Ex-líder bloquista considera que
o PS "não gosta de negociar o Orçamento" e alerta para
"consequências pesadas” nas relações políticos entre parceiros da
Geringonça. Para Francisco Louçã, o PS “tem temido o resultado das sondagens”
e, por isso, entrou num "jogo cínico de confrontos políticos
artificiais" que pode dar "mau resultado".
Apolémica em torno da proposta da
taxa para o imobiliária apresentada pela Bloco de Esquerda no último fim de
semana, que acabou batizada por ‘taxa Robles’, agitou a semana política, com
desmentidos e trocas de acusações entre bloquistas e socialistas.
Perante as declarações de Carlos
César, que negou ter conhecimento, ao contrário do que disse o Bloco, da
negociação entre bloquistas e Governo sobre a taxa ‘Robles’, Francisco Louçã
considerou, no seu espaço de comentário semanal na SIC Notícias, que “durante
esta semana, o Governo teve quatro versões diferentes” e que dentro do partido,
“há vários partidos socialistas”.
O economista não tem dúvidas de
que a taxa foi discutida e, por isso, sublinhou que “ninguém que esteve na
reunião de julho veio desmentir a versão de Pedro Filipe Soares, e nunca o vai
fazer porque ela é verdadeira”.
Para Louçã, quem esteve
particularmente mal foi o presidente do PS e líder da bancada socialista,
Carlos César, que deu início à polémica. Já em relação a António Costa, o
ex-líder bloquista reconhece que o primeiro-ministro poderia não ter
conhecimento da proposta, mas não deixa de notar a tentativa de desvalorização
política da proposta bloquista. “O primeiro-ministro falou muito do alto
da burra, para tentar esta mesma estratégia de desvalorização”, atirou.
Esta troca de galhardetes, na
ótica de Louçã, “levanta, do ponto de vista das relações políticas,
consequências pesadas” e mostra que “o PS não gosta de negociar o Orçamento”.
Quem saiu prejudicado, disse
Louçã, foram as negociações, devido a três episódios de tensão entre bloquistas
e socialistas, nomeadamente a “votação no Parlamento da renda das energias,
aprovado com o voto do PS, mas que depois há um telefonema da embaixada da
China e volta a haver votação para rejeitar aquilo que tinha sido aprovado”, o “caso
das propostas sobre a precariedade que tinham sido discutidas com os
parceiros de Esquerda e umas horas depois são apresentadas outras que criam
grande entusiasmo entre as organizações patronais” e, por fim, o “desmentido
falso” em torno das negociações da chamada ‘taxa Robles’.
No seu 'Tabú', o economista
notou ainda a existência de uma “escolha estratégica” e de uma “escolha
política”, uma vez que o PS “tem temido o resultado das sondagens”.
Nesse sentido, conclui Louçã, “fazer
um jogo cínico de confrontos políticos artificiais só dá mau resultado” uma
vez que a Esquerda “tem de votar maioritariamente, de conversar e discutir” e,
considera o histórico bloquista, o PS “não conseguirá maioria absoluta nas
próximas legislativas”, pelo que precisará dos parceiros da Geringonça para não
ficar isolado.
Pedro Bastos Reis | Notícias ao
Minuto | Foto: Bias Manuel
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