quarta-feira, 4 de julho de 2018

Angola | João Lourenço destaca "cruzada contra a corrupção" no Parlamento Europeu


No seu discurso em Estrasburgo, João Lourenço sublinhou que Angola está "aberta ao mundo". O Presidente angolano tem estado a arrumar a casa para atrair mais investidores estrangeiros e prometeu resultados para breve.

Os angolanos esperavam que no seu discurso desta quarta-feira (04.07) no Parlamento Europeu (PE), em Estrasburgo, França, o chefe de Estado angolano não esquecesse temas como corrupção, impunidade, direitos humanos e liberdade de expressão. E João Lourenço assim o fez.

"Hoje, quando o país vive uma natural fase de transição política, o Executivo angolano continua empenhado em aprofundar o processo democrático e melhorar as condições que permitam um ambiente favorável à diversidade de opiniões, à liberdade de expressão e, no geral, ao respeito pelos direitos fundamentais dos cidadãos", declarou.

Desde agosto de 2017, altura em que tomou posse como Presidente da República, João Lourenço diz que tem "procurado implementar políticas que beneficiem diretamente as populações". E o Governo que dirige "tem focado a sua atenção na implementação de programas de estabilização macroeconómica e de consolidação fiscal, com vista a reduzir os efeitos da inflação e a normalizar o mercado cambial."

Perante os eurodeputados, o Presidente angolano admitiu que, embora se verifique uma diminuição do peso do setor petrolífero na economia nacional, isso "não é suficiente para superar os desequilíbrios existentes" e "não se reflete ainda na diversificação da economia e numa alteração estrutural das exportações e das receitas do Estado."

Por isso, Angola conta com a União Europeia como um "importante parceiro" que pode ajudar o país a "superar os constrangimentos" que ainda impedem a economia angolana de estar "ao serviço do desenvolvimento, do progresso e do bem-estar das populações." Reconhecendo ainda que o esforço de reconstrução dos últimos anos ainda "é insuficiente" para fazer face às necessidades de empresas e populações nas áreas de energia, água, escolas e hospitais.

"Cruzada contra a corrupção"

No quadro de um "melhor ambiente de negócios" e de "uma maior atenção ao investimento privado estrangeiro", João Lourenço salientou que o seu Governo tem levado a cabo "uma verdadeira cruzada contra a corrupção e impunidade, em toda a sociedade, com destaque para os chamados crimes de colarinho branco" e prometeu que "em breve" todos irão sentir os resultados positivos.

Além de lembrar que decorrem neste momento processos-crime contra cidadãos que terão lesado o Estado em centenas de milhões de dólares, o Presidente salientou ainda que recentemente foi aprovada a Lei de Repatriamento de Capitais.

"Angola vem-se tornando nos últimos meses num país mais aberto ao mundo e, por isso, mais amigo do investimento, mais aberto ao turismo", disse João Lourenço , garantindo que Angola está aberta ao investimento privado estrangeiro, praticamente em todos os domínios.

Questão das migrações "envergonha"

João Lourenço também destacou que há matérias de "interesse comum" que importa discutir com a União Europeia (UE), como os fluxos migratórios, uma questão que diz ser motivo "de vergonha". 

"As relações entre Angola e a UE e o Parlamento Europeu são antigas, com algumas décadas já. Temos questões de interesse comum a discutir, nomeadamente questões que têm a ver com desenvolvimento económico e social dos nossos países, questões de segurança, de necessidade de combate ao terrorismo e, sobretudo, necessidade de controlarmos a imigração que se vem verificando nos últimos anos e que em nada nos honra, antes pelo contrário, nos envergonha", disse o Presidente angolano.

"Os filhos de África vão hoje para a Europa na condição de emigrantes", em fuga de conflitos armados, fome e miséria, desemprego e falta de perspectivas, "e todos somos responsáveis por este quadro com que muitos países africanos se confrontam", frisou.

Antes de discursar no hemiciclo, João Lourenço já tinha dito à imprensa que para abordar "todas essas questões" é preciso "conversar", justificando desse modo a sua deslocação ao Parlamento Europeu, em Estrasburgo.

O presidente do Parlamento Europeu, Antonio Tajani, assegurou que África "é uma prioridade" e, por isso, é necessário "reforçar os laços entre a União Europeia e países africanos". Tajani concordou que o problema das migrações e a luta contra o terrorismo são, de facto, prioridades na agenda de interesses comuns.

Visita de António Costa a Angola ainda este ano

João Lourenço garantiu ainda em Estrasburgo que a visita oficial do primeiro-ministro português, António Costa, a Angola acontecerá ainda este ano e não está dependente do processo que envolve o ex-vice-Presidente angolano. "Só depende do acerto de calendários. Não tem nada a ver com o processo Manuel Vicente", reforçou.

Em declarações aos jornalistas, após o discurso, o Presidente de Angola assegurou que as relações com Portugal "estão boas" e que visitará o país "logo que estiverem criadas as condições". 

"As visitas a este nível, a nível de chefes de Estado, têm de ser preparadas com uma certa antecedência. Nós acordámos com as autoridades portuguesas que, antes da minha deslocação a Portugal, devo receber o primeiro-ministro português em Angola. Este processo está em curso, posso garantir que, de acordo com a agenda do próprio primeiro-ministro, António Costa, ainda este ano a visita vai acontecer", avançou.

