terça-feira, 1 de maio de 2018

BRASIL | Tribuna Gaúcha: combate e resistência

   
De acordo com o pesquisador e jornalista João Batista Marçal (1941-2018), em sua obra “A Imprensa Operária do Rio Grande do Sul” (2004), a “Tribuna Gaúcha” foi o jornal mais corajoso e combativo da esquerda gaúcha, despertando perseguição e ira das oposições políticas da época.

Em 17 de fevereiro de 1946, a “Tribuna Gaúcha” começou a circular, em Porto Alegre, preenchendo uma lacuna importante, após a revista “Libertação” (1945), redigida por intelectuais comunistas, ter encerrada a sua circulação. Esta revista contou com nomes importantes, como Décio Freitas (1922-2004), Dyonélio Machado (1895-1985), Antônio Pinheiro Machado Neto (1924-1998), entre outros.

Órgão de massa do PCB / RS (Partido Comunista Brasileiro), o jornal foi criado para ser um diário, porém devido a tantas dificuldades, em alguns períodos, alternava a sua periodicidade. Durante uns dez anos, seus repórteres, redatores e diretores vivenciaram o vaivém das entradas e saídas das portas das prisões da capital. O título do jornal se alternava entre “Tribuna Gaúcha” ou apenas “Tribuna”, tratando-se, evidente, de um artifício para driblar os censores e a polícia devido às atividades clandestinas do Partido.

Na realidade, a criação desse periódico foi resultado de uma articulação comandada pela cúpula nacional do PCB, objetivando criar uma rede de jornais e revistas que atingisse o maior público possível no território brasileiro. Com esse intuito, contou com a colaboração de intelectuais das mais diversas áreas.

As várias sedes do jornal

A primeira redação da Tribuna Gaúcha se localizava na Rua General Câmara (antiga Rua da Ladeira), quase esquina com a Andrade Neves. No porão do prédio, ficavam as oficinas gráficas.  Em maio de 1952, a sede do jornal foi transferida para a Rua Vigário José Inácio, 215, esquina com a Rua Voluntários da Pátria (próximo das Ferragens Gerhard). Sob a direção de Ophir Pinheiro, ocorreu outra mudança de endereço: a sede se transferiu para a Av. Borges de Medeiros, à esquerda, perto da Rua da Praia (Rua dos Andradas).
  
   O jornal Tribuna Gaúcha - porta-voz do PCB – circulou até a metade de 1958, praticamente, 12 anos após a sua fundação. Outros jornais, numa espécie de rede e com o mesmo perfil ideológico, circularam noutros estados, a exemplo do Rio de Janeiro onde circulou a Tribuna Popular.

Memória  
   
O Museu de Comunicação Hipólito José da Costa, localizado, na Rua dos Andradas, 959, em Porto Alegre, possui alguns números que foram doados pelo historiador e funcionário público concursado do Ministério Público Estadual Raul Carrion. Esta instituição, atualmente, está sob a direção da jornalista Elizabeth Corbetta.
   
Censura,  perseguição e assassinato
   
Na Rua da Ladeira (atual General Câmara), visando evitar a circulação da “Tribuna Gaúcha”, ocorriam prisões, espancamentos, tumultos e até derramamento de sangue em momentos críticos de repressão. A ordem poderia partir do Tribunal da Justiça, da Guarda Civil ou até mesmo de um delegado enfurecido com o conteúdo do jornal. Com a redação sempre vigiada, a cada edição se estabelecia um confronto. As portas do prédio permaneciam fechadas e, no seu interior, o jornal era rodado, enquanto os militantes pensavam numa forma de burlar a vigilância policial e distribui-lo em locais estratégicos e previamente determinados.

  Entre outras formas, para tentar romper com o cerco, a mais comum era escolher uma pessoa na redação que, ao sair da sede, iniciava um discurso contra o governo, atraindo a atenção dos repressores e desviando–os do seu foco: a redação.  Caso houvesse êxito estratégico, alguns militantes se deslocavam, de forma rápida, com pacotes de jornais, para serem distribuídos, na Rua Praia, em pontos nos quais o jornal já estava sendo esperado. Noutras situações, apesar das perseguições constantes, a “Tribuna Gaúcha” renascia, como num passe de mágica, a exemplo do que ocorreu quando da sua depredação, em 24 de agosto de 1954, data do suicídio do Presidente Getúlio Vargas.  

João Batista Marçal nos narra, em seu livro já citado, dois episódios que eram constantes em relação à “Tribuna Gaúcha”. Um deles ocorreu com o militante Laci Osório (1911-1999), que, após ter discursado, visando driblar o cerco à redação do jornal, foi preso, e o delegado lhe encostou uma arma no peito. É o próprio Laci que nos conta esta historia em seu livro “Questão de Vida – Memória em Tempo de Porto Alegre” (Ed. Movimento, 1981): “Ele tremia de pistola na mão. Tive medo do medo do beleguim.” Outro fato foi vivido pelo líder comunista, Ulysses Villar (1906-1994), que assim declarou: “Desci a ladeira abaixo de pau, mas trouxe para Uruguaiana os jornais que fui buscar”.
   
A presença feminina
   
 Fato curioso se dava em relação às mulheres militantes, quando estas entravam em ação como o último recurso para romper com a vigilância em frente ao prédio da redação. Após adentrarem no local, em dupla, saiam calmamente.  Até então seria um fato comum, caso não fossem os quilos a mais que poderiam simular uma gravidez de gêmeos. Na realidade, tratava-se de jornais enrolados na cintura ou nas pernas dessas mulheres, dependendo do vestuário. Geralmente, não despertavam suspeitas e desciam a ladeira, conversando, com descontração, sobre futilidades do cotidiano.

Entre nomes de mulheres importantes, ligadas à “Tribuna Gaúcha”, encontram-se: Julieta Batistioli (1907-1996) - “A Pastorinha” – que foi a primeira vereadora comunista do Rio Grande do Sul; a poetisa, professora e pianista Lila Ripoll (1905-1967) e a jornalista Edith Hervé de Souza (1916-1998).  Em se tratando de uma extensa lista, podemos citar, ainda, Ofélia do Amaral Botelho, a poetisa Beatriz Bandeira e a jornalista Eunídia dos Santos (1920-1995). Esta última, nascida, em Porto Alegre, é considerada a primeira mulher a dirigir um jornal comunista no Brasil, tendo exercido um papel fundamental em sua sustentação financeira.
   
O ícone Eloy Martins

Uma figura, que passou a fazer parte do imaginário citadino, foi o líder metalúrgico Eloy Martins (1911-2005), natural de Laguna (SC).  Eleito, em 1947, para a Câmara Vereadores de Porto Alegre, destacou-se pela coragem como enfrentou os adversários políticos e a repressão da época, Inúmeros foram os confrontos nos quais foi agredido e preso. A foto que registrou Eloy Martins, vendendo a “Tribuna Gaúcha”, na Rua da Praia, tornou-se um ícone da esquerda gaúcha.

Sofrimento e resistência

Na redação do jornal, gráficos e jornalistas permaneciam em vigília constante diante das ameaças de destruição do parque gráfico. A redação se assemelhava a um quartel onde redatores, editores, tipógrafos e diretores formavam um exército de homens e mulheres atentos e vigilantes em relação aos adversários, que não davam trégua entre uma edição e outra do demonizado periódico.
  
