O Parlamento cabo-verdiano
ratificou o Estatuto do Pessoal Militar norte-americano no país, mas persistem
dúvidas sobre a constitucionalidade do acordo.
O Parlamento cabo-verdiano
ratificou o Estatuto do Pessoal Militar norte-americano no território de Cabo
Verde com os votos da bancada da maioria do MpD. PAICV e UCID, na oposição,
abstiveram-se.
O Estatuto do Pessoal Militar
norte-americano no território cabo-verdiano do Status Of Forces Agreement
(SOFA), levou a líder do PAICV a encontrar-se nos últimos dias com o Presidente
da República e com o primeiro-ministro.
Janira Hopffer Almada foi
manifestar preocupação a essas entidades, porque entende que o acordo tem
normas que são inconstitucionais.
"Continuamos com
muitas dúvidas relativamente à jurisdição penal nos termos previstos no
acordo”, afirmou. Para Hopffer Almada, "é fundamental o reforço da
cooperação que Cabo Verde tem com vários países, neste caso, com um grande
parceiro que – os EUA", mas, acrescenta, "é fundamental que se
garanta o respeito pela Constituição da República e pelas questões da
jurisdição existente no país".
As preocupações da líder da
oposição estão relacionadas com dois artigos do SOFA. O primeiro, sobre os
privilégios, isenções e imunidades, em que, entende, Cabo Verde prescinde da
sua jurisdição penal, e o segundo, em que, diz, o país renuncia à possibilidade
de demandar o pessoal ao abrigo deste estatuto por qualquer acto cometido no
território cabo-verdiano.
Governo garante
constitucionalidade
Respondendo a essas preocupações,
o ministro dos Negócios Estrangeiros e da Defesa Nacional, Luís Filipe Tavares,
garante que o acordo assinado no passado mês de setembro, em Washington, pelos
governos de Cabo Verde e dos EUA é constitucional: "Se tivesse algo de
inconstitucional, o Governo de Cabo Verde não o iria assinar, porque tem
respaldo nas convenções internacionais".
Janira Hopffer Almada diz não
entender a teimosia do Governo, sublinhando que "o Governo insiste
que tem a certeza absoluta da conformidade dessas normas com a Constituição,
numa postura clara de que nunca se engana e raramente tem dúvidas".
"Nós esperamos que, sobretudo, o país fique preservado", conclui.
Depois do SOFA, um acordo de
defesa e segurança
O ministro Luís Filipe Tavares
explica que o acordo estabelece um quadro de parceria e cooperação aplicável ao
pessoal e aos contratantes dos EUA que estejam temporariamente em Cabo Verde,
no âmbito de visitas de navios, formação e exercícios militares.
"O SOFA é um acordo que
define o estatuto do soldado norte-americano quando em exercícios militares com
as Forças Armadas de Cabo Verde”, explica, acrescentando que depois desse
acordo, será agora negociado "um acordo de defesa e segurança com os EUA que é uma fase a posteriori".
"A condição prévia é
assinarmos o SOFA como os EUA fizeram com vários países no mundo. Funciona
normalmente, nunca se levantou alguma questão de inconstitucionalidade, pelo
menos, pelos países que nós conhecemos em relação a esta matéria. Do nosso
ponto de vista reafirmamos que não há nenhuma inconstitucionalidade",
garante o ministro.
A ratificação do Estatuto do
Pessoal Militar norte-americano no território cabo-verdiano foi o último ponto
da sessão parlamentar de junho que vinha decorrendo desde segunda-feira
(25.06).
Com esta ratificação, a bola está
agora do lado do Presidente da República, que terá de promulgar, vetar ou pedir
ao Tribunal Constitucional a fiscalização de alguns artigos do acordo.
Nélio dos Santos (Praia) |
Deutsche Welle
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