João Lourenço foi o primeiro chefe de Estado angolano a discursar no Parlamento Europeu. Em junho, durante uma visita oficial à Bélgica, já tinha sido já recebido em Bruxelas pelo presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk.

Madalena Sampaio, Agência Lusa | Deutsche Welle

Cabo Verde | Parlamento aprova Estatuto dos Militares dos EUA


O Parlamento cabo-verdiano ratificou o Estatuto do Pessoal Militar norte-americano no país, mas persistem dúvidas sobre a constitucionalidade do acordo.

O Parlamento cabo-verdiano ratificou o Estatuto do Pessoal Militar norte-americano no território de Cabo Verde com os votos da bancada da maioria do MpD. PAICV e UCID, na oposição, abstiveram-se.

O Estatuto do Pessoal Militar norte-americano no território cabo-verdiano do Status Of Forces Agreement (SOFA), levou a líder do PAICV a encontrar-se nos últimos dias com o Presidente da República e com o primeiro-ministro.

Janira Hopffer Almada foi manifestar preocupação a essas entidades, porque entende que o acordo tem normas que são inconstitucionais.

 "Continuamos com muitas dúvidas relativamente à jurisdição penal nos termos previstos no acordo”, afirmou. Para Hopffer Almada, "é fundamental o reforço da cooperação que Cabo Verde tem com vários países, neste caso, com um grande parceiro que – os EUA", mas, acrescenta, "é fundamental que se garanta o respeito pela Constituição da República e pelas questões da jurisdição existente no país".

As preocupações da líder da oposição estão relacionadas com dois artigos do SOFA. O primeiro, sobre os privilégios, isenções e imunidades, em que, entende, Cabo Verde prescinde da sua jurisdição penal, e o segundo, em que, diz, o país renuncia à possibilidade de demandar o pessoal ao abrigo deste estatuto por qualquer acto cometido no território cabo-verdiano.

Governo garante constitucionalidade

Respondendo a essas preocupações, o ministro dos Negócios Estrangeiros e da Defesa Nacional, Luís Filipe Tavares, garante que o acordo assinado no passado mês de setembro, em Washington, pelos governos de Cabo Verde e dos EUA é constitucional: "Se tivesse algo de inconstitucional, o Governo de Cabo Verde não o iria assinar, porque tem respaldo nas convenções internacionais".

Janira Hopffer Almada diz não entender a teimosia do Governo, sublinhando que  "o Governo insiste que tem a certeza absoluta da conformidade dessas normas com a Constituição, numa postura clara de que nunca se engana e raramente tem dúvidas". "Nós esperamos que, sobretudo, o país fique preservado", conclui.

Depois do SOFA, um acordo de defesa e segurança

O ministro Luís Filipe Tavares explica que o acordo estabelece um quadro de parceria e cooperação aplicável ao pessoal e aos contratantes dos EUA que estejam temporariamente em Cabo Verde, no âmbito de visitas de navios, formação e exercícios militares.

 "O SOFA é um acordo que define o estatuto do soldado norte-americano quando em exercícios militares com as Forças Armadas de Cabo Verde”, explica, acrescentando que depois desse acordo, será agora negociado "um acordo de defesa e segurança com os EUA que é uma fase a posteriori".

"A condição prévia é assinarmos o SOFA como os EUA fizeram com vários países no mundo. Funciona normalmente, nunca se levantou alguma questão de inconstitucionalidade, pelo menos, pelos países que nós conhecemos em relação a esta matéria. Do nosso ponto de vista reafirmamos que não há nenhuma inconstitucionalidade", garante o ministro.

A ratificação do Estatuto do Pessoal Militar norte-americano no território cabo-verdiano foi o último ponto da sessão parlamentar de junho que vinha decorrendo desde segunda-feira (25.06).

Com esta ratificação, a bola está agora do lado do Presidente da República, que terá de promulgar, vetar ou pedir ao Tribunal Constitucional a fiscalização de alguns artigos do acordo.

Nélio dos Santos (Praia) | Deutsche Welle

Ameaça extremista continua a crescer em África


Especialistas alertam para aumento do extremismo no continente, onde já haverá mais de 10 mil combatentes jihadistas. O terrorismo ganha novos contornos no Sahel, tema que ofuscou até a última cimeira da União Africana.

Na semana passada, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Marrocos, Nasser Bourita, fez soar o alarme quando afirmou que havia cerca de 10 mil combatentes jihadistas no continente africano.

"A Al-Qaeda tem mais de 6.600 combatentes em toda a África. O Daesh, ou Estado Islâmico, tem mais de 3.500 combatentes nas suas fileiras. Muitos são ex-combatentes do Estado Islâmico na Síria e no Iraque que regressaram à região. É por isso que falo num total de 10.000 combatentes em toda a África. E não estou a contar com aqueles que se juntaram à Al-Shabab ou ao Boko Haram", explicou o político em entrevista à DW.

Para o ministro Nasser Bourita, é essencial estabelecer-se uma estratégia decisiva contra o terrorismo islâmico que continua a fazer milhares de mortos todos os anos em várias regiões de África. Somália, Mali, Nigéria, Quénia ou República Democrática do Congo (RDC) estão entre os países mais afetados.