Considerado um dos melhores redatores da Tribuna Gaúcha, Carlos Alberto Brenner não suportou a pressão e não quis mais viver. Advogado, natural de Santa Maria, ele fez parte do grupo oriundo da revista “Libertação” (1945). Outro caso de perseguição ocorreu com o poeta, artista plástico, jornalista e revolucionário Fernando Melo (1922-1949). Assassinado, em Caxias do Sul, pela polícia local, este jornalista, além de participar da Tribuna Gaúcha, era um dos editores do semanário caxiense “Voz do Povo”. Já o excelente jornalista e editor da Tribuna Gaúcha, José Gonçalves Thomaz (1927-1956), natural de Uruguaiana, foi vitimado por um câncer, causado, provavelmente, por uma excessiva carga emocional. Outro nome importante, nascido, em 1926, na cidade de Uruguaiana, foi José Nelson Gonzales. Repórter e editor da “Tribuna Gaúcha”, ele foi preso em várias ocasiões.
    
Os intelectuais

O jornal “Tribuna Gaúcha” contou, além dos já citados, com outros nomes ilustres, como Dyonélio Machado (1895-1985) Cyro Martins (1908-1990), Júlio Teixeira (1910-1986), Álvaro Moreira (1888-1964), Dalcídio Jurandir (1909-1979), Aparício Torelly / Barão de Itararé (1895-1971), Décio Freitas (1922-2004), João Aveline (1919-2005), entre outros.

Diante da ausência do propagado “ouro de Moscou”, O MAIP (Movimento de Ajuda à Imprensa Popular) era o órgão que se encarregava de arrecadar os minguados “tostões”, com os quais a incansável Eunídia dos Santos (1920-1995) conseguia garantir a circulação do jornal.

O Guerrilheiro Negro

Ao encerrar esta verdadeira odisséia da “Tribuna Gaúcha”, não poderia deixar de registrar o nome do jornalista Edmur Péricles de Camargo (1914-1971?). Conhecido como o Gauchão, seu caso é investigado pela Comissão da Verdade, que apura mortes e desaparecimentos durante o período da ditatura civil-militar (1964-1985), De acordo com Marçal (2004), considerado o “guerrilheiro negro”, a sua trajetória faz por merecer que seja escrita uma biografia aprofundada. Edmur foi preso pelos órgãos da repressão na Argentina, em escala de vôo, em Buenos Aires, e na madrugada do dia seguinte foi posto num avião da FAB (Força Aérea Brasileira) que o trouxe até o Brasil, tendo desaparecido, desde então, nas mãos dos agentes públicos que serviam ao regime ditatorial do Estado brasileiro.

O Jornal a “Tribuna Gaúcha” se constitui num ícone na história da imprensa operária no Rio Grande do Sul. Em suas páginas, encontra-se a marca indelével de grandes nomes do nosso jornalismo, que assumiam em suas matérias, com coragem e destemor, as suas posições político-ideológicas.

*Pesquisador e coordenador do setor de imprensa do Musecom

Bibliografia
MARÇAL, João Batista; MARTINS, Mariângela. Dicionário Ilustrado da Esquerda Gaúcha. Porto Alegre: Libretos, 2008.
MARÇAL, João Batista. A imprensa operária do Rio Grande do Sul. (1873-1972). Porto Alegre. 2004.
--------------------------------- Rio Grande do Sul século XX: Organizações operárias: Uma história feita de sangue e intolerância. Porto Alegre: Gráfica Relâmpago, 2011.
PETERSEN, Sílvia Regina Ferraz. "Que a união operária seja nossa pátria": história das lutas dos operários gaúchos para construir suas organizações. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2001.

Presidente timorense compromete-se a trabalhar em prol de políticas de emprego


Díli, 01 mai (Lusa) - O Presidente timorense comprometeu-se hoje a trabalhar com o Governo para promover novas políticas económicas que fomentem o emprego e melhorem a inclusão social, ultrapassando os atuais desafios políticos que o país enfrenta.

"Vivemos, atualmente, um momento especial com grandes desafios económicos, porque não temos Orçamento de Estado aprovado. Para prosseguir políticas de desenvolvimento nacional, o Estado precisa de investir no apoio à economia e no desenvolvimento de um mercado social, com apoio a campos de trabalho", afirmou Francisco Guterres Lu-Olo.

"Precisamos da participação de todos os trabalhadores da nossa terra. Temos de pôr em prática novas políticas para aumentar a oferta de trabalho", defendeu.

Numa mensagem ao povo timorense por ocasião do 1.º de Maio, Dia Mundial do Trabalhador, o Presidente timorense sublinhou os futuros desafios do país, que vai às urnas em eleições legislativas antecipadas a 12 de maio.

"Tudo farei, no exercício do meu mandato, para cumprir o meu compromisso de trabalhar com o governo da Nação para promover novas políticas económicas e políticas de emprego com aumento da inclusão social", afirmou.

"Queremos reduzir a pobreza, promover a inclusão económica da juventude. Para isso temos de trabalhar juntos, em unidade, para desenvolver uma economia sustentável, mais produtiva", sublinhou.

O chefe de Estado deixou uma mensagem especial para os muitos que trabalham fora de Timor-Leste, da Austrália à Coreia do Sul, do Reino Unido a Portugal, ou outros países.

"Saúdo todos os irmãos e irmãs que, pelo seu trabalho, dia a dia, contribuem para fazer avançar a economia da nossa terra", disse.

Um estudo, divulgado no mês passado, mostrou que as remessas dos emigrantes timorenses são atualmente a principal fonte de receitas não-petrolíferas de Timor-Leste, com mais de 40 milhões de dólares transferidos para o país no ano passado.

Só em 2017 foram feitas mais de 85 mil transferências para Timor-Leste, o que tornou a mão de obra "a maior exportação" do país, à frente do café, com receitas anuais de entre 10 a 20 milhões de dólares, ou do turismo, com receitas de 15 milhões.

Lu-Olo falou também para os que em Timor-Leste "trabalham para reforçar uma economia sustentável, que valorize mais o trabalho dos homens e mulheres timorenses em toda a parte - na montanha, campos e lezírias, e também nas oficinas e todas as empresas que criam emprego nas cidades do país".

O responsável considerou o direito ao trabalho como uma das suas maiores preocupações e uma "prioridade política", e destacou que "o reforço da economia de Timor-Leste requer a participação de todos no desenvolvimento económico" do país.

"Só juntos poderemos fazer uma economia melhor e um país mais próspero, para todos os timorenses. Esta é uma importante prioridade. Podem contar comigo", disse.

ASP // EJ

Centenas de trabalhadores do jogo manifestam-se em Macau


Macau, China, 01 mai (Lusa) - O dia do trabalhador em Macau ficou marcado pela manifestação de algumas centenas de trabalhadores do jogo que entoaram palavras de ordem a favor de medidas de controlo do tabagismo nos casinos e do pagamento do décimo quarto mês.

"Nós queremos a nossa saúde de volta!", entoou-se durante a marcha, numa clara alusão ao controlo do tabagismo dentro dos casinos.

Apesar de ser proibido fumar dentro dos casinos, existem salas legalmente equipadas para o efeito e os manifestantes defendem a proibição total desses espaços.

