quinta-feira, 5 de abril de 2018

SPORTING PERDE EM ESPANHA COM ATLÉTICO DE MADRID POR 2 - 0


BRUNO DE CARVALHO CRITICA VÁRIOS JOGADORES: «EM VEZ DE 11 FOMOS 9 E ISSO PAGA-SE CARO...»

Dos centrais a Coentrão e Bas Dost, presidente do Sporting não escondeu o desagrado

Bruno de Carvalho não escondeu o desagrado pela derrota (2-0) do Sporting em Madrid, diante do Atlético, mais concretamente as circunstâncias que levaram ao desaire, visando vários jogadores, nomeadamente a dupla de centrais (Coates e Mathieu) pelos erros cometidos nos golos colchoneros e ainda Coentrão e Bas Dost, amarelados e que vão falhar a segunda mão.

"O que queria ter visto: Uma equipa concentrada, com atitude e compromisso, defensivamente irrepreensível e com faro de golo. De 11 superarem-se e tornarem-se 22. O que vi:Uma equipa com atitude mas com uma defesa que não esteve concentrada. Coates e Mathieu a fazerem o que os avançados do Atlético não conseguiam. E o 2-0 a surgir sem nada terem feito para isso, a não ser (e não é pouco) marcarem. Gelson aos 32m isolado frente a Oblak, em vez de "fuzilar" para a esquerda, tenta colocar em jeito, mas sem força, para o lado direito perdendo um golo que já quase se gritava. De 11, em vez de 22 como queria, fomos 9, muitas vezes, e isso paga-se caro... Fábio e Bas Dost 'não quiseram jogar' em Alvalade, com faltas para amarelo que nunca poderiam ter feito", começou por dizer o presidente leonino no Facebook.

Falta de eficácia de Coates e Montero e "erros grosseiros" de internacionais

Bruno de Carvalho lamentou ainda a falta de eficácia dos comandados de Jorge Jesus: "Coates fica isolado e, sem foco e não estando concentrado, em vez de rematar faz um passe para Oblak. E, para terminar, Montero aos 92m desperdiçou um golo feito com um remate para o céu quando só se pedia um simples encosto", referiu, mantendo a confiança de que ainda é possível chegar às meias-finais.

"O Atlético não dominou mas venceu por 2-0. O Sporting CP demonstrou que tem equipa para fazer mais, mas não o fez. Agora, em vez de podermos resolver mais fácil em Alvalade, resta-nos sonhar com a reviravolta. É possível? É! Era necessário este resultado de hoje? Não! Viver um jogo de longe custa muito mais, mas ver erros grosseiros de jogadores internacionais e experientes ainda acrescenta mais ao sofrimento", atirou.

Crítica à arbitragem

A atuação do árbitro também mereceu críticas do presidente verde e branco: "Diego Costa a ser 'intocável', sendo que 'pediu' amarelo várias vezes mas não conseguiu, apesar de o merecer pelo esforço constante. Um livre não assinalado encostado à grande àrea por falta devido a corte com a mão do jogador do Atlético aos 83m. As mãos e a cara continuam a confundir os russos. Uma falta aos 87m pelas costas que devia ter dado cartão amarelo ao jogador do Atlético, sendo que isso evidenciou critérios disciplinares diferentes."

Record | Foto Lusa

BRASIL | Juiz ordena que Lula se entregue esta sexta-feira até às 17h


O juiz Sérgio Moro já determinou a data da prisão do ex-presidente, que foi condenado a prisão em duas instâncias.

O juiz Sérgio Moro ordenou que Lula da Silva se entregue esta sexta-feira à tarde para cumprir a pena no caso do triplex em Guarujá. O antigo presidente do Brasil foi condenado em duas instâncias a 12 anos de prisão.

"Relativamente ao condenado e ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, concedo-lhe a oportunidade de se apresentar voluntariamente à Polícia Federal em Curitiba até as17h do dia 6 de Abril de 2018, quando deverá ser cumprido o mandado de prisão", informou Moro, citado pelo "Globo".

Diogo Barreto | Sábado

Neutralidade colaborante conveniente no caso Skripal



Desde há umas semanas que se regista um litígio entre o Reino Unido e a Rússia por causa de um eventual envenenamento de um antigo espião russo, de nome Sergueï Skripal, em terras de Sua Majestade, com um produto muito neurotóxico.

Nada demais, até habitual este bate-bocas entre dois países da antiga «Guerra-fria» de concepções políticas e económicas diferente, não fosse, em princípio, esta dita guerra-fria parecia estar ultrapassada no tempo.

O problema é que a coisa ressecou entre os dois países com a acusação, pelo Reino Unido, de terem sido russos a envenenar o antigo espião num bar ou botequim e, com ele a sua filha e um polícia que os terá socorrido.

A Rússia e o governo do senhor Putin refutaram, liminarmente, as acusações e devolveu-as à Senhora Theresa May, líder do governo britânico, por serem de uma “desfaçatez inaudita, sem precedentes” e roçar o “banditismo”.

Bate-bocas normais e naturais, se…

Se o Reino Unido não tivesse expulsado diplomatas russos – leia-se, espiões, – como represália por Moscovo não ter assumido a origem do envenenamento e continuar a negá-lo; e se, como solidariedade, os países ocidentais, nomeadamente – porque ainda é Estado–membro – a União Europeia, e mais tarde, os EUA e a Austrália, procederam da mesma maneira, com a previsível retaliação, na mesma moeda – com ingleses já aconteceu –, por parte dos russos; ou seja, expulsão de diplomatas ocidentais.

Só que um país da União Europeia, e por acaso o mais velho aliado do Reino Unido, não seguiu essa linha e pensamento e atitude. Refiro-me a Portugal.

O MNE português Santos Silva – similar ao nosso MIREX – apesar de se solidarizar com os actos da UE e NATO – de que é Estado-membro fundador, e que também expulsou diplomatas russos –,não vê necessidade de o fazer, de imediato, ainda que não tire essa hipótese da equação. A única coisa que o MNE fez foi chamar o Embaixador português em Moscovo, a Lisboa, considerado pelo Ti Celito, como um constitui “um aviso” e “uma decisão forte por parte do Estado português”.

Também, se Portugal expulsasse algum diplomata russo e tivesse a retaliação similar, como ficaria a representação lusa nas terras frias de Moscovo. Segundo o que soube a representação portuguesa será composta por 3 diplomatas. Além disso, a já penalizada economia portuguesa pelas sanções que vigoram, contra a Rússia, por causa da Crimeia já é indício suficiente para a diplomacia portuguesa não ser seguidista de tudo o que lhe impõem, mesmo que seja os amigos a decidirem-no…

Ou seja, a ancien politique internationale portugaise mantêm-se em vigor. Não faz igual, apoia os amigos, mas não ostraciza os “inimigos”. É a conhecida política de

«neutralidade colaborante» criada no tempo de Oliveira Salazar, pela II Guerra Mundial.

