< Artur Queiroz*, Luanda >
O 4 de Abril é muito mais do que uma data no calendário e os tempos que vivemos estão muito longe da rotina ou da espuma dos dias. Nos símbolos da pátria, o 4 de Abril ocupa um lugar de excepcional importância, porque é a data que marca a paz dos bravos, o fim de uma guerra de agressão estrangeira sem quartel e impiedosa, que dilacerou corpos e almas, porque decidimos seguir pelos caminhos da democracia e porque acreditamos na soberania do voto popular.
A paz está em primeiro lugar no elenco de valores que enformam a sociedade e que a todos nos mobilizam e obrigam. Sem paz, nada mais faz sentido, mais nenhum valor tem espaço vital para fazer o seu caminho ou ser cultivado pelas comunidades. Hoje os angolanos compreendem que o valor da paz está na base de todos os outros e só em paz podemos construir uma sociedade justa, equilibrada e próspera. O Presidente José Eduardo dos Santos foi o arquitecto da nossa Paz. Que ninguém e esqueça e muito menos os beneficiários do poder.
Hoje vamos a uma aldeia e encontramos escolas abertas, centros de saúde a funcionar, água potável a correr nas torneiras, energia eléctrica, estradas, mercados repletos de produtos do campo. Apesar da crise económica que se atravessa no caminho de todos os angolanos. E tendo consciência de que há um mundo por fazer.
Centenas de crianças, com as suas batas brancas, percorrem as ruas das nossas cidades vilas e aldeias. Nenhuma crise faz esquecer que antes do 4 de Abril, forças de agressão nacionais e estrangeiras destruíram escolas, hospitais, casas comerciais, barragens, estações de captação e tratamento de água.
Os campos onde hoje se cultivam toneladas de alimentos estavam armadilhados com minas. (Ainda há muita zona por desminar…) As estradas e picadas intransitáveis e também minadas. Milhões de angolanos tiveram de abandonar as suas casas, as suas lavras, as campas onde repousam os seus antepassados. Aas grandes cidades onde não chegou a guerra – e ela chegou a quase todas - transformaram-se em imensos campos de refugiados.Os problemas humanos criados pela guerra são tão profundos e tão graves que ainda hoje subsistem e são origem da crise. Porque destruir é muito fácil, mas construir é obra que exige a vontade e o esforço de gigantes.
Para destruir, basta um instante, uma explosão, um disparo, espírito antipatriótico, uma sanha assassina. Para construir é preciso amor à pátria, compreensão, força de vontade, solidariedade, inteligência e investimentos de valores fora do comum.
Os angolanos estão a construir um presente de paz. Um futuro de felicidade e prosperidade. Ainda que hoje tenhamos de enfrentar a crise económica nacional e internacional. O neoliberalismo reinante agrava as dificuldades dos mais pobres e desprotegidos.
Falta-nos Agostinho Neto lembrando que em primeiro lugar há que resolver os problemas do povo. Falta-nos José Eduardo dos Santos lembrando constantemente que o MPLA é um partido de esquerda. Faltam aqueles dirigentes que representam os esforços e a coragem de milhares de angolanos. É gritante a ausência daqueles que defenderam a integridade territorial e a soberania nacional. Estão ausentes e distantes os que impuseram, desde o primeiro minuto, soluções políticas, em detrimento de soluções militares, que implicavam a rendição das forças que decidiram enveredar pelo caminho da destruição do regime democrático e pôr em causa a soberania nacional.
Ao impor, em 2002, o primado da política sobre a força das armas, José Eduardo dos Santos criou condições para que a paz tivesse uma base sólida: A unidade e reconciliação nacional. A paz não se dá bem com o ódio e o ressentimento.
Forças políticas da oposição querem impor a razão da força à força da razão. Estamos a ver o ressurgimento de velhas alianças da traição mas sem os velhos mentores, Mobutu e Casa dos Brancos. FNLA e UNITA, 50 anos depois, voltam a unir esforços, desta vez contra as comemorações da Independência Nacional. Estão sempre prontos para destruir a Nação Angolana. Sabotar. Pôr pedregulhos na engrenagem.
A paz em Angola é jovem, mas a Juventude Angolana já sente os seus efeitos no dia-a-dia. O Ensino Superior está em todas as províncias e em muitos municípios, sobretudo os que sofrem com mais intensidade os problemas da interioridade. Basta percorrer Angola para compreendermos o que realmente foi feito quando conquistámos a Paz. Muito mudou e rapidamente.
Angola, contra ventos e marés, vai ser uma potência para os angolanos. E se for uma potência económica para nós, mais cedo ou mais tarde conquista o lugar que lhe cabe na comunidade internacional. Para já somos uma potência de paz e temos a dar ao mundo um comovente exemplo de unidade e reconciliação. Assim todas as forças políticas mereçam esta dádiva e respeitem sempre os compromissos com a paz.
* Jornalista
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