"Nós queremos que as multas para quem prevarique a lei sejam maiores", afirmou à Lusa um membro da Nova Associação dos Trabalhadores do Jogo de Macau, organizadora da manifestação, que se identificou como William.

"Queremos ter os mesmos direitos que os funcionários da administração pública em Macau e achamos justo receber o 14.º mês", declarou, revelando ainda que está a decorrer uma recolha de assinaturas, sobre estas matérias, para ser entregue aos legisladores locais.

Um membro da associação, que não se quis identificar, contou que "muitas pessoas estão a usar máscaras [contra a poluição, algo muito usual na China] por terem medo de represálias".

A manifestação decorreu de forma ordeira, teve a duração de cerca de duas horas e terminou em frente à sede do Governo de Macau.

A marcha contou ainda com a presença do deputado pró-democracia AU Kam San, que não quis prestar declarações.

MIM // CSJ

MOÇAMBIQUE | Trabalhadores exigem melhores salários e condições de trabalho


Vários trabalhadores marcharam, hoje, na Praça dos Trabalhadores, para assinalar a data e ao mesmo tempo, reivindicar por melhores condições de tabalho e salários mais justos.  Aliás, o recente aumento de 260 meticais no salário mínimo foi um denominador comum de insatisfação da massa laboral.

Trajados de roupas coloridas, empunhando dísticos, com cânticos e danças, os trabalhadores desfilaram, a partir de vários pontos, até a Praça dos Trabalhadores, na cidade de Maputo, onde foram realizadas do dia.

O dia é de celebração, mas as preocupações não podiam ser deixadas de lado. O actual custo de vida é descrito como insuportável pela Organização dos Trabalhadores, OTM-Sindical.

Houve trabalhadores que usaram a ocasião para reivindicar salários em atraso, outros foram ainda mais criactivos ao usarem os seus instrumentos de trabalho para dar mais brio ao desfile, assim como teve quem aproveitou a ocasião para manifestar solidariedade ao antigo presidente do Brasil, Lula da Silva, na qualidade de sindicalista.

O reajuste do salário mínimo recentemente aprovado foi o tema dominante nas canções e das peças teatrais de muitos trabalhadores e sindicatos que passaram pela Praça dos Trabalhadores.

Cledy Marinela | O País

Liga Moçambicana dos Direitos Humanos acusa a gestão de Alice Mabota


Ativista está a ser processada por gestão danosa e pagamentos fraudulentos, o que fez suspender a ajuda de parceiros e prejudica quase 200 funcionários da organização.

A ativista e primeira presidente da Liga Moçambicana dos Direitos Humanos, Alice Mabota, está a ser processada criminalmente pela organização da qual é fundadora. A queixa-crime, remetida em finais de março ao Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) de Maputo, acusa Mabota de irregularidades, como a má gestão e pagamento fraudulento e ilícito de imóveis para seus familiares. Em causa, estão muitos milhões de meticais.

Na sua mais recente edição, o jornal moçambicano SAVANA reporta que Alice Mabota e seus correligionários se apoderaram de forma consciente e deliberada de bens alheios. Segundo a publicação, o grupo delapidou a organização em 14.400,00 dólares americanos, durante o período de agosto de 2013 a julho de 2014.

À DW África, Fernão Penga Penga, vice-presidente da organização, disse que "não convém fazer uma abordagem detalhada do processo, mas são muitas questões que se levantam, desde os salários fantasmas, aluguéis de casas e uma série de coisas".

De acordo com Penga Penga, "para nós, [este processo] é importante para a demonstração da transparência, da integridade e para a responsabilização". Ele ressaltou que "como organização, temos apelado ao Estado moçambicano a transparência e nós temos que mostrar que somos exemplo disso".

Responsabilização

Devido a estes e outros problemas, em novembro do ano passado, a organização afastou Alice Mabota da liderança, depois de 25 anos na gestão da mesma. Fernão Penga Penga reconhece os esforços empreendidos por Mabota no engrandecimento da organização, mas diz ser mesmo necessário que ela responda judicialmente pelas práticas.

"Isso não inibe a responsabilidade da Alice Mabota sobre algumas práticas que levaram a instituição a uma situação difícil. Portanto, essa situação ocorreu como consequência dos problemas que a Liga [Moçambicana dos Direitos Humanos] enfrenta de má gestão. E descobrimos que tinham a ver com práticas ilícitas que temos de provar e responsabilizar", disse.

Na Liga Moçambicana dos Direitos Humanos, atualmente a situação é considerada crítica. Pouco mais de 180 colaboradores em todo o país enfrentam problemas de salários desde 2014, segundo Penga Penga. "Desde há quatro anos e meio que os doadores deixaram de contribuir por causa de problemas de má gestão. Mas o resto a justiça vai dirimir", afirmou.

Ativista nega acusações

Falando à DW África, Alice Mabote entende haver uma intenção de "manchar o seu nome" e diz que prefere aguardar pela justiça. A fundadora daquela organização está confiante que sairá "limpa" do caso.

"Quem está a fazer bem é comentado, as pessoas que não estão a fazer nada não veem a superfície. O que devo garantir é que com o tempo a justiça dirá alguma coisa. Eu aguardo que seja chamada para responder. Podem apagar com tudo, mas eu vou continuar", disse.

A Liga Moçambicana dos Direitos Humanos está instalada em quase todas as províncias do país há mais de 25 anos com a missão de defender os direitos do povo.

Sitoi Lutxeque (Nampula) | Deutsche Welle

GUINÉ-BISSAU | Recursos suficientes para as legislativas?


O presidente do Parlamento guineense convoca sociedade para construção da estabilidade política, enquanto o presidente da CNE avisa que é urgente iniciar recenseamento eleitoral.

Os novos membros da Comissão Nacional de Eleições (CNE) da Guiné-Bissau foram empossados, esta segunda-feira (30.04), pelo presidente do Parlamento guineense, Cipriano Cassamá. Na cerimónia, o presidente da CNE, José Pedro Sambú, afirmou que é urgente iniciar o recenseamento eleitoral e pediu ao Governo e à comunidade internacional para disponibilizarem fundos para a realização das legislativas.

"Sabendo que estamos a sete meses do novo pleito eleitoral, há mais um grande desafio a ser considerado e lançado a todo o sistema eleitoral, que é a atualização dos cadernos eleitorais. Para isso é urgente o Governo adquirir 'kits' para que o recenseamento eleitoral possa iniciar no período estabelecido no cronograma elaborado pela CNE, caso contrário teremos problemas na concretização da data marcada", disse Sambú.

As eleições legislativas foram agendadas para 18 de novembro deste ano. José Pedro Sambú pediu também que sejam disponibilizados fundos com "caráter de urgência para reabilitar" a sede da CNE em Bissau e as sedes das comissões regionais de eleições, para além de solicitar à comunidade internacional que disponibilize os recursos financeiros prometidos para que a data 18 de novembro não fique comprometida.

"Queria aproveitar esta soberana oportunidade para apelar ao Governo da Guiné-Bissau e à comunidade internacional no sentido de mobilizarem recursos financeiros com vista a suportar as atividades previstas no cronograma, pois agora é o tempo de ação e não de palavras".

