quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

“Estado da Nação é estável”, significa que está tudo na mesma em Moçambique


O Presidente Filipe Nyusi foi a Assembleia da República nesta quarta-feira(19) afirmar que em Moçambique está tudo na mesma: a pobreza mantém-se estável, continuam a faltar de salas de aulas para as crianças, a degradante situação nos hospitais mantém-se inalterável, o número de moçambicanos sem acesso a água potável e saneamento permanece fixo assim como os gastos em megalómanos, a inflação baixou mas o custo de vida permanece elevado... e até mesmo o esclarecimento das dívidas ilegais está em repouso.

“Aquilo que em 2015, 2016 e 2017 parecia uma simples citação do artigo de um pensador internacional, filósofo, quando dissemos que não estamos satisfeitos, somos resilientes, estamos firmes, em 2018 ficou provado. E porque estas conquistas alcançadas representam os pilares sólidos para a construção de uma Nação moçambicana próspera, com o realismo que nos caracterizou ao longo destes quatro anos, podemos afirmar com segurança que o Estado da Nação é estável e que nos inspira confiança”, este é o diagnóstico de Moçambique feito pelo 4º Presidente da República.

O @Verdade não sabe o que norteou a escolha do “estável” pela equipe presidencial mas no dicionário de língua portuguesa é um adjectivo de dois géneros que significa “1 não se desloca. 2 em repouso. 3 firme. 4 fixo. 5 seguro. 6 inalterável. 7 duradouro.”

Tendo em conta que na avaliação do Presidente Nyusi, Moçambique está “firme” desde 2016, ano em que a tradicional crise que os moçambicanos enfrentam desde o início do multipartidarismo agudizou-se após a descoberta das dívidas ilegalmente contraídas pelos governantes do partido Frelimo, o @Verdade entende que passados dois anos tudo está na mesma na “Pérola do Índico” como aliás a realidade todos os dias lembra a quem vive honestamente.

O número de pobres em Moçambique não reduziu e, segundo o Banco Mundial poderá ter aumentado em consequência da subida acentuada no preço dos alimentos, que chegou a ser de 40 por cento em Novembro de 2016. “Os aumentos substanciais nos preços dos bens básicos levaram à redução do consumo das famílias, principalmente nas zonas rurais”, pode-se ler no mais recente relatório da instituição financeira que continua a ser o maior doador do nosso país.

Na Educação, sector chave para o desenvolvimento de Moçambique e de qualquer outra Nação, o Chefe de Estado admitiu no seu Informe que está longe de suprir o défice de 32 mil salas de aulas: “expandimos a rede disponibilizando 1.207 novas salas de aulas, correspondente a um aumento de 3 por cento em relação ao ano anterior”.

O maior drama é no ensino secundário, como aliás o @Verdade revelou, das mais de 400 mil crianças que este ano estão a terminar o ensino primário do 2º grau apenas 21.955 serão admitidos na 8ª classe, portanto cerca de 5 por cento.

Dívidas ilegais “estáveis” na Procuradoria-Geral da República e no Tribunal Administrativo
“Construímos e reabilitamos 8.500 fontes de água dispersas nas zonas rurais (...) fizemos 90 mil ligações domiciliárias e construímos 150 fontanários públicos nas cidades e vilas” declarou o Presidente não admitindo que está até a falhar as metas pouco ambiciosas do seu Plano Quinquenal onde prometeu construir 51 sistemas de água em 2018 mas apenas 4 foram iniciados durante o 1ª semestre e as obras acabaram paralisadas “por falta de desembolsos do Orçamento do Estado”. Dos 211 quilómetros de redes de água que o Executivo de Nyusi previu serem expandidos apenas 4 quilómetros foram executados.

Inalterável permanecem os gastos em obras e acções que não são prioritárias para o povo como é o caso do Aeroporto do Xai-Xai que está a ser construído sem sequer existir um estudo da sua viabilidade. Porém, para o estadista moçambicano a capital da província de Gaza “merece e deve ter aeroporto” porque se equipara a capital do Quénia ou mesmo as cidades sul-africans, “não é por acaso que uma cidade como Nairobi tem dois aeroportos para não falarmos aqui da África do Sul”, justificou Filipe Nyusi.

“Compatriotas não são todos os países nem todos os dias que se inverte uma inflação de 25 por cento para 4”, vangloriou-se o Chefe de Estado que no entanto não referiu que essa situação só aconteceu porque Moçambique conseguiu a proeza de ser o único país do mundo a contrair dívidas violando a própria Constituição e ainda a esconde-la do Fundo Monetário Internacional.

Relativamente as dívidas ilegais das empresas Proindicus, EMATUM e MAM que precipitaram a crise que estamos a enfrentar o Presidente de Moçambique afirmou que as mesmas continuam “estáveis”, ou melhor em repouso, na Procuradoria-Geral da República e no Tribunal Administrativo sem data para serem esclarecidas e os seus mentores responsabilizados.

Adérito Caldeira | @Verdade

Presidente angolano nega, em conferência de imprensa, estar a proteger Manuel Vicente


João Lourenço, Presidente de Angola diz que "fracasso ou sucesso" do repatriamento voluntário de capitais é um assunto "sério".

Pela segunda vez em um ano, o Presidente da República de Angola, João Lourenço, abordou com a imprensa vários assuntos de interesse nacional e não só.

Durante a entrevista coletiva onde participaram órgãos de comunicação nacionais e internacionais, João Lourenço respondeu nomeadamente a várias questões sobre o processo de repatriamento de capitais e o combate à corrupção.

O titular do poder executivo angolano disse que o programa de arrecadação dos dinheiros de Angola enviados para o exterior não tem data de encerramento, pois é um processo de longo prazo.

Lei entra em vigor a 26 de dezembro

João Lourenço alertou contudo "que as figuras que não quiseram aproveitar esta oportunidade bastante generosa por parte do Estado”, correm um sério risco de perderem os tais recursos e também de comparecerem perante os tribunais.

O chefe de Estado angolano anunciou também que no dia 26 deste mês entra em vigor a Lei de Repatriamento Coercivo e Perda Alargada de Bens, aprovada recentemente na Assembleia Nacional.