Soluções estratégicas

"Existem soluções estratégicas em África, há consciência do problema e há cooperação no combate ao terrorismo. Marrocos desenvolveu uma estratégia contra o terrorismo com vários vizinhos africanos", destaca Nasser Bourita.

O chefe da diplomacia marroquina lembra ainda que existem diferentes abordagens: "soluções militares, também existem soluções propagandísticas e tentamos reconstruir as áreas destruídas pelo Estado Islâmico. Estas iniciativas deverão ser alargadas a outros países africanos e a cooperação com, por exemplo, o grupo G5 do Sahel deveria ser reforçada."

O G5 foi fundado em 2014 por alguns países da região do Sahel - Mauritânia, Mali, Níger, Burkina Faso e Chade - e pretende ser uma resposta à crescente insegurança e ameaça do terrorismo.

Terrorismo ganha novas fronteiras

Mas voltando aos 10 mil combatentes terroristas: será este número certo? O jornalista e escritor Marc Engelhardt tem dúvidas. "Não há registo profissional dos terroristas. Segundo as minhas pesquisas, o núcleo duro dos combatentes é de apenas algumas centenas de pessoas", diz.

"É verdadeiramente assustador que um núcleo tão pequeno de pessoas seja capaz de ameaçar um país gigante como o Mali. Eu diria menos de 10.000, embora o seu número de apoiantes, num sentido amplo, seja provavelmente maior do que isso", explica o jornalista.

Marc Engelhardt frisa que o terrorismo está a ganhar novas fronteiras e alerta para o facto da Guerra Santa já não ser uma "expressão estrangeira" em países até agora poupados desse perigo, como Moçambique, Burkina Faso ou Costa do Marfim.

Enquanto isso, a violência islâmica continua a aumentar na região do Sahel, ofuscando até mesmo a última cimeira da União Africana (UA) que terminou na segunda-feira (02.07), na capital mauritana. No Mali, quatro pessoas morreram e 20 ficaram feridas, incluindo quatro soldados franceses, num ataque suicida.

Embora a UA tenha prometido eliminar o terrorismo islâmico no continente até 2020, o objetivo parece cada vez mais uma miragem, comenta Pierre Bouyoya, representante da União Africana no Mali. "Encontrar a paz é uma tarefa gigantesca e não pode ser cumprida num dia, num ano ou numa década. África é um continente jovem e ainda está à procura de estabilidade", conclui.

António Cascais | Deutsche Welle

Na foto: Ataque de extremistas em Gao, no Mali

El Aaiun: população Saharaui sai à rua e exige independência à chegada do enviado da ONU


PUSL.- As autoridades marroquinas "esvaziaram" durante o dia a cidade de El Aaiun, capital do Sahara Ocidental ocupado para preparar a visita de Horst Koehler, enviado especial do Secretário-geral das Nações Unidas para o Sahara Ocidental.

Esta limpeza iniciou-se a semana passada com detenções, aumento de repressão, e incremento de forças policiais, militares e auxiliares.

Esta tarde após a chegada de Koehler ao aeroporto de El Aaiun a população saharaui surpreendeu as autoridades de ocupação ao sair em massa para as ruas exigindo a autodeterminação e saida imediata de marrocos do território.

Na ronda à região Koehler esteve em Tindouf nos campos de refugiados saharauis onde foi recebido pelo presidente da RASD e secretário geral da Frente Polisario e manteve encontros com membros do governo, também já se encontrou com representantes do governo marroquino em Rabat.

Esta previsto que Koehler visite El Aaiun, Smara e Dakhla nos territórios ocupados e dia 1 chegue a Madrid.

A manifestação de hoje demonstra claramente a vontade do povo saharaui e a sua firme determinação de alcançar a autodeterminação, independência e sobrania que lhes é negada pela comunidade internacional ao permitir através do seu silêncio a ocupação ilegal e criminosa desta território por Marrocos.

Nos videos abaixo é clara a "limpeza" efectuada pelas autoridades da cidade e mais tarde a saida às ruas da população.

- Pravda.ru



Na foto: Ontem, 4 de abril, na avenida Smara , em El Aaiun ocupado várias famílias dos presos politicos saharauis apoiadas por muitos saharauís foram às ruas ...

Por quanto tempo o banco central dos EUA poderá adiar o inevitável?


Paul Craig Roberts [*]

Quando irão as grandes empresas transnacionais dos EUA e representantes da Wall Street sentar-se com o Presidente Trump e explicar-lhe que a sua guerra comercial não é com a China, mas com eles próprios? A maior parte do défice na balança comercial dos EUA com a China é produção deslocalizada de transnacionais dos EUA. Quando estas transnacionais trazem o que produzem na China para o mercado dos EUA, os produtos são classificados como importações da China. 

Há seis anos, quando escrevia The Failure of Laissez Faire Capitalism, cheguei à conclusão evidente que metade das importações dos EUA a partir da China consiste em produção deslocalizada de empresas norte-americanas. As deslocalizações são um benefício substancial para as empresas norte-americanas devido aos custos laborais e custos de contexto muito mais baixos. Lucros, bónus para os dirigentes e ganhos de capital dos acionistas, receberam um grande impulso com as deslocalizações. Os custos destes benefícios para poucos caíram sobre os muitos – os ex-empregados norte-americanos que anteriormente tinham um rendimento de classe média e expectativas para seus filhos.

