sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

EM ANGOLA HÁ 20 ANOS – IV



1- Quando em 1998, no Gabinete de Apoio ao Estado-Maior Geral das FAA se seguiu a pista da superestrutura ideológica da UNITA, de acordo com o professor e “historiador” togolês ATSUTSÉ KOKOUVI AGBOBLI duas questões ressaltavam:

- No terreno a divisão de Angola por via dum meridiano opondo o “interior” ao “litoral”, os dos diamantes, contra os do petróleo, os “autóctones” contra os “crioulos”, partindo deliberadamente Angola em duas, o que nos dava o sinal que se estava mais uma vez a “dividir para melhor reinar”;

- No carácter da filosofia aplicada, (um ajuste ao pensamento fundamentalista-radical de Savimbi), tendo em conta por um lado a sua nova rectaguarda que passara a ser o então Zaíre, por outro lado o facto de ele, mantendo a “velha”matriz maoista da teoria do “cerco à cidade a partir do campo”, colocar-se no sentido da reinterpretação do Conservative Caucus inscrito no Partido Republicano dos Estados Unidos, que o considerava, enquanto “freedom fighter”, um“cristão”.

Em qualquer dos casos, o modelo fundamentalista-radical ajustava-se que nem luva ao carácter das explorações e negócios de diamantes com o objectivo de financiar a guerra.


As explorações de diamantes aluviais de Savimbi eram ilegais, em grande parte clandestinas e os negócios com os diamantes secretos, acompanhados com o secretismo dos seus enredos (por exemplo as operações de logística utilizando vários tipos de moedas nas trocas), tirando partido do facto de “o segredo ser a alma do negócio”, particularmente neste tão delapidador “métier” africano.

O fundamentalismo-radical tornava tudo ainda mais clandestino, ainda mais secreto, com um senão: se fossem localizadas as explorações dos diamantes aluviais, o grosso da manobra seria identificável, até por que as forças militares e paramilitares de Savimbi, nas suas posições defensivas só podiam estar ao redor das minas, a fim de garantir a sua própria inviolabilidade (por via de cordões de defesa), protecção e segurança.

Por essa razão começou por ser relativamente pouca a mão-de-obra estrangeira empregue nas minas de Savimbi, pois a alucinante mágica, a miragem e as ilusões do enriquecimento por via dos diamantes, possuía os constrangimentos impostos pelo fundamentalismo-radical de Savimbi, obcecado pela tomada do poder em Luanda, pela força das armas e com uma ideologia em tudo a condizer.

Todavia, à medida que o tempo foi passando, as conexões da rectaguarda haviam de suprir mão-de-obra recrutada cada vez mais no próprio Zaíre, em função dos interesses naquele país vizinho, particularmente no enorme Kasai e em função das correntes aluviais da sub-bacia do rio com o mesmo nome, a principal da margem esquerda do grande Congo antes da sua foz.


2- O critério dessa radiografia foi na altura fundamental para a detecção do potencial da manobra dos expedientes e das forças de Savimbi, assim como para a capacidade de reconhecimento e contrainteligência por parte das forças e meios governamentais, inclusive os operados a partir do Gabinete de Apoio ao Estado-Maior Geral das FAA na região central das grandes nascentes, na origem, por exemplo, da projecção da Operação Restauro.

Com os olhos de hoje, 20 anos depois, há outra constatação a fazer: o espectro dos diamantes aluviais, no que diz respeito à sua exploração desenfreada e à tipologia dos negócios ilegais, clandestinos, ou semiclandestinos, apresta-se a motivar fundamentalismos-radicais quer de natureza sócio-política (como por exemplo o caso do ilegal Movimento do Protectorado Lunda Tchokwe), quer de natureza de guerra psicológica com orientação provocatória em consonância com interesses da CIA (como por exemplo o caso do Rafael Marques de Morais, um assalariado da Open Society e do National Endowment for Democracy), quer de natureza religiosa (como por exemplo linhas de fundamentalismo islâmico e cristão, neste caso com a progressiva implantação da IURD, Igreja Universal do Reino de Deus, na área dos diamantes aluviais).

Por via dessa constatação, comprova-se que a raiz dos fundamentalismos-radicais teve um outro aproveitamento do choque neoliberal protagonizado por Savimbi entre 1992 e 2002 com os ”diamantes de sangue”: agora está-se a tirar partido da fragilização, se não mesmo vulnerabilização ou subversão duma paz inquinada pela terapia neoliberal, em muitos casos com os mesmo manancial humano interessado na anterior guerra, moldando-o tenuemente à tácita aceitação do Processo Kimberley, suas ilusões, suas miragens, suas limitações e seu fluxo de alienações de toda a ordem, muitas delas desembocando na proliferação de seitas religiosas, velhas e novas.

Em todo o caso, esse tipo de contenciosos humanos tiram partido da malha político-administrativa muito larga, que deixa espaços sem controlo, ou de muito difícil controlo, onde é possível a instalação dum campo ilegal, subversivo, ou mesmo rebelde.

A mobilização e recrutamento de mão-de-obra estrangeira migrante, particularmente congolesa e a proveniente dos países do Sahel, expandiu-se em relação aos tempos da “guerra dos diamantes de sangue”, pois agora já não há os constrangimentos da aliança Mobutu-Savimbi nos diamantes, nem a convulsão duma guerra para impor um “diktat”sobre as explorações e os negócios.

Essa migração da miragem em direcção ao sul de África (a outra parte dissemina-se pelo Mediterrâneo em direcção à Europa), estimulada em Angola pelos “Bosses”, o tipo de moedas de troca e outros expedientes tendo como fulcro cada“comptoir”, impactou em todas as “transversalidades” sociais do triângulo norte do país e em Luanda, acto contínuo com aproveitamentos de cariz religioso, como um manancial em reforço das alienações e das contribuições, no caso da IURD, do dízimo, esvaindo parte dos dividendos além-fronteiras.

Muitos angolanos atraídos pelo enriquecimento fácil, tornam-se assim membros dessas seitas e igrejas (caso do IURD), algo que se repercute no espectro humano das sensibilidades sócio-políticas, partidos adentro, MPLA incluído!


A IURD, que se tem identificado com as terras proféticas de Israel e da Palestina (quantas excursões religiosas já não foram realizadas com angolanos), está assim não só mais próxima da ortodoxia judaica, mas do próprio sionismo, numa nova “profissão de fé” da “civilização judaico-cristã ocidental”!

Essa tendência, apesar das rupturas que começam a surgir no seu seio em função da “discreta ganância”, está também a estimular outras “concorrentes” que estão no terreno há muito mais tempo, como a Igreja Católica Apostólica Romana, que guarda a sete chaves o seu interesse nas áreas diamantíferas, algo que foi tenuemente constatado durante o processo 105/83 por via duma entidade que dava pelo nome de Apolinário João Negrão de Barros, que se optou por não deter em função especialmente dos seus laços com o bispado da região…

Em relação às implantações religiosas mais antigas, será por acaso que a igreja Metodista tem um núcleo duro tão importante em Malange?

Em relação às mais novas implantações, qual o significado duma entidade como Noé Baltazar, que tem tido tanto peso na área dos diamantes, ter um papel importante na seita Testemunhas de Jeová, quando os franceses o têm identificado (em “Les Gemmocraties, l’économie politique du diamante africain”, da autoria de François Misser e Olivier Vallé), como um homem da CIA?