"Estamos confiantes que o tempo continua a jogar a nosso favor, uma vez que o programa tem data de arranque e não tem data de término. Portanto, o repatriamento coercivo começa a contar a partir de 26 de dezembro, e não quer dizer que a partir desta data exata teremos aqui os recursos todos. Não é justo pensar-se desta forma. Arranca a 26 de dezembro e não tem limite. Pode levar 10 , 20 anos, o tempo que for necessário, no meu ou no mandato de quem me substituir nos próximos anos. É um programa para ter continuidade”, destacou João Lourenço.

Até ao momento não há expetativas de quanto já se arrecadou. Segundo o Presidente angolano, só o Banco Nacional de Angola deverá divulgar os dados estatísticos sobre o processo.

Governo português vai ajudar Angola

O Presidente angolano diz ter a certeza que o governo português vai ajudar Angola a repatriar os recursos domiciliados no seu território.

"Quanto aos dados estatísticos, ao seu devido tempo o Banco Nacional de Angola, entidade competente, vai prestando esclarecimentos que se impuserem”.

O combate à corrupção segundo disse o Presidente angolano "não é apenas uma luta do seu partido, o MPLA. Para o governante todas as forças políticas, organizações da sociedade civil e igrejas devem participar no referido programa que é a bandeira da governação.

Exumação restos mortais de Savimbi

Quanto ao processo de exumação dos restos mortais do líder fundador da UNITA, o maior partido da oposição, Jonas Savimbi, que morreu a 22 de fevereiro de 2002, João Lourenço afirmou que o seu executivo está em condição de realizar a operação.

Mas a UNITA que se "queixava da lentidão do processo", segundo o Presidente angolano já não está a mostrar interesse pelo assunto como anteriormente.

"Não encontramos paradoxalmente da parte da direção UNITA a mesma vontade, o que choca com a ansiedade demonstrada há meses atrás. Hoje não têm pressa. Primeiro diziam para o Governo andar rápido porque queriam esta operação realizada. O Governo andou rápido e diz que está em condições de realizar a operação. E a resposta que estamos a ter é que tenham calma nós agora não temos pressa".

JLO nega estar a proteger Manuel Vicente

Numa outra passagem da conferência de imprensa, o chefe de Estado angolano negou  estar a proteger o antigo vice-presidente Manuel Vicente, e sublinhou que, caso necessite, cabe à justiça pedir o levantamento da imunidade parlamentar do ex-governante à Assembleia Nacional. 

João Lourenço respondia a uma pergunta de um jornalista angolano, que o questionou se estava a proteger o agora deputado, envolvido num processo que está a ser investigado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) angolana, acusado de alegados crimes de corrupção ativa, branqueamento de capitais e de falsificação de documentos, e que foi enviado a partir da justiça portuguesa.

"O senhor afirma que eu protejo o engenheiro Manuel Vicente. Vai ter de explicar bem isso, o que entende por proteção. O engenheiro Manuel Vicente não é membro do executivo, não é ministro", afirmou João Lourenço, comparando o caso com o do ex-secretário de Estado dos Assuntos Económicos do Presidente da República Carlos Panzo, exonerado em julho deste ano, com base numa denúncia das autoridades suíças feita em outubro de 2017.

Suspensão de imunidade

Para João Lourenço, em relação a um "não membro do Governo", quem solicita o levantamento das imunidades junto do Parlamento "não pode ser o executivo".

"Estamos a falar de poderes diferentes. Quem solicita são os órgãos de justiça que, se quiserem dar continuidade a um determinado processo e se vêm impedidos de o fazer porque a pessoa visada está protegida por imunidades, sendo deputado, são quem solicitam o levantamento das imunidades diretamente ao Parlamento, não passam pelo executivo", explicou.

"O titular do poder executivo não tem sequer de saber. Mesmo que saiba não vai fazer nada. Não é minha competência. É um deputado e se a justiça entende que, para prosseguir com a sua ação, enquanto órgão de justiça, importa que sejam levantadas as imunidades de um determinado deputado, solicita o levantamento das mesmas diretamente à Assembleia Nacional", referiu. 

Borralho Ndomba (Luanda), Agência Lusa | em Deutsche Welle

Funcionários do principal hospital de Bissau convocam greve


Comité sindical do pessoal contratado do Hospital Nacional Simão Mendes, em Bissau, entregou pré-aviso de greve, a partir de quinta-feira, para pedir pagamento de salários em atraso e melhores condições de trabalho.

Em comunicado, divulgado à imprensa, o comité explica que decidiu avançar para a greve devido ao "atraso e silêncio" da direção do hospital "relativamente ao pagamento dos salários em atraso do pessoal contratado" e "tendo em conta a difícil situação financeira em que se encontram mergulhados os seus associados".

O comité decretou greve para o período entre quinta-feira e 31 de dezembro e entre 03 e 07 de janeiro.

Os funcionários contratados do hospital de referência da Guiné-Bissau exigem o pagamento de dois meses de salários em atraso (outubro e novembro de 2018), o pagamento do subsídio de vela de janeiro de 2015 a dezembro de 2018, a efetivação nos quadros dos funcionários contratados mais antigos e a melhoria das condições de trabalho.

A Guiné-Bissau tem assistido a várias paralisações dos trabalhadores, nomeadamente no setor da educação, transportes e saúde.

Agência Lusa | em Deutsche Welle

Escândalo de artigos falsos da "Spiegel" pode virar caso de polícia


Influente revista alemã diz que denunciará criminalmente ex-funcionário. Além de falsificar dezenas de reportagens, jornalista teria embolsado doações em dinheiro destinadas a crianças de rua na Turquia.

A influente revista alemã Der Spiegel afirmou neste domingo (23/12) que vai denunciar na polícia seu ex-repórter Claas Relotius, após a revelação de que o jornalista, de 33 anos, não só falsificou dezenas de reportagens, mas também embolsou doações em dinheiro destinadas a crianças orfãs.

Um dos repórteres mais premiados da publicação, Claas pediu demissão do veículo após admitir ter ao longo de vários anos falsificado reportagens e inventado personagens em textos que produziu. Ele ganhou vários prêmios e era reconhecido por suas reportagens investigativas.

A Spiegel disse ter recebido informações de leitores de que Relotius teria iniciado uma campanha, divulgando, através de seu e-mail pessoal, sua conta bancária pessoal e pedindo doações para ajudar crianças órfãs na Turquia. 

O escândalo das reportagens falsificadas foi revelado pela própria Spiegel na quarta-feira, após uma investigação interna.