Dirão os leitores, e com alguma razão, o que tem isto a ver com Angola e os angolanos? Tudo…

Quando foi da Guerra-fria entre Soviéticos/Russos e o Ocidente, os bate-papos entre eles, situava-se somente ao nível da confrontação oral ou de expulsão de espiões; mas, onde eram, de facto, os palcos de confronto político-militar? Médio Oriente, América Latina e África!

E nós bem que devemos recordar o quanto sofremos com esse confronto entre russos e norte-americanos! Quantas armas não foram testadas nas nossas estepes e anharas? E quantos de nós não morreram por causa dessas “experiências”. Quantas vezes não fomos meros peões descartáveis nos tabuleiros de xadrez e damas nas mãos daqueles dois players?…

Até agora a nossa diplomacia tem estado queda e calada. Hipoteticamente, segue os ensinamentos da diplomacia lusa; ou seja, optamos por uma neutralidade colaborante entre quem sempre apoiou Angola – leia-se, o partido no poder, – e quem é um dos principais parceiros económicos, o Ocidente – não só como importadores e exportadores, mas também como suportes de divisas, onde a China não mostra ser.

Acresce que, afinal, e segundo notícias ora divulgadas pelo britânico The Guardian, Skripal e a filha não terão sido envenenados num bar, mas em casa.

Ora, sem querer defender o novo Czar da Rússia e o seu Governo, isto poderá levantar duas e legítimas dúvidas:

Será que foram envenenado por terceiros, ou terá sido o espião que se envenenou – segundo li há dias a neurotoxina que os envenenou foi realmente criada por cientistas russos, mas nos meados da década de 70 do século XX; por isso, é legítimo pensar que ele poderia tê–la em casa e a ter mal utilizado, por defeito ou por mal acondicionamento, devido ao tempo de idade da neurotoxina;

Ou, será que, por hipótese – a política, por vezes, não olha a meios para atingir os fins –, mesmo sabendo desta situação a senhora May quis aproveitar do facto de estar sobre pressão política, por causa do Brexit, para desviar atenções políticas dos parceiros da UE, e internas? Rebuscada, mas legítima esta suposição e que Putin poderá já ter se aproveitado.

Como um diplomata germânico afirmou há dias, Putin deve estar a rir-se disto tudo…

Não esqueçamos que as verdadeiras Relações Internacionais são meios de guerra, sem verter gotas de sangue…

Por isso, é de bom tom seguir a ancien diplomacia portuguesa de “neutralidade colaborante” e adoptar como base diplomática as Relações Internacionais. É, porque macaco velho…

*Investigador do Centro de Estudos Internacionais do ISCTE-IUL(CEI-IUL) e Pós-Doutorando da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Agostinho Neto**

** Todos os textos por mim escritos só me responsabilizam a mim e não às entidades a que estou agregado


*Eugénio Costa Almeida – Pululu - Página de um lusofónico angolano-português, licenciado e mestre em Relações Internacionais e Doutorado em Ciências Sociais - ramo Relações Internacionais - nele poderão aceder a ensaios académicos e artigos de opinião, relacionados com a actividade académica, social e associativa.

Depois do caso Skripal 'governo britânico provavelmente está com dias contados' - opinião


"Nem a diplomacia nem a política se fazem dessa maneira", comenta um representante especial do presidente russo sobre o comportamento de Londres em torno do caso Skripal.

O desenvolvimento da situação em torno do caso Skripal dá motivos para pensar que o governo atual do Reino Unido corre o risco de não atingir o fim do seu mandato, opina o representante especial do presidente da Rússia, Vladimir Putin, para assuntos de cooperação internacional no âmbito da segurança informática, Andrei Krutskikh.

"Em minha opinião, o último desenrolar dos acontecimentos no caso Skripal significa que o governo britânico provavelmente está com os dias contados, porque nem a diplomacia nem a política se conduzem dessa maneira", afirmou Krutskikh durante um discurso no clube Valdai realizado em Moscou.

Ao mesmo tempo, Aleksandr Lukashevich, representante permanente de Moscou na OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa), afirmou que agora Londres deve pedir desculpas à Rússia por suas acusações infundadas quanto ao envenenamento do ex-agente russo, Sergei Skripal.

"Estou seguro que eles [Reino Unido] têm que pedir desculpas. Porque agora as versões não correspondem com o que a primeira-ministra Theresa May e [o ministro do Exterior] Boris Johnson, declararam no Parlamento, e muitas pessoas entendem que se trata de uma provocação em grande escala pela qual terá que responder".

Anteriormente, o jornal The Times escreveu que a inteligência britânica determinou a localização do laboratório russo onde alegadamente foi produzido o agente nervoso A-234 (também conhecido como "Novichok"), usado para envenenar o ex-agente russo Sergei Skripal e sua filha Yulia Skripal.

Sputnik | AP Photo/ Toby Melville/PA

FACEBOOK | Zuckerberg nega pressão para deixar o cargo


Apesar de escândalo de vazamento de dados de usuários do Facebook, fundador da rede social diz que ainda é a melhor opção para liderar a empresa, e que o importante é aprender com os erros.

Após o Facebook admitir que dados de 87 milhões de seus usuários foram compartilhados de modo inadequado com a empresa de consultoria Cambridge Analytica, o presidente da rede social, Mark Zuckerberg, se viu obrigado a fazer um novo pedido de desculpas aos usuários, admitindo os erros cometidos e prometendo não repeti-los.

Durante uma teleconferência nesta quarta-feira (04/04), Zuckerberg afirmou à imprensa que não estava ciente de discussões no conselho da empresa sobre sua saída do comando do grupo.

Ele disse que assume a culpa pelo vazamento de dados, que gerou revolta entre usuários, anunciantes e políticos, mas reafirmou que ainda é a pessoa certa para liderar a companhia que ele mesmo fundou.

Zuckerberg não pode ser simplesmente demitido da empresa, uma vez que ele é o acionista majoritário. A única maneira de ele deixar o comando da rede social seria através da renúncia.

Segundo Zuckerberg, sua empresa não percebeu "nenhum impacto significativo" na utilização da rede social ou nas vendas de anúncios desde o início do escândalo. Ele, porém, acrescentou que "não é bom" que os usuários se sintam infelizes com a plataforma.

"Quando se cria algo como o Facebook, algo sem precedentes no mundo, é claro que erros serão cometidos", afirmou, acrescentando que o mais importante é aprender com esses erros.

Ele disse que não demitiu ninguém em razão do escândalo, e tampouco planeja fazê-lo. "Não penso em jogar ninguém na fogueira por causa dos erros que cometemos aqui", afirmou.

Zuckerberg, porém, conclui que sua empresa deveria ter feito mais para avaliar e supervisionar desenvolvedores de aplicativos como os contratados pela Cambridge Analytica em 2014.

"Sabendo o que sei hoje, é claro que deveríamos ter feito mais", avaliou o fundador do Facebook. "Estamos ampliando nossa perspectiva sobre nossa responsabilidade."

Zuckerber de saída?

Em março relatos na imprensa americana e britânica revelaram que a Cambridge Analytica tinha acessado dados de 50 milhões de usuários do Facebook no desenvolvimento de técnicas para beneficiar a campanha eleitoral do presidente Donald Trump em 2016.