Apelo à sociedade civil guineense

Por seu turno, o presidente do Parlamento, Cipriano Cassamá, convocou toda a sociedade para participar na "construção da estabilidade política" e pediu à comunidade internacional para a ajudar o país a realizar essas eleições.

"Toda a sociedade guineense está convocada para participar na construção da estabilidade política, sendo certo que só com estabilidade política é que poderemos atingir a estabilidade governativa e, por conseguinte, a estabilidade na execução de políticas públicas que vão aos anseios da nossa população".

O presidente do Parlamento também discursava no final da cerimónia de tomada de posse da nova direção da CNE e do presidente da Comissão Nacional da Comunicação Social.

Recorde-se que para o financiamento das eleições, o Estado guineense poderá receber 100% da ajuda dos parceiros internacionais ou de países amigos, como foi o caso de Timor Leste, nas eleições gerais de 2014, notam os observadores em Bissau. Mas, até a data presente, apenas o Governo, num ato pouco habitual, deu cerca de um milhão de dólares de apoio ao processo eleitoral. Várias promessas das instituições internacionais foram anunciadas, mas não concretizadas ainda, disse o presidente da CNE, que espera pelo apoio nomeadamente da União Europeia (UE).

Na semana passada a UE disse estar "pronta" para colaborar com a Guiné-Bissau na organização das legislativas previstas para novembro, depois da nomeação de um Governo inclusivo, a quem pediu a recuperação da "normalidade democrática".

Para a União Europeia, chegou a "hora de consolidar o progresso político e institucional, ter um programa e orçamento para o Governo apresentado e debatido na Assembleia Nacional Popular (ANP) e iniciar os preparativos para as eleições legislativas", previstas para 18 de novembro. "Estamos prontos para colaborar com as autoridades da Guiné-Bissau para eleições legislativas transparentes e inclusivas em 18 de novembro de 2018", sublinhou um comunicado distribuído pela delegação da UE em Bissau.

Ex-ministro do Interior nomeado conselheiro para segurança 

O Presidente da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, nomeou esta segunda-feira o antigo ministro do Interior Botche Candé conselheiro para as áreas de Defesa e Segurança interna e externa, anunciou hoje a Presidência guineense. 

Em decreto presidencial, José Mário Vaz nomeou Botche Candé conselheiro do Presidente da República para se ocupar das pastas de segurança e defesa com categoria de ministro de Estado. Botche Candé, é uma das 19 individualidades sancionadas pela CEDEAO e impedidas de participar no novo governo. A nomeação já gera uma onda de críticas por parte dos atores políticos e da sociedade civil.

Candé, de 62 anos, desempenhou o cargo de ministro do Interior no Governo demitido pelo Presidente guineense a 16 de janeiro, mas manteve-se em funções até ser substituído na última sexta-feira por Mutaro Djaló, um quadro sénior do ministério.

No passado, entre outros, Botche Candé já esteve na presidência, enquanto conselheiro, com categoria de ministro de Estado para os assuntos religiosos do falecido Presidente guineense Kumba Ialá. Mais tarde, desempenhou as funções de ministro do Comércio, Indústria e Artesanato.

Braima Darame (Bissau) ! Deutsche Welle

UMA COMUNIDADE SACRIFICADA PELA ORGIA NEOLIBERAL – I


Martinho Júnior | Luanda

1- O Orçamento Geral do Estado angolano foi publicado de forma bastante completa no Diário da República Iª Série, nº 29, de 1 de Março de 2018, numa iniciativa que se coaduna com o rigor que se pretende instalar paulatinamente em relação aos órgãos que se constituem no fiel depositário dos interesses e das aspirações de todo o povo angolano.

Uma parte substancial da vida nacional reflete-se ali, algo que por si demonstra quão importante foi, é e vai continuar a ser o estado, nos termos de suas ingentes e insubstituíveis responsabilidades em relação a Angola, ao contrário do que alguns apregoam, motivados pela orgia dos “mercados” neoliberais e pelas mais diversas doutrinas, filosofias, ideologias e práticas alienadas, alienatórias e mercenárias.

Esses pretendem a todo o custo fazer crer o contrário e o argumento social-democrata, hipócrita e cínico, socorre-os: os fins justificam os meios.

Uma onda selvagem pretende socializar as perdas para o estado angolano e instituições afins (por exemplo, bancos), fazendo reverter os lucros de forma egoísta, apropriando e privatizando como uma autêntica “cosa nostra” no âmbito de processos mafiosos que refletem interesses de grupos quantas vezes ilegitimamente instalados nos próprios organismos e instituições do estado, a todos os níveis.

 Em seu reforço foi criada a figura “parcerias público-privadas”, para melhor sugar o estado angolano, num processo de osmose por assimilação às projecções inscritas na actuação dos que perfilhavam e perfilham (?) o “arco de governação” em Portugal,“facilitados” após o Acordo de Bicesse e aptos para a inteligência económica do âmbito da terapia neoliberal, obediente à hegemonia unipolar.

A terapia neoliberal tem vindo a atirar Angola para uma situação de contínuo desastre acicatado com a crise financeira por baixa do valor do barril de petróleo, assistindo-se à apropriação indevida de património e de bens, numa escala sem precedentes, particularmente visível em Luanda.

Esse “fenómeno” é agravado ainda pelo abismo em direcção ao desastre ambiental: a orgia do lucro fácil e especulativo, criou cada vez mais mercenários na saúde, na educação e implantou um “apartheid social” que não escapa ao observador ais atento do Google Earth: os ricos implantam-se junto às paradisíacas e arejadas praias do litoral e, ao desalojarem delas os pobres utilizando a seu favor um leque variado de expedientes que incluem os legais, atiram-nos para a fornalha da imensa planície que se estende até ao Dondo, sem se preocuparem em criar o mais pequeno parque natural para amenizar os ambientes que os recebem e colocando-os à mercê das doenças tropicais atiçadas pela escalada de aquecimento.

O argumento neoliberal pretende criar condições para a apropriação, revertendo com motivações mercenárias e oportunistas a favor de jogos de interesses de máfias egocentristas e egoístas, algo que se desajusta por completo em relação às responsabilidades sociais, provocando conflitos de interesses, desagregação intencional de estruturas e instituições, corrupção, cada vez mais cancerosa quão dilacerante, alienações de toda a ordem e por fim um “apartheid social” próprio duma situação neocolonial.

As responsabilidades sociais do estado angolano são inerentes a uma cultura de inteligência, de segurança e de paz, o que demonstra a sua importância além do mais como um factor de permanente mobilização na luta contra o subdesenvolvimento e seu caudal de fenómenos, que vão desde a pobreza, à educação e à saúde enquanto direitos inalienáveis e intransmissíveis, ou ao respeito para com todas as comunidades de antigos combatentes, em especial aquelas que serviram em tempo de guerra as sucessivas Repúblicas que tiveram de ser defendidas de armas na mão até 2002.

As práticas neoliberais têm sido levadas a cabo com todo o tipo de orgias financeiras, precisamente ao contrário das pretensões que justificam saudavelmente essas opções e contribuem para esmagar ou isolar qualquer tentativa no sentido da justiça social em relação a uma percentagem significativa das comunidades de antigos combatentes, particularmente dos que prestaram serviço na ex-Segurança do Estado!


