sábado, 8 de dezembro de 2018

Lucros do Greater Sunrise para Timor-Leste entre 28 e 54 MMUSD -- Timor Gap


Díli, 08 dez (Lusa) - Timor-Leste poderá ter lucros de entre 28 e 54 mil milhões de dólares com o desenvolvimento dos campos de Greater Sunrise, a maior fatia na fase upstream do projeto, segundo dois cenários apresentados hoje pela petrolífera Timor Gap.

O cenário "conservador" de 28 mil milhões de dólares em benefícios financeiros diretos e o "cenário Timor Gap" de 54 mil milhões de dólares, foram hoje apresentados pelo presidente da petrolífera timorense Timor Gap, Francisco Monteiro.

A variação entre os dois cenários deve-se a mudanças nas estimativas das reservas do Greater Sunrise e também nos valores das despesas com capital (CAPEX) e despesas operacionais (OPEX) associadas ao projeto, tanto na fase upstream como downstream.

Em projetos petrolíferos, o 'upstream' abrange as atividades de exploração, perfuração e produção e o 'downstream' as atividades de transporte, distribuição e comercialização.

Francisco Monteiro explicou que o desenvolvimento do Greater Sunrise, incluindo a produção de gás natural liquefeito (GNL) no sul do país criará mais de 38 mil postos de trabalho para timorenses com um impacto económico estimado de 58,4 mil milhões de dólares em Timor-Leste.

O investimento total da parte de Timor-Leste ascenderá a 10,5 mil milhões de dólares, dos quais 2,6 mil milhões de dólares no upstream e 7,9 mil milhões de dólares no downstream, dos quais pelo menos 20% - ou 2,1 mil milhões - serão capital próprio a investir pelo Estado até 2025.

Os restantes 80% poderiam provir de vários modelos incluindo investimento dos restantes membros do consórcio, através de financiamento de projeto (Project finance), empréstimos ou "financiamento EPC", que inclui um contrato de construção.

No cenário mais conservador de lucros, as contas da Timor Gap assentam na previsão de que o Greater Sunrise tem reservas de 4,6 triliões de pés cúbicos de gás e 226 milhões de barris de petróleo, valores que aumentam para 6,5 triliões de pés cúbicos de gás e 282 milhões de barris de petróleo no segundo cenário (nos dois casos a um preço de 62,5 dólares por barril).

As despesas de capital (CAPEX) no cenário conservador serão de 16,7 mil milhões (7,4 mil milhões no upstream e 9,3 mil milhões no downstream), caindo para 14,8 mil milhões (6,9 mil milhões no upstream e 7,9 mil milhões no downstream) no segundo cenário.

Os gastos OPEX serão, no mesmo cenário, de 281 milhões por ano no upstream e de 100 milhões por ano no downstream, caindo respetivamente para 143 e 86 milhões por ano no cenário mais otimista.

As contas, no cenário mais conservador, apontam a um lucro médio anual de dois mil milhões de dólares durante a vida do projeto, até 2052.

Entre os "benefícios sócio económicos", o projeto representará, na fase upstrem, uma injeção de 15 mil milhões em "custos de exploração, desenvolvimento e instalação e operações de manutenção" na economia, criando "amplas oportunidades de emprego", novas infraestruturas e impacto noutros setores da economia.

Somam-se a isso uma fatia dos gastos CAPEX e OPEX de quase 10 mil milhões na instalação do gasoduto, e vários "benefícios estratégicos", explicou.

"O grande investimento no downstrem tornará Timor-Leste num país que dá confiança aos investidores sobre o seu futuro, permitindo responder às necessidades nacionais de combustíveis e exportar 5% do gás para a Indonésia", disse.

A apresentação tem em conta o novo cenário para o Greater Sunrise: as fronteiras marítimas permanentes e a compra por Timor-Leste da participação maioritária (56,56%) no consórcio do projeto.

Essa maioria, explicou, permitirá a Timor-Leste "orientar a execução do projeto em termos de plano e calendário" - a construção começa em 2021 e a produção no final de 2025 -, bem como "orientar e decidir" sobre o conceito de desenvolvimento do recurso.

Na prática, a opção de construção de um gasoduto para Timor-Leste e de uma unidade de processamento de GNL na costa sul do país (projeto Tasi Mane) que acrescentará.

Um dos fatores novos da equação é a decisão de Timor-Leste ter acordado comprar as participações da ConocoPhillips e da Shell no consórcio do Greater Sunrise, respetivamente por 350 e 300 milhões de dólares.

Segundo a Timor Gap essa participação maioritária de 56,56% representará um aumento de pelo menos nove mil milhões de dólares nos rendimentos para o país, para um total de 25 mil milhões, explicou Frâncico Monteiro.

A este valor soma-se um lucro de 3,2 mil milhões de taxas e impostos na fase downstream com a opção de desenvolvimento em Timor-Leste.

Qualquer dos cenários mostra o aumento significativo de receitas com a opção seguida pelo Governo timorense.

O cenário base é o da delimitação das fronteiras permanentes, que representa para Timor-Leste o controlo sobre o recurso, que está 70% em águas timorenses e 30% em águas australianas, na zona leste da fronteira definitiva entre os dois países, ?fechada' com o novo tratado assinado a 06 de março último.

Isso garante, explicou que 70% dos rendimentos do upstream serão para Timor-Leste com "provisões de conteúdo local" adicionais, como questões de emprego, e recurso ao setor privado timorense para fornecimento de bens e serviços para o projeto.

ASP//MIM

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