Mais tarde, o Facebook confirmaria que o vazamento foi maior do que o calculado inicialmente, atingindo 87 milhões de usuários, na maioria, nos Estados Unidos.

O escândalo transformou o Facebook em alvo de investigações de autoridades reguladoras e promotores públicos nos EUA e em outros países, que convocaram Zuckerberg para se explicar.

O fundador da rede social irá ao Congresso americano no próximo dia 11 de abril, onde responderá às perguntas dos membros do Comitê de Energia e Comércio da Câmara dos Representantes sobre o "uso e a proteção dos dados dos usuários da companhia", segundo indicou o comitê em comunicado.

A revista Wired, uma das principais publicações do setor tecnológico, afirma que a renúncia de Zuckerberg abriria a possibilidade de um segundo capítulo para ele e para a empresa, afirmado que poderia até recuperar a reputação da rede social e "trazer benefícios ao planeta como um todo".

"A renúncia de Zuckerberg apertaria o botão de 'reset' no Facebook", afirmou a revista.

RC/rtr/ots | Deutsche Welle

CATALUNHA | Justiça alemã deixa Puigdemont em liberdade e descarta crime de rebelião


Ex-presidente da Generalitat tem de pagar fiança de 75 mil euros. Se for entregue a Espanha será apenas pelo crime de peculato.

A Audiência Territorial de Schleswig-Holstein, no norte da Alemanha, descartou esta tarde o crime de rebelião do pedido de extradição apresentado por Espanha pelo ex-presidente da Generalitat Carles Puigdemont. O líder catalão foi ainda libertado pela justiça alemã sob uma fiança de 75 mil euros, enquanto estuda se o entrega ou não às autoridades espanholas pelo crime de peculato.

Em comunicado, a Audiência Territorial de Schleswig-Holstein afirma não acreditar que Puigdemont corra o risco de perseguição política em Espanha. Explica ainda que "motivos jurídicos" não pode aceitar a extradição por rebelião como esta é descrita no Código Penal espanhol pois "os atos de que o acusam não seriam puníveis na Alemanha segundo a legislação aqui vigente". O crime equiparável na Alemanha seria o de "alta traição", mas mesmo este não pode aplicar-se a Puigdemont pois não cumpre o requisito da "violência".

Entretanto, em Bruxelas, os ex-conselheiros Meritxel Serret, Toni Comín e Lluís Puig começaram hoje a prestar declarações a juiz, que terá de decidir se os mantém em liberdade ou impõe outras medidas de coação, enquanto estuda também o mandado de detenção europeu acionado por Espanha.

Ana Meireles | Diário de Notícias

A uberização económica: nova forma de servidão


Chris Hedges [*]

Um motorista de táxi de Nova Iorque de 65 anos, de Queens, Nicanor Ochisor, enforcou-se na sua garagem em 16 de março, dizendo, numa nota que nos deixou, que empresas como a Uber e a Lyft haviam tornado impossível ganhar o suficiente para viver. Foi o quarto suicídio de um motorista de táxi em Nova Iorque nos últimos quatro meses, incluindo em 5 de fevereiro, o motorista de carros de aluguer, Douglas Schifter, de 61 anos, que se suicidou com uma espingarda no exterior da municipalidade. 

Escreveu Schifter: "Devido ao enorme número de carros disponíveis com taxistas desesperados tentando alimentar suas famílias, as tarifas vão sendo cada vez mais esmagadas, abaixo dos custos operacionais, forçando profissionais a sair do negócio. Eles contam o dinheiro deles e nós somos expulsos das ruas em que conduzíamos, tornando-nos sem abrigo e com fome. Não serei um escravo a trabalhar por uns míseros trocos. Prefiro estar morto". Dizia ainda que durante os últimos 14 anos havia trabalhado 100 a 120 horas por semana.

Schifter e Ochisor foram dois dos milhões de vítimas da nova economia. O chamado "corporate capitalism"está a instituir uma servidão de neo-feudal em muitas profissões, criando uma condição na qual não há leis laborais, nem salário mínimo, nem benefícios, nem segurança no trabalho, nem regulamentação. Trabalhadores pobres e desesperados são obrigados a suportar 16 horas por dia e são violentamente atirados uns contra os outros.

Os motoristas da Uber fazem cerca de 13,25 dólares por hora. Em cidades como Detroit, este valor cai para8,77 dólares . Travis Kalanick, o antigo CEO da Uber e um dos fundadores, tem um património líquido de 4,8 mil milhões de dólares. Logan Green, o CEO da Lyft, tem um património líquido de 300 milhões de dólares.

As elites empresariais tomaram o controlo das instituições de decisão incluindo o governo, destruíram os sindicatos, estão a restabelecer as condições de trabalho desumanas que caracterizaram o século XIX e o início do século XX. Quando os trabalhadores da General Motors realizaram uma greve de 44 dias em 1936, muitos estavam a viver em barracas que não tinham aquecimento nem água canalizada; Poderiam ser postos em casa durante semanas sem compensação, não tinham benefícios médicos ou reforma e muitas vezes eram despedidos sem explicação. Quando completavam 40 anos o seu contrato podia ser rescindido. O salário médio era de cerca de 900 dólares por ano numa altura em que o governo determinou que uma família de quatro pessoas precisava de um mínimo de 1 600 dólares para viver acima da linha da pobreza.

Os administradores da General Motors implacavelmente perseguiam os activistas sindicais. A empresa gastou 839 mil dólares em 1934 com detectives para espiar os activistas sindicais e infiltrarem-se em reuniões do Sindicato. A GM encarregou o grupo terrorista branco Black Legion – do qual o chefe de polícia de Detroit era suspeito ser membro – de ameaçar e atacar fisicamente activistas sindicais e assassinar os dirigentes, como George Marchuk e John Bielak, ambos mortos a tiro.

O reinado da classe capitalista todo-poderosa está de volta com uma vingança. As condições de trabalho de trabalho de homens e mulheres são empurradas para trás, não irão melhorar até que se recupere a militância e se reconstruam as organizações populares que tomem poder aos capitalistas. Existem cerca de 13 mil táxis licenciados na Cidade de Nova York e 40 mil carros para aluguer e limusines. Os motoristas deveriam, como os agricultores fizeram em 2015 com tractores em Paris , fechar o centro da cidade. E os taxistas de outras cidades deverim fazer o mesmo. Esta é a única linguagem que os nossos mestres corporativos entendem

Os capitalistas que estão no governo são tão cruéis como eram no passado. Nada irrita tanto os ricos como ter de partilhar uma fracção da sua obscena riqueza. Consumidos pela ganância, tornados insensíveis ao sofrimento humano por uma vida de hedonismo e extravagância, desprovidos de empatia, incapazes de autocrítica ou auto-sacrifício, rodeados de sicofantas e aduladores para satisfazerem os seus desejos, apetites e exigências. Capazes de usar a sua riqueza para ignorar a lei e destruir os críticos e adversários, eles estão entre o que há de mais repugnante na espécie humana. Não nos deixemos enganar pelas campanhas dos hábeis relações públicas das elites – vemos Mark Zuckerberg, cujo património líquido é de 64,1 mil milhões de dólares, montando uma propaganda massiva contra as acusações de que recaem sobre ele e o Facebook de explorar e vender as nossas informações pessoais – ou pela bajulação das novas celebridades nos media, que actuam como cortesãos e apologistas dos oligarcas. Esses indivíduos são o inimigo.