2- Tem-se verificado que muitas acções que deveriam ser revertidas colectivamente em benefício da reintegração social de antigos combatentes, têm sido apropriadas por interesses mafiosos sem escrúpulos, por esse tecido canceroso que cultiva a “cosa nostra” ao invés de cultivar a paz, a justiça social e a luta contra o subdesenvolvimento.

Há alguns exemplos em relação à comunidade que serviu na ex-Segurança do Estado: aparecem com a capa de parceiros, ou beneméritos, ou até a coberto do associativismo, para atingirem a “abertura de portas” para as práticas de “cosa nostra”, numa espiral de “salve-se quem puder”!

Desse modo, aos traumas resultantes das situações de guerra enquanto estiveram no activo, juntam-se agora os traumas provocados pelo mercenarismo neoliberal e antipatriótico, sem qualquer respeito para com o percurso histórico que motivou solidária e colectivamente as primeiras gerações que se sacrificaram e “deram o litro” em prol da República Popular e da República de Angola.

(Continua)

Martinho Júnior - Luanda, 30 de Abril de 2018

Imagens 2 e 3 – Diário da República com o OGE (extractos);
Imagens 1 e 4 – Visita de dirigentes da comunidade de ex-membros da Segurança do Estado à Cooperativa de ex-combatentes do Colango na base da serra do Pundo, na Província de Benguela, no dia 30 de Abril de 2010, há 8 anos.

ANGOLA | Trabalhadores têm problemas agravados


Edivaldo Cristóvão | Jornal de Angola

A comemoração do 1º de Maio, Dia Internacional do Trabalhador, que é hoje assinalado, vai ser marcada, em todo o país, com a realização de marchas de trabalhadores contra a “precariedade laboral”, numa iniciativa das confederações sindicais existentes no país.

Em Luanda, a marcha começa na Alameda Manuel Van-Duném, junto ao Hotel Alameda, e termina na Praça da Independência, devendo registar a presença de mais de dois mil trabalhadores de vários ramos de actividade. 

O secretário-geral da UN-TA-CS, a maior e mais antiga organização sindical em Angola, disse, ontem, ao Jornal de Angola que uma das reivindicações dos sindicatos tem a ver com a instabilidade no emprego. 

“A Lei Geral do Trabalho, em vez de criar estabilidade, faz o contrário”, afirmou Manuel Viage, que criticou as empresas que celebram, por exemplo, contrato de 180 dias e, quando termina esse período, voltam a fazer ou-tro, “o que não favorece ao trabalhador”.

Os trabalhadores vão dar ênfase, durante as marchas, à necessidade de aumento salarial, pelo facto de os salários actuais estarem muito aquém das necessidades diárias, porque o poder de compra baixou substancialmente.

O secretário-geral da UNTA-CS revelou que uma das reclamações pontuais que vão ser apresentadas nas marchas a nível nacional é contra a suspensão pelo Ministério das Finanças do pagamento do salário de Abril a mais de 64 mil funcionários públicos, alegadamente por estarem ainda em situação irregular no processo de recadastramento de funcionários do Estado, iniciado em 2015.

"A decisão do Ministério das Finanças é ilegal, não tem sustentabilidade jurídica e viola os direitos do trabalhador", afirmou Manuel Viage, que referiu não concordar com a posição do departamento ministerial porque o salário é a única fonte de rendimento dos trabalhadores.

Na sua opinião, o Ministério das Finanças não pode atribuir responsabilidade aos trabalhadores por estarem ainda em “situação irregular”, mas sim às direcções de Recursos Humanos das empresas.

“O pagamento do salário não deve ser suspenso por razões disciplinares ou por  irregularidade que tenha a ver com a documentação, mas sim por falta de efectividade ou despedimento”, esclareceu o secretário-geral da UNTA-CS, para quem, mesmo que um trabalhador esteja a responder a um processo disciplinar, deve, mesmo assim, continuar a receber até ao desfecho do caso”.

Manuel Viage alertou que a suspensão do pagamento de salário está a criar transtornos à vida de 300 mil famílias e que a decisão do Ministério das Finanças desprovida de fundamento jurídico. “O Governo violou o diálogo social sem dar um parecer prévio aos trabalhadores”, afirmou o sindicalista Manuel Viage.

Saúde no trabalho

O sindicalista disse estar a UNTA-CS também preocupada com a falta de “protecção, segurança e saúde no trabalho" em algumas empresas. “É lamentável o que se tem verificado nas micro, pequenas e médias empresas”, sublinhou o sindicalista, mencionando, como exemplo, a situação de um trabalhador que, se ficar mais de 90 dias em casa, por motivos de saúde, é despedido.  

“O Estado deve criar um sistema de protecção para estes casos”, defendeu o sindicalista, que confirmou estarem criadas as condições para que hoje, em todo o país, os trabalhadores saiam à rua, para exigir das entidades empregadoras ajuste salarial, segurança e saúde no trabalho, formação profissional contínua e protestar contra despedimentos e sanções sem justa causa.

Nos últimos quatro anos, de acordo com Manuel Viage, mais de 100 mil pessoas perderam o emprego, principalmente nos sectores da Construção Civil, Comércio, Prestação de Serviços e Indústria Transformadora.  A crise que se vive em Angola é a primeira razão invocada pelas entidades empregadoras, por estar a levar ao encerramento de empresas por incapacidade financeira.

O despedimento é um problema social preocupante, considerou o sindicalista, lembrando que é por via do salário que as famílias garantem o sustento. O desemprego em massa pode causar uma crise social, alertou o sindicalista.

UNTA vai ser mais interventiva na defesa dos trabalhadores

A União Nacional dos Trabalhadores Angolanos-Confederação Sindical (UNTA-CS), a Confederação Geral dos Sindicatos Independentes Livres de Angola (CGSILA) e a Força Sindical são as três confederações sindicais existentes em Angola.

A União dos Sindicatos de Luanda, com 18 associações sindicais, é  integrante da UNTA-CS, fundada, na cidade de Leopoldville, actual Kinhsasa, capital da República Democrática do Congo, a 16 de Abril de 1960, ainda no período anterior à independência. Actualmente, com 13 sindicatos. 

Manuel Viagem lembrou que, no início da sua actividade, a UNTA aliou a luta sindical à de libertação nacional. “As revoltas que aconteceram ao longo dos anos não tiveram apenas uma base política, mas também sindical, já que resultaram das péssimas condições de trabalho e salarial”, acentuou o sindicalista.

Manuel Viage salientou que, depois da proclamação da independência, a UNTA-CS desempenhou um “papel importante”, ao ajudar a manter o funcionamento das empresas. Actualmente, os objectivos da confederação sindical centram-se na estabilidade do emprego, no salário justo e compatível com o custo de vida, na justiça laboral e na liberdade sindical.

O sindicalista disse que a UNTA-CS vai ser mais interventiva e chegar rapidamen-te ao trabalhador através das suas estruturas de base, dando-lhe competências sindicais com o objectivo de interiorizar os deveres e direitos e lutar para que os direitos consagrados por lei sejam respeitados.

Apesar das dificuldades por que passam os trabalhadores em Angola, a UNTA-CS reconhece os esforços do Executivo para a contínua melhoria das condições de trabalho e sociais. “Nem tudo está resolvido, pelo que continuamos no processo de luta para manter o equilíbrio”, acentuou Manuel Viage.

