domingo, 23 de setembro de 2018

A surpresa dos salários parados


Manuel Carvalho da Silva* | Jornal de Notícias | opinião

As tendências da evolução salarial nos últimos anos têm gerado pronunciamentos públicos de surpresa e preocupação, por parte de instituições internacionais, sobre o que se passa no plano global, na Europa e em Portugal. Dizem-se perplexos por a trajetória de crescimento económico e de expansão do emprego não estar a ser acompanhada por um crescimento dos salários. Este cenário, aparentemente contraditório, desafia a teoria económica nas suas conjeturas sobre a relação entre níveis de emprego e desemprego e evolução dos salários, ou no que se refere à relação entre emprego, produtividade e salários.

A imposição de políticas de austeridade e de corte nos direitos laborais e sociais - promovida por estas instituições que agora se dizem perplexas - empobreceu as pessoas no imediato e criou outras realidades negativas para o futuro, por exemplo, no que se refere à distribuição da riqueza produzida.

A partir de 2016, começou a formar-se um consenso entre decisores políticos e instituições, acerca da necessidade de crescimento dos salários. Declarações de responsáveis do Banco Central Europeu (BCE), da Comissão Europeia e do Fundo Monetário Internacional (FMI) expressaram essa preocupação. Trata-se de uma preocupação que nada tem a ver com a criação de melhores condições de vida para os cidadãos. O objetivo destes grandes atores dos poderes dominantes é somente garantir que as pessoas, tal como as empresas e os estados, paguem "as suas dívidas" até ao tutano e dediquem uma maior parcela do seu rendimento ao consumo e ao investimento. Sempre favorecendo os que mais podem e têm.

Um relatório recente da OCDE (Employment Outlook 2018) tem exatamente por tema o paradoxo (e o problema) dos salários que não sobem quando o emprego aumenta. Nesse relatório, Portugal surge nas posições cimeiras dos países onde mais emprego foi criado depois de 2013 e em que menos subiram os salários reais.

A matéria é complexa e justifica análises de natureza multidisciplinar. Não haverá, seguramente, uma única explicação para os factos que sustentam a "perplexidade" daquelas instituições. Uma hipótese é as taxas de desemprego estarem a subestimar o desemprego real e o subemprego. Uma outra é a disseminação da precariedade substituir cada vez mais empregos permanentes e mais bem pagos por trabalho precário e mal pago.
Será que a estagnação dos salários médios é fruto de o novo emprego estar a ser criado sobretudo em setores com níveis remuneratórios inferiores à média? A reconfiguração da estrutura do emprego ao nível setorial é uma dimensão de análise importantíssima.

A nova forma de organização económica de base tecnológica, ancorada em atividades "colaborativas", bem como velhas e novas expressões da economia paralela, também podem estar a ajudar a estagnar os salários. Por outro lado, não será que o Estado, ao negar aumentos salariais aos seus trabalhadores, acaba por marcar um referencial de políticas salariais e de rendimentos para a economia nacional?

Nesta análise, não se pode deixar de fora da equação os impactos das alterações à legislação laboral no plano europeu e nacional, que enfraqueceram a posição dos trabalhadores e a capacidade negocial e de ação dos sindicatos. Desde as que reduziram a proteção no emprego facilitando despedimentos e permitindo que a precariedade se tornasse um problema sistémico, às que em nome da flexibilidade do tempo de trabalho permitem que o trabalho extraordinário não seja pago como tal, em resultado da proliferação dos bancos de horas. E a fragilização da negociação coletiva, bem como a subversão do papel e da natureza do direito do trabalho travaram muito crescimento dos salários.

Impõe-se um debate que permita identificar as causas e consequências da estagnação e, sobretudo, desenhar políticas que evitem a projeção no futuro de um novo normal de salários baixos e de uma população ativa e residente que declina. Contribuindo para este objetivo, vai realizar-se, no próximo dia 28, no ISCTE-IUL, em Lisboa, um importante seminário internacional sob o lema "Porque não sobem os salários? - salário, emprego e legislação laboral".