Ochisor, um imigrante romeno, possuía uma insígnia de táxi de Nova Iorque (estas insígnias eram em tempos cobiçadas, dado que motoristas de táxi que as possuam podem arrendar os seus próprios táxis a outros motoristas). Ochisor conduzia no turno da noite, durante 10 a 12 horas. Sua esposa dirigia o turno do dia. Mas depois a Uber e a Lyft inundaram a cidade com carros, mal pagando aos motoristas. Há cerca de três anos, o casal passou a dificilmente poder compensar as despesas. A casa do Ochisor estava prestes ir para execução de hipoteca. A sua insígnia taxista, que em tempos valia a 1,1 milhão de dólares, havia caído para 180 mil dólares. A queda dramática desse valor, que ele esperava poder arrendar por 3 000 dólares por mês, ou vender para financiar sua reforma, liquidou a sua segurança económica. Enfrentava a pobreza e a ruína financeira. E não estava sozinho.

Os arquitectos corporativos da nova economia capitalista não têm intenção de parar o ataque. A sua intenção é transformar todos os trabalhadores em temporários, presos na humilhante armadilha de trabalho com baixos salários, em part-time, em sectores de serviços, sem segurança de emprego e sem benefícios, uma realidade que eles consolidam inventando novas expressões como "the gig economy", "a economia espectáculo".

John McDonagh começou a conduzir um táxi em Nova Iorque há 40 anos. Ele, como a maioria dos taxistas, trabalhava com garagens possuídas e operadas por empresas. Ele era pago com uma percentagem do que ganhava a cada noite.

"[Então] podia-se ganhar a vida", disse-me ele. "Todos compartilharam o encargo. A garagem partilhava-o. O motorista partilhava. Se tivesse uma noite boa, a garagem ganhava dinheiro. Se tivesse uma noite ruim, era partilhada. Isto não é mais assim. Agora está-se a utilizar carros em leasing".

O leasing financeiro exige que um motorista pague 120 dólares por dia pelo carro e 30 pelo combustível. Os motoristas começam um turno com 150 dólares de dívida. Por causa da Uber, Lyft e outros apps emsmartphones, os rendimentos dos motoristas foram cortados para metade em muitos casos. Motoristas de táxi podem terminar seus turnos de 12 horas devendo dinheiro. Os motoristas estão a enfrentar falências, execuções de hipotecas e despejos. Alguns estão na condição de sem abrigo.

"A TLC [New York City Transportation and Limousine Commission] queria limitar os taxistas yellow cab a 12 horas de trabalho por dia", disse ele, referindo-se aos motoristas de táxi com insígnias taxistas que podem receber passageiros em qualquer lugar nos cinco distritos. "Houve um protesto. Motoristas de táxi protestaram porque tinham de trabalhar 16 horas por dia para sobreviverem. Foi tudo cortado. Todos estavam a lutar por serviços extra. Estava-se num semáforo com dois ou três táxis. Via-se alguém na rua com bagagem e ultrapassava-se no vermelho para chegar até ele. Porque isso poderia ser uma corrida para o aeroporto. Estava a arriscar a própria vida, arriscando a receber multas, ao fazer coisas que nunca se faziam antes".

Não temos quaisquer cuidados de saúde", disse. "Sentados essas 12 a 16 horas por dia, está-se a contrair diabetes. Não há nenhuma circulação de sangue. Engorda-se e depois há o stress adicional por não se estar a ganhar qualquer dinheiro".

A Uber e a Lyft em 2016 tinham 370 lobistas activos em 44 Estados, superando alguns dos maiores executivos e empresas de tecnologia de acordo com o National Employment Law Project. "O total de lobistas da Uber e da Lyft superou a Amazon, Microsoft e Walmart juntos". As duas empresas, como muitas empresas de lóbi, contrataram também os reguladores do governo anterior. O ex-chefe da Comissão New York City Taxi and Limousines , por exemplo, está agora na administração da Uber. As empresas têm usado o seu dinheiro e os seus lobistas, a maioria dos quais são membros do Partido Democrata, para se libertarem da regulamentação e supervisão impostas à indústria do táxi. As empresas que usam apps inundaram a cidade de Nova York com cerca de 100 mil carros não regulamentados nos últimos dois anos.

"O táxi tem de ser de uma determinada marca" disse McDonagh. "É um Nissan. [ a Nissan ganhou a licitaçãopara o fornecimento de táxis da cidade]. Cada táxi tem que cobrar um determinado preço. Quando baixa, é regulado pela cidade. Acrescentaram uma série de impostos extras, para o agente de tranferência de mensagens (MTA) e para cadeiras de rodas [metade dos táxis amarelos são obrigados a dar-lhes acesso até 2020] e um imposto de hora de ponta .

A Uber entra. Não há regulamentos para nada. Eles podem escolher o tipo de carro que quiserem. Qualquer cor de carro. Podem alterar os preços. Quando o serviço é lento podem baixa-los e quando estão com mais movimento podem aumentá-los. Pode ser duas ou três vezes, ao passo que os táxis amarelos usam a mesma tarifa o tempo todo. Ir ao aeroporto Kennedy a partir de Manhattan são 52 dólares, não importa como esteja o trânsito, não importa quantas horas leva para chegar lá. A Uber irá aumentar os seus preços duas ou três vezes e o cliente pode ter que pagar 100 dólares para chegar ao aeroporto Kennedy. Enquanto a indústria de táxis é regulamentada quase até à exaustão. A Uber vem com a nova tecnologia, descobrindo maneiras diferentes de como fazer dinheiro... É o fim para os táxis amarelos".

McDonagh diz que "A Uber é um leasing de carros". "Eles dispõem de concessionárias de carros que os vendem. E anunciam como. "Ouça, você pode ter mau crédito. Venha para a Uber. Vai ter dinheiro ou um empréstimo para comprar um carro". E o que eles fazem é pegar directamente no dinheiro que o motorista faz a cada dia para pagar o empréstimo. Eles é que não podem perder. E se ficar abaixo do estipulado, eles vão vender o carro para a concessionária e depois torna-lo a vender para o motorista imigrante seguinte. Há todo um golpe em andamento".

"Você não tem a visão do mundo de um taxista", disse McDonagh. "Mas há aquele famoso termo "a corrida para o fundo". Você trabalha mais horas por menos salário. Esta é a nova economia do trabalho. Alguém vai usar um Uber para ir para um Airbnb e pegar no telefone para encomendar alguma coisa da Amazon e comer na sua casa. Todas essas lojas vão agora desaparecer. Dos empregados das lojas aos taxistas. Sinto-me como se fosse um ferreiro ou um compositor tipográfico num jornal a tentar explicar-lhe o que costumava ser a indústria de táxis. Estamos a tornar-nos obsoletos".