Meio milhão para Obama | PALAVRAS CARAS DE UM EX-PRESIDENTE GLOBALMENTE SUJO


A propaganda tem os seus benefícios avançados para quem a produz e visa atingir objetivos que apesar de serem assentes na mentira, no espetáculo, no permanente engano conquista corações e a credibilidade que não merece. 

Obama, ex-presidente dos EUA, foi um dos atores nomeados pelos interesses da alta-finança dos EUA para conquistar o povo dos EUA e do resto do mundo. Ainda hoje são imensos os que o adoram ou, no mínimo, simpatizam com ele e ingenuamente acreditam no que diz e no que parece de bem fazer, vítimas da credibilidade que erradamente lhe deram e ainda lhe dão.

É esse ator, mais um, da perniciosa política que representou e representa, que vem a Portugal esbulhar meio milhão de euros para dizer umas quantas palavras sobre o aquecimento global. Como se ele, as suas políticas, o seu país, não tivessem a fatia maior de responsabilidades nesse aquecimento global que ele fez aumentar e administrou em representação das grandes corporações do capital mundial e dos senhores da guerra.

Via Resistir.info reproduzimos no Página Global a curta mensagem acerca do esbulho que Obama vem fazer a Portugal. Meio milhão de euros por, talvez, meia-hora de atuação numa fala de algumas palavras acerca do tema. E há portugueses que lhe pagam para isso, certamente, só não sabemos quem são. Por isso mesmo é de temer que não seja mais meio-milhão de euros que sai dos bolsos dos contribuintes portugueses para atirar aos porcos. Para atirar a um ex-presidente sujo, que tem imensas responsabilidades nas desgraças que abundam pelas várias regiões do mundo – assim como tantos outros dos seus antecedentes ou o atual presidente Trump. (PG)

PORTUGAL ESPORTULA 500 MIL EUROS PARA O SR. OBAMA

Será Portugal um país de perdulários enlouquecidos? É o que parece quando se vê uma notícia como esta. Uma tal de Climate Change Leadership, conferência a realizar-se no Porto, tenciona pagar 500 mil euros ao sr. Obama a fim de que ele se desloque àquela cidade por algumas horas e perore acerca do suposto aquecimento global. Esta "ajuda de custo" nababesca ao ex-presidente estado-unidense é um escárnio aos depauperados trabalhadores portugueses e a todos os que dependem das funções sociais do Estado. Na notícia publicada noExpresso não fica claro de onde virão os recursos para efectuar tal pagamento, Sairá alguma coisa do Orçamento do Estado? O governo António Costa deveria esclarecer.

CHEGARAM A PORTUGAL | A falsa fachada dos capacetes brancos


Manuel Augusto Araújo | AbrilAbril | opinião

Já chegaram a Portugal os Capacetes Brancos, com ecos fortes na comunicação social, como seria expectável. São suportados por uma poderosa máquina de propaganda financiada pelo sólido apoio dos wahabitas da Arábia Saudita, de que um dos mais activos é o bilionário Hani Farsi, financiador de um documentário sobre a ONG inventada e organizada em 2013 por James Le Mesurier, especialista em segurança e «ex»-agente secreto militar britânico com um largo historial em alguns dos mais controversos teatros de intervenção da NATO, Bósnia, Kosovo, Iraque, Líbano e Palestina.

Le Mesurier é um produto da elite britânica da Academia Militar Real em Sandhurst, e foi também integrado numa série de missões de alto nível das Nações Unidas, da União Europeia e do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido.

Sigam o dinheiro

Os primeiros grande financiadores foram os sauditas, logo secundados pelas fundações de Georges Soros e pelos governos dos EUA e da Grã-Bretanha e de outros países ocidentais, mais as dádivas feitas através de angariações que são migalhas mas compõem a fotografia. Em 2016, algumas fontes estimam que esse «grupo de voluntários» recebeu cerca de 300 milhões de dólares.

Nem todo o apoio é visível, como o da USAID, bem conhecida pelas suas ligações à CIA na reconversão ou tentativa de reconversão de regimes que se escapam à esfera hegemónica dos EUA na América do Sul, Ucrânia e Médio Oriente. No seu relatório de Julho de 2015 estão inscritos mais de 16 milhões de dólares remetidos aos Capacetes Brancos.

Conhecidos os mecenas dessa trupe, o jornal londrino The Telegragh procurou minimizar os balanços negativos dessas revelações destacando o «papel humanitário dos Capacetes Brancos na Síria», reconhecendo no entanto o que antes, com grande veemência, os governos ocidentais e a rede dos media que lhes é afecta negavam: o dos Capacetes Brancos estarem integrados no ISIS e na Al-Qaeda, facto ilustrado por uma foto de um mercenário do ISIS de guarda a um armazém dos Capacetes Brancos onde estava arvorada uma bandeira do Estado Islâmico. Na realidade são uma fachada para branquear os terroristas da Al-Qaeda e seus heterónimos. São eles que compõem a face humana do terrorismo.

Propaganda de guerra para corações ternos

Os Capacetes Brancos têm o apoio de um grupo de peritos em propaganda. Uma máquina bem montada que fabrica vídeos para comover os corações moles de muita gente de boa vontade, inocente e verdadeiramente preocupada com as vítimas de uma guerra brutal que nunca foi uma guerra civil – outra grande falsificação.

Fazem parte da girândola de ONG que trabalham activamente para cumprirem os objectivos das agendas secretas dos EUA e dos seus variados serviços de informação. A sua grande eficácia é misturarem-se com as ONG que fazem louvável trabalho humanitário. Conseguem mesmo angariar pessoas honestas em seu apoio e para as suas fileiras, como tem acontecido com outras ONG. Algumas apercebem-se dos seus verdadeiros objectivos quando, na ânsia de obterem rapidamente resultados, os mandantes emitem ordens que contrariam os fins dessas organizações. Isso tem acontecido em várias partes do mundo onde actuaram e actuam: Jugoslávia, Líbia, Tunísia, Sudão. Agora onde estão mais activos na Síria e Iraque.

A «defesa civil» do Estado Islâmico

Quando surgiram os Capacetes Brancos, quem os comandava estava tão confiante no avanço no terreno da Al-Qaeda e do Estado Islâmico que não se eximiam a publicar vídeos das confraternizações conjuntas celebrandovitórias. Ainda se encontram alguns desses vídeos no You Tube, embora a maioria tenha sido apagada e não se encontrem uns tantos em que apareciam nas sessões de decapitação misturados com os algozes, numa altura em que esse horror era muito popular. Na realidade os Capacetes Brancos funcionam como a Defesa Civil do Estado Islâmico e da Al-Qaeda, a prioridade da sua actividade humanitária foram sempre os terroristas. Eram e são os seus paramédicos.

Passado o tempo das euforias, surgiram os vídeos a salvar civis dos escombros. A excitação dos dias sangrentos em que o Isis e a Al-Qaeda ocupavam uma grande parte do território sírio estava a acabar e era urgente mudar a imagem. Agora multiplicavam-se os vídeos com essa nova face, a partir de Aleppo e em Ghouta, para pressionar a opinião pública na iminência de os terroristas serem derrotados – como veio a suceder.

Luzes, acção, corta!