Assim sendo, por via também das religiões estão garantidos múltiplos e “desdobráveis” impactos “transversais” sobre a sociedade angolana, de intensidade variável e ramificando-se por um leque de actividades, que vão desde as que se inserem no comércio informal e retalhista, às que se prendem à actividade dos “fazedores de opinião”, desde alguns jornais, a alguns “activismos”, parte dos quais reinterpretando a seu modo e de acordo com as conveniências e interesses, as questões que se prendem a “direitos humanos”, quantas vezes face a face em relação às contramedidas governamentais!

Quem diz que a África não continua a ser “um corpo inerte onde cada abutre vem depenicar o seu pedaço”?...

Até as máfias chinesas, bem espalhadas por todos os recantos das “minas de Salomão”, são atraídas por esse tipo de“expedientes”, procurando sempre ocultar os seus verdadeiros motivos e vocações…

Martinho Júnior - Luanda, 3 de Novembro de 2018

Imagens:
- Mapa de Angola com relevância para alguns dos cursos da “rosa dos rios” angolanos: no triângulo norte, a evidência vai para o Cuango e o Cassai;
- A esposa de Savimbi entre membros do CDS, sob os auspícios do “Le Cercle” e na prolongada esteira do Exercício ALCORA depois do 25 de Novembro de 1975;
- Savimbi na Jamba, numa foto do arquivo familiar;
- Paul Manafort, no apogeu da administração de Ronald Reagan, foi “indispensável” para a construção das imagens públicas, entre outros, de Savimbi e de Mobutu;
- Um livro que fez parte da publicidade internacional de Savimbi, com a cobertura dos mais conservadores “lobbies” dos Estados Unidos.

UNITA – Uma nova estratégia de desestabilização do País – IV 

Fontes: “DEMAIN L’UNITA” – 08 AGO 98
                                                 
“COMUNICAÇÃO DE SAVIMBI” – 02 AGO 98
                                                 
“QUADRO OPERACIONAL DAS FORÇAS ARMADAS DA UNITA” – 22 MAI 98

16 AGO 98

I. O ARGUMENTO POLÍTICO IDEOLÓGICO DA UNITA SUSTENTADO PELOS SEUS APOIOS INTERNACIONAIS , NUM CLARO DESAFIO ÀS SANÇÕES DO CS DA ONU .

1) A 05 MAI 98, aproveitando as comemorações do MAI 68 em PARIS e fazendo uma “colagem” ideológica a esses acontecimentos, a UNITA, com o apoio de seus aliados em FRANÇA, realizou um Colóquio na SORBONNE, subordinado ao tema “GUERRA OU PAZ EM ANGOLA ?”.

Na sequência desse Colóquio, o espaço “DEMAIN L’UNITA”, à revelia e em desafio às sanções impostas pelo CONSELHO DE SEGURANÇA da ONU, está a dar publicidade às posições defendidas por alguns dos seus intervenientes em benefício da Organização Armada da UNITA, num acto contrário aos esforços no sentido da implementação e consolidação do Processo de Paz em ANGOLA.

2) O “DEMAIN L’UNITA” publicou uma entrevista ao “AFRIQUE EDUCATION”, do “historiador” togolês ATSUTSÉ KOKOUVI AGBOBLI, um dos principais promotores do Colóquio e o responsável pela condução da entrevista a SAVIMBI no seu último livro.

Nas suas respostas, é claro na ênfase e importância que ele concede a ANGOLA, defendendo os postulados político-ideológicos que fundamentam o argumento da UNITA:

“Por que as elites Africanas não estão ainda conscientes, eu me sinto na obrigação de afirmar sem hesitação: o destino da ÁFRICA negra joga-se hoje em ANGOLA”.

“As grandes potências, membros do CONSELHO DE SEGURANÇA, nomeadamente os ESTADOS UNIDOS, a FRANÇA, o REINO UNIDO e a RÚSSIA, muito interessados na exploração dos enormes recursos naturais do país, escolheram deliberadamente jogar a cartada do MPLA e lançar a UNITA no cesto do lixo”.

“ A partir da assinatura dos Acordos de BICESSE em 1991 e sob a pressão dos ESTADOS UNIDOS, do REINO UNIDO, da RÚSSIA e de PORTUGAL, as NAÇÕES UNIDAS, escolhidas como árbitro, receberam a dupla missão de manter o stato quo favorável ao MPLA em ANGOLA e de banir o nacionalismo africano autêntico incarnado pela UNITA”.

Assim, tudo o que a UNITA decidir-se a fazer está no caminho da defesa dos interesses de toda a ÁFRICA, até por que “o doutor JONAS SAVIMBI não cessa de declarar que a UNITA lançou-se na guerra em 1975 e em 1992, em resposta às agressões do governo do MPLA: pois este, socialmente, politicamente e eleitoralmente minoritário no país, viu-se-lhe atribuir o poder de ESTADO pelo colonizador português e, para o conservar, sente-se obrigado a destruir pelas armas os partidos adversos maioritários”, esquecendo-se que a UNITA, sendo uma criação da polícia política Portuguesa PIDE / DGS, foi vinculada ao poder “branco” do regime do “apartheid”, na dependência do qual se manteve enquanto ele durou e com quem se habituou a explorar de forma etnocêntrica os conceitos de cultura e de etnicidade, para efeitos políticos.

Mas mais grave que isso é o sentido de oportunidade que parece orientar a UNITA a partir do apoio da direita“gaulista” Francesa, para um novo quadro de alianças que se podem estar a forjar, numa evidente alusão ao RUANDA: “o drama ruandês deve servir de lição para ANGOLA. A derrota patente da acção da ONU no terreno não causa nenhuma dúvida ao observador atento. Desarmando a UNITA deixando o MPLA armar-se até aos dentes, estão criadas as condições para um novo genocídio”.

Não será esse um argumento passível de ser bem aceite pelo poder instituído nos Países “do interior” (a “ÁFRICA genuína”), como o RUANDA e o UGANDA? Se assim for, qual o verdadeiro significado da revolta contra KABILA? Em caso dos revoltosos tomarem o poder, qual irá ser o seu comportamento em relação a ANGOLA e aos seus problemas internos?

O facto de surgirem as primeiras notícias a referirem que há efectivos a falar Português entre os revoltosos que avançam para KINSHASA, parece ter um significado que está no caminho da verdadeira resposta.

3) A corroborar as nossas apreensões face aos últimos desenvolvimentos na RDC e que trarão repercussões no nosso País, está a intervenção no Colóquio do Professor MWAYILA TSHIYEMBE, Director do INSTITUTO DE GEOPOLÍTICA AFRICANA, subordinada ao tema “ANGOLA: PAZ – PETRÓLEO – REDISTRIBUIÇÃO DAS CARTAS NA ÁFRICA MEDIANA”:

“O petróleo não é o objectivo último desta guerra civil, ainda que seja o instrumento mais importante dela”.

“Com ou sem petróleo, a guerra civil angolana não perde o seu significado de conflito político”.