Relotius falsificou histórias e inventou protagonistas em ao menos 14 de quase 60 reportagens publicadas na revista ou no site Spiegel Online. "Esta é talvez a pior crise editorial na Spiegel", afirmou o novo editor-chefe, Steffen Klusmann.

A publicação alertou ainda que outros veículos podem ter sido afetados pelas fraudes. Relotius escreveu para alguns dos maiores jornais do país, como Die Welt, Frankfurter Allgemeine Zeitung e Tageszeitung, ao longo de 11 anos de carreira.

Relotius escrevia para a Spiegel há sete anos, inicialmente como autônomo, tendo sido contratado há um ano e meio, tornando-se, assim, funcionário da publicação.

As falsificações de Relotius começaram a vir à tona após o jornalista Juan Moreno, colega dele na Spiegel, desconfiar da veracidade de detalhes de uma apuração, ao escreverem um artigo a quatro mãos. Moreno rastreou supostas fontes citadas por Relotius na reportagem e descobriu que diversas informações haviam sido inventadas.

MD/afp/epd | Deutshe Welle

Alemanha, um país de bolsas sociais


Maior economia da Europa oferece pacote abrangente de benefícios para combater a pobreza e o desemprego, mas modelo não é imune a críticas.

"Está vendo esses prédios que não têm uma aparência muito boa? São moradias sociais para quem depende de ajuda do governo", explicou um amigo alemão quando passávamos de carro num bairro periférico da cidade de Bonn, no oeste da Alemanha. Para mim, aqueles apartamentos não pareciam diferentes de prédios convencionais de classe média em qualquer cidade grande do Brasil.

Essas moradias fazem parte de uma série de 'bolsas sociais' oferecidas pelo governo alemão para garantir um padrão de vida básico aos mais pobres. Desde 2005, pessoas em situação de desemprego podem se beneficiar do controverso programa Hartz 4, uma série de reformas aprovadas em 2003 para combater o desemprego e a pobreza na Alemanha, válidas para todas as classes sociais, incluindo migrantes e refugiados.

Comprovada a necessidade, o governo alemão paga o aluguer de um apartamento, o seguro-saúde e uma mesada aos beneficiários, que podem ser desde jovens que não conseguem ingressar no mercado de trabalho após terminar os estudos e, portanto, sem direito ao seguro-desemprego, a pessoas desempregadas que não têm condições mínimas de sobrevivência e ficarão nessa situação em caráter temporário. Em alguns casos, também é possível receber um empréstimo do governo.

Em contrapartida, os beneficiários devem participar de reuniões regulares em agências de emprego, demonstrar que estão na procura ativa por um trabalho e participar de treinamentos profissionais. O benefício pode ser cortado caso o beneficiário recuse um emprego ou não compareça às reuniões obrigatórias. Uma intenção clara é que o pacote Hartz 4 não torne a vida dos beneficiários confortável, mas os incentive a retornar ao mercado de trabalho. Isso se reflete no slogan do programa, Fördern und Fordern (algo como "apoiar e cobrar esforço").

Em alguns casos, os beneficiários que não conseguem nenhum tipo de trabalho no mercado formal fazem o chamado "trabalho de 1 euro". É uma atividade financiada por fundos públicos para que a pessoa possa exercer uma atividade e não perder o benefício. A exigência de o beneficiário se encaixar em qualquer tipo de trabalho é criticada por poder gerar situações de frustração e humilhação. Além disso, sindicatos argumentam que o programa Hartz 4 liberalizou o mercado de trabalho, criou um setor de subemprego e reduziu o auxílio-desemprego convencional.

Cerca de 6 milhões de pessoas se beneficiam do Hartz 4 na Alemanha. Em janeiro de 2019, o valor da ajuda financeira paga pelo governo passará de 416 para 424 euros por pessoa. O governo providencia uma moradia popular ou paga as despesas do aluguer direto ao locador. No inverno, é pago ainda o auxílio-calefação para garantir o aquecimento no interior da casa nos dias mais frios do ano.

O governo alemão também paga uma 'bolsa-filho'de cerca de 200 euros por mês para todas as famílias, independentemente da classe social, que aumenta de acordo com o número de crianças. Os pais podem receber o benefício, chamado Kindergeld, até os 24 anos de idade da filha ou filho. Os pais também recebem o Elterngeld (dinheiro dos pais), que equivale de 60% a 100% do salário, no máximo 1.800 euros, caso deixarem de trabalhar para cuidar dos filhos nos primeiros meses. Para pais em situação de pobreza é pago um valor integral. O benefício é pago por 12 meses se apenas um dos pais o requisitar ou 14 meses para mães ou pais solteiros ou se ambos os pais o requisitarem, dividindo os 14 meses entre si da forma que melhor lhes convier.

Obviamente há casos de fraude e de abuso do aproveitamento dos benefícios do Hartz 4, inclusive com falhas na fiscalização sobre as condições de vida de beneficiários no longo prazo. Essas medidas, no entanto, são vistas como fundamentais para combater as desigualdades sociais e, desde a implementação, em 2005, ajudaram a reduzir os níveis de pobreza e melhorar as taxas de emprego.

Novas reformas têm sido estudadas diante do aumento acentuado das desigualdades sociais na Alemanha, que não está exclusivamente ligada ao desemprego. Pensionistas e idosos marginalizados, crianças, pais solteiros e pessoas com deficiência física também precisam de mais apoio do governo, segundo a associação de assistência social alemã Paritätische Gesamtverband.

Karina Gomes* | Deutsche Welle

*Na coluna Alemanices, publicada às sextas-feiras, Karina Gomes escreve crônicas sobre os hábitos alemães, com os quais ainda tenta se acostumar. A repórter da DW Brasil e DW África tem prémios jornalísticos na área de sustentabilidade e é mestre em Direitos Humanos.

França | Entre as mandíbulas da extrema-direita


Rémy Herrera

Ao ouvir os representantes dos sindicatos de polícias quando saíam do Ministério do Interior na noite de 19 de Dezembro, pareceria que "as negociações foram difíceis, muito difíceis". Contudo, bastaram algumas horas para que eles obtivessem "os mais fortes avanços salariais" da profissão desde há cerca de 20 anos. Dois dias depois do "Acto V dos coletes amarelos", dia 17, várias organizações sindicais da polícia nacional haviam anunciado sua intenção de efectuar uma jornada "comissariados fechados" na quarta-feira 19 – sendo-lhes proibido o direito de greve. Christophe Castaner teve de fazer concessões: as remunerações dos polícias são aumentadas em 120 euros para os jovens em começo de carreira e 150 para os antigos; isto é mais do que conseguiram os seus colegas da função pública – ou seja, absolutamente nada (nas negociações de 20 de Dezembro) ?– ou os coletes amarelos – quase nada (dez dias antes).