"O pessoal está dormindo no táxi", disse McDonagh. "Eles vão para o aeroporto Kennedy às 2 ou 3 da manhã. Vão para a fila e dormem até conseguir um passageiro do primeiro voo que virá da Califórnia algumas horas mais tarde. Tem gente que não quer ir a casa durante uns dias. Ficam na rua a rondar para tentar ganhar dinheiro. É perigoso para o passageiro. A quantidade de acidentes vai subir porque os taxistas ficam sonolentos".

McDonagh disse que os carros da Uber e da Lyft deviam ser regulamentados. Todos os carros devem ter taxímetros para garantir uma remuneração adequada para os motoristas. E os motoristas devem ter cuidados de saúde e benefícios. Nada disso vai acontecer, enquanto vivermos sob um sistema de governo onde as nossas elites políticas dependem de contribuições de campanha das empresas e aqueles que deviam regulamentar a indústria olham para essas empresas como o seu futuro emprego.

"Temos que limitar a quantidade de táxis, especialmente aqui na Cidade de Nova York," disse McDonagh. "Fizemos isto na indústria de táxis durante 50 anos, por que não podemos fazer isso agora com a Uber? Estão a acrescentar 100 carros por semana pelas ruas de Nova Iorque. Isto é a loucura. Quando se chama um Uber, a maior queixa que as pessoas têm agora é: "o carro aparece aqui demasiado rápido, em dois ou três minutos. Não consigo nem me vestir. ... Estão a rodar vazios por toda a cidade, esperando por uma chamada".

"Os cavalos do Central Park estão regulamentados", salientou. "Há 150. Eles têm uma boa vida, os cocheiros, os cavalos e as charretes. Chega a Uber e diz: "nós queremos trazer a Uber aos cavalos. E queremos adicionar 100 mil". Vamos ver como o mercado vai lidar com isso. Sabemos o que vai acontecer. Ninguém vai ganhar dinheiro. Eles tomam todo o Central Park. E agora ninguém pode ir a nenhum lugar porque existem 100 mil cavalos no Central Park. Seria considerado loucura fazer isso. Eles não fariam isso. Quando se trata de indústria de táxis, tudo o que podia haver durante 50 anos eram 13 mil táxis mas dentro de um ano ou dois vamos ter mais 100 mil. Vamos ver como funciona o mercado assim! Sabemos como funciona o mercado".

"Eles [os cavalos] trabalham menos horas [do que os motoristas de táxi]", disse ele. "Os cavalos não trabalham com temperaturas muito quentes ou muito frias. Se você acredita em reencarnação, deve reencarnar como um cavalo do Central Park. E eles vivem no West Side de Manhattan. Nós vivemos em caves em Brooklyn e Queens. Não melhorámos o nosso nível de vida, isso é certo."

Ver também: 
  Sector do táxi: PS/PSD/CDS cedem – mais uma vez – aos interesses das multinacionais

[*] Foi correspondente na América Central, Oriente Médio, África e nos Balcãs. Trabalhou para The Christian Science Monitor, National Public Radio, The Dallas Morning News e The New York Times. 

O original encontra-se em Truth Dig e em www.informationclearinghouse.info/49082.htm 

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ 

PORTUGAL | É a Cultura, estúpido!


Pedro Ivo Carvalho | Jornal de Notícias | opinião

Traçar a política cultural de máquina calculadora em riste é uma fatalidade de que não nos livramos, mas é uma necessidade de que não podemos abdicar. Do justo equilíbrio destes conceitos devia nascer uma estratégia nacional de longo prazo. Infelizmente, o debate da Cultura em Portugal está inquinado há demasiado tempo pelo peso orçamental que uns acham que ela devia ter e pelo peso orçamental e político que ela efetivamente tem. Como no teatro, ora trágico, ora cómico.

O que se passou, então, para que um Governo de esquerda que prometera abrir de novo as portas do Olimpo à Cultura esteja na linha de tiro dos agentes do setor, alguns chocados, outros indignados, alguns - muitos - desesperados como nem nos tempos de magreza da troika os víramos? Olhando para as múltiplas sensibilidades (de género artístico, de geografia e de empatia e proximidade políticas), eu diria que estamos, sobretudo, perante um problema de inabilidade política num contexto de alargada contenção orçamental.

A criação de regras mais apertadas no acesso aos subsídios públicos não deve ser diabolizada pelos agentes culturais nem impeditiva dos seus projetos. O Estado não pode abdicar do zelo a que está obrigado na gestão do dinheiro dos contribuintes apenas porque em causa está a criação artística. Mas não deve, por outro lado, querer que a subjetividade e incerteza naturais à programação cultural possam estar sujeitas à mesma lógica da construção de uma ponte ou de uma estrada.

Lamentavelmente, o país que resulta deste debate é o mesmo que nos assalta a consciência em tantas outras películas de série B. Para Lisboa tudo, para o resto do país o que for possível. Fez muito bem, por isso, Rui Moreira em chamar os bois pelos nomes e unir a região no mesmo palco da contestação, onde avultam, entre outros, alguns dos "esquecidos" pelo desvelo da capital, como o TEP, a Seiva Trupe e o FITEI. Se a solução passa pelo lançamento de um novo concurso ou pela criação de júris regionais não sei, mas as aberrações denunciadas pelo autarca do Porto certamente que merecem reflexão, por estarem a ser colocadas no mesmo patamar de concorrência estruturas de programação, unidades de criação e festivais, e por se permitir que projetos municipais, "sob a capa de associações e cooperativas, concorram com as entidades independentes".

Neste tricô orçamental há que discriminar ainda mais positivamente os territórios sem microfone. Não é aceitável, por exemplo, que as companhias de teatro de Évora e Coimbra estejam quatro anos sem apoios públicos. Porque em muitas destas latitudes do abandono, a Cultura, seja no teatro, na dança ou na música, é uma das bases fundamentais da ideia de comunidade. É aqui, fundamentalmente, que o Estado tem de estar em palco. De livro de cheques na mão.

* Subdiretor do JN

HOJE | Atlético de Madrid x Sporting: combater a sina contra a muralha


O Sporting nunca venceu em Espanha e esta quinta-feira enfrenta uma defesa que não sofre golos em casa há oito jogos.

O Sporting defronta esta quinta-feira, nos quartos de final da Liga Europa, o Atlético de Madrid no Wanda Metropolitano, onde a equipa da casa ainda só sofreu nove golos em 23 partidas. Aliás, os colchoneros, conhecidos pela sua eficácia defensiva, ergueram uma muralha e estão numa série já com oito partidas seguidas em casa sem encaixar qualquer golo, desde 20 de janeiro, ciclo que os leões pretendem contrariar... mas o histórico não é animador.

Em 15 embates fora com formações de Espanha, o melhor que o Sporting obteve foram três empates, o último precisamente contra o Atlético de Madrid (0-0, em 2009/10).