Assim ele considera que “o petróleo é o nervo da violência do ESTADO”, pelo que “partindo dessa prioridade, as elites militares ocupam uma posição importante na elite dirigente” e daí se concluir que “o petróleo é o instrumento da sobrevivência do poder do MPLA”, ao mesmo tempo que gera “o êxodo rural e o reabastecimento das cidades, onde se aglomeram centenas de milhar de pessoas fugidas à guerra”.

Efectivamente, parece-nos importante sublinhar o facto da revolta contra KABILA se ter preocupado imediatamente em abrir e consolidar a frente OESTE, de forma a com isso deter capacidade de intervenção sobre o sector petrolífero Congolês, tal como o acesso ao mar e a melhor possibilidade de progressão na direcção de KINSHASA.  Não serão estes os seus “professores”?

Essa frente OESTE da RDC está concomitante à frente NORTE que a UNITA possui em ANGOLA, em relação à qual ela atribui a missão principal de atacar LUANDA e a alargar as acções na zona diamantífera, mas que poderá ser mobilizada para outros fins, desde que hajam interesses políticos de ordem estratégica em relação à Região de impacto. 

MWAYILA TSHIYEMBE é de opinião que o petróleo “determina a política regional de ANGOLA na recomposição da ÁFRICA mediana em gestação, como ilustra bem a intervenção de LUANDA na queda dos regimes de MOBUTU em KINSHASA e de LISSOUBA em BRAZZAVILLE em 1997”, pelo que considera que esse “direito de ingerência”exercido por ANGOLA e os Países dos GRANDES LAGOS, “criaram um  novo dado regional”.

Isso quer dizer que a UNITA, a quem não se pode negar o sentido da oportunidade política (por razões de sua própria sobrevivência enquanto Organização Armada) está pronta a procurar obter um novo protagonismo na Região e a actual situação na RDC sendo-lhe propícia para tal, pode movê-la no sentido de procurar obstruir a posição de ANGOLA: se KABILA não é um aliado para confiar, conforme a sua Governação tem demonstrado ao se isolar progressivamente, pode ser que a revolta na RDC por mobilizar um leque muito variado de tendências, traga ainda mais factores negativos para ANGOLA que a Governação desastrada daquele e, enquanto pelo menos houver indecisão da parte do Governo Angolano, ela pode beneficiar da possibilidade de intervenção e de alinhamento.

II. CUMPRIR O PROGRAMA DO MUANGAI

1) O discurso de SAVIMBI a 02 AGO 98 e que foi distribuído em LUANDA aos militantes da UNITA pela mão de SAMAKUVA após o seu regresso do BAILUNDO, não deixa margem para dúvidas:

“O protocolo de LUSAKA é completamente contra a UNITA”.

“O momento é este para entrar no círculo do cidadão”.

“Se nós não pensarmos bem, vamos limitar a nossa entrada no círculo do cidadão angolano, só há duas vertentes: ou entramos pelo governo e está errado, ou entramos pela luta armada. Pode ser um facto”. 

“Haverá sempre o cuidado da minha parte de não colocar quadros válidos do partido em LUANDA. Só gostaria que aqueles que fossem desempenhar este papel ingrato tivessem a consciência, que fazem parte de uma grande família que é a UNITA e que tem um programa que não foi cumprido”.

“Mas que a guerrilha vai aumentar de intensidade, matam, despem, roubam, isto vai acontecer, é uma ordem ao nosso grupo de resto que está já em LUANDA”.

“O assalto ao FUTUNGO está à vista. Temos o controlo do Presidente DOS SANTOS no BRASIL, estamos a fazer tudo, mas absolutamente tudo dentro do BRASIL para piorar o seu estado de saúde, ele vai continuar lá até ao final do ano”.

“Os Russos especialistas em segurança que formaram a DISA estão do nosso lado e eles conhecem o modus operandi da segurança do presidente DOS SANTOS”.

“O programa da UNITA não acaba no protocolo de LUSAKA. O nosso objectivo é o programa do MUANGAI que tem que ser cumprido”.

2) Este é o tipo de documento que, verificando-se a sua autenticidade, se deveria fazer chegar à Comunidade Internacional e à ONU,  não só com as nossas legítimas preocupações em relação à UNITA e ao seu eventual papel (em  ANGOLA e em toda a Região), mas também com o sentido da necessidade de a responsabilizar pela consequência de todos os seus actos em relação aos Acordos que ela própria foi firmando ao longo dos anos, para acabar sempre por os romper.

Não haverão já motivos suficientes para considerar SAVIMBI criminoso e psicopata?

III. QUADRO OPERACIONAL DAS FORÇAS ARMADAS DA UNITA

1) É um documento que tivemos acesso através de fonte própria, que faz a informação e análise da organização militar da UNITA com a data de 22 MAI 98, precisamente no mês em que ela se esforçou por mobilizar a opinião pública e a intelectualidade a partir da SORBONNE em PARIS.

2) A essa data, as unidades especializadas estariam em formação na área do ANDULO, “treinadas pelos instrutores estrangeiros nomeadamente sul-africanos brancos, marroquinos, russos e líbios”, abrangendo as armas de ARTILHARIA, DEFESA ANTI AÉREA, RECONHECIMENTO, ENGENHARIA ESPECIAL e COMANDOS, formando 2 Regimentos, sob doutrina “soviética”:

O 1º, sob o Comando do GENERAL SAMY, com 4 a 5.000 homens.

O 2º, sob o Comando do GENERAL CHIMUCO, com 2 a 3.000 homens.

O armamento “tem origem da RÚSSIA, ÁFRICA DO SUL e PAÍSES ÁRABES, de onde conseguiu alguns bons números de peças de artilharia moderna do tipo SKUD”, estando ainda equipados com “armas ligeiras modernas com BMP – 1 e 2 para o desembarque e assalto”. 

Aparentemente esses dois regimentos teriam o reforço dos 6.000 homens que se encontram em SAUTAR, sob o Comando do Brigadeiro ABREU KAMORTEIRO, em reforço das acções no eixo MALANGE – LUANDA.

3) O documento continua depois a fazer a descrição da organização armada da UNITA, das suas dificuldades de mobilização e logística (em função segundo diz das sanções) e interpreta-as de forma muito valorativa, pois a situação é de tal ordem que SAVIMBI está a procurar a solução militar como forma de conseguir resultados que não consegue por outros meios.

O autor teve a lucidez de apontar algumas das deficiências de actuação das NOSSAS FROÇAS, em relação não só ao enquadramento proveniente da UNITA, mas também em relação aos “ex soldados da UNITA desmobilizados e os militantes da UNITA”. Deficiências de nossa actuação são aproveitadas como exemplo no sentido de afirmar que “a POLÍCIA veio exclusivamente para matar” e “se não lutarem acabarão por morrer”.

Em conclusão é sua opinião que “as acções militares do Governo podem ofuscar a vitória que o Governo tem já sobre a UNITA”, o que reforça a ideia que aquela organização armada está a ressentir-se muito da conjuntura imposta pelas sanções.

4) O documento enumera depois entre outros a “ubicação de alguns núcleos de COMANDOS MILITARES de FRENTES e seus respectivos COMANDANTES”, bem como o “QUADRO ORGÂNICO DO EMG” e o “QUADRO ORGÂNICO DO ACTUAL COMISSARIADO POLÍTICO MILITAR NACIONAL”.