*Investigador e professor universitário

Portugal | Neoliberalismo sem casa


Ana Alexandra Gonçalves* | opinião

O neoliberalismo no PSD conheceu um padrinho que brilhou aplicando políticas de cortes em rendimentos a par da venda do país a patacos. O padrinho chamava-se Passos Coelho e deu início a uma profunda transformação no seio do PSD, deixando cair as indecisões em torno de uma pretensa social-democracia que há muito não existia.

Hoje o padrinho dá aulas, sendo o seu lugar ocupado por quem parece relutante em abraçar as políticas mais liberais, acabando por exasperar e desesperar as hostes "passistas" que, provavelmente, correspondem à maioria do partido.

Ora, Rui Rio está muito longe de corresponder às expectativas dessas hostes que marcam desde logo lugar na bancada parlamentar do partido.

Consequentemente, Rio não tem qualquer espécie de futuro num partido que se transformou e que já pouco ou nada tem da parca e anódina ideologia que o dominou desde a sua criação.

Para já o neoliberalismo vive oficialmente sem casa, mas em pouco tempo essa situação será corrigida, um neoliberalismo que acaba por viver bem com ideologias de direita menos convencionais e pouco democráticas.

*Ana Alexandra Gonçalves | Triunfo da Razão

Nau do século XVI da Carreira da Índia descoberta no Tejo - e ainda tem pimenta


É o achado mais importante dos últimos dez anos, segundo os arqueólogos, pelo número de objetos encontrados e nível de conservação

Os restos de uma nau da Carreira da Índia dos finais do século XVI ou início do século XVII foram encontrados na barra do Tejo por uma equipa de arqueólogos subaquáticos da Câmara de Cascais.

Nove canhões em bronze marcados com o escudo nacional ou com a esfera armilar, fragmentos de pratos de porcelana chinesa da época Wanli (1573-1619), grãos de pimenta, cauris (moluscos usados como moedas) do tráfego de escravos e partes do casco foram identificados na areia a 12 metros de profundidade ao largo do Forte de São Lourenço da Cabeça Seca (Bugio).

Virgílio Azevedo | Expresso

Leia a notícia completa na edição de hoje do semanário Expresso

Portugal | Taxistas ameaçam chamar carros de todo o país para Lisboa


Florêncio Almeida, presidente da ANTRAL, admite à TSF que é necessário endurecer as formas de luta e ameaça chamar taxistas de todo o país para se juntarem à manifestação

Taxistas de Aveiro, Leiria, Coimbra e Águeda juntaram-se esta manhã aos colegas de Lisboa, na Praça dos Restauradores, onde foram recebidos com aplausos e palavras de ordem, no protesto contra a lei das plataformas de transporte.

Pelas 11h30, mais de uma dezena de táxis oriundos principalmente daquelas cidades, mas também de Ovar e Marinha Grande, desceram a Avenida da Liberdade, escoltados pela polícia, em direção à Praça dos Restauradores, onde os colegas de Lisboa, paralisados naquela zona da cidade há cinco dias, os receberam em festa.

"Costa, urgente, ouve o presidente", "nem um passo atrás", "somos táxi" e "a união que nos faz lutar é a união que nos faz vencer" foram as palavras de ordem que se fizeram ouvir à chegada dos taxistas vindos de outras cidades.

Dezenas de taxistas reunidos na praça central aplaudiram a chegada dos colegas, que acenavam pela janela, enquanto aqueles que se mantinham junto aos seus carros ao longo da avenida buzinavam à sua passagem.

Florêncio Almeida, presidente da ANTRAL, admite à TSF que é necessário endurecer as formas de luta e ameaça chamar taxistas de todo o país para se juntarem à manifestação.

As associações de taxistas foram recebidas no sábado pelo chefe da Casa Civil da Presidência da República, e decidiram manter o protesto, até serem recebidos pelo primeiro-ministro.