No meu livro mencionei a evidência de que durante a primeira década do século XXI "os EUA perderam 54 621 fábricas, e o emprego industrial reduziu-se em 5 milhões de trabalhadores. Ao longo da década, o número de fábricas maiores (aquelas que empregam 1 000 ou mais empregados) diminuiu 40%. Fábricas empregando 500 a 1.000 trabalhadores diminuíram 44%; aquelas que empregam entre 250 a 500 trabalhadores diminuíram 37%, e aqueles que empregam entre 100 a 250 trabalhadores reduziram-se em 30%. Estas perdas são líquidas de criação de novas empresas. Nem todas as perdas são devido às deslocalizações, algumas são o resultado de falências" (p. 100).

Por outras palavras, em termos mais simples e claros, milhões de americanos perderam seus empregos de classe média não porque a China agiu injustamente, mas porque empresas americanas traíram o povo americano e exportaram os seus empregos. "Tornar a América novamente grande" significa lidar com estas empresas, não com a China. Quando Trump aprender isto, supondo que alguém lho dirá, irá recuar em relação à China e empreender alguma ação relativamente às transnacionais norte-americanas?

A perda de empregos de classe média teve um efeito terrível sobre as esperanças e expectativas dos norte-americanos, a economia dos EUA, as finanças das cidades e Estados e, deste modo, a sua capacidade de cumprir obrigações quanto aos reformados e prestação de serviços públicos na base dos impostos para a Segurança Social e Medicare, ameaçando assim, estes elementos importantes do consenso americano.

Em suma, a elite empresarial gananciosa tirou benefícios para ela própria a um custo enorme para o povo americano e para a estabilidade económica e social dos Estados Unidos.

A perda do emprego devido às deslocalizações também teve um impacto enorme e terrível sobre a política do Federal Reserve (banco central). O declínio do crescimento do rendimento provocou a estagnação económica dos EUA. O Federal Reserve sob Alan Greenspan promoveu uma expansão do crédito ao consumo necessário para a falta de crescimento assente no rendimento dos consumidores, a fim de manter a procura agregada. Em vez de aumentos salariais, Greenspan baseou-se num aumento da dívida dos consumidores para acelerar a economia.

A expansão do crédito e o consequente aumento dos preços dos imóveis, juntamente com a desregulamentação do sistema bancário, especialmente a revogação da lei Glass-Steagall, produziram a bolha imobiliária, fraude e produtos financeiros derivados de hipotecas que deram origem à crise financeira de 2007-08.

O Federal Reserve respondeu à crise não caucionando a dívida dos consumidores, mas caucionando a dívida onde ela fora constituída – nos grandes bancos. O Federal Reserve deixou falir os bancos pequenos para serem comprados pelos grandes, aumentando ainda mais a concentração financeira. O aumento de vários milhões de milhões de dólares no balanço do Federal Reserve fez-se inteiramente em benefício de um punhado de grandes bancos. Nunca antes na História uma agência do governo dos EUA havia agido tão decisivamente a favor de apenas uma classe de proprietários.

A forma como o Federal Reserve salvou os grandes bancos irresponsáveis, que deveriam ter falido e ser fechados, foi a de aumentar os preços dos ativos problemáticos na contabilidade dos bancos, reduzindo as taxas de juro. Para ficar claro, as taxas de juro e os preços dos títulos financeiros movem-se em direções opostas. Quando as taxas de juro são reduzidas pelo Federal Reserve, que o consegue através da compra de instrumentos de dívida, os preços daqueles títulos sobem. Como os vários riscos de dívida se movem conjuntamente, com taxas de juro mais baixas os preços de todos os instrumentos de dívida sobem, mesmo aqueles com problemas. O aumento dos preços dos títulos de dívida produziu desta forma balanços solventes para os grandes bancos.

Para alcançar o seu objectivo, o Federal Reserve tinha de reduzir as taxas de juro a zero, o que mesmo com a baixa inflação verificada dava origem a taxas de juros negativas. Essas taxas tão baixas tiveram consequências desastrosas. Por um lado, baixas taxas de juro provocam todo tipo de especulações. Por outro lado, baixas taxas de juro privaram os reformados dos seus rendimentos de poupanças forçando-os a retirar capital, reduzindo assim a riqueza acumulada entre os 90% da população. A taxa de inflação subavaliada também negou aos aposentados da Segurança Social ajustes no seu nível de vida forçando-os a gastar do seu capital.

As taxas de juro baixas também incentivaram administradores de grandes empresas a pedir dinheiro emprestado a fim de comprar ações da própria empresa e, assim, elevar o seu preço e consequentemente os bónus e opções de ações dos executivos e membros dos Conselhos de Administração bem como ganhos de capital para os acionistas. Por outras palavras, as empresas endividaram-se para o benefício de curto prazo de executivos e acionistas. As empresas que se recusavam a participar deste golpe foram ameaçadas pela Wall Street com tomadas de controle(takeovers).

Por conseguinte, atualmente a combinação da política do Federal Reserve com a de deslocalização de empresas deixou os EUA numa situação em que todos os aspectos da economia estão endividados – consumidores, governos, em todos os seus níveis, e empresas. Um estudo recente do Federal Reserve concluiu que os americanos estão tão endividados e tão pobres que 41% da população americana não pode obter 400 dólares sem pedir emprestado à família ou a amigos ou vender bens pessoais.