Jorge Jesus costuma referir que independentemente dos resultados que obtém nos jogos europeus longe de casa, é comum conseguir marcar, algo que facilita muito as qualificações quando se trata de eliminatórias. Ao longo da carreira, JJ orientou cinco equipas em provas europeias, num total de 61 deslocações. Dessas visitas, só em 19 as suas equipas ficaram em branco (marcaram, portanto, em 68,8% dos jogos fora). Contabilizando apenas jogos de eliminatórias, excluindo as fases de grupos, apenas em cinco de 32 não viu os seus comandados festejarem qualquer golo. Não marcar fora é meio caminho para não seguir em frente, mas curiosamente, o acesso do técnico às duas finais europeias da sua carreira, em 2012/13 e 13/14, na Liga Europa, foi conseguido sem marcar nas meias-finais em casa de Fenerbahçe e Juventus, respetivamente.

Já o Sporting, esta época, só ficou em branco em quatro ocasiões (contra Braga, Estoril, FC Porto e Barcelona); soma 24 deslocações (13 vitórias, quatro empates e sete derrotas) e marcou 44 golos, à média de 1,8 por jogo.

Rafael Toucedo | O Jogo | Foto: Álvaro Isidoro/Global Imagens

Fanatismo | HÁ PONTAPÉS DE BICICLETA DAQUELES A PONTAPÉS. PESQUISEM

R. Madrid x Bétis 2014 | Pontapé acrobatico que deu assistência para o golo de Morata | Foto: As
Lindo… Mas há mais daqueles…

Este não é o pontapé de bicicleta porque parece que Portugal se governa, respira e passa fome. Não. Talvez mereçam esclarecimento e rebuscar fotos antigas com jogadores no ar a dar pontapés de bicicleta. Existem muitos. Claro que as fotos podem ser a preto e branco, mas também haverá a cores. Muitas. O que é que se passa com esta gente carente que diz que viu uma senhora em Fátima e também vê o que tantos não vêem nada de outro planeta. A senhora de Fátima nunca mais apareceu (se é que apareceu) porque ficou aborrecida com o alarido, desapareceu. Qualquer dia é o Ronaldo que se aborrece com tantos exageros. Até um narcisista acaba por se aborrecer com tanta adulação.

Ronaldo e mais Ronaldo. Até o próprio visado deve estar tonto por tanto alarim devido ao pontapé de bicicleta que marcou à Juventus. Mas Ronaldo sabe que há imagens com montes de pontapés de bicicleta daqueles, dele e de muitos outros jogadores. A diferença, talvez, é que muitos desses não entraram na baliza, além de o Cristiano ter uma certa elegância em campo, com e sem a bola. Foi lindo, mas há mais daqueles por aí, em fotos e em vídeos, ou filmes. Como queiram.

Evidentemente que para os exagerados e aduladores alienados, este memo de que há mais como aquele pontapé de Ronaldo (mais coisa menos coisa) vai cair mal. Paciência. É uma questão de irem pesquisar os pontapés de bicicleta desde os primórdios. Ponto e adiante.

Bom dia. Usufra de uma belíssima quinta-feira, 5 de Abril. Ponto final. Pois. (MM | PG)

Bom dia este é o seu Expresso Curto

Eu bem sei de que planeta vieste, Ronaldo

Pedro Candeias | Expresso

Julgo não chegar atrasado à discussão Cristiano Ronaldo, porque o tempo mediático, que agora tem a duração de um fósforo em combustão, ainda está congelado nas 21h04 de terça-feira. Pois que, além de marcar golos que desafiam a biomecânica na idade de Cristo, Ronaldo também faz isso: pára o relógio enquanto levita no ar como um faquir musculado a enganar a gravidade, de costas para a baliza e com o pé direito misticamente apontado ao céu. [A propósito deste pulo o, Diogo Pombo, na Tribuna Expresso, faz-lhe uma descrição melhor do lance épico, num texto que começa numa bicicleta e acaba no Olimpo].

Hoje, à hora que escrevo, os telejornais da noite referem o 2-0 à Juventus, tal como os da tarde e os da manhã tinham arrancado com o 2-0 à Juventus; os jornais impressos, todos os jornais impressos de quase todo o lado, arrisco, deram destaque de primeira página ao 2-0 à Juventus; nas rádios também não se falou de outra coisa que não o 2-0 à Juventus e, nos lugares da internet, o 2-0 à Juventus fez manchetes virtuais a granel.

Às tantas, o 2-0 ganhou vida, como um organismo. Primeiro, alimentou-se a si próprio, através do que se foi dizendo dele,de Buffon a Allegri, de Zidane a Marcelo, o único equiparável a Ronaldo ao nível do super-heroísmo, dada a sua ubiquidade. Depois, o 2-0 adaptou-se aos suportes por onde foi crescendo, no papel, ondas hertzianas, fibras óticas, algoritmos ou em tokens. E o 2-0, enfim, reproduziu-se abundantemente na forma dos-melhores-golos-da-história, de sicrano a beltrano, numa lista onde constavam Pelé, Ronaldinho, Rivaldo, van Basten e Zlatan Ibrahimovic. Que disse que o golo era bom, mas Ronaldo que experimentasse fazer o mesmo a 40 metros da baliza, para ver o que era realmente bom [relembre-o aqui].

Zlatan gosta de números e eu também, e por isso ofereço-lhe estes: Ronaldo tem 649 golos na carreira, tantos golos (22) nos quartos-de-final da Liga dos Campeões como a Juventus em toda a sua história na mesma fase da competição. Além disso, Ronaldo marca há dez jogos consecutivos na Champions. Zlatan está a jogar nos LA Galaxy.

Por outro lado, Zlatan também gosta de cinema e intitula-se Benjamin Button, mas não é Benjamin Button. Porque é Ronaldo quem não apenas pára o tempo, como parece fazê-lo recuar enquanto, usando um verbo futebolístico da moda, se projeta para a frente.

É que Ronaldo está, basicamente, no futuro. Ele é o rendimento constante que se traduz em golos [estão aqui todos, especificados] e os golos são factos que não permitem subjetividades e fake news, ainda que este seja um texto subjetivo sobre o facto de ele ser objetivamente um dos maiores.

Ronaldo é o talento sustentado por uma inquebrável, e inquebrantável, ética de trabalho incomum num país que se entrega facilmente ao desenrasca.

É o multitasking, na medida em que começou como extremo e acabará como ponta-de-lança. É o modelo da mobilidade social, pois nasceu pobre e hoje é rico muito para lá das suas ambições - sim, o futebol paga desmesuradamente à sua elite, mas ele não tem culpa de andar há 15 anos nessa shortlist.

E ele é as métricas e as visualizações das redes sociais que governam as nossas vidas: aparece normalmente no topo das celebridades com maior número de seguidores; se não está momentaneamente em número um, estará em número dois, atrás de alguém de quem ninguém se lembrará. Ao contrário de Ronaldo, a estrela verdadeiramente planetária, justificada pelas marcas e títulos que o consagrarão como um dos melhores de sempre. E a lenda continuará a engordar até quando? Até quando ele quiser porque este não será, seguramente, o último artigo sobre um golo improvável de Ronaldo. Há quem o chame extra-terrestre, mas ele é daqui, anda entre nós, embora não seja um como nós.