Depois do encontro, a delegação de representantes dos taxistas, encabeçada pelos presidentes da ANTRAL, Florêncio de Almeida, e da Federação Nacional do Táxi, Carlos Ramos, entregou uma carta no gabinete do primeiro-ministro no Terreiro do Paço, em Lisboa, a pedir uma intervenção com urgência para resolver as suas reivindicações.

Para segunda-feira, às 15:00, está marcada uma vigília junto à residência oficial do primeiro-ministro, provisoriamente deslocada para a Praça do Comércio, enquanto decorrem obras em São Bento.

TSF / Lusa

Guiné-Bissau | Tráfico de madeira e droga aumenta antes das legislativas?


Sociedade civil da Guiné-Bissau preocupada com tráfico de droga e de madeira cujo benefício poderá servir para financiamento de grupos políticos na corrida eleitoral. Mas a polícia afirma que tudo está sob controle.

Na Guiné-Bissau existem fortes indícios que levam as organizações da Sociedade Civil a acreditarem que o negócio da madeira e o tráfico de droga se transformam na nova modalidade de financiamento dos grupos políticos para a compra de lugares elegíveis no Parlamento através de empresários que gozam de cumplicidade dos agentes da defesa e segurança.

Segundo o engenheiro florestal Constantino Correia, funcionário sénior do Ministério da Agricultura que tem feito várias denúncias sobre o corte ilegal da madeira, alguns deputados, juízes, políticos e elementos das forças de defesa e segurança estão a praticar impunemente esta ilegalidade que apenas beneficia uma meia dúzia de guineenses.

"Há alguns deputados e juízes. Imaginem juízes implicados e envolvidos no corte ilegal árvores....e quem irá julgar esses casos? Também elementos das forças de defesa e segurança estão envolvidos nessa ilegalidade. Tenhamos a coragem de denunciar e acabemos com esta impunidade que beneficia meia dúzia de pessoas. Imaginem, alguém foi nomeado embaixador e era dos principais infratores em termos do corte de árvores destinadas ao tráfico ilegal da madeira. Isto não é conivência?"

Ameaças e intimidações

O ativista e especialista na área disse que tem sido alvo de ameaças e intimidações. Constantino Correia afirma ainda que recentemente houve um caso da madeira apreendida que envolveu figuras públicas no poder, mas que a justiça não fez nada até agora e os infratores continuam impunes. "Só prendem quem rouba um pão na rua", disse.

Em entrevista à DW-África, Constantino Correia, também ex-diretor da floresta da Guiné-Bissau recorda que nas duas campanhas eleitorais para as legislativas e presidenciais de 2014 a madeira teve um papel fundamental no financiamento das campanhas dos candidatos e afirma que há evidências que apontam para mesma situação no período eleitoral que se avizinha.

"Espero que não volte a acontecer, mas os indícios levam-nos a ter estas suspeitas. Pelas informações que tenho, algumas evidências levam a pensar que a madeira volte a jogar esse papel que teve em 2014. Isso é do conhecimento de toda a gente. O que é que a Procuradoria Geral da República está a fazer ao ter conhecimento desta situação? As informações existe mas não toma uma posição porque ainda temos intocáveis na nossa praça".

Constantino Correia cita um caso referente a uma apreensão de contentores com madeira e que depois de algumas semanas nas instalações da polícia em Bissau, toda a madeira desapareceu sem que até hoje uma investigação fosse feita para o apuramento das responsabilidades. "Quem é que ousa ir tirar madeira dos contentores dentro das instalações da polícia? Isso leva-nos a uma reflexão muito séria", destaca Correia

Reforçadas medidas de controle

Outra preocupação para a Polícia Judiciária da Guiné-Bissau quando faltam pouco mais de dois meses para a realização de eleições legislativas é como estancar o aumento de passagem de drogas, nomeadamente da cocaína pelo território guineense.