Para aqueles que não sabem quem é Christophe Castaner, recordamos que é o actual ministro do Interior do governo reconfigurado em Outubro último pelo presidente da República na sequência da renúncia repentina de seu antecessor. Antes disso, ele foi sucessivamente secretário de Estado encarregado das relações com o Parlamento e porta-voz do governo de Édouard Philippe. E antes? Foi chefe do partido presidencial, La République en marche (a partir de Novembro/2017), porta-voz Emmanuel Macron durante a sua campanha presidencial (em 2017) e... membro do Partido Socialista (a partir de 1986). E antes ainda? Na sua juventude, Christophe Castaner foi um jogador de poker em salas de jogos clandestinas e protegido de um dos padrinhos máfia de Marselha, alcunhado como "Grand Blond", caïd de um bando de assaltantes abatido com balas de 9 milímetros num acerto de contas em 2008... Basta ir à "Wikipedia", e se necessário "Google translation", para confirmar. Tudo isso com o único objectivo de medir correctamente em que nível se situam hoje os nossos governantes.

É verdade que há anos que os polícias se queixam das suas más condições de trabalho e de remuneração. Sem sequer falar das 24 milhões de horas suplementares que o Estado não lhe paga, ou das despesas que a caixa de acidentes de trabalhado da Segurança Social demora em reembolsar quando acontece serem feridos... O moinho neoliberal afecta igualmente as forças da ordem. Em múltiplas ocasiões, na televisão ou na Internet, polícias anonimizados têm denunciado sua exaustão, mesmo o seu mal-estar face às ordens dos seus superiores (políticos) a exigirem deles um endurecimento da repressão dirigida contra os coletes amarelos ou, anteriormente, contra estudantes contestatários, ocupantes da " Zones à défendre" (ZAD), militantes ecologistas ou manifestantes que contestam leis de flexibilização do mercado de trabalho. As línguas se desatam: "São nossos amigos, nossos irmãos, pais, filhos que nos mandaram reprimir", ouve-se da boca de polícias...

O ponto de inflexão é claramente identificável: é o estado de urgência decretado em todo o território, em Novembro de 2015 após os atentados terroristas que atingiram o país, os quais desencadearam uma terrífica espiral repressiva. E é sob as pressões e ameaças desta extrema-direita que é o Islão político que vai da al-Qaeda até ao Daesh que [o estado de urgência] foi imposto ao povo francês. E renovado cinco vezes seguidas. Primeira mandíbula da morsa. O estado de urgência foi levantado no final de 2017, mas o facto é que o essencial das disposições excepcionais nele previstas têm agora força de lei: buscas, prisões preventivas, perímetros de protecção, designações individuais de residência, controles fronteiriços agora são permitidos no quadro da "lei de reforço da segurança interna e da luta contra o terrorismo" de 30 de Outubro de 2017. Com isso, estabelece-se um arsenal jurídico de excepção para fazer recuar as liberdades públicas em França. Até ao ponto em que hoje são os direitos de manifestação ou de exprimir opiniões que estão em perigo.

Todos aqueles e aquelas que recentemente participaram em manifestações no país sabem aquilo que desde há meses as organizações de defesa dos direitos do Homem, e mesmo polícias, denunciam: muitas das intervenções das forças da ordem são desproporcionadas, excessivamente violentas. Tiros disparados de flashballs à altura de um homem, utilização frequente de granadas ensurdecedoras ou de rompimento de cerco, utilização sistemática de gás lacrimogéneo e canhões de água contra protestatários pacíficos, prática da rede de confinamento impedindo a união com outros manifestantes, interpelações arbitrárias, confisco de material médico dos "street medics" (voluntários que seguem os cortejos para cuidar dos feridos), intimidações, provocações gratuitas, por vezes insultos, manutenção de menores em custódia... Tantos factos que chocam e inquietam os franceses. Mas de facto é precisamente isto que se procura. Par que cesse a sua revolta.

Logo nos primeiros dias da mobilização dos coletes amarelos circulava o rumor de que eram manipulados pelo Rassemblement National , que se trava de um "golpe de força" teleguiado pelo partido da extrema-direita de Marine Le Pen – a segunda mandíbula da morsa. Esta é efectivamente a linha de argumentação do discurso do ministro do Interior. "Provas"? Algumas propostas xenófobas verificadas aqui ou ali entre os manifestantes. Entre várias centenas de milhares de coletes amarelos, seria um milagre que não se encontrasse um punhado de racistas embrutecidos. Daí a extrapolar, há um passo que é dado alegremente pelo sr. Castaner. Isto é manhoso. Ele tenta assim 1) descredibilizar o conjunto dos coletes amarelos; 2) manter fora da rebelião actual os jovens das periferias, onde as populações saídas da imigração são importantes; e 3) confeccionar para Emmanuel Macron uma imagem fictícia de baluarte contra o "fascismo".

A extrema-direita até o momento fracassou em recuperar a liderança da mobilização – e isto pela razão fundamental de que o povo francês não é racista, na sua imensa maioria. Ora, o que entretanto se desenha, discretamente, é um deslizamento do poder para a extrema-direita. Sondagens indicam que mais da metade dos polícias e militares teriam simpatias ou votariam pelo Rassemblement National. A extrema-direita está no próprio cerne do aparelho repressivo do Estado. Ela se revelou igualmente há alguns dias numa carta aberta anti-imigrados assinada por um ex-ministro da Defesa e uma dúzia de oficiais superiores do exército denunciando não só o "pacto mundial para as migrações" adoptado sob a égide da ONU na cimeira de Marrakech, como também "o Islão como ameaça para a França"...