Muitos desses vídeos eram encenações, como foi demonstrado. Se dúvidas houvesse, foram os próprios «rebeldes» das Forças Revolucionárias Sírias (RFS na sigla em inglês) que retiraram da internet vídeos de salvamentos realizados pelos Capacetes Brancos, depois de muitos dos seus seguidores se insurgirem contra a clara falsificação das filmagens.

Ficaram célebres as imagens de uma menina que foi resgatada em três locais diferentes com quilómetros de distância, a de um homem a ser salvo das ruínas de um edifício bombardeado que se libertava das mãos dos seus dois salvadores sem problemas e cheio de vida, certamente por incúria no corte do filme ou por estarem tão confiantes no seu poder de convencer que pensavam que ninguém daria nota. Num outro ainda mais descarado tentavam reanimar um manequim, fazendo-o passar por uma vitima. A evidência não resistia ao olhar mais distraído e as RFS desculparam-se com uma retórica tão ridícula que só não rasga um riso pela gravidade da situação que vive no terreno.

A propaganda a que Portugal não escapa

Uma bem oleada máquina de propaganda, de que faz parte a sua vinda a Portugal, a promovê-los como a ONG apolítica que nunca foram. Conseguiram mesmo que fosse realizado um documentário, pago por dinheiro saudita, sobre a sua acção no terreno, onde é ocultada a sua verdadeira essência e colocado em relevo o seu trabalho humanitário. Documentário que foi candidato aos Óscares e obteve alguns galardões internacionais.

O cinema e o vídeo são uma poderosa engrenagem de propaganda e falsificação. Se alguém tem dúvidas vejam-se todos os filmes sobre a guerra do Vietnam. Os de Coppola, Apocalipse Now, Kubrik, Nascido para Matar, Oliver Stone, Platoon ou O Caçador de Michael Cimino – haverá mais uns seis –, que dão um retrato brutal da guerra, só pela excelência da sua qualidade não ficam soterrados na outra quase centena em que os heróis preferidos são Stallone e Chuck Norris, muito mais difundidos na televisão, em que até parece que os EUA ganharam a guerra do Vietnam, facto que os vietnamitas obviamente desconhecem.

A propaganda dos Capacetes Brancos é tão eficaz que alguns tentaram que fossem candidatos ao Prémio Nobel da Paz, o que aliviaria o esforço financeiro de quem os subsidia e os colocaria numa galeria ao lado de Obama, o Nobel da Paz que lançou 100 000 bombas e mísseis em sete países, colocou as forças militares norte-americanas em 138 países – estavam em 60 ao tempo de Georges W. Bush –, fez crescer dez vezes a utilização de drones, atingindo toda a espécie de alvos civis e militares, aumentou as despesas militares em 18,7 mil milhões de dólares. Não ficavam mal acompanhados e ilustrariam essa galeria em que a paz é um buraco negro.

Um parêntese para as «falsas notícias»

A guerra na Síria é, desde que foi desencadeada, uma enorme mistificação, como José Goulão, no AbrilAbril, cabalmente demonstrou. Os Capacetes Brancos, desde o seu aparecimento, são uma peça importante nessa engrenagem e trabalham afanosamente – para isso são pagos – para o branqueamento das forças terroristas. Mascarados com a capa humanitária, são a principal fonte de informação e difusão de «falsas notícias», fazendo um ataque cerrado aos avanços no terreno do regime de Assad. Os seus informes espalham-se como um vírus pelas redes sociais, independentemente de serem verdadeiros ou falsos. São destros e experientes em fabricarem sucessos para fazerem sangrar as almas piedosas de todo o mundo e fornecerem meios de prova que não precisam de outra contradita para os EUA e os seus aliados desencadearem acções contra o governo sírio e seus aliados. A última grande encenação foi em Ghouta, como já tinham feito em Aleppo. Tinha um objectivo irrefutável, tentar no mínimo atrasar os ataques do exército sírio para os terroristas se recomporem, se rearmarem e, se possível, não serem derrotados. São dos agentes mais activos para que o horror da guerra se prolongue. São parte inteira e activa desse horror sobre o qual a reportagem de Robert Fisk para o The Independent, em Douma, é esclarecedora.

Regressando a Portugal

Agora essa «organização humanitária» está por cá, em Fafe, a convite da Terra Justa e a ser alvo de várias acções de angariação de fundos. É mais uma das suas muitas acções de propaganda e relações públicas que organizam com reconhecida eficiência nos países ocidentais, aproveitando-se da conivência da comunicação social ao serviço das oligarquias. Por cá, têm tido uma cobertura mediática com grande impacto com a particularidade de nenhuma falhar em etiquetar os terroristas de rebeldes, um delicioso eufemismo.

Comparem-na com a que foi concedida a Maria de Guadalupe, a freira missionária argentina que esteve em Portugal a relatar a sua experiência na guerra da Síria. Enquanto os Capacetes Brancos, os paramédicos dos terroristas do Isis, da Al-Qaeda e seus heterónimos, são multiplamente incensados e propagandeados, Maria de Guadalupe quase não teve tempo de antena e, apesar da sua distanciação em relação ao conflito, até chegou a ser apelidada de freira diabólica. Mais um episódio da danação dos tempos que vivemos e da enorme manipulação que nos cerca.

Na foto: O Oscar foi dado a uma organização terrorista: Capacetes Brancos

DIA DO TRABALHADOR | 1º de Maio: Dos EUA esclavagistas ao resto do mundo


O Dia do Trabalhador, Dia do Trabalho ou Dia Internacional dos Trabalhadores é uma festa internacional cuja origem é a campanha dos trabalhadores pela redução do tempo de trabalho a uma jornada de oito horas, no fim do século XIX. É celebrado anualmente no dia 1º de maio em numerosos países do mundo.

No período entre-guerras, a duração máxima da jornada de trabalho foi afinal fixada em oito horas na maior parte dos países industrializados. Por essa razão, o Primeiro de Maio tornou-se um dia de celebração dos trabalhadores e trabalhadoras em quase todo o mundo, tornando-se também uma data de importantes manifestações do movimento operário.

O dia 1º de maio é feriado no Brasil, em PortugalAngolaMoçambique e muitos outros países.

No calendário litúrgico celebra-se a memória de São José Operário, o santo padroeiro dos trabalhadores.

Nos Estados Unidos, durante o congresso de 1884, os sindicatos estabelecem o prazo de dois anos para conseguir impor aos patrões a limitação da jornada de trabalho a oito horas. Eles decidem lançar sua campanha em 1º de maio, porque muitas empresas americanas começavam seu ano contábil nesse dia, de modo que os contratos terminavam nesse dia, e os trabalhadores tinham que procurar outro trabalho. Estimulada pelos anarquistas, a adesão à greve geral de 1º de maio de 1886 foi ampla,[1] envolvendo cerca de 340.000 trabalhadores em todo o país.

Em Chicago, a greve se prolonga em várias empresas. No dia 3 de maio, durante uma manifestação, grevistas da fábrica McCormick saem em perseguição a indivíduos contratados pela empresa para furar a greve. São recebidos pelos detetives da agência Pinkerton e policiais armados de rifles. O confronto resulta em três trabalhadores mortos. No dia seguinte, realiza-se uma marcha de protesto e, à noite, quando a multidão se dispersa na Haymarket Square, havia cerca de 200 manifestantes e o mesmo número de policiais.