IV. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

1) Se efectivamente SAVIMBI não encontra solução para as suas pretensões através do Acordo de LUSAKA, que lhe está a ser penalizador em função das sanções, diminuindo-lhe a capacidade logística e reduzindo as possibilidades de apoio no exterior apesar da imensa capacidade financeira que lhe advém da exploração dos diamantes, também é verdade que aumentam os riscos de ele, uma vez que se encontra em situação de desespero, ordenar acções visando os centros político-administrativos principais do País, assim como os dirigentes do Governo e do MPLA, principalmente o seu Presidente.

2) A actual situação na RDC é um dado novo que lhe vai permitir sair bastante do sufoco em que aparentemente se encontrava, ou mesmo criar condições para romper a prazo dilatado com o estrangulamento progressivo que estava a ser sujeito, tendo em conta as alianças que ele naturalmente encontrou, ou vai encontrar.

Ao mesmo tempo, estando a ser pressionado em relação aos diamantes, ele está a procurar mudar a situação de forma a procurar soluções na área dos petróleos.

Assim, havendo indefinições no campo estratégico que se reflectem no plano táctico-operativo, devemos aumentar o caudal de informação em relação à actuação da UNITA, melhorando a capacidade geral de INTELIGÊNCIA, de CONTRA INTELIGÊNCIA e do RECONHECIMENTO, como prioridades, de forma a melhor se fazerem as avaliações.

3) Isso não significa que haja uma mudança política-diplomática em relação à necessidade de se continuarem, ou mesmo acentuarem as pressões internas e através da COMUNIDADE INTERNACIONAL, principalmente nos Países vizinhos, muito pelo contrário.

O grau de exigência deve ser muito forte em relação aos ESTADOS constituintes da SADC, tendo em conta, em relação a muitos deles, as ligações históricas que a UNITA foi neles cultivando e que ela vai procurar mobilizar sempre, o que significa também dizer, que se ela estiver a actuar na RDC com expressão armada, seria importante dar-lhe um golpe militar onde ela estiver, seja com quem estiver, principalmente se ela participar com efectivos importantes, mas com o respaldo dos ESTADOS amigos no quadro da SADC.

A alternativa de nada fazermos, sob o ponto de vista militar, mas continuarmos com as pressões político-diplomáticas, pode contudo trazer maior capacidade de manobra, quando a situação se clarificar.

Um concerto para já com os Governos do RUANDA, BURUNDI e UGANDA pode ser bastante importante, se atendermos à influência que esses ESTADOS dos GRANDES LAGOS têm sobre o desenvolvimento da situação na RDC, restando avaliar se eles têm neste momento algum comprometimento com a UNITA, como algumas questões nos sugerem (principalmente a iniciativa da abertura prioritária da frente OESTE por parte dos rebeldes).

16-08-1998 12:25

Angola | “O País tem uma falta de memória histórica generalizada”


ENTREVISTA

Os 43 anos passados sobre a Independência Nacional ainda repercutem. É neste espírito que se enquadra a conversa com Maria Helena Diniz, que, a ser guia o nome, é cidadã anónima. Mas a ideia muda assim que se lhe junta  o apelido Carreira, adquirido pelo casamento com o comandante Iko Carreira, cujo papel na Luta de Libertação Nacional foi relevante. Tia Bucha, como é tratada por quem lhe é íntimo, tem memória de momentos da luta que conduziu o país à independência, na qual esteve envolvida. A entrevistada, que chegou ao grau militar de coronel, reservou-se ao direito de não responder a algumas perguntas, mas ainda assim a conversa atende às expectativas.  Considera, por exemplo, que “o País tem uma falta de memória histórica generalizada”

Onde e com quem estava no dia 11 de Novembro de 1975, por altura da proclamação da Independência Nacional?

Em Luanda, na nossa casa, com a minha mãe e o nosso filho Kwenya, que, no dia seguinte, faria um ano. O Iko estava com o Presidente Neto, na Praça da Independência. Vou contar, em primeira mão, uma história engraçada. Quando, durante as negociações de Alvor, se discutia a escolha da data da Independência, o Presidente Neto perguntou ao Iko em que dia o Kwenya havia nascido e propôs que esse (12 de Novembro) seria o dia da Independência. Aí o Holden, apoiado por Savimbi, achou que melhor seria a 11, talvez por ser a data do fim da Primeira Guerra Mundial. Achei a ideia do Presidente Neto muito carinhosa, pois foi ele quem me acompanhou à maternidade em Lusaka, para que pudesse dar à luz.

Qual foi o sentimento naquele momento. Dever cumprido?

Ao ouvir as palavras do Presidente Neto, disse para a minha mãe que tinha valido a pena tanta luta e tanto sacrifício.

Quem eram as suas companheiras de arma e trincheira, se assim podemos considerar?

Lembro-me, principalmente, da Ruth Neto e da Fela Onambwe, que foram as companheiras com quem abri o campo de mulheres na Zona da Lupa, na Frente Leste, em homenagem a Deolinda Rodrigues. Estavam já lá duas camaradas, que eram as esposas dos Camaradas Mbidi Emílio e Armando Ndembo. Elas haviam feito uma enorme lavra de mandioca e batata-doce para nos receberem. Hoje, isso pode parecer irrelevante, mas é preciso compreender a situação de grande carência alimentar que nos atingia a todos. Claro que há outras camaradas, como a Guida Diandengue, a Odete Ngakumona e muitas outras.

Não vos pareceu uma “aventura”?

Não foi uma aventura. Foi um acto consciente e determinado, motivado pelo interesse em participar na Luta de Libertação Nacional.

Hoje, sente que valeu a pena envolver-se na Luta de Libertação Nacional?

Claro que sim. Além da independência, o objectivo era acabar com as injustiças, com a exploração do homem pelo homem.

Adquiriu o apelido Carreira, por conta da relação com o Comandante Iko. Quando, onde e em que circunstâncias conheceu Iko Carreira?

Isso é uma longa história. Com o meu pai, aprendi que um dia Angola seria independente. E foi através dele que conheci o Iko, em Luanda, em 1960. Ele estava em Portugal, na Força Aérea Portuguesa, e veio a Angola fazer contactos políticos. Aproveitou essa estadia para visitar o meu pai, que havia conhecido em Coimbra e com quem estava em sintonia política.

Quem convenceu quem a abraçar o movimento  da Luta de Libertação Nacional?

Quando conheci o Iko, ele já estava envolvido na luta política pela independência. Como disse, o meu pai também era favorável à Independência. Naturalmente, isso aproximou-nos.

Que tipo de relação existia entre Iko Carreira e Agostinho Neto?

O Iko era um profundo admirador do Presidente Neto. Ele desertou em 1961, na famosa “Fuga dos 100”. Nessa altura já pertencia ao MPLA. Em 1962, ele passou a fazer parte do Comité Director e, como tal, era um colaborador próximo do Presidente Neto. Certamente, houve, nessa longa trajectória de camaradagem, bons e maus momentos, mas não foi por acaso que ele foi escolhido para ser o Ministro da Defesa do primeiro Governo de Angola independente.

Em termos militares, como era este Ministro da Defesa do primeiro Governo de Angola Independente?