Os cadernos de queixas dos coletes amarelos reclamam explicitamente que "os solicitantes de asilo sejam bem tratados (...) nós lhes devemos o alojamento, a segurança, a alimentação, assim como a educação para os menores"). Portanto, sejamos bem claros. Não são os coletes amarelos que são xenófobos e racistas, mas componentes cada vez mais vastos das elites francesas. As ditas elites não hesitarão nem um instante, quando chegar o após-Macron, em confiar o poder à extrema-direita se isso se verificar necessários. Ou seja, se a sua ordem capitalista odiosamente iníqua fosse realmente ameaçadas; se o povo francês, sedento de justiça, com o coração cheio de esperanças reencontradas, a gritar sua alegria por recuperar sua dignidade, reunido na revolta e consciente da sua força, chegasse a ser por de pé, em se tornar mestre de um futuro colectivo solidário e progressista.

Inclinado servilmente aos pés dos miliardários, o presidente Macron optou por não responder às expectativas profundas dos franceses e mesmo por afundar cada vez mais no caminho da repressão. Esta "estratégia do apodrecimento" faz o jogo do Rassemblement National. Pois apesar das suas diferenças teatralizadas pelos media – que são diferenças de grau, não de natureza – na realidade não há descontinuidade entre a direita da alta finança, a que serve Emmanuel Macron, e a extrema-direita da burguesia reaccionária de Marine Le Pen; um terrível e dramático continuum político os une para defender um capitalismo agonizante. Um afirma-se neoliberal-globalizado, o outro obscurantista-nacionalista, mas ambos se querem. Para além dos ódios pessoais recíprocos, interesses comuns de classe saberão em breve aproximá-los para que se esforcem por salvar o seu sistema. Custe o que custar. O povo deverá encontrar em si a energia para ampliar suas lutas a fim de se livrar das tenazes mortíferas que encerram as mandíbulas do monstro de duas cabeças da extrema-direita moderna: o islão político terrorista e retrógrado de um lado, o chauvinismo burguês egoísta e racista do outro. O perigo permanece.

Enquanto isso, sábado, 22 de Dezembro, para o "Ato VI" de sua mobilização, os coletes amarelos testaram a eficácia dos serviços de inteligência. Supervisionados de perto pelos olhos do Ministério do Interior, suas redes sociais pediam um encontro – tão simbólico – diante dos portões do Palácio de Versalhes. O prefeito apressou-se a ordenar o seu encerramento e imediatamente enviou a CRS para guardar a área circundante e proteger as lojas. Mas foi um isco! Uma pequena vintena de coletes amarelos, não mais, estavam presentes naqueles locais na manhã do dia 22, para rir da anedota e zombar das forças da ordem que compareceram em massa...

Ao mesmo tempo, em Paris, a maior parte dos seus camaradas vestidos de amarelo, avisados no último minuto a fim de manter o efeito de surpresa, reunidos em torno da Place de l'Etoile ou em torno da Basílica do Sagrado Coração no alto das encostas da colina de Montmartre, nomeadamente. E como os dispositivos de segurança parisienses se gabavam de serem "extremamente móveis" nas semanas anteriores, os grupos de coletes amarelos brincaram de gato e rato com eles, fazendo-os correr o dia inteiro nas ruas da capital, bloqueando aqui e ali, na aleatoriedade de suas marchas, os eixos de circulação, sob os concertos de buzinas de automobilistas solidários e os aplausos de turistas divertidos. Feliz Natal para todos em França!

Os jornais televisados consideraram bom apresentar em par os "dois grandes eventos do dia 22". Um vídeo feito nos Champs-Élysées mostrando três policias em moto assaltados por uma multidão furiosa que os atacava a golpes de... trotinetes (percebe-se bem nas imagens)! Como se isso tivesse qualquer parecença com as acções efectuadas neste dia pelas dezenas de milhares de coletes amarelos no país! E observações anti-semitas de duas pessoas testemunhadas por um jornalista no metro! Como se isso pudesse sintetizar uma opinião representativa dos coletes amarelos! Felizmente o ridículo não mata; caso contrário, desde há muito tempo não haveria mais media na Macronia!

Neste 22 de Dezembro, a polícia contudo não perdeu completamente o seu tempo. Ela conseguiu prender, em diferentes pontos do território, várias "figuras" particularmente activas dos coletes amarelos. É o caso de Éric Drouet, interpelado em meio a jornada no bairro de la Madeleine em Paris e colocado em detenção por "organização de maneira ilícita de uma manifestação, participação num agrupamento constituído tendo em vista violência ou degradações e porte de arma proibida". A arma em causa seria um pedaço de pau que o seu proprietário, motorista rodoviário profissional, mantém sempre consigo como meio de defesa, segundo a opinião do seu advogado. De resto, e como Éric Drouet era conhecido nacionalmente por ter apelado a "entrar no Eliseu", ninguém se pergunta por que razões o ministro da Ecologia, François de Rugy, o havia recebido oficialmente, porque o primeiro-ministro Édouard Philippe havia desejado conversar com ele... e o próprio presidente Macron havia lançado em pleno "caso Benalla", no fim de Julho último, sem que ninguém percebesse exactamente a quem se dirigia houvesse dito: "Se querem um responsável, ele está diante de vós! Que venham procurá-lo! E este responsável responde ao povo francês, ao povo soberano". Imediatamente após a interpelação de Éric Drouet, centenas de coletes amarelos, surgidos deste povo soberano e autoproclamarem-se todos "líderes do movimento", reivindicam sua libertação... ou então a sua própria prisão"! 

23/Dezembro/2018

Ver também:
  On the demonstrations in France 

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/

XAROPES DE REVOLTA, PRECISAM-SE!


Bom dia. O natal passou. Foi um feliz natal? Terá sido para os que ignoraram a fome, a miséria, as guerras, as desigualdades, as injustiças, a gula de uns quantos que se apoderam do que pertence a milhões de outros e etc. que grassa por este planeta a que chamam Terra e que primeiro era plano por ignorância e imposição da Igreja Católica Apostólica Romana Retrógrada Inquisitória e Assassina. Adiante, que recordar estas faldas de mentes criminosas causa maus odores e muita repulsa.

António Costa é logo aqui em baixo, no Curto, o bombo da festa. O desgaste deste PM a cheirar um pouquinho a esquerda já está em marcha há tempos lá pelo burgo do tio Balsemão, os paxás do dito tio cumprem a função em troca dos ordenadinhos e mais umas regaliasitas ao estilo de “broas” salazaristas que eram só para uns quantos que se “portavam bem” ou pertenciam à PIDE e ilhargas da sustentação do chamado Estado Novo que estava podre. Ou isso ou há gente que nem tem consciência disso. Distraem-se?