Um país com uma população tão endividada deixou de ter mercado consumidor. Sem um mercado consumidor, não há crescimento económico, além dos falsos números orquestrados pelo governo dos EUA subavaliando a taxa de inflação.

Sem crescimento económico, consumidores, empresas, governos federais, estaduais e locais não podem pagar as suas dívidas e cumprir as suas obrigações.

O Federal Reserve aprendeu que pode manter a boiar este esquema Ponzi que é a economia dos EUA através da impressão de moeda com a qual suporta preços de activos financeiros. A alegada ascensão das taxas de juro pelo Federal Reserve não é uma ascensão real. Mesmo a taxa de inflação subavaliada é mais alta do que os aumentos da taxa de juro, com a resultante de que a taxa de juro real cai. Se o mercado de acções tentar vender barato, antes de isto provocar muito dano o Federal Reserve intervém e compra S&P futures , elevando assim os preços das acções.

Normalmente, tanta criação de moeda pelo Federal Reserve, especialmente em conjunto com um nível tão alto de dívida do governo federal e também dos governos estaduais e locais, consumidores e empresas, provocaria uma diminuição taxa de câmbio do dólar americano. Por que é que isto ainda não aconteceu?

Por três razões. Uma é que os bancos centrais das outras três moedas de reserva – o Banco Central do Japão, o Banco Central Europeu e o Banco de Inglaterra – também estão a imprimir dinheiro. As suas "quantitative easing",que ainda continuam, compensam os dólares criados pela Reserva Federal e evitam a depreciação do dólar dos EUA

Uma segunda razão é que quando a suspeição do valor do dólar eleva o preço do ouro, o Federal Reserve ou os seus bancos autorizados a actuar no ouro curto-circuitam futuros de ouro com contratos a descoberto. Isto faz baixar o preço do ouro. Existem numerosos artigos no meu site, meus e de Dave Kranzler, provando ser este o caso. Não há dúvidas acerca disto.

A terceira razão é que os gestores de dinheiro, indivíduos, fundos de pensões, todos e tudo o resto preferem obter ganhos do que deixar de o fazer. Portanto, eles deixam-se ir no esquema Ponzi. As pessoas que não beneficiaram deste esquema na década passada foram aqueles que compreendiam o que era um esquema Ponzi, mas não compreenderam a corrupção que tem assolado o Federal Reserve e a capacidade e vontade deste banco central para continuar a alimentar o esquema Ponzi.

Como expliquei anteriormente, o esquema de Ponzi desmorona quando se torna impossível continuar a apoiar uma moeda tão sobrecarregada como está o dólar devido aos níveis de dívida e abundância de dólares que poderiam ser despejados nos mercados cambiais.

É por isso que Washington está determinada a manter sua hegemonia. É a hegemonia de Washington sobre o Japão, Europa e Reino Unido que protege o esquema Ponzi dos EUA. No momento em que um destes bancos centrais deixar de apoiar o dólar, os outros seguem-no e o esquema Ponzi poderia desabar. Se os preços de dívida e ações fossem reduzidos aos seus valores reais, os Estados Unidos já não teriam lugar nas fileiras das potências mundiais.

O que isto implica é que guerra, e não reforma económica, é o mais provável futuro dos EUA.

Num texto posterior espero explicar por que razão nenhum partido político dos EUA tem a consciência e a capacidade para tratar de problemas reais.

Do mesmo autor: 
  A manipulação do mercado do ouro pelo Fed

[*] Foi secretário do Tesouro assistente dos EUA para política económica e editor associado do Wall Street Journal. Foi colunista da Business Week, Scripps Howard News Service e Creators Syndicate. Seus livros mais recentes são The Failure of Laissez Faire Capitalism and Economic Dissolution of the West , How America Was Lost e The Neoconservative Threat to World Order . 

O original encontra-se em www.informationclearinghouse.info/49718.htm 

Este artigo encontra-se em https://resistir.info/

Em Portugal a sobreexploração dos trabalhadores aumentou em 2018


Enquanto a UGT, patrões e governo se uniram na concertação social para impedir qualquer alteração importante do Código de Trabalho que defendesse os trabalhadores, a evolução do custo hora da mão-de-obra nos países da União Europeia entre 2017 e 2018, divulgado pelo Eurostat, chama a atenção para uma realidade grave que é sistematicamente omitida pelo governo e pelas associações patronais.

Portugal foi o único país da União Europeia onde o custo hora da mão obra diminuiu no 1º Trimestre de 2018 (-1,5%) quando comparado com o custo hora do 1º Trimestre de 2017. Esta redução do custo trabalho/hora foi conseguida à custa do aumento da exploração dos trabalhadores, pagando salários de miséria. Apesar disso, os patrões, a UGT e o governo, assinaram na concertação social um acordo que visa aumentar a exploração e a precariedade.

*O Diário

Não se tira a troika de CDS e PSD


Mariana Mortágua* | Jornal de Notícias | opinião

A Direita portuguesa bem se tem esforçado por moderar o discurso face ao evidente fracasso da estratégia de empobrecimento e austeridade que apresentaram como inevitável. Mas não é preciso procurar muito para encontrar no discurso de CDS e PSD as linhas mestras do programa que, com a ajuda da troika, impôs ao país a mais violenta austeridade. Afinal de contas, pode tirar-se o Governo da troika do país, mas não se tira a troika do CDS e PSD.