P.S. O título deste curto aproveita-se descaradamente da mítica frase de Victor Hugo Morales no relato do segundo golo de Maradona à Inglaterra, no Mundial do México86: "De que planeta veniste?"

OUTRAS NOTÍCIAS

Adequavam-se em número, mas não podiam estar na mesma equipa de futebol porque dificilmente atacariam para o mesmo lado. Os 11 juízes do Supremo Tribunal que votaram nesta madrugada sobre o habeas corpus pedido por Lula da Silva já tinham - porque isto é o Brasil - apresentado previamente as suas afinidades políticas. Toda a gente sabia no que aquilo ia dar, exceto num determinado caso. Passo a explicar: Gilmar Mendes, Celso de Mello, Ricardo Lewandowski, Marco Aurélio Mello e Dias Toffoli estavam no team Lula; Carmen Lúcia, Luís Roberto Barroso, Edson Fachin, Luiz Fux e Alexandre Moraes encontravam-se do outro lado. Ora, como cinco mais cinco são dez, faltava perceber a posição de Rosa Weber, a votante ambígua que se dizia pró-Lula, embora tivesse falado sempre contra o habeas corpus em contextos anteriores.

Como cada um dos juízes tinha direito a justificar a sua posição antes de a tornar pública, era natural que a sessão se prolongasse. E então, quando apanhei a transmissão televisiva no Youtube, por volta das 23h30 (sim, o habeas corpus foi transmitido em streaming), já a “Veja” relatava intensas discussões ideológicasentre os pares, foi a vez de Rosa Weber votar. O marcador registava 3-1 contra Lula, ficou 4-1 e acabou 6-5. “Há um momento em que a decisão individual cede espaço à razão institucional”, justificou Weber. A partir desse “momento”, percebeu-se que o habeas corpus seria rejeitado e que Lula perdera. Não tudo, nem já, porque ex-presidente tem, ainda, direito a um derradeiro recurso no Tribunal Regional Federar da 4.ª Região, uma espécie de embargo de um embargo (perceba o que isto é) que pode adiar a sua ida para a prisão (a pena fora agravada de nove para 12 anos, em segunda instância, por corrupção e branqueamento de capitais) e, eventualmente, abrir espaço à campanha presidencial. Enquanto não se sabe para onde vai Lula, é preciso perceber para onde vai o Brasil.

Quem não vai a lado nenhum é Mark Zuckerberg: o patrão do Facebook lamenta que a Cambridge Analytica tenha usado ilegalmente dados de 87 milhões de utilizadores, mais ou menos a população da Alemanha, através da sua empresa, e promete que tudo irá fazer para melhorar a segurança da rede social. Mas confessa que isso demorará “anos”, durante os quais continuará à frente do FB para monitorizar o processo e pede, claro, a nossa ajuda. Um chefe-modelo.

O modelo de apoio à Cultura do Governo não agradou e a gradação da contestação “agressiva” a António Costa e seus pares subiu até ao ponto necessário para que as coisas acontençam. A Alexandra Carita escreveu, na quarta-feira, que o Executivo se prepara para aumentar a “dotação orçamental para os Concursos Sustentados de Apoio às Artes”. O PCP estava à escuta e, hoje, numa carta aberta aos agentes da Cultura a que a Lusa teve acesso, António Costa “anunciou um reforço de 2,2 milhões de euros para as artes”. Pode encontrar a carta em que o PM garante a centralidade do tema aqui, no portal do Governo.

No desporto,
O Barcelona despachou naturalmente a Roma por 4-1, em Camp Nou, e tem a porta das meias-finais escancarada. Já o Liverpool surpreendeu o todo-poderoso, e quase campeão inglês, Manchester City com um triunfo robusto por 3-0, em Anfield. O futebol-turbo de Klopp desalinhou as ideias de Guardiola, impotente para dar a volta ao resultado construído na primeira-parte. Chegar às meias-finais não é impossível, mas pouco provável.

O Sporting quer desafiar as probabilidades e procura, hoje, um resultado positivo em Madrid, diante do Atlético (20h05, com direto na Tribuna Expresso). A equipa de Jorge Jesus parte como o underdog desta eliminatória, mas as exibições diante da Juventus e do Barcelona desta época podem justificar uns pozinhos extra nas casas de aposta. Leia esta análise se quiser perceber como e porquê.

As manchetes,
No “Jornal de Notícias”: “Ambulâncias do INEM paradas por causa da cor”. Diz o jornal que o “Instituto de Transportes recusa licença a veículos com traseira vermelha”. Uma originalidade burocrática.

No “Público”: “Partidos preparam corte no tempo de fidelização”. “Bloco e PAN levam a votos redução do tempo de fidelização. Propostas são muito contestadas pelos operadores”. O Partido Socialista pede mais tempo.

No “DN”: “Atos sexuais relevantes com criança de 10 anos dão pena suspensa”. Porquê? “Tribunal de Braga considerou crime probado mas atenuou castigo por o réu não ter antecedentes criminais.

No “i”: “Venda dos Prédios da Fidelidade em Lisboa [são] uma bomba-relógio”, diz Helena Roseta.

FRASES

“Dar-me bem com a Rússia é uma coisa boa. Penso que poderia ter uma muito boa relação com a Rússia e com o Presidente Putin e, se tivesse, seria ótimo. Mas também há uma grande possibilidade de isso não vir a acontecer. Quem sabe?” Dão-se alvíssaras a quem não acertar no autor da frase. É grande, tem um penteado icónico e a solidez política de uma gelatina.

“Acredito nos nossos aliados, sobretudo os que são democracias” Augusto Santos Silva. Leia aqui as seis razões do ministro dos negócios estrangeiros para não expulsar os diplomatas russos

“As melhoras! É um percalço, mas tenho a certeza de que vais voltar ainda mais forte” Sérgio Conceição, no Twitter, sobre alesão do jogador Danilo Pereira

“Nós não podemos deixar que para Mário Centeno possa brilhar os serviços públicos fiquem às escuras” Catarina Martins, de lanterna na mão, em entrevista ao Público e à Renascença

O QUE ANDO A LER

Católico, pecador, casado, adúltero inveterado, pai extremoso, homem de letras, fanático do Fluminense e bom de bola, cronista, dramaturgo, jornalista, perseguido pela esquerda e pela direita e pela Igreja e pelos progressistas, irmão de Mário Filho, tuberculoso, truculento, generoso. Acima de tudo, genial. Nelson Rodrigues está condensado num livro de Ruy Castro, que o descreve tão bem e com tanta graça como se “O Anjo Pornográfico” fosse um romance e não uma biografia. É Ruy Castro quem nos alerta para isso, logo no início, justificando o tom da sua obra com a vida rica e complexa de Nelson Rodrigues.