Costa falou ao país na sua conversa de natal. Claro que fez bem e disse umas quantas maravilhas encavalitadas numas quantas suas vontades e perspetivas de fazer melhor para que a dura sobrevivência dos portugueses de cinto apertado seja mais sorridente, mais justa, mais democrática. Oh, mas isso é o meeeedo de uns quantos; que Costa faça mais socialmente por um Portugal melhor, com melhorias (salários justos p.ex.) para milhões, não só para uns quantos e seus servidores. O homem até pode querer mas a pressão é demasiada por parte dos que são donos disto tudo e pagam até via offshores certas e incertas subserviências.

No dizer desses tais certos e incertos isto está mal, muito mal. Que Costa (o governo) é execrável - mas não o dizem abertamente, optam por irem espalhando venenos, desgastando, “fazendo cabeças”. Do passado nada referem. Nem é bom recordar esse passado triste que teve em Cavaco Silva o abafar de muito que eram conquistas de Abril e engordar uns quantos vigaristas, corruptos e ladrões "amiguinhos". Técnicas que depois ainda mais se aperfeiçoaram e acabaram por mostrar um ou outro dos daquelas pandilhas mafiosas. Prisão para esses e investigações credíveis e transparentes é que não vimos, nós, os plebeus, os que pagam e não bufam – ou se bufam são ignorados. E lá veio Barroso – o aldrabão alinhado com Bush e Aznar para ganhar lugar de destaque e de contas chorudas na UE, no mundo, principalmente na alta finança. E Passos/Portas? Ora… mas que belos tempos para uns quantos donos disto tudo! Qual quê! O bombo da festa é Costa e o atual governo. Agora é que tudo isto vai mesmo mal…

Evidentemente que se Costa ou outro governar mesmo à esquerda é linchado. Sabemos que sim. A comunicação social corporativa e domesticada não admite e nem dá tréguas. A pressão para que um governo mais à esquerda não seja efetivo tem sido permanente. Escarrapachado nos tais jornais e televisões corporativistas… E não existem outras TVs. A alienação e a futilidade imperam nas televisões. A manipulação até faz parte dos decores… Um pivete.

Em democracia todos têm direito a criticar, elogiar e opinar. É isso que aqui se faz quando nos dá nas ganas e consideramos ser nosso dever. Consideramos na realidade que nesta modernidade os “antigamentes” estão a regressar em força e sofisticados a certas e incertas mentes e práticas. Há milhões que perguntam: “mas então foi para isto que fizemos o 25 de Abril?”. Justificadamente. Porque existem novas tecnologias, novas mentalidades e o que se vislumbra é um país do antigamente, numa UE que também impõe esse regime, num mundo que está a fascizar-se. Antidemocrático e opressivo, já ditatorial em imensas vertentes, longitudes e latitudes.

Basta, porque há aqui pano para mangas. Leiam o Curto. Tem coisa boa. Bom novo ano 2019… Bom? É o que se deseja mas se nada fizermos por isso este novo ano não vai ser nada bom, antes pelo contrário. Xaropes de revolta, precisam-se. (MM | PG)

Bom dia este é o seu Expresso Curto

A monganga, o dia em que a morte parece doer mais e uma pergunta: onde está o senhor António?

Germano Oliveira | Expresso

Ilusão significa "o que se nos afigura ser o que não é" e também pode ser "quimera" ou "esperança irrealizável", e o mesmo dicionário que nos desenvolve essas definições tem como palavras relacionadas ilusivo, ilusionismo, delusão, ilusionar, ilusório, engano, monganga - este último, um brasileirismo, podia ser nome evolutivo dessa fruta exuberante que é a manga mas fique a saber que não comeremos esta palavra porque já é sinónimo do que António Costa diz não ter sobre as estatísticas do país e nós sobre os discursos políticos - precisamente ilusões. O primeiro-ministro dirigiu-se a Portugal no feriado de Natal e entre as previsibilidades de sempre - declarar que é preciso fazer isto e aquilo e aqueloutro mas sem especificar particularmente como - e as imprevisibilidades que ansiamos - factos, ideias e palavras genuinamente galvanizantes e iluminadas -, venceram as generalidades habituais e os recados mais ou menos ocultos para oposições e parceiros de coligação. "Eu não me iludo e não nos podemos iludir com os números", afirma um primeiro-ministro aparentemente cético aqui mas nem por isso já a seguir: "Pela primeira vez desde o início do século, a nossa economia cresceu mais do que a média europeia, reduzindo fortemente o desemprego, permitindo-nos ter finalmente contas certas e melhorar a vida da maioria das famílias". Está por identificar o que é exatamente "a maioria das famílias", mas António Costa saberá com certeza quantas são e onde estão e qual é o número da maioria e os sofrimentos da minoria. Houve ainda espaço para esse lugar-comum que pode ser dito em 2018, 1018 ou 3018: "Temos de continuar a melhorar os rendimentos e a dignidade no trabalho, aumentar o investimento na educação, na formação ao longo da vida, na criação cultural e científica, na inovação". O Vítor Matos, editor de política e um dos grandes prosadores do Expresso, explica ALI o que é preciso saber sobre o discurso de Natal do primeiro-ministro e nós lamentamos aqui que não tenha sido neste Natal como não foi noutros que um político a falar ao seu país nos tenha arrebatado com palavras - se eles não as têm, e ninguém se ofende se forem melhores a executar do que a falar, arranjem quem as escreva para eles, porque precisamos mesmo de acreditar mais no génio de quem nos lidera e o primeiro veículo de fé é a linguagem. E não, não precisamos de poesia, precisamos de motivação. E inspiração. Porque o mais bonito que nos foi pedido pelo primeiro-ministro é para termos filhos. Ok, pode ser que no Natal de 2068 um desses nossos descendentes diga coisas intelectualmente entusiasmantes e politicamente citáveis como esta: "Ponhamos as coisas neste pé: as minhas exigências estéticas e éticas não tornam muito fáceis as minhas relações com a classe política. São caminhos separados. Não vamos pelo mesmo trilho. Mas a classe política é necessária. Ela existe e tem defeitos. Terá também uma ou outra qualidade".

A MORTE DÓI MAIS NO NATAL?

