sábado, 15 de setembro de 2018

Portugal | Louçã avisa PS: "Confrontos políticos artificiais dão mau resultado"


Ex-líder bloquista considera que o PS "não gosta de negociar o Orçamento" e alerta para "consequências pesadas” nas relações políticos entre parceiros da Geringonça. Para Francisco Louçã, o PS “tem temido o resultado das sondagens” e, por isso, entrou num "jogo cínico de confrontos políticos artificiais" que pode dar "mau resultado".

Apolémica em torno da proposta da taxa para o imobiliária apresentada pela Bloco de Esquerda no último fim de semana, que acabou batizada por ‘taxa Robles’, agitou a semana política, com desmentidos e trocas de acusações entre bloquistas e socialistas.

Perante as declarações de Carlos César, que negou ter conhecimento, ao contrário do que disse o Bloco, da negociação entre bloquistas e Governo sobre a taxa ‘Robles’, Francisco Louçã considerou, no seu espaço de comentário semanal na SIC Notícias, que “durante esta semana, o Governo teve quatro versões diferentes” e que dentro do partido, “há vários partidos socialistas”.

O economista não tem dúvidas de que a taxa foi discutida e, por isso, sublinhou que “ninguém que esteve na reunião de julho veio desmentir a versão de Pedro Filipe Soares, e nunca o vai fazer porque ela é verdadeira”.

Para Louçã, quem esteve particularmente mal foi o presidente do PS e líder da bancada socialista, Carlos César, que deu início à polémica. Já em relação a António Costa, o ex-líder bloquista reconhece que o primeiro-ministro poderia não ter conhecimento da proposta, mas não deixa de notar a tentativa de desvalorização política da proposta bloquista. “O primeiro-ministro falou muito do alto da burra, para tentar esta mesma estratégia de desvalorização”, atirou.

Esta troca de galhardetes, na ótica de Louçã, “levanta, do ponto de vista das relações políticas, consequências pesadas” e mostra que “o PS não gosta de negociar o Orçamento”.

Quem saiu prejudicado, disse Louçã, foram as negociações, devido a três episódios de tensão entre bloquistas e socialistas, nomeadamente a “votação no Parlamento da renda das energias, aprovado com o voto do PS, mas que depois há um telefonema da embaixada da China e volta a haver votação para rejeitar aquilo que tinha sido aprovado”, o “caso das propostas sobre a precariedade que tinham sido discutidas com os parceiros de Esquerda e umas horas depois são apresentadas outras que criam grande entusiasmo entre as organizações patronais” e, por fim, o “desmentido falso” em torno das negociações da chamada ‘taxa Robles’.

No seu 'Tabú', o economista notou ainda a existência de uma “escolha estratégica” e de uma “escolha política”, uma vez que o PS “tem temido o resultado das sondagens”.

Nesse sentido, conclui Louçã, “fazer um jogo cínico de confrontos políticos artificiais só dá mau resultado” uma vez que a Esquerda “tem de votar maioritariamente, de conversar e discutir” e, considera o histórico bloquista, o PS “não conseguirá maioria absoluta nas próximas legislativas”, pelo que precisará dos parceiros da Geringonça para não ficar isolado.

Pedro Bastos Reis | Notícias ao Minuto | Foto: Bias Manuel

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