O Iko foi o único africano graduado pela Academia Voroshilov, que era a escola de guerra mais importante da União Soviética. Isso foi um projecto do tempo ainda do Presidente Neto, que pediu a Brejnev (NR: antigo Presidente da União Soviética) que o Iko fosse admitido, mas foi concretizado apenas depois da sua morte. O Iko pensava que isso era muito importante para a melhoria organizativa das FAPLA. Ele foi o melhor aluno do curso e só não recebeu a medalha de ouro porque estas estavam reservadas aos generais dos países membros do Pacto de Varsóvia.

Todo o sacrifício pressupõe um benefício. Sente-se, materialmente, recompensada por esta Angola que ajudou a libertar?

Não participei na luta para ter benefícios materiais. Lembro que, naquelas circunstâncias, nunca sabíamos o que seria o dia seguinte. Os riscos eram grandes. Quando me separava do Iko, porque ele ia para uma missão, nunca sabia se voltaria a vê-lo. Muitos camaradas tombaram durante a luta.

O projecto de Nação idealizado na altura previa como resultado a Angola de hoje?

A construção da Nação é um processo longo e nós apenas temos 43 anos de Independência.

Terá o País falhado nalgum momento da sua edificação?

Muitos dos erros que hoje reconhecemos devem ser atribuídos principalmente à falta de experiência na condução da luta e do país. Com mais e melhor investimento em saúde e educação, Angola tem condições para viver um futuro risonho.

Sente ódio de alguém ou viveu alguma situação, que, por razões políticas, criou constrangimento à sua vida?

Um camarada não faz esta caminhada com sentimento de ódio, mas por amor a uma causa. Porém, sinto que o país tem uma falta de memória histórica generalizada.

O que dizer da situação dos antigos combatentes e veteranos da pátria, muitos deles com patentes e regalias contrárias ao contributo que deram?

As regalias não devem ser o que mais conta. Cada um deve viver de acordo com a sua consciência. Há sempre um tempo certo para serem corrigidas as injustiças que possam ter acontecido.

Tem o grau militar de Coronel. Sente-se satisfeita?

No nosso país há a tendência para dar mais estrelas aos homens do que às mulheres.

Durante o tempo em que José Eduardo dos Santos esteve como Presidente, alguma vez teve uma conversa com ele?

Sim! Logo depois da morte do Iko.

O que conversaram?

O Presidente José Eduardo dos Santos disse-me que eu e os meus filhos não estaríamos sozinhos, pois teríamos sempre o apoio do Governo e dele próprio.

O que espera de Angola, nos próximos dez anos?

Com o novo ambiente político protagonizado pelo Presidente João Lourenço, acredito que o país dará passos importantes, que terão efeitos mais cedo ou mais tarde.

No conjunto dos combatentes da libertação alguém a terá marcado, para além do seu marido, obviamente?

Há, sim! O Comandante Kwenya, que, sem instrução académica ou militar, organizou os seus homens e atacou com sucesso posições inimigas, capturando armas e fardamento, na zona D da III região, entre Mavinga e Cuito Canavale.

“Ninguém fala do Iko ...”

Lembra-se da última conversa que teve com o Comandante Iko Carreira? Do que falaram?

Falávamos sempre muito, sobre muitas coisas, e sempre com uma visão da nossa passagem curta pela historia humana. Entre várias conversas, ele parava e dizia “o meu maior desgosto é não poder nunca dançar com a minha filha”. Ele já estava em cadeira de rodas.

Sobre o País, quais eram as ideias de Iko?

O Iko partilhava do sonho do Presidente Neto, que era fazer de Angola a Suíça da África; um país próspero e seguro, onde os angolanos tivessem todos os mesmos deveres e direitos, onde fossem iguais perante a Lei.

Iko Carreira é bem ou mal referenciado na história de Angola?

Nem bem, nem mal. Há um vazio. Ninguém fala do Iko, a não ser os militares. E mesmo assim, não temos nenhuma instituição militar com o nome de quem foi o chefe dos militares desde a guerrilha até à morte do Presidente Neto. Como família, sentimo-nos tristes com esse esquecimento por parte do Estado.

Imagine não ter sido a mulher/companheira ... Como descreveria o cidadão Iko Carreira, no seu perfil?

O Iko foi um nacionalista que, desde os 17 anos, abraçou e deu a sua vida pela luta pela libertação do povo Angolano. Primeiro, em Angola, no Liceu Salvador Correia, depois , na Casa dos Estudantes do Império, como estudante de Direito. A  seguir participou activamente na fuga  para a luta e desertou da força aérea portuguesa,  com Pedro Pires, Joaquim Chissano e outros. Como principal estratega militar do Presidente Neto, durante a Luta de Libertação,  inspirou muitos jovens nacionalistas, que hoje ocupam lugares de destaque nas Forças Armadas Angolanas.

Em 1975, depois de participar na negociação dos Acordos de Alvor, o Presidente Neto chamou-o para ser o Ministro da Defesa e liderou o processo de formação do nosso exército convencional, que inclui a Força Aérea, a Polícia Nacional e mais órgãos militares. Depois, serviu a Nação, como Comandante da Força Aérea, e, finalmente, como embaixador de Angola na Argélia, onde teve um AVC fulminante, que o obrigou a viver num exílio forçado de mais de 12 anos. Mesmo assim, doente, continuou a servir ao povo Angolano, escrevendo dois livros de memórias históricas.

Consegue imaginar Iko Carreira sem a farda?

Iko  usava farda de segunda a sexta. Sábado e domingo, normalmente, estava à paisana, mas na atitude a farda estava omnipresente. Ele era sempre visitado por militares que lhe pediam conselho. Ele tinha dos militares as qualidades, mas não os defeitos; ele não era autoritário. Ele era humano, com um grande sentido de humor. Era um pai presente, muito atento, que se levantava à noite para cuidar dos bebés pequenos e falava muito da história e da vida com o mais velho. Ele dava muito mimo à nossa menina cassule, Ikena.

Quem eram os fiéis e eternos amigos de Iko?

A família e os companheiros de luta, entre outros, o grande Camarada Pedro Pires,  Xieto, Lopo do Nascimento, Ludi Kissassunda, Beto Traça, Toca, Roberto de Almeida, o falecido irmão deste, Pedro de Almeida, o malogrado João de Matos, que foi várias vezes visitar e pedir conselho sobre o exército, o general Paulo Laura, que o Iko admirava, porque foi um miúdo que se integrou nas FAPLA muito jovem. E muitos camaradas falecidos, como o Comandante Hoji-Ya Henda, que no maquis  levava duas horas para cortar o cabelo ao Iko, porque só ficava a falar em politiquices e o Iko reclamava; “Ou cortas o cabelo ou falas em política!”. Perdemos muitos grandes camaradas. O espaço é curto, mas ninguém foi esquecido.

Estando em vida, Iko Carreira seria hoje referenciado de que forma?

Como o militante íntegro que foi e como o comandante destemido e estratega que todos os companheiros de luta conheceram.

Em conversas que vai tendo com pessoas de várias gerações, sobretudo os mais jovens, sente que elas conhecem Iko Carreira?

Infelizmente não há um trabalho institucional sobre a memória histórica. O Iko, como tantos outros, está a entrar no esquecimento. As novas gerações ja não sabem quem foi.