Morrer há de doer aos que não morrem morra-se em que dia e idade for, parece confuso e porventura é, a morte é para confundir e magoar. Morre-se nas idades todas mas é suposto os velhos morrerem primeiro que os menos velhos e as crianças não morrerem de todo, mas às vezes a vida não acontece na sua ordem natural. Um rapaz nascido há oito anos na Guatemala morreu pouco depois das 00h de 25 de dezembro quando estava sob custódia das autoridades transfronteiriças dos EUA e sob opressão indireta das instruções anti-imigração daquele-cujo-nome-não-deve-ser-pronunciado em respeito pela família enlutada. A história está AQUI e há gente sem um filho que nunca mais haverá de celebrar devidamente um Natal. Porque há dias e idades em que a morte parece doer mais.

SUGESTÕES RÁPIDAS

» As reações ao discurso de Costa em quatro emojis e outros tantos links: 


» Público: "Procurador entregou errata de 15 páginas do caso Sócrates"

» Jornal de Notícias: "Animais nas estradas causaram mais de 700 acidentes em dois anos"

» Correio da Manhã: "Trabalho precário já atinge 950 mil"

» i: "Vamos ter um ano quentinho"

» Jornal de Negócios: "O que esperar de 2019"

» A Bola: "Gedson. 'O meu único desejo é celebrar no Marquês'"

» Record: "Nani. 'Nunca me senti tão bem numa equipa'"

» O Jogo: "Coates. 'Somos muito bons'"

O QUE EU ANDEI A VER: O SENHOR ANTÓNIO, QUE JÁ NÃO SEI ONDE E COMO ESTÁ

Ele caminhava com um calçado roto, tão sujo e indigno que dava vontade de chorar. Mexia-se como se tivesse bengala mas as mãos não a tinham, circulava de costas dobradas e doentes que faziam dele homem a meia haste. Sentou-se junto a mim, cheirava ao fedor da gente que tem nada. Eu sabia-me ao pé dele mas desconfiava se ele me percebia ali, homens destes desistiram de reparar quando os demais desistiram de os ver. Comovo-me com o chapéu dele de ciclista dos anos 80, pala quebrada pela porcaria da rua e a obstinação do sol. Permanecemos profundamente em silêncio, ambos virados de lado para o miradouro que os turistas fotografam no fascínio do pôr-do-sol, a Graça tem Lisboa inteira ao fundo e ele e eu tínhamos os nossos fundos para cuidar.

Agora que escrevo sobre o senhor António, porque ele trata-me por você e eu a ele por senhor (ainda que no bairro eu seja tu para quase todos e ele sem pronome, ninguém lhe fala), constato a hipocrisia - a Sophia, que dá nome à aquele miradouro, explica melhor que eu: "As pessoas sensíveis não são capazes de matar galinhas, porém são capazes de comer galinhas". As pessoas sensíveis não são capazes de ignorar um pobre, porém são capazes de escrever sobre o pobre. Porque o que se deve fazer é ajudar o pobre. E eu não sei onde está o senhor António para o ajudar.

Mas eu já soube onde estava o senhor António. Quando o sol se pôs naquele dia e os turistas e o astro desapareceram, eu continuei focado no meu cigarro e na minha cerveja e ele começou a murmurar sons impercetíveis enquanto olhava fixamente o que só ele sabia diante dele, e eu então

- Como é que se chama?

e ele anuncia-me baixinho e sem emoção

- António. E você?

Respondo-lhe e ele estende-me a mão, a minha macia de quem vive à secretária e a dele com as crateras de histórias duras que desconheço mas imagino.

- Um prazer - diz-me ele, que afinal ainda sabe o que é um prazer.

O senhor António está sentado como caminha, costas arqueadas em derrota, mãos pequenas entre as pernas ainda mais pequenas, pergunto-lhe a idade mas já a esqueci, penso que 53, a altura não a inquiri mas vi-lhe 1,60 metros, quis saber-lhe a vida, jornalista devia desistir das perguntas quando está fora de turno e mais ainda quando as faz a um homem que está a falar sozinho - se ele quisesse ou pudesse comunicar com o mundo já o tinha feito -, mas o senhor António havia de provar-me ser um cavalheiro e respondeu-me a vida dele.

- Estive preso duas vezes, não quero voltar. Não posso, não aguento.

Ele agarra um pacote que tinha escondido não sei onde, creio que fez como os mágicos que tiram flores do pulso mas isto era um pacote como os de leite só que de vinho. Vinho mau, vinho de desespero. Ele bebe e eu vejo que há cartões castanhos enormes em cima do banco de pedra junto ao miradouro e pergunto-lhe (ainda que já saiba a resposta)

- Que é isso, senhor António?

- É a minha cama.

Descubro-lhe uma casa ao ar livre de três metros quadrados: um colchão com suavidades imaginárias, sacos de compras que fingem ser prateleiras sofisticadas e um pano imundo delicadamente pendurado num arame e que se viria a revelar de uma dignidade insuportável. Ele vivia encostado ao miradouro, tinha das melhores janelas e piores vidas da cidade. Falamos, ele conta-me que tinha sido arrumador mas acabou expulso pelos camaradas mais musculados e que a Santa Casa já não ia à Graça e que por isso dependia da caridade da igreja.

- Quer comer, senhor António?

- Sim, se me fizer esse jeitinho.

- Mais alguma coisa?

- Um pacotinho de vinho é pedir muito?

O frango e as costeletinhas na Graça são refeição tão barata quanto boa e ele aprecia como eu o menu que lhe comprei: agradece a comida, diz um obrigado longo que tem lágrimas e guarda o vinho. E depois mostra o carácter de que é feito, a prisão pode destruir um homem mas não lhe arruína as boas maneiras: o senhor António pega naquele pano badalhoco, o termo é mesmo esse porque o pano era mesmo isso, dobra-o entre as pernas como se estivesse a cuidar de um guardanapo bonito num restaurante elegante e janta à minha frente sem dizer uma palavra ou beber uma gota daquele vinho que não era pedir muito. O pano do senhor António é facto que não se esquece: a dignidade tem de sobreviver às catástrofes da vida e ele fez ali um manifesto de honra.

- Precisa de mais alguma coisa, senhor António?

O jantar tinha terminado e ele está a beber o vinho como se fosse um digestivo.

- Pode arranjar-me uma roupinha?

- Claro.