A PJ tem feito várias apreensões desses correios que transportam cocaína de São Paulo, no Brasil para a Europa nomeadamente com trânsito pela Guiné-Bissau.O diretor-adjunto da Polícia Judiciária, Domingos Correia disse que já foram reforçadas medidas de controle nomeadamente nas fronteiras aéreas do país e admite que o que acontece neste momento podem ser considerados casos isolados concernentes ao envolvimento de alguns agentes das forças de segurança que têm permitido a entrada no país das chamadas "mulas" ou correios com alguns quilos de droga.

"É assim que funciona a rede do crime organizado. São atos isolados deste indivíduos que abusam das suas funções. Dentro de uma dinâmica muito mais cerrada do combate ao tráfico de estupefacientes a PJ não tem poupado esforços neste sentido. Confirma-se que algumas pessoas ligadas às forças de segurança foram detidas por cumplicidade no tráfico aeroportuário".


Polícia Judiciária com falta de meios

Segundo Domingos Correia, a PJ depara-se com a falta considerável de meios para combater estruturas mais robustas, que têm muito mais equipamentos e meios. O desafio é capacitar as estruturas da Polícia Judiciária ao nível dos países da sub-região com apoios de países e organizações parceiros bem como uma maior presença no terreno de células aeroportuárias anti-tráfico. Essas células já funcionam no país há um ano com o apoio financeiro da ONUDC, escritório das Nações Unidas para a droga e crime.

O diretor-adjunto da Polícia Judiciária diz que apesar de não ter nada em concreto sobre as movimentações do crime organizado antes das eleições legislativas guineenses, a sua corporação  já está a trabalhar para monitorização da situação na sua globalidade, em especial no combate à criminalidade eleitoral em coordenação com os parceiros da Guiné-Bissau.

Reforço do apoio internacional

Recorde-se, que no passado dia 8 do corrente mês, um comunicado do Conselho de Segurança das Nações Unidas manifestou preocupação com o tráfico de droga e crime organizado na Guiné-Bissau tendo solicitado um reforço do apoio internacional para o seu combate.

O comunicado foi emitido depois de o Conselho de Segurança das Nações Unidas ter debatido, em agosto, a situação na Guiné-Bissau, com a presença do primeiro-ministro guineense, Aristides Gomes.

O Conselho de Segurança apelou também para uma "cooperação e apoio internacional reforçados naquela área", coordenada pelas entidades da ONU no país, e para uma maior presença do Escritório das Nações Unidas para a Droga e Crime (UNODC) no terreno.

Braima Darame (Bissau) | Deutsche Welle

Abel Chivukuvuku em silêncio sobre crise interna na CASA-CE


Após auscultação de quatro dias, presidente da CASA-CE não quis comentar situação interna. Futuro da organização política continua em aberto.

O presidente da Convergência Ampla da Salvação de Angola – Coligação Eleitoral (CASA-CE), Abel Chivukuvuku, disse este sábado (22.09) que a coligação angolana vai continuar a existir e que só vai fazer declarações sobre a crise interna depois de concluir o processo de auscultação aos seus correligionários.

O líder da terceira força política em Angola fez estas declarações ao fim da reunião que manteve com os secretários provinciais daquela organização, de ter auscultado os líderes dos partidos políticos que formam a CASA-CE e as figuras independentes – processo que teve início na passada terça-feira (18.09).

Em causa está o acórdão do Tribunal Constitucional (TC) que interditou o líder da CASA-CE, esvaziando os poderes de Abel Chivukuvuku e também dos militantes independentes, dando, no entanto, maior atribuição aos partidos coligados.

Aquando da divulgação da decisão do Tribunal, em agosto passado, o presidente da coligação esteve ausente do país. Tão logo regressou a Angola, Abel Chivukuvuku começou a ouvir todas as partes em conflito na CASA-CE.

A auscultação terminou este sábado (22.09), mas ainda assim, as expectativas sobre o futuro daquela organização política continuam em questão.