É então que uma bomba explode diante dos policiais, matando um deles. Sete outros são mortos no confronto que se segue. Em consequência desses eventos, cinco sindicalistas anarquistas são condenados à morte (Albert ParsonsAdolph FischerGeorge EngelAugust Spies e Louis Lingg), apesar da inexistência de provas. Um deles (Louis Lingg) suicia-se na prisão. Os outros quatro são enforcados em 11 de novembro de 1887, dia que ficou conhecido desde então como Black Friday ('sexta-feira negra'). Três outros são condenados à prisão perpétua. Em 1893, esses anarquistas foram inocentados e reabilitados pelo governador de Illinois, que confirmou ter sido o chefe da polícia quem organizara tudo, inclusive quem encomendara o atentado para justificar a repressão que viria a seguir.[2].[3][4][5][3][6]

Três anos mais tarde, no dia 20 de junho de 1889, a segunda Internacional Socialista reunida em Paris decidiu convocar anualmente uma manifestação com o objetivo de lutar pela jornada de 8 horas de trabalho. A data escolhida foi o primeiro dia de maio, como homenagem às lutas sindicais de Chicago. Em 1º de maio de 1891 uma manifestação no norte de França foi dispersada pela polícia, resultando na morte de dez manifestantes. Esse novo drama serviu para reforçar o significado da data como um dia de luta dos trabalhadores. Meses depois, a Internacional Socialista de Bruxelas proclamou esse dia como dia internacional de reivindicação de condições laborais.[3][4][6]

Em 23 de abril de 1919 o senado francês ratificou a jornada de 8 horas e proclamou feriado o dia 1º de maio daquele ano. Em 1920 a União Soviética adotou o 1º de maio como feriado nacional, e hoje este exemplo é seguido por muitos outros países.[3]

Até hoje, o governo dos Estados Unidos se nega a reconhecer o 1º de maio como o Dia do Trabalhador. Em 1890, a luta dos trabalhadores estadunidenses conseguiu que o Congresso aprovasse que a redução da jornada de trabalho - de 16 horas para 8 horas diárias.


Dia do Trabalhador em Portugal

Em Portugal, só a partir de maio de 1974, após a Revolução dos Cravos, é que se voltou a comemorar livremente o Primeiro de Maio, e este passou a ser feriado. Durante a ditadura do Estado Novo, a comemoração deste dia era reprimida pela polícia.

O Dia Mundial dos Trabalhadores é comemorado em todo o país, com manifestações, comícios e festas de carácter reivindicativo, promovidos pela central sindical CGTP-IN (Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses – Intersindical) nas principais cidades de Lisboa e Porto, assim como pela central sindical UGT (União Geral dos Trabalhadores).

No Algarve, assim como na Madeira e nos Açores, é costume a população fazer piqueniques, e são organizadas algumas festas alusivas à data.

Foto: Manifestação no Porto no 1º de Maio de 1980/Henrique Matos


1º de Maio | Hospitais, escolas e comboios: há greves nos próximos dias


A contestação não baixa de tom e intensidade. A opção é do governo, avisam sindicatos: ou estagnação ou evolução

Nos próximos dias quem tiver consultas nos hospitais ou filhos nas escolas pode começar a fazer as contas a possíveis adiamentos e a estabelecimentos fechados: a saúde e a educação mantêm-se em estado quase permanente de contestação, com sucessivas paralisações previstas. Nos transportes é possível que tenha de remarcar viagens.

Os trabalhadores do hospital de Gaia estiveram ontem em greve e o Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado e de Entidades com Fins Públicos denunciou a substituição de médicos veterinários e assistentes de inspeção em greve nos matadouros por outros trabalhadores.

Amanhã e depois é a vez de os trabalhadores da saúde pararem (e a 25 de maio, de novo), na sexta-feira é a vez dos funcionários das escolas e para a semana os médicos fazem três dias de greve, a 8, 9 e 10 de maio. Os trabalhadores da Infraestruturas de Portugal também já anunciaram greve parcial a 10 de maio e total no dia 11. A última vez que pararam, a 2 de abril, quase 500 comboios foram suprimidos. E hoje não há pausa na contestação: nos supermercados, há greve convocada e as centrais sindicais saem à rua para exigir a "valorização dos trabalhadores", no caso da CGTP, e "justiça salarial e insistência no diálogo social para a administração pública", para a UGT. A 19, os professores manifestam-se, prometendo reeditar os grandes protestos do consulado de Maria de Lurdes Rodrigues.


O secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, assinala ao DN que a data de hoje "tem ainda mais sentido" porque "se é verdade que a luta dos trabalhadores foi importante para afastar o anterior governo e para ajudar à construção do início de um novo processo que devolveu rendimentos e direitos, no quadro atual esse processo claramente estagnou por opção deste governo".

"É fundamental estarmos [hoje] nas ruas para dizer que este caminho não é de estagnação, é de evolução. E isso só se fará com um governo que responda às reivindicações e às propostas da CGTP", acrescentou, para logo sublinhar que, "ao longo do tempo, a luta dos trabalhadores trouxe sempre resultados, independentemente de nem sempre serem imediatos". E a luta compensa, defende: "A pressão, a força, a intervenção, a mobilização e o alargamento da participação popular acabam por ser decisivos para pressionar o governo ou qualquer entidade patronal de forma a dar resposta às nossas reivindicações".

Longe dos tempos da troika

A conflitualidade social, que tem aquecido estes meses de governação socialista, está longe - ainda bem longe - do ano de todos os conflitos: de julho de 2012 a junho de 2013. A troika tinha aterrado no aeroporto em 2011 e o primeiro--ministro à época, Passos Coelho, anunciava em outubro desse ano o grande pacote de austeridade e, em setembro de 2012, a subida da TSU para os trabalhadores e a descida para as empresas. Segundo estimativas, a 15 de setembro desse ano, mais de um milhão e meio de pessoas saíram à rua a gritar "que se lixe a troika!".

A contestação nos tempos do governo de Passos e Paulo Portas manteve-se sempre em contínuo, mas longe dos números de 2011 e 2012. Como muito mais longe estaria o primeiro ano do governo socialista. Para António Costa, o seu primeiro mês de governo, dezembro de 2015, foi com muita agitação (192 avisos num único mês), logo acalmado em janeiro de 2016, ano no qual se prolongou um estado de graça laboral.

Em 2017, as reivindicações subiram de tom e chegamos a 2018 com uma rotação elevada de protestos. No ano passado, os números de avisos prévios de greve subiram face a 2016: foram 613 em 2017, tinham sido 488 no ano anterior, números que não superam o ano mais sereno do governo PSD/CDS (619 pré--avisos, em 2014). Em número de greves, contabilizadas pela agência Lusa, que cruzou noticiário seu com dados avançados pela CGTP, foram 216 paralisações, 38 das quais parciais. Não há dados oficiais sobre o número de greves concretizadas. A Direção-Geral do Emprego e das Relações do Trabalho apenas contabiliza pré-avisos comunicados e processos de serviços mínimos abertos.

Não há números disponíveis para este ano: até fevereiro deram entrada 61 pré-avisos (13 no setor empresarial do Estado, 48 fora deste setor), que está em linha com anos anteriores.

Miguel Marujo | Diário de Notícias | Foto: Global Imagens

Mais lidas da semana