Considerações sobre a reposição
de um divulgado caso de saúde pública
Considerando a gravidade da
situação relacionada com o elevado surto de escabiose (sarna) que avança com
aparente laxismo das autoridades governamentais – Ministério da Saúde - e o
silêncio do próprio Parlamento Nacional, considerando sobretudo que esta epidemia
já é na atualidade um preocupante caso de saúde pública, como nos foi descrito,
decidimos no Timor Agora proceder à reposição do publicado no sábado no TA
sobre o que está a ocorrer em Timor-Leste.
É esperança do Timor Agora e,
principalmente, de várias fontes que nos alertaram sobre aquela realidade, que
com a devida urgência o Estado timorense cumpra os seus deveres para com as
populações das zonas afetadas pela epidemia. Que se concentram, principalmente,
nos grandes e médios aglomerados populacionais, assim como entre algumas
pequenas comunidades nómadas existentes no país personificando outro elemento
de propagação do contágio da doença por todo o país.
“Porque é algo que periga a saúde
pública urge agir e devolver aos timorenses afetados a saúde que também ao
Estado compete preservar. Até porque o tratamento é algo simples se for
encarado com o rigor que os técnicos de saúde conhecem e devem prestar
informação aos pacientes. Além disso, também os órgãos de comunicação social
podem e devem divulgar os devidos esclarecimentos, numa campanha que dependerá
do empenho dos envolvidos no setor da saúde”, declararam ao TA.
Entenda-se que o TA não tem por
vocação provocar alarmismos injustificados mas sim colaborar na denúncia de um
caso sério e futuramente gravoso se não lhe for dispensada a devida atenção e
os procedimentos que se impõem, que dependem da atuação correta do governo e
dos serviços de saúde timorenses. Primeiro avaliando a realidade do que ocorre
e depois combatendo a epidemia que nos é descrita como muito preocupante e já
um facto que é caso de saúde pública.
A seguir, a reposição do título
do passado sábado.
Epidemia de escabiose (sarna) é
caso de saúde pública em Timor-Leste
Principalmente nos maiores
aglomerados populacionais está a ocorrer em Timor-Leste o alastramento da
epidemia de escabiose, vulgarmente conhecida por sarna. A doença é
muitíssimo contagiosa a daí a sua galopante evolução entre alguns milhares de
timorenses.
Ao que apurámos a informação
ainda não chegou à esfera governamental e nada está a ser feito para encarar a
epidemia como um caso de saúde pública que compete às autoridades de saúde, ao
estado, combater e debelar. Promovendo o seu tratamento e a divulgação de como
ocorre o contágio entre os timorenses.
Perante a análise da referida
situação em Timor-Leste, técnicos de saúde que consultámos são de opinião que é
realmente um grave caso de saúde pública que tem de ser encarado com emergência
pelo Ministério da Saúde, hospitais, centros de saúde, clínicas e respetivos
técnicos. Quanto mais tempo passar sem que esses serviços atuem muitas mais
pessoas serão contagiados e este caso de ataque à saúde pública será agravado,
adquirindo muito maiores dimensões.
É igualmente importante
esclarecer as populações através dos orgãos de comunicação social e de equipas
criadas para o efeito sobre como evitar o contágio, procedimentos e
processo de tratamento.
Com o propósito de esclarecer
sobre esta doença cutânea recorremos no Timor Agora ao que consta sobre a
escabiose em página online (com vídeos) da ARSLVT - convidando
todos os que se interessarem por a consultar na integra ou em outras
alternativas online. (TA)
Escabiose, como esta é
transmitida, os seus sintomas e formas de tratamento
A Administração Regional de Saúde
de Lisboa e Vale do Tejo informa sobre a Escabiose (Sarna), como esta é
transmitida, os seus sintomas e formas de tratamento.
O que é a escabiose (Sarna)
A escabiose ou sarna é uma dermatose infecciosa provocada pelo ácaro Sarcoptes
scabiei, que afecta apenas seres humanos. Esses parasitas não conseguem saltar
nem voar. Na maioria dos casos, não conseguem sobreviver mais do que três dias
fora do organismo.
Os surtos epidémicos ocorrem ciclicamente e dependem de factores diversos como
a imunidade individual, condições de vida, hábitos higiénicos, migrações e
aglomerados habitacionais. Esta parasitose ocorre em ambos os sexos, em todas
as idades e raças e em todos os níveis sócio económicos.
Como é transmitida a escabiose
A escabiose é transmitida pelo contacto cutâneo directo prolongado com uma
pessoa parasitada, contacto sexual ou pelo contacto da pele com as roupas de
cama, toalhas, objectos pessoais de pessoas infestadas.
Quanto maior o número de parasitas no hospedeiro, maior é a probabilidade de
transmissão. As crianças desempenham um papel importante na disseminação
intrafamiliar, por apresentarem contacto físico próximo em casa ou nas creches
/ infantários. Os indivíduos assintomáticos mas infectados são tão contagiosos
como um indivíduo com o quadro clínico completamente estabelecido.
Em climas temperados a escabiose é mais comum no Inverno.
Quais são os sintomas da
escabiose?
O prurido é o sintoma mais comum, apresentando um agravamento nocturno, devido
ao facto de o aumento da temperatura facilitar a movimentação do parasita na
superfície cutânea.
Clinicamente podem observar-se vesículas e galerias que resultam da acção
perfurante do ácaro e da reacção cutânea.
Nas crianças, as lesões mais frequentes são as vesículas, as lesões de coceira
que podem infectar.
Esta dermatose tem uma apresentação característica: no adulto distribui-se
abaixo do pescoço com predomínio no bordo anterior das axilas, região
umbilical, cintura, região glútea, nas coxas, nos punhos, espaço interdigital
dos dedos das mãos e nos cotovelos.
Em crianças, o envolvimento é generalizado com atingimento do couro cabeludo a
da face, tronco e extremidades, incluindo palmas e plantas das mãos e dos pés.
Os sintomas da escabiose podem ocorrer entre duas e seis semanas após o
contacto com uma pessoa infestada ou com seus objectos pessoais.
Como se trata a escabiose?
Para o tratamento da escabiose, o médico poderá receitar uma loção apropriada,
para ser aplicada na pele, existindo vários tipos de loções no mercado.
Todas as roupas individuais, as roupas de cama e toalhas que estiveram em
contacto com a pele da pessoa infestada nas últimas 48 horas antes do
tratamento devem ser lavadas em máquina de lavar, com água quente e detergente,
e secas preferencialmente em máquina de secar e passadas a ferro.
Todos os objectos que não podem ser lavados, como por exemplo brinquedos de
peluche, devem ser mantidos em sacos plásticos bem fechados durante 14 dias
antes de usá-los novamente.
O prurido ( coceira/comichão) pode durar várias semanas após o tratamento.
Como evitar a escabiose?
Evitar o contacto directo da pele com pessoa recentemente diagnosticada com
escabiose e não usar as roupas pessoais, roupas de cama ou toalhas de pessoa
infectada.
As crianças com diagnóstico de escabiose não devem voltar à escola até serem
tratadas.
A Escabiose ( sarna ) não é uma
doença de notificação obrigatória, nem de evicção escolar, motivo pelo qual nem
todos os casos que ocorrem na comunidade são do conhecimento dos serviços de
saúde publica.
É uma dermatose frequente na
população mais jovem, tem distribuição mundial e muito variável. Ocorre em
ambos os sexos em todas as idades e em todos os níveis sócio económicos.
Declarações de Elsa Soares,
Departamento de Saúde Pública da Administração Regional de Saúde de Lisboa e
Vale do Tejo
- em Timor Agora