Questionado sobre o resultado das reuniões e também a sua posição quanto ao acórdão do Tribunal Constitucional, o líder da coligação limitou-se a dizer que só fará declarações "quando concluir o processo de consultas e de análises. Por enquanto, não faço declarações".

Chivukuvuku disse que vai analisar as preocupações dos auscultados e realçou também que a CASA-CE não vai acabar.

"Concluíndo as consultas chamaremos as decisões mais apropriadas para a CASA-CE continuar a ser um instrumento útil aos angolanos," garantiu depois da insistência dos jornalistas.

Processo em andamento

A direção da coligação remeteu recentemente ao Tribunal Constitucional angolano um recurso que contesta o acórdão. E aquele órgão de justiça poderá dar resposta na próxima quinta-feira (27.09).

O porta-voz da reunião entre o presidente e os secretários provinciais da CASA-CE, Francisco Viena, disse que o diálogo vai continuar.

O também secretário da coligação na província de Benguela, que faz parte dos membros chamados independentes por não militarem em nenhum dos partidos que constituem a CASA-CE, disse que se a decisão do TC voltar a os prejudicar, o processo poderá chegar ao Tribunal Supremo.

"O acórdão do Tribunal Constitucional não faz parar tudo. Há outros expedientes que podem ser lançados para continuarmos com os debates jurídicos diante de outros fóruns judiciais. Estamos a falar do Tribunal Constitucional e podemos também falar do Tribunal Supremo," sublinhou o político.

Francisco Viena disse ainda que "os independentes representam 99% da CASA-CE. Logo, há interesses que não podem ser ofendidos gratuitamente".

O dirigente político afirmou ainda que há futuros para os independentes na CASA-CE.

"O grande objetivo é continuarmos a dialogar. E se há diálogo, significa que há futuro para todos," defendeu.

Em conferência de imprensa realizada na semana passada, os líderes de cinco dos seis partidos que constituem a Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE): Partido Pacífico Angolano (PPA), Partido Apoio para Democracia e Desenvolvimento de Angola - Aliança Patriótica (PADDA-AP), Partido Aliança Livre de Maioria Angolana (PALMA), Partido Nacional de Salvação de Angola (PNSA) e Partido Democrático Popular de Aliança Nacional de Angola (PDP-ANA) defenderam o diálogo entre todos os membros e prometeram não excluir ninguém.

Borralho Ndomba (Luanda) | Deutsche Welle

Isabel | Empresária angolana avança para tribunal contra Presidente do país


A empresária angolana, filha do antigo presidente daquele país, Isabel dos Santos contestou em tribunal a anulação do contrato de construção do novo porto na Barra do Dande, no valor de 1.500 milhões de dólares, noticia jornal Expresso.

Tudo começa quando a 29 de Junho deste ano, João Lourenço, actual Presidente daquele país revoga o decreto assinado a 20 de Setembro de 2017 por Eduardo dos Santos, que aprovava o projecto do porto da Barra do Dande, construção adjudicada já depois das eleições gerais de Agosto do ano transacto,

Na altura, João Lourenço justificou que tomou esta medida "por não se ter cumprido com os preceitos legais estabelecidos na Lei n.º 9/16, de 16 de junho, dos Contratos Públicos".

Daí, segundo o Expresso, que cita um antigo colaborador do ex-presidente angolano, José Eduardo dos Santos, a empresária viu-se lesada nos seus interesses, pelo que "era previsível que não ficasse de braços cruzados", disse.

Nesse sentido, é adiantado que Isabel dos Santos, cuja concessão fora-lhe atribuída na altura em que Eduardo dos Santos era chefe de Estado de Angola, instaurou uma acção cível contra João Lourenço, actual presidente do país.

Moçambique | Maleiane garante que o país vai mudar nos próximos 10 anos


O ministro da Economia e Finanças, Adriano Maleiane, garante que a operacionalização de vários projectos estruturantes vai transformar o país nos próximos dez anos.