Carlos Calongo | Jornal de Angola

Na foto: Comandante Iko Carreira, ao lado de Ndozi (à direita), Ita (atrás, à esquerda) e Kopelipa (no centro, ao fundo) Fotografia: DR

"Atual executivo de Angola representa fim da época de delapidação do erário público"


Ministro de Estado e chefe da Casa Civil do Presidente angolano disse que o atual executivo representa o "fim da época de delapidação do erário público e de desresponsabilização pela gestão das instituições do Estado".

Frederico Cardoso, ministro de Estado e chefe da Casa Civil do Presidente angolano que procedeu esta quinta-feira (06.12.), em Luanda, ao lançamento público do Plano Estratégico de Prevenção e Combate à Corrupção em Angola, disse que chegaram também ao fim os "desvios para fins pessoais de recursos, que deviam atender a necessidades inadiáveis nos domínios da saúde, educação e saneamento básico".

Segundo o governante angolano, para a tarefa do combate à corrupção em Angola é chamada toda a sociedade, que deve estar empenhada, agindo de modo concertado, com deveres específicos e responsabilidades partilhadas.

"Vamos melhorar a coordenação e a troca de informações entre as entidades que exercem funções de prevenção, de investigação e de julgamento dos casos de corrupção", disse Frederico Cardoso.

Ações a serem desenvolvidas

O fortalecimento da capacidade operativa, técnica e financeira dos órgãos públicos envolvidos no combate à corrupção e a melhoria da transparência no acesso à informação da administração pública são outras ações a serem desenvolvidas para combater ao fenómeno.

No atual executivo, segundo o ministro de Estado e chefe da Casa Civil do Presidente da República, será exigido que sejam geridos "com idoneidade e probidade" os recursos humanos na administração pública e fortalecidas as regras da contratação pública.

"Vamos melhorar o quadro legal do combate à corrupção, vamos aprimorar os procedimentos para tornar mais célere o tratamento administrativo e judicial dos casos de corrupção, vamos envolver de modo mais ativo os cidadãos, a sociedade civil, o setor empresarial, e vamos ajudar a difundir as boas práticas de transparência no setor empresarial", disse.

Cooperação judicial

A nível internacional, salientou, o Governo vai continuar a assegurar a participação de Angola nos fóruns internacionais de luta contra a corrupção, para manter a cooperação bilateral e multilateral e a cooperação judicial que for necessária.

Segundo Frederico Cardoso, as ações enumeradas vão ajudar a atingir os principais objetivos do Plano Estratégico de Prevenção e Combate à Corrupção, entre eles a promoção da integridade, transparência e a cultura de prestação de contas.

Os outros eixos passam por melhorar a prestação de serviços na administração pública e promover o envolvimento da sociedade na prevenção e no combate à corrupção, bem como intensificar a prevenção da corrupção e promover a integridade nos setores empresariais público e privado.

Ninguém está acima da lei

Por sua vez, o Procurador-Geral da República (PGR) de Angola, Hélder Pitta Grós, lembrou que, este mês, completa-se um ano de atividade deste órgão de justiça angolana que, "com escassos meios materiais e humanos, estrutura orgânica desadequada para tamanha tarefa", conseguiu responder aos desafios lançados pelo Presidente angolano, João Lourenço, de combate à corrupção, impunidade e nepotismo, entre outras práticas.

Hélder Pitta Grós referiu que, num ano, apesar das dificuldades, a PGR, "com empenho e elevado espírito patriótico e de missão", com a cooperação de outras instituições do Estado, concluiu e introduziu em tribunal "alguns dos processos de grande envergadura e repreensão social".

"O sinal de que o combate à prática ilícita que corrói a sociedade angolana foi dado. Quem até então se sentia ou se considerava acima da lei, teve que atender à notificação da justiça", realçou o Procurador-Geral da República, sem citar qualquer caso.

Agência Lusa, ar | em Deutsche Welle

"Operação Fizz": Sentença do caso que envolve Manuel Vicente conhecida hoje


Está marcada para esta sexta-feira a leitura do acórdão do processo "Operação Fizz". Um dos arguidos é o ex-procurador Orlando Figueira, suspeito de ter sido corrompido pelo ex-vice-presidente angolano Manuel Vicente.

O julgamento do processo Operação Fizz começou a 22 de janeiro, em Lisboa, e assenta na acusação de que o ex-vice-Presidente angolano, Manuel Vicente, corrompeu o ex-procurador do Departamento Central de Investigação e Ação penal Orlando Figueira, com o pagamento de 760 mil euros, para que este arquivasse dois inquéritos em que estava a ser investigado, um deles o caso da empresa Portmill, relacionado com a aquisição de um imóvel de luxo no Estoril em 2008.

O processo relativo a Manuel Vicente, acusado de corrupção ativa, foi separado e entregue às autoridades angolanas.

Além de Orlando Figueira, o processo tem também como arguidos o empresário Armindo Pires e o advogado Paulo Blanco, todos acusados, em coautoria, de corrupção, branqueamento de capitais e falsificação de documentos.

Corrupção e branqueamento de capitais

Nas alegações finais, após uma alteração não substancial dos factos e qualificação jurídica determinada pelo tribunal, os advogados dos três arguidos reiteraram a inocência dos mesmos.

A procuradora Leonor Machado pediu a condenação de Orlando Figueira por corrupção passiva para ato ilícito e branqueamento de capitais e de Paulo Blanco por corrupção ativa, mas a penas de prisão suspensas na sua execução.

Quanto ao empresário Armindo Pires, a procuradora pediu aos juízes que decidam de acordo com o melhor critério, considerando, contudo, que não há factos que comprovem que o arguido cometeu um crime de corrupção. A defensora oficiosa do ex-procurador insistiu na inocência do seu cliente, referindo que no processo "não há provas ou indícios de conluio para os três arguidos cometerem o crime de corrupção".

A advogada Rita Relógio, defensora de Paulo Blanco, alegou que a tese da acusação é uma enorme fantasia, incompreensível e negligente", pedindo também a total absolvição do seu cliente.

Para Rui Patrício, advogado de defesa de Armindo Pires, após a análise das provas do processo "é muito fácil a absolvição", alegando que o seu cliente foi "um arguido acidental a quem não imputaram factos concretos".

Agência Lusa, ms | em Deutsche Welle

Moçambique | Um país dirigido por mentirosos


@Verdade | Editorial

Há 43 anos que o povo moçambicano vive uma grotesca mentira habilmente promovida pelo Governo da Frelimo. Todos os dias, os moçambicanos são confrontados com demonstrações cabais da falta de traquejo e de entendimento por parte dos seus dirigentes. É, diga-se em abono da verdade, deprimente encontrar indivíduos a frente das instituições públicas e/o do Estado, que têm estado a lavrar relatórios falsos, prejudicando a população.

Um dos exemplos disso é a situação verificada no distrito de Chiuta, na província de Tete, onde o Governo local apresentou um relatório falso ao Presidente da República, entre os meses de Julho e Agosto do ano preste a findar, garantindo que a questão de insegurança alimentar era um caso ultrapassado naquele ponto país. Este facto veio à superfície durante o comício popular e na feira agrícola, no qual Filipe Nyusi foi confrontado com relatos de fome e, sacodindo a água do capote, o Chefe de Estado desabafou dizendo que foi enganado.