Desta vez foi Assunção Cristas. Questionada sobre as 35 horas semanais de trabalho, não hesitou em afirmar que "precisamos de trabalhar muito porque infelizmente continuamos a estar atrás dos outros países no que diz respeito à competitividade da nossa economia". Por outras palavras, diz-nos Cristas que a competitividade da economia depende de mais horas de trabalho, isto é, de mais trabalho por menos salário. Numa única frase, a presidente do CDS resumiu o pensamento bafiento da troika sobre o trabalho que, como se vê, não se distingue do seu. Em 2016, a Esquerda conseguiu aprovar a reposição das 35 horas no setor público. Os partidos que tinham aumentado o horário de trabalho no tempo da troika, PSD e CDS, votaram contra a medida e justificaram o voto também com a ideia de que estaria a ser criada uma desigualdade entre trabalhadores do público e do privado. Menos de um ano depois, CDS, PSD e PS chumbaram as propostas da Esquerda para alargar o horário de 35 horas semanais ao privado. A igualdade nunca foi e nunca será uma preocupação para a Direita, porque a desigualdade é e sempre foi a sua única política.

A ideia de que mais horas de trabalho significam mais competitividade da economia levou a Direita a aumentar o horário de trabalho e diminuir o salário, mas serviu também para justificar a eliminação de feriados e dias de férias ou os cortes nos salários e horas extras durante o tempo da troika. Três anos passados, Cristas ainda não compreendeu que a fragilidade da economia portuguesa não está no pouco tempo de trabalho, ou nos altos salários. É precisamente o contrário.

Até hoje, a aposta nos baixos salários não fez mais que deixar o país preso a uma economia fraca, de baixas qualificações, centrada em atividades de pouca intensidade tecnológica e valor acrescentado. É esse o caminho que é preciso reverter. E a solução não é impor jornadas de trabalho mais longas, como propõe Cristas. Em Portugal já se trabalha mais tempo que a média europeia.

A solução está em menos horas de melhor trabalho. E melhor trabalho, ou trabalho mais produtivo, resulta de uma combinação de fatores em que o CDS não quer nem sequer pensar. Porque não é possível pensar a sério em trabalho qualificado sem um forte investimento público em educação, em ciência e investigação. Porque trabalho empenhado requer um bom salário, segurança no vínculo laboral em vez de precariedade. Numa palavra: dignidade. Ou seja, muito longe da visão elitista da educação que o CDS defende e o contrário da prática de precarização laboral que o Governo da troika impôs ao país.

O país precisa de discutir a sua estratégia económica de futuro. Mas devemos rejeitar soluções que já conhecemos, e que falharam. A proposta de Cristas não é mais que um regresso ao passado.

*Deputada do BE

Rio-Costa | Ex-autarcas e dois grandes mestres da sacanagem política


Os engrutados, reféns da natureza na Tailândia, e os corajosos mergulhadores e outros das equipas de salvamento que tudo fazem para reaver com vida os 13 jovens continuam a ser tema da mídia internacional e portuguesa. Também o Expresso Curto volta ali, à Tailândia, e aborda o caso. Cristina Peres é quem escreve, para que se saiba.

O Curto vai a muitos temas e a crise entre o governo PS e a esquerda que o tem suportado parlamentarmente é salientado. Falta picante que baste. Isso é dizer sem rodeios que o PS é assim, é de direita, do centro… De esquerda é que não. Mas tira partido e vantagens ao fazer de conta. Pronto, ali têm o PS na direita, que é o seu lugar, deslizando por vezes ao centro e piscando o olho aos partidos parlamentares da esquerda que enganou. Costa é um político muito astuto. Capaz de ser um grande sacana político. Sim. Político, pelo menos. Está à vista. Todos sabíamos que essa tal geringonça tão badalada iria desembocar na foz da falsidade e de incumprimentos do acordado inicialmente. Costa já não precisa dos partidos que foram seus aliados parlamentarmente, tem o PSD e se necessário o CDS. Esse é o seu terreno político e não é novidade. Diz-nos com quem andas e dir-te-ei quem és. Sempre assim foi, porque haveria agora de ser diferente. Costa e Rio, ex-autarcas (Lisboa e Porto) são perfeitos na arte de sacanear. É o que está à vista. Que sigam para bingo. Adeus geringonça. Em determinados aspetos foste muito útil. Podia ter sido ainda melhor para os portugueses mais pobres e muito carenciados que receberam umas migalhas em vez da dignidade que lhes foi roubada anos atrás… Viva o Bloco Central e o binómio Rio-Costa. Viva?

O outro (Guterres) dizia que era “uma questão de fazer contas”. Este é o caso. E também uma questão de ler e ficar a saber quem é quem. Estúpido é a permanente divisão dos partidos de esquerda, porque tem sido exatamente essa divisão que tem permitido à direita tecer a teia a seu modo e manter-se nos poderes que lhes tem permitido fazer tudo e mais alguma coisa no prejuízo de muitos milhões de portugueses e até acoitar uns quantos que têm por objetivo roubar, roubar e deixar fazer o mesmo… a amigos e capatazes.

