terça-feira, 21 de agosto de 2018

Angola | O amadurecimento político da população

Jornal de Angola | editorial

A sociedade angolana, de resto como todas as demais, ontem e hoje, é dinâmica em todos os seus aspectos, facto que deve levar as comunidades, famílias, pessoas e instituições ao esforço contínuo de adaptação.

Como dizia um sábio da antiguidade clássica “a única coisa permanente na vida das pessoas são as mudanças”, uma observação óbvia sobre as transformações, boas ou más e esperadas ou não, que a vida em sociedade conhece. 

E não há dúvidas de que uma das evidências deste processo evolutivo tem a ver com o amadurecimento político por parte da população, engajada ou não nas actividades relacionadas com os “assuntos da polis.” 

Os actores políticos em Angola devem ser os primeiros a fazer prova de que realmente estão a acompanhar e a adaptar-se às transformações que o país conhece, às exigências  que os eleitores e militantes demandam para bem da arte e serviço que escolheram. Ser político pressupõe também e acima de quaisquer outros fins prestar serviço público, obviamente, mantendo em sintonia as aspirações pessoais e partidárias com as expectativas da população.

Os últimos desenvolvimentos que ocorreram nas fileiras de algumas formações políticas, que levam, não raras vezes, as figuras de proa e militantes a lavarem roupa suja em hasta pública, não concorre para o bem da política.  

Quando testemunhamos marcha de militantes a exigir a renúncia do líder de um partido, como sucedeu há dias com uma formação política histórica, com graves problemas internos, é recomendável que as lideranças não minimizem o processo de amadurecimento político da população. Quando vemos uma plataforma de vários partidos com situações que, em condições normais ficariam no seio do partido, os levam permanentemente a disputas junto dos tribunais, essa e outras realidades não abonam a credibilidade e a imagem dos operadores da política. 
  
É verdade que os partidos não estão isentos de problemas, como todos sabemos, mas não é menos verdade que as marchas, cartazes e gritos, que ocorreram junto da sede de um partido com percurso nacionalista, indicam bem como as águas andam muito agitadas.
 Parece, claramente, esgotar-se a capacidade de gestão de conflitos. Nalgumas formações políticas, têm sido recorrentes os atropelos aos estatutos e a inobservância das regras consentâneas com as leis, valores e tradições, legando para gerações mais novas maneiras de ser e estar na política que não dignificam o jogo democrático.

O esforço contínuo de adaptação aos tempos deve ser uma marca da nossa política, onde o vale tudo deve ser descartado como filosofia de actuação dos seus intervenientes. 

Não é exagerado esperar que os nossos políticos dêem mais ouvidos aos seus militantes, simpatizantes, amigos, população em geral e que, sobretudo, saibam ler os ventos dos tempos.

Esperamos que os actores políticos acompanhem o processo de mudança que a sociedade angolana conhece, através do qual a população amadurece e exige mais dos seus efectivos ou potenciais representantes.

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