A entrada para a fase de produção dos projectos de gás natural do Rovuma continua a alimentar expectativas sobre o futuro de Moçambique. O ministro da Economia e Finanças diz que além dos projectos de gás do Rovuma, há outros nos sectores de agricultura, energia e de infra-estruturas com grande potencial de transformar a economia de Moçambique nos próximos 10 anos.

“O nosso país tem vindo a dar passos significativos no desenvolvimento económico e social, as projeções de investimento na área de recursos naturais com destaque para exploração de gás natural”, informou Maleiane.

Com o desenvolvimento de vários projectos, surge também o desafio da tributação dos sectores chave, como o dos hidrocarbonetos.

O ministro da Economia e Finanças falava esta sexta-feira na XII sessão do Conselho de Fiscalidade da Autoridade Tributária, que decorreu no distrito da Moamba.

Moçambique | Samito não tem hipóteses de vencer as presidenciais, opina Elísio Macamo


Candidatura de Samora Machel Júnior às presidenciais de 2019 representaria uma afronta a FRELIMO, considera o sociólogo Elísio Macamo. E para o politólogo Pedro Nhacete representaria uma ameaça à coesão do partido.

Depois que o Conselho Constitucional chumbou o seu projeto de se candidatar às eleições autárquicas no município de Maputo em outubro próximo, Samora Machel Júnior deixou clara esta semana a sua intenção de se candidatar às presidenciais de 2019.

O facto do filho do primeiro Presidente de Moçambique independente (Samora Machel) ter ousado candidatar-se a edilidade, à margem do seu partido FRELIMO, já foi interpretado como sinal de revolta. Como as hostes do partido no poder iriam lidar com a sua candidatura, como independente, às presidenciais?

O sociólogo moçambicano Elísio Macamo considera que "neste momento, pela forma como a FRELIMO está a reagir à esta situação seria uma afronta."

E não acredita na vitória de "Samito": "Mas acho que a candidatura de Samora Machel Júnior não tem nenhuma hipótese. Ao nível da edilidade de Maputo ele teria tido grandes hipóteses, tenho a certeza disso, mas ao nível do país penso que tem poucas hipóteses, a não ser que crie o seu partido e comece a trabalhar... e daqui a dez ou quinze anos esteja em condições de fazer frente à FRELIMO."
De há alguns anos para cá, a FRELIMO tem dado sinais claros de uma fragmentação contínua, embora consiga sempre evidenciar sinais de maturidade ao passar, nos momentos mais importantes, uma posição única.

Ameaça à coesão

Uma eventual candidatura de "Samito" às presidenciais seria uma ameaça mais séria a coesão do maior partido do país? O politólogo Pedro Nhacete está certo que sim: "Eu penso que sim, porque sendo membro do partido e aparecer [como candidato à Presidente] estaria a criar-se um outro centro de poder. Então, penso que ameaça realmente a coesão."

Será que o controverso processo de candidatura de Samora Machel Júnior às eleições autárquicas terá servido de balão de ensaio para o candidato medir a temperatura, principalmente do eleitorado?

Macamo acha que não e justifica: "A impressão que tenho é que está a tirar consequências da experiência desagradável que teve com as estruturas locais do partido e ele deve estar a pensar, como qualquer outra pessoa com ambição política em Moçambique pensa, que a única forma de influenciar a política em Moçambique é a um nível muito mais alto do que aquele que neste momento ele se encontra."

Apoio de uma parte da FRELIMO até que ponto?

De lembrar que a ousadia de Samito em contrariar a batuta da FRELIMO garantiu-lhe muitas simpatias, inclusive da oposição. Por outro lado, esta figura respondia ao perfil de um candidato jovem muito desejado pelos maputenses.

Isso sem falar que Samito carrega um nome de peso da política moçambicana e a sua madrasta, também alto quadro da FRELIMO, já se manifestou incondicionalmente ao lado dele. Graça Machel é tida como integrante de uma das alas da FRELIMO que se opõe a ala que hoje lidera o partido.

