que é o oitavo país menos desenvolvido.
Cabo Verde aplica
rendimentos de forma eficaz
O PNUD considerou que Cabo Verde,
em 125.º lugar no índice de desenvolvimento humano, tem feito aplicação
positiva dos rendimentos nesta área e obtido melhores resultados do que outros
países lusófonos.O índice de desenvolvimento humano (IDH) em Cabo Verde é de 0,654,
que coloca o país na categoria de desenvolvimento "médio".
Com uma diferença no Produto
Interno Bruto (PIB) per capita não muito substancial, "Cabo Verde traduziu
o rendimento de forma mais eficaz em desenvolvimento humano do que
Angola", disse Achim Steiner à Lusa, em Nova Iorque. Com
um PIB per capita de 5.983 dólares, calculados em paridade de poder compra, os
rendimentos dos cabo-verdianos são baixos relativamente à média mundial (15.295
dólares).
A esperança média de vida em Cabo Verde é de 73 anos
(enquanto para Angola são 61,8 anos) e os anos esperados de escolaridade são
12,6.
Entre os países de língua
portuguesa, Cabo Verde, na categoria de desenvolvimento "médio", tem
a segunda maior taxa de homicídios: 11,5 pessoas em 100 mil são assassinadas.
São Tomé e Príncipe sobe no IDH
São Tomé e Príncipe subiu uma
posição e teve um índice de desenvolvimento humano de 0,589 em 2017, segundo o
relatório do PNUD. O país insular está na posição 143 de 189, com um
desenvolvimento considerado médio.
Para os cerca de 200 mil
habitantes, a esperança média de vida à nascença é de 66,8 anos e a
escolarização expectável é 12,5 anos, mas a população conclui uma média de 6,3
anos de escolaridade.
O PNUD destaca São Tomé e
Príncipe como um dos países em que os professores estão menos preparados para ensinar
às crianças. São Tomé e Príncipe é um dos quatro países do mundo em que menos
de 30% dos professores recebem treino e preparação (27%).
São Tomé e Príncipe apresentou
uma melhoria no Produto Interno Bruto de 1,6% entre 2016 e 2017, dando agora
3.053 dólares por habitante, um valor cinco vezes mais baixo do que a média
mundial, que é de 15.439 dólares com valor de paridade de poder de compra.
Agência Lusa, ar | em Deutsche Welle
Sem comentários:
Enviar um comentário