Esta é, sem dúvidas, mais uma prova de que o nosso país é governado por um bando de mafiosos preocupados com os seus problemas estomacais. É, no entanto, cariato que só agora o Presidente da República se tenha dado conta de que os seus títeres o enganaram. Aliás, a situação de Chiuta é sintomático do que tem estado a acontecer em todo o país.

Quase todos os dias, os moçambicanos enfrentam o drama de falta de alimentos, de unidades sanitárias, educação e de vias de acesso condignas. Mas, por alguma carga de água, são apresentados relatórios triunfalistas, cheios de frases feitas, falando das supostas realizações do Governo. Agora, que estamos prestes a entrar num ano eleitoral, as mentiras sobre realizações do Governo serão sofisticadas para aldrabar os moçambicanos de modo que acreditem em todo que reluz como sinal de desenvolvimento.

Como se não bastasse os relatórios falsos, também os moçambicanos assistem nas diversas instituições que compõem o sector público a um sistema letárgico institucionalizado tornando de certo modo as instituições num antro de inaptos mentais que se vangloriam da sua ignorância.

Portanto, diante dessa realidade lamentável, vale a pena os moçambicanos continuarem a lutar para que, um dia, tenhamos um país decente e com dirigentes patriotas e comprometidos com a causa do povo.

Moçambique | "Conto com o apoio de todos os membros da RENAMO", diz Elias Dhlakama


Irmão do falecido Afonso Dhlakama conta com os seus graus académicos e com a sua experiência militar na RENAMO e nas FADM para conseguir a liderança da RENAMO. E Elias reconhece que o seu apelido também é determinante.

De 15 a 17 de janeiro será escolhido na Gorongosa o novo líder da RENAMO, o maior partido da oposição em Moçambique. Desde que Afonso Dhlakama faleceu a 3 de maio de 2018 o partido está a ser liderado pelo general Ossufo Momade. Com o aproximar da eleição no Congresso já se levantam nomes de possíveis candidatos e um dos mais apontados é o de Elias Dhlakama, irmão de Afonso. A DW África conversou com Elias Dhlakama:

DW África: Quer candidatar-se à presidência da RENAMO?

Elias Dhlakama (ED): Sim, vou candidatar-me.

DW África: E conta com o apoio de quem para entrar nesta corrida?

ED: Conto com o apoio de todos os membros da RENAMO, do Rovuma a Maputo.

DW África: Mesmo dos generais que têm longa carreira e uma participação ativa no partido?
ED: Eu disse que conto com o apoio de todos os membros da RENAMO.

DW África: Inclusive do atual líder interino, o senhor Ossufo Momade?

ED: Não, é muito provável que o Ossufo também participe na corrida.

DW África: E conta com o apoio dele?

ED: Isso é que eu não sei. Se nós conquistamos a mesma mulher é difícil que cada um apoie o outro a obter esta mulher que também quer.

DW África: Entretanto o senhor Elias não reúne todos os requisitos exigidos para participar nesta corrida. Acredita que a RENAMO possa rever os requisitos ou abrir algumas exceções?

ED: Não, não pode. Deve saber que a RENAMO foi um movimento político-militar. Eu sou guerrilheiro da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) desde a luta pela democracia durante 16 anos. Significa que um dos requisitos importantes é ser guerrilheiro ou combatente da luta pela democracia. Os restantes requisitos são apenas vantagens.

DW África: Acha então que o partido vai abrir uma execeção para si?

ED: Não é uma exceção, é um direito.

DW África: E os outros requisitos tornar-se-ão inválidos?

ED: Exatamente. E também há um mal entendido, não significa que [é preciso ter] todos os requisitos nomeados: ser secretário-geral, chefe de departamento ou membro do Conselho Nacional... Não é que o individuo deve ter exercido todas essas funções, mas sim que tenha exercido uma das funções, isso deve ficar bem claro.

DW África: A sua provável candidatura é vista por alguns como um golpe contra a democracia no seio da RENAMO, são de opinião que se trataria de uma espécie de sucessão, algo de um partido dominado pela família Dhlakama?

ED: Não constitui a verdade, porque se assim fosse não se iria convocar um congresso. Logo após a morte do presidente Dhlakama teriam indicado o Elias Macacho Marceta Dhlakama para coordenador interino, mas não foi assim. Ossufo Momade não é irmão de Dhlakama e nem da família. Chegou o momento de se convocar um congresso, onde se vai votar, o líder da RENAMO vai sair de uma eleição e não de uma nomeação ou uma indicação. Ao ser por eleição nada terá a ver com a família Dhlakama.

DW África: Quais são os seu pontos fortes para esta corrida?

ED: Sou mais novo, académico. Sou licenciado em História, o que me permite conhecer o meu país, conheço a economia e cultura do nosso país, conheço as políticas do nosso país. E sou mestrado em ciências políticas, em governação e relações internacionais. Conheço as políticas partidárias e institucionais e muitas outras políticas que o país têm. Ainda pelo facto de ter estado nas Forças Armadas, conheço os dois lados, sei como funcionam as instituições do Estado, ninguém me vai enganar. E as relações internacionais vão me permitir as boas políticas externas para o partido RENAMO.

DW África: E em que medida o apelido Dhlakama pode ser determinante nesta sua intenção de se candidatar?

ED: Esta só pode ser uma vantagem.

DW África: E em relação ao eleitorado?

ED: Para o eleitorado talvez seja bem vindo, porque o nome de Dhlakama, de facto, é inesquecível.

DW África: E quanto aos guerrilheiros que provavelmente não terão tido muito contacto com o senhor Elias, também conta com o apoio deste grupo?

ED: Eu deixaria esta parte [de lado], porque estes são os homens que ainda estão no conflito, ainda é um grupo alvo. Não queria mexer com a sensibilidade deste grupo. Mas devo dizer que eles é que sabem, é política. Da parte da RENAMO não tenho nenhuma objeção.

DW África: Elias Dhlakama é praticamente desconhecido, o que provavelmente não poderá jogar muito a seu favor. Como pensa reverter isso?

ED: Eu sou muito conhecido e quem diz isso está a fazer um jogo sujo. Eu sou conhecido, primeiro, fui guerrilheiro da Resistência Nacional Moçambicana, combati um pouco por todo este país, com o fim da guerra fui comandante da oitava brigada, que compreendia as províncias de Gaza e Inhambane, sediada em Chokwé. E depois transferido para a zona norte, como chefe do Estado-Maior militar da região norte, que compreendia as províncias de Nampula, Cabo Delgado, Niassa, e Zambézia, porque militarmente a Zambézia era considerada zona norte. E mais tarde como oficial do departamento das operações do Estado-Maior general e nomeado também como comandante de reservistas de Moçambique. Agora, quem diz que eu não sou conhecido essa pessoa não está em Moçambique.

DW África: Vamos falar um pouco sobre a relação com o seu falecido irmão Afonso. Pela imprensa é sabido que não tinham o mesmo entendimento sobre a sua permanência no exército nacional. Ele defendia que devia sair porque estava a ser humilhado e o senhor Elias defendia que deveria continuar por uma questão de dever patriótico. Pode nos falar dos pontos de divergência e dos pontos em comum?