Quanto a um possível apoio desta ala a Samito, para o politólogo Pedro Nhacete "isso está bem claro, que essa ala é tão forte, que foi uma ala que conviveu com o pai dele, o falecido Presidente Samora, que também sentiu um pouco de exclusão dentro do partido. Isso poderia desencadear algum mal estar dentro do partido, isso é uma realidade e ninguém pode esconder isso."

A posição da sua madrasta é vazia de sentido

Mas o sociólogo Elísio Macamo considera que "a posição da sua madrasta é vazia de sentido. Se um individuo leva dois anos a preparar-se e ela não sabe, durante anos, então não sei que tipo de relação essas pessoas têm e não sei que tipo de valor esta afirmação tem quando alguém diz olha, apesar de você não ter dito nada durante dois anos você é meu filho e vou apoiá-lo."

E Macamo minimiza: "Acho que a posição dessa senhora em relação aos planos de Samora Machel Júnior é completamente irrelevante, temos de olhar só para o que ele diz e faz e deixar de lados pessoas que agem por oportunismo, como parece ser o caso nesta situação."

E finalizando o sociólgo menciona um ponto, que a seu ver, é positivo no aspirante a candidato: "O que acho importante nele é que ele tem consciência da importância que o seu nome tem e teve a coragem de usar esse nome para articular esse descontentamento dentro da FRELIMO em relação a certas formas de gerir o partido."

Nádia Issufo | Deutsche Welle

Foto: Samora Machel Júnior / O País

PRM | Novas operações no norte de Moçambique


Depois de dois novos ataques na região, o Comando-Geral da PRM volta a lançar operações para capturar os autores. Ainda não se sabe as motivações dos atacantes que desde outubro aterrorizam a região.

A Polícia da República de Moçambique (PRM) disse esta sexta-feira (21.09) que estão em curso operações para a captura dos grupos armados que mataram dez pessoas numa aldeia remota da província de Cabo Delgado e atacaram uma patrulha militar noutro ponto da região, na passada quinta-feira (20.09).

"As operações para a captura destes indivíduos já decorrem na região", disse o porta-voz do Comando-Geral da PRM em Maputo, Inácio Dina. 

Em dois ataques, grupos armados desconhecidos mataram dez pessoas numa aldeia remota da província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, e atacaram uma patrulha militar noutro ponto da região, segundo fontes das autoridades locais.

Um ataque aconteceu cerca das 20 horas locais de quinta-feira, na aldeia de Ntoni, um povoado pertencente ao posto de Mucojo, distrito de Macomia, no litoral centro de Cabo Delgado.

O grupo que, segundo fontes locais, usava fardas militares, entrou a disparar com armas de fogo e matou dez residentes, além de ferir outras 15 pessoas e incendiar, pelo menos, 30 casas.

A emboscada a uma patrulha militar aconteceu também na quinta-feira, mais a norte, junto a Pundanhar, distrito de Palma, acrescentou outra fonte à Lusa, sem precisar as consequênias do confronto.

O porta-voz da polícia moçambicana não confirmou o número de vítimas, considerando que decorrem ainda ações para apurar os danos resultantes dos ataques.

"Estamos em contacto com os nossos colegas na província para conciliar informações e oportunamente vamos ter números e mais detalhes", afirmou Inácio Dina.

Motivação desconhecida

O último ataque tinha acontecido a 8 de setembro, também contra um povoado do posto administrativo de Mucojo, no distrito de Macomia.

Três dias depois, a PRM referiu que a situação estava "sob controlo".


Os grupos que têm atacado as aldeias nunca fizeram nenhuma reivindicação nem deram a conhecer as suas intenções, mas investigadores sugerem que a violência está ligada a redes de tráfico de heroína, marfim, rubis e madeira.

Os ataques acontecem numa altura em que avançam os investimentos de companhias petrolíferas em gás natural na região, mas sem que até agora os atacantes tenham entrado no perímetro reservado aos empreendimentos.

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