Se Rodrigues fosse um personagem de ficção, é provável que carregasse sobre ele o peso do mundo e ainda uma nuvem negra por cima. Porque tudo lhe aconteceu, tendo ele sobrevivido a quase tudo durante muito tempo, sempre com ironia, humor, amor, dor, sarcasmo e marasmo. “O Anjo Pornográfico” recupera a infância e o contexto familiar dos talentosos Rodrigues, e prossegue com histórias absolutamente extraordinárias, metade delas inverossímeis, outras tantas anedóticas, sobre um dos escritores brasileiros mais célebres da história.

Por hoje é tudo. Acompanhe o dia no site do Expresso e se gosta de desporto vá espreitando a Tribuna Expresso.

BRASIL | Lula perde por um voto na Corte Suprema e Moro pode pedir sua prisão imediata

O ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio Mello votou a favor do HC ao ex-presidente Lula
Voto mais aguardado na sessão do STF, nesta quarta-feira, a ministra Rosa Weber se manifestou contra o Habeas Corpus (HC) que visava permitir ao ex-presidente Lula permanecer em liberdade até o fim dos recursos cabíveis contra a condenação imposta a ele.

Correio do Brasil – de Brasília

Por um voto de diferença, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está, agora, ao dispor do juiz Sérgio Moro, coordenador da Operação Lava Jato. Uma vez concluídos os últimos recursos junto aos tribunais inferiores ao Supremo Tribunal Federal (STF); no qual foi derrotado nesta quarta-feira, dentro de duas a três semanas, Lula deverá iniciar o cumprimento da pena de 12 anos e 1 mês de prisão.

Voto mais aguardado na sessão do STF, nesta quarta-feira; a ministra Rosa Weber se manifestou contra o Habeas Corpus (HC). A medida visava permitir ao líder petista; até o final do processo, permanecer em liberdade . Ele ainda poderá ingressar com recursos cabíveis contra a condenação imposta; no processo do tríplex do Guarujá (SP). O placar final foi de cinco votos a favor e seis contrários ao HC. O voto final coube à presidente da Corte, ministra Cármen Lúcia.

Início da prisão

Rosa Weber seguiu o voto do relator da ação, Edson Fachin, e dos colegas Alexandre de Moraes e Roberto Barroso. O voto dela era tido como decisivo para o julgamento, uma vez que, por meio de declarações públicas e votos anteriores, os posicionamentos dos demais ministros eram praticamente conhecidos. Além deles, votaram contra Lula os ministros Luiz Fux e Cármen Lúcia, presidente da Corte.

Com o voto de Weber, foi formada a maioria para rejeitar o pedido e permitir o cumprimento da pena do petista; ratificada no Tribunal Regional Federal da Quarta Região (TRF-IV), logo após o fim dos recursos naquela jurisdição.

Foram votos vencidos os ministros Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski, Marco Aurelio Mello e o decano, Celso de Mello. O ministro Mendes antecipou o voto. Ele se posicionou a favor da concessão do salvo conduto ao ex-presidente; ao menos até o julgamento de eventuais recursos pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).

BRASIL | Cadela do fascismo se assanha após declarações do general Villas Bôas

O general Villas Boas, comandante do Exército Brasileiro, inspira o fascismo
Apoiadores do fascismo elevam o tom, após comandante do Exército sair em defesa da prisão imediata de Lula.

Correio do Brasil – do Rio de Janeiro

Os integrantes dos movimentos neofascistas, que apoiam o golpe de Estado em curso no país, aliados ao pré-candidato à Presidência da República , Jair Bolsonaro (PSL), mobilizaram-se ao longo dos últimos dias para pedir a prisão imediata do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ganharam, no entanto, um apoio improvável, do comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas.

O militar usou sua conta no Twitter, na tarde passada, para ameaçar a ordem democrática, ao questionar a independência do Supremo Tribunal Federal (STF) para julgar o Habeas Corpus impetrado pela defesa do líder petista. Em seu apoio, Bolsonaro escreveu, na mesma rede social, seu apoio à afirmação do general Villas Bôas de  que o Exército “se mantém atento às suas missões institucionais”.

‘Não é bom’

Para o deputado de ultradireita, que é capitão reformado da corporação, o “partido do Exército é o Brasil. Homens e mulheres, de verde, servem à Pátria. Seu Comandante é um Soldado a serviço da Democracia e da Liberdade. Assim foi no passado e sempre será”.

O ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, por sua vez, também reagiu às declarações do general. Janot disse preferir “não acreditar” em uma guinada autoritária no Brasil, mas manifestou preocupação com mais uma possibilidade de retrocesso.

“Isso definitivamente não é bom”, afirmou o ex-PGR, em reação às declarações do militar.

Fascismo

“É o início de uma tutela militar sobre o processo político. O resultado é imponderável. A besta do fascismo ficará mais excitada”, diz o ex-ministro da Justiça e ex-governador Tarso Genro, sobre a ameaça feita pelos militares ao STF.

Ministro da Justiça do governo Lula, Tarso Genro (PT) diz que o comandante do Exército falou para a tropa. “É o início de uma tutela militar sobre o processo político. O resultado é imponderável. A besta do fascismo ficará mais excitada.”

Alta patente

Logo após as declarações de Villas Bôas, ao menos cinco militares de alta patente apoiaram a eventual intervenção militar caso de o petista, condenado em segunda instância em janeiro, não iniciar o cumprimento da pena de 12 anos e meio de cadeia.

O General Paulo Chagas, por sua vez, escreveu: “Caro comandante, amigo e líder, receba a minha respeitosa e emocionada continência. Tenho a espada ao lado, a sela equipada, o cavalo trabalhando e aguardo suas ordens!!”.

Outros dois generais fizeram tuítes no mesmo sentido. “Mais uma vez o Comandante do Exército expressa as preocupações e anseios dos cidadãos brasileiros que vestem fardas. Estamos juntos, comandante!”, postou o General Freitas. “Comandante! Estamos juntos na mesma trincheira! Pensamos da mesma forma! Brasil acima de tudo! Aço!”, escreveu o General Miotto.

OAB critica

Apesar da linha conservadora da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), no entanto, o presidente nacional instituição, Carlos Lamachia, criticou, em nota, a declaração do comandante do Exército.

Em nota, Lamachia diz que “não existe solução para o país fora da Constituição e da democracia” e que “o país vive hoje seu mais longo período democrático, iniciado com o fim da ditadura militar.

“Nossa jovem democracia já criou instituições sólidas e capazes de lidar com erros e acertos. É preciso aprimorá-las, como tem sido feito a partir do uso de ferramentas e mecanismos constitucionais. Não existe solução para o Brasil à margem da Constituição”.

Democracia

“A OAB, no seu papel de tribuna da cidadania e defensora intransigente do Estado democrático de Direito, conclama a nação a repudiar qualquer tentativa de retrocesso e reitera sua determinação em continuar apoiando a luta pela erradicação da corrupção em nosso país, na estrita observação do que determina a Constituição.

“Para os males da democracia, mais democracia. Não podemos repetir os erros do passado!”, completou.

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