ED: Quem sabe se era estratégia? Nunca tivemos divergências. Já disse várias vezes que tivemos relações de irmãos e ele exercia o seu papel e eu o meu.

DW África: Há uma questão que ainda não está muito clara, enquanto oficial na reserva não pode candidatar-se a um cargo político de grande relevância, é isso?

ED: Não constitui verdade. O estatuto das Forças Armadas de Defesa e Segurança é claro... quem passa a reserva está livre de exercer qualquer função. Vou dar um exemplo, o ex-chefe do Estado-Maior general, o general Macaringue, hoje representa Moçambique politicamente na África do Sul, é embaixador de Moçambique na África do Sul. A maioria dos administradores dos distritos são militares na situação de reserva. Para dizer que não há nada que impede, o estatuto de militar das Forças Armadas de defesa de Moçambique nada impede. E sai por direito, por ter completado trinta anos de serviço e eu tenho mais de trinta já completei 38. Chegado a esse tempo fiz uma exposição para o ministro da Defesa Nacional para eu gozar este direito consagrado por ter cumprido o meu tempo de serviço.

Nádia Issufo | Deutsche Welle

Há 43 anos a Indonésia invadiu Timor-Leste, genocídio continua impune


A 7 de Dezembro de 1975 a Indonésia invadiu Timor-Leste com toda a brutalidade das suas poderosas forças armadas no cumprimento das ordens  do ditador Shuarto, presidente daquele país. A luz verde para a execução da operação foi dos EUA em visita à Indonésia e a Shuarto do presidente Ford e do secretário de estado Kissinger, mentor de vários crimes de guerra que imerecidamente foi galardoado com um Nobel da Paz.

Timor-Leste foi surpreendido pela invasão por terra, mar e ar a partir da fronteira, na costa norte e na costa sul. Dili viu os seus céus ofuscados devido ao lançamento de pára-quedistas indonésios que caíram pelas ruas - quase sempre em locais estratégicos  -  enquanto a linda baía da capital assistia à sobrelotação de navios de guerra e de transporte de tropas que esperavam à vez para desembarcar e aterrorizarem a população, assassinando indiscriminadamente os surpreendidos timorenses. A partir desse dia a Indonésia ocupou ilegalmente Timor-Leste durante cerca de 25 anos, com o conluio dos EUA, da Austrália, do Reino Unido, da própria França e da Alemanha. Principalmente daqueles países denominados potências.

Durante os 25 anos de ocupação foram assassinados pelas tropas indonésias e polícias mais de 200 mil timorenses – quase metade dos timorenses existentes no país, segundo um Censo realizado quatro anos antes (1971) pelo país que havia mais de 400 anos colonizava Timo, Portugal.

A resistência timorense (FALINTIL) organizou-se a partir das primeiras horas da invasão e refugiou-se nas montanhas, enveredando por operações de guerrilha que o armamento de que dispunham permitia, assim como os seus efetivos militares. Manteve-se ativa durante toda a ocupação. Até que por deliberação da ONU foi aprovada a pronúncia de um referendo que deu a possibilidade ao povo timorense de manifestar a sua vontade em 1999. A independência ou a autonomia e integração do país na Indonésia foram os itens a referendar. Venceu a independência por maioria de votos, cerca de 80 por cento. E eis que a sua vontade se cumpriu sob o patrocínio da ONU e nações que acompanharam todo o processo de independência e democratização do novo país.

Portugal desempenhou a função moral e historicamente devida em todo o processo. Algumas vezes atrapalhando a Austrália e os EUA na sua intenção de ali manterem uma independência de fachada policiada e militarizada pela Austrália (potencia regional) com vista a neocolonizarem Timor-Leste como o fizeram e ainda fazem em outros pequenos países da região. Timor-Leste era mais apetecível porque possui no Mar de Timor reservas de petróleo e gás natural que provocam a imensa gula da Austrália. País que afinal foi explorador das riquezas timorenses naquele Mar durante a ocupação indonésia por troca de a reconhecer e legitimar a ocupação em favor à Indonésia do ditador Shuarto, em absoluto conluio com o genocídio do povo timorense que em cada ano que passava somava a mortandade e as chacinas dos ocupantes por todo o território.

Desde a invasão até à retirada das forças armadas, polícia e milícias indonésias, foram assassinados mais de 200 mil timorenses... Um genocídio ignorado e branqueado pela ONU e por quase toda a comunidade mundial, a exemplo de outros genocídios ocorridos e criminosos de guerra ou semelhantes que, por exemplo, já há muito desacreditaram os vários prémios Nobel. Certo que há algumas exceções de nobilizados. Felizmente.

Num recurso à Wikipédia acrescentamos parcialmente o texto referente à invasão e ocupação indonésia em Timor-Leste. Uma falácia que oculta o que na realidade e no todo ocorreu em Timor-Leste. Como se diz: “Uma mentira para ser consistente tem de incluir um pouco de verdade”. Neste caso, referente ao texto que se segue, predominam as omissões – que consideramos intencionais.

É facto que existem dados históricos já publicados a que qualquer de nós pode aceder após aturadas pesquisas. É para isso que convidamos os interessados no tema e no que ocorreu. Desde o comportamento desleixado e criminoso de Portugal ao abandonar Timor-Leste e o deixar à mercê da ocupação indonésia, até ao roubo das suas riquezas naturais por parte da Indonésia e da Austrália, principalmente.

A seguir leia o que reproduzimos da Wikipédia sobre Timor-Leste. Saiba também mais sobre aquele país e aquele povo por via de pesquisas credíveis que poderá encontrar na Internet. Separe o trigo do joio e terá oportunidade de se aperceber da grandiosidade do resistente e maravilhoso povo timorense, dos seus heróis ainda vivos ou tombados para sempre na luta de libertação.

Acompanhe-nos em sentido, de modo enérgico e feliz: VIVA TIMOR-LESTE!

Redação PG


Da Wikipédia:

Indonésia ocupou o atual território do estado de Timor-Leste de dezembro de 1975 a outubro de 1999. 

Após séculos de domínio colonial português na parte oriental da ilha de Timor, um golpe de Estado em Portugal em 1974 levou à descolonização entre suas ex-colónias, criando instabilidade no território e deixando seu futuro incerto. Depois de uma guerra civil em pequena escala, a FRETILIN, pró-independência, reclama a vitória na capital Díli e declara Timor-Leste independente, em 28 de novembro de 1975.

Reivindicando ajuda solicitada pelos líderes timorenses, as forças militares indonésias invadiram a parte oriental da ilha em 7 de dezembro de 1975 e destruíram a resistência armada à ocupação. Na sequência de uma controversa "Assembleia Popular", que muitos disseram que não era um verdadeiro ato de autodeterminação, a Indonésia declarou o território como uma província da Indonésia. Por vinte e cinco anos, a população de Timor-Leste foi submetida a execuções extrajudiciais, tortura e fome.

A 20 de Junho de 1988, dez estudantes timorenses na Indonésia proclamaram a Insurreição Geral Política dos Estudantes de Timor-Leste, liderados por Fernando La Sama de Araújo. Este momento, juntamente com a criação da organização RENETIL, reforçaram e desenvolveram a consciência política, dando visibilidade exterior à luta, autodeterminação e independência timorense[1].

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