Tenham um bom dia. (CT | PG)

Bom dia este é o seu Expresso Curto

A luz ao fundo do túnel

Cristina Peres | Expresso

Há umas duas horas, os médicos ensaiaram uma tentativa de operação de salvamento à entrada da rede de grutas de Tham Luang Nam Non em que se encontram ainda presos 12 jovens e o seu treinador de futebol. Os militares que participam na operação disseram que os jovens têm estado a experimentar máscaras de mergulho e a fazer exercícios de respiração que lhes permitirão sair da cave onde foram encontrados dez dias depois de terem desaparecido.

A história que está a apaixonar o mundo é o resgate dos jovens que estão presos há dias numa gruta no norte da Tailândia. Não há uma solução menos perigosa para o salvamento e a operação está em plena ebulição. Depois de a Marinha tailandesa ter divulgado ontem, através do Facebook, o primeiro vídeo dos rapazes e dos seu treinador de futebol, que os mostrava a salvo ainda que bastante fracos, um segundo vídeo foi divulgado esta madrugada em que aparecem bem dispostos. Mergulhar pode bem ser a única opção para sair das grutas a tempo de escapar às monções esperadas para esta semana, escreve “The Guardian”, infografias do local e vídeo incluídos. Está ainda em aberto a hipótese de manter os 13 na gruta até depois das monções e tentar o resgate assim que o nível das águas baixe. À semelhança do que se vê nos filmes, há uma equipa de militares, médicos e pessoal de resgate a trabalhar no local. Alguns médicos já chegaram aos 13 retidos na gruta enquanto se estudam as opções para a sua extração.

OUTRAS NOTÍCIAS

Depois da confusão doméstica, o acordo entre os partidos irmãos da coligação alemã, CDU e CSU, relativo à política de asilo deixou a União Europeia baralhada. Desde ontem que ninguém sabe exatamente como irá ser executado, qual será o impacto nos outros Estados-membros nem mesmo se é legal, lê-se no Spiegel Online. O líder da CSU e ministro do Interior, Horst Seehofer, será o herói do dia para os conservadores que defendem fronteiras fechadas, mais policiamento e maior controlo geral, porém é em nome dos “valores liberais e da liberdade” que a Alemanha está em vias de deixar de ser o país que era. Voltará a ser restabelecida a confiança entre Merkel e Seehofer? Leia aqui de onde vem o homem que está na origem desta contenda. E leia aquias consequências do acordo que propõe instituir centros de trânsito onde seja feita a triagem dos candidatos a asilo no sul da Alemanha. A devolução à procedência dos candidatos que tenham sido registados em países que não têm um acordo bilateral com a Alemanha será imediata, sem que cheguem a entrar nestas zonas de trânsito.

A provar que a realidade se sobrepõe sempre à ficção, nestes três dias em que os políticos europeus se descabelaram, morreram mais 200 pessoas afogadas no Mediterrâneo. Receia-se que a luta que a guarda costeira líbia e italiana está a dar aos traficantes esteja a levá-los a tentarem rotas mais arriscadas com resultados fatais para os migrantes. Ainda a sugestão de um trabalho notável publicado pelo diário britânico “The Guardian” onde consta a lista dos mortos: a lista com 34.361nomes prova que nem todos morrem no mar, alguns morrem nos centros de acolhimento e em centros de detenção, ou no centro das cidades, uns 400 mataram-se e outros 600 morreram às mãos de outros.

Por cá, há desentendimento à vista, o “jogo de passa culpas está em marcha” e apesar de António Costa considerar a “geringonça” um sucesso a manter, Jerónimo de Sousa diz que o mito acabou. “O risco de uma crise política, que parecia aberrante, encorpou nestes dois meses, muito à custa do conflito Governo/professores, que parece extremado”, escreve a Ângela Silva.

António Costa está hoje de partida para Moçambique onde vai participar na III cimeira bilateral entre os dois países pela primeira vez presidida por Filipe Nyusi. O anterior encontro do género aconteceu em 2014 e também se realizou em Maputo. Relações comerciais e reforço das relações político-diplomáticas na agenda, escreve a Luísa Meireles.

Por isso, o Ministério da Educação convocou uma reunião com os sindicatos para o dia 11 de julho. Trata-se de uma “demonstração de boa fé negocial” por parte do ministério, que pretende abordar a recuperação do tempo de serviço congelado. Leia aqui os pormenores pela Isabel Leiria.

Fernando Medina é um deslumbrado com a presença de Madonna em Lisboa. É o que diz Carlos Barbosa à SIC.

Se estiver nesta situação congratule-se porque o fisco suspendeu as coimas aos trabalhadores independentes e às empresas que não estão inscritos na Via CTT, garantiu o ministério das Finanças.

Manchetes do dia (sem DN): “Pais pagam 56% dos gastos dos estudantes do ensino superior”, Público; “Parlamento discute se políticos podem receber prendas até 150 euros”, i; “Férias aceleram combate à corrupção no setor público”, JN; “Reclamações disparam no transporte aéreo”, Negócios; “Sporting deve 40 milhões s fornecedores”, CM

“Considero-me a presidente do Supremo Tribunal da Polónia até 2020”, declarou Małgorzata Gersdorf, a primeira presidente daquele tribunal polaco que é agora forçada a “reformar-se” pela nova lei do atual Governo da Polónia, que tem sido contestada pela Comissão Europeia. O mesmo é suposto acontecer a 40% do corpo de 72 juízes que têm mais de 65 anos de idade. “É triste”, disse a juíza aos estudantes durante um discurso em Varsóvia, “Acaba com uma época da justiça e do Supremo e com a sua independência e competência organizacional”.

Três anos após a assinatura do acordo nuclear com seis potências, Hassan Rouhani regressa hoje a Viena em missão de salvamento daquele acordo. O Irão cumpriu as condições, porém Trump retirou os EUA do acordo em maio e voltou a carregar nas sanções a Teerão. Em tempo de chantagem, o PR iraniano recorre aos outros cinco signatários.

A Arábia Saudita confirmou a prontidão e disponibilidade do país para aumentar a produção de crude até “provavelmente” mais dois milhões de barris de forma a manter o mercado equilibrado e estável, de acordo com o pedido feito pelos Estados Unidos.

Hoje é 4 de julho, Independence Day nos EUA, país onde pela primeira vez na história menos de 41% dos cidadãos estão "extremamente orgulhosos" de serem americanos.

200 mil refugiados Rohingya no Bangladesh, entre os quais 100 mil são crianças, estão sob a ameaça das violentas monções. Um trabalho de Siegfried Modola para a Al Jazeera.

Para ficarmos todos bem dispostos: a Google admitiu que os e-mails trocados via gmail podem ser lidas por terceiras partes humanas como criadores de aplicações, e não só por máquinas, ou exclusivamente pelos emissor e recetor, como deveria ser. Claro que a Google disse que isto não vai contra as suas políticas…

Isabel II de Inglaterra recusa-se a fazer uma intervenção cirúrgica aos olhos a que foi aconselhada para não perder nenhum dos seus compromissos oficiais.

Quem se queixa todos os dias das temperaturas abaixo do normal para a época tem à sua espera calor tórrido entre domingo e quinta-feira da próxima semana. Quem não se queixa idem porque as temperaturas desta onda de calor poderão chegar aos 45 graus.

Planeta Futebol: um penálti neste Mundial fez de Inglaterra uma nova Inglaterra e os suecos são os ases pelo ar. “A Inglaterra esteve em vantagem, viu a Colômbia empatar o jogo já nos descontos (1-1) e, depois do prolongamento, seguiu-se o pior pesadelo de qualquer inglês: os penáltis. A Inglaterra já tinha perdido em seis das sete vezes em que teve de ir a penáltis, tanto em Mundiais como em Europeus, mas, desta vez, ganhou (e agora vai defrontar a Suécia nos quartos-de-final)”, escreve a Mariana Cabral. Há TribunaExpresso a bombar, não esqueça.

Será confirmado em breve o que se diz em Espanha? que Cristiano Ronaldo segue do Real Madrid para o Juventus de Turim por 100 milhões de euros e vai ganhar 30 milhões ao ano? Confirme aqui quais os portugueses que lá estiveram.

Kelly Slater despede-se em 2019. Quem? O “quiçá maior desportista de sempre a alguma vez ter tanta influência no desporto que escolheu, anunciou, aos 46 anos, que se vai retirar no final de 2019”, explica o Diogo Pombo.

FRASES

“Quem chega ao ensino superior continua a ser um privilegiado”, João Pedro Videira, presidente da Federação Académica do Porto ao Público

“Portugal fez progressos extraordinários na saúde pública”, Leonor Beleza, presidente da Fundação Champalimaud ao Negócios

“O Governo minoritário do PS mantém a convergência em domínios estruturais com o PSD e o CDS”, Comunicado do comité central do PCP

“Vinte anos depois, Saramago continua a falar-nos”, Pilar del Rio, viúva e presidente da Fundação José Saramago a propósito da edição do diário do escritor do ano em que recebeu o Nobel da literatura

O QUE ANDO A LER

O que mais há a fazer em “The dog in photography 1839-Today”não é propriamente ler. Mesmo assim, é da leitura dos textos que pontuam os capítulos em que esta edição da Taschen de 677 páginas se divide que se percebe o grão fino do conceito. Tal como a maioria dos livros que constituem a Bibliotheca Universalis da editora alemã, as 400 fotografias incluídas em “The dog in photography” fazem história. E aqui ela é organizada por Raymond Merrit do ponto de vista da presença do cão na fotografia desde os seus primórdios à atualidade. Há muitas artísticas e assinadas por fotógrafos como Man Ray, Eric Fischl, Wolfgang Tillmans, Ralph Gibson, Fatima NeJame, Elliot Erwitt, William Wegman, Jacques-Henry, Alexander Rodchenko, Robert Capa… depois há as dos fotógrafos de estúdio, muitos dos quais se perderam no tempo, e ainda muitas de autores desconhecidos. À escolha presidiu precisamente isso: que o mais presente dos animais na vida dos homens fosse aqui retratado num número de registos alargado. Como escreveu Alphonse Toussenel, “No princípio, Deus criou o homem, mas ao vê-lo tão frágil, deu-lhe o cão”. Sim, claro que é para quem gosta de cães!

Até 25 de agosto tem muito ainda para ver no 1º Festival África em Évora. Artes plásticas, fotografia, pensamento e música são as traves-mestras de uma programação de luxo que reúne em Portugal dos melhores artistas africanos da contemporaneidade. Além dos atrativos da programação, a temperatura local tem estado perfeita.

Continue a seguir a atualidade ao minuto em www.expresso.pt e aguarde o Expresso Diário para o resumo e comentário do dia lá pelas 18h. Passe uma excelente quarta-feira.

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