Ele estava a dormir quando lhe regressei com um pijama e uma camisola quente: deitado de lado, a cabeça sobre uma das mãos, um cobertor sujo como o guardanapo, a Graça tem vento à noite e nem no verão aquele miradouro é quente. Acordo-o, ele veste a camisola do pijama por cima da roupa que vestia e guarda o resto nas prateleiras-sacos-de-compras dele.

- Então tenha uma noite boa, senhor António.

- Olhe, se algum dia precisar de alguma coisa, seja o que for, fale comigo. Fale comigo.

Há gente que tem nada mas que dispõe dessa bondade que falta a gente que possui tudo: disponibilizam-se para dar e o senhor António tinha a gratidão dele para entregar. Fui embora para o meu colchão real, para as minhas prateleiras bonitas e os meus guardanapos limpos e um dia avistei-o ao longe vestido a mim, aquela camisola que lhe dei, e não tive coragem de lhe falar nessa ocasião porque temi estar a ir ter com o meu futuro, é um disparate do tamanho do receio que senti. Mas estivemos juntos mais vezes, houve outros jantares em silêncio, levei a Joana e o Pedro a conhecerem-no num fim de tarde com o vento de sempre e na última vez em que nos falámos ele pediu-me cobertores, o sol tinha subido e a temperatura descido.

Nunca mais o vi e estou-lhe em falta, aqui me penitencio e o homenageio. Por isso, se você que me lê encontrar um senhor António, seja melhor que eu: dê-lhe cobertores em vez de escrever sobre ele. É mais quente e está frio.

Obrigado.

Portugal | Cristas e a oposição que se agarra ao que pode


Ana Alexandra Gonçalves* | opinião

Assunção Cristas representa a oposição que se agarra ao que pode, a oposição do vale tudo, a oposição do desespero. Rui Rio, líder do PSD, prefere outra estratégia, mais contida, menos desesperada, mas que, por sua vez, desespera boa parte do partido, a parte que ainda chora o desaparecimento de Passos Coelho e da sua ideologia de pacotilha acompanhada pelos negócios tradicionalmente obscuros.

Enquanto Rio evita a politiquice de trazer por casa, Cristas abraça-a com gosto. A propósito da queda do helicóptero do INEM, Rui fala de insegurança e ensaia algumas acusações ao Governo. Tenta. Em vão. 

Cristas, por sua vez, anda pelo país a exibir cartazes alertando para os perigos das estradas, ela que fez parte do Governo Passos/Portas que desinvestiram em tudo e mais alguma coisa, com poucas excepções (as do costume).

A solução política congeminada por Costa com a restante esquerda vai funcionando, com o beneplácito do Presidente da República, convenientemente para ele próprio, o que rouba espaço de manobra aos partidos da oposição. Pior, essa mesma oposição, mal servida de lideranças, procura sobreviver a qualquer custo, sobretudo no caso do CDS. Rio é outra questão, a prazo, certamente.

É Assunção Cristas que procura destacar-se agarrando-se ao que pode, por muito pouco que seja, sempre é melhor do que uma mão cheia de nada que é precisamente aquilo que Rio ostenta penosamente.

*Ana Alexandra Gonçalves | Triunfo da Razão

Portugal | Famílias pobres, futuro em risco


Permitir que continuem em situação de pobreza milhares de crianças portuguesas significa privá-las de alimentação, vestuário ou calçado e também discriminá-las no acesso à educação, saúde e habitação.

Anabela Laranjeira | Abril Abril | opinião

Tu que inventas ternura e brinquedos para dar
tu que inventas bonecas e comboios de luar
e mentes ao teu filho por não os poderes comprar
és meu irmão, amigo, és meu irmão
Ary dos Santos


No Natal de 2018, quase vinte anos passados do início do novo milénio (o tal tempo futuro que se anunciava ) quantas são as famílias que ainda se reveem nas solidárias palavras de Ary dos Santos?

A pobreza, essa de que se alimenta a caridade própria da época, está, como sabemos, tal como a guerra e a violência, à mesa da maioria das famílias neste Natal.

De acordo com um relatório lançado este ano no Fórum Económico Mundial, em Davos, metade da população do planeta tem um rendimento diário entre 2 e 10 dólares (entre 1,6 euros e 8,1 euros). Houve um aumento histórico no número de multimilionários em todo o mundo, mais 2043 do que em 2017, sendo que 9 em cada 10 são homens.

O património destes multimilionários aumentou 13% ao ano em média desde 2010, seis vezes mais do que os aumentos dos salários pagos aos trabalhadores (2% ao ano). Só em 2017 a riqueza desse grupo aumentou 762 mil milhões de dólares (622,8 mil milhões de euros), uma verba suficiente para acabar mais de sete vezes com a pobreza extrema no mundo. Tudo isto nos duros anos da crise...

Na ponta de uma Europa onde se aprofunda a exploração de quem trabalha, as crianças portuguesas não escapam a estes números. Os anos de troika fizeram disparar os números da miséria em Portugal: 23% dos portugueses sobrevivem com rendimentos abaixo do limiar da pobreza.

Só em 2014, os indicadores começaram a melhorar. Nos últimos três anos, a ligeiríssima diminuição do desemprego e a reposição de rendimentos contribuíram para números mais animadores, mas Portugal continua a ser um país com elevados níveis de pobreza e precariedade, estando a pobreza intimamente ligada à degradação das condições laborais.
Integrado na União Europeia, com uma realidade bem distante de outras latitudes, e uma legislação que protege as crianças e os jovens em particular, o nosso país apresenta um enorme desfasamento entre o que está na Lei, os acordos assinados com várias entidades e a vida diária das crianças e adolescentes provenientes de famílias trabalhadoras.

Em Portugal, trabalhar diariamente, oito ou mesmo mais horas por dia, não é condição para conseguir afastar os filhos da pobreza. Apesar dos desempregados continuarem a ser o grupo mais vulnerável à pobreza, mais de 10% da população empregada está na mesma situação. São milhares as famílias trabalhadoras que, em Portugal, recorrem a organizações como a Cáritas ou o Banco Alimentar, que, por estes dias de Natal, não têm mãos a medir. Continua, numa larguíssima percentagem de Juntas de Freguesia do nosso país, a atribuição dos chamados «Cabazes de Natal» a famílias carenciadas, muitas delas com emprego.

O rendimento mensal médio por adulto ronda os 900 euros, cerca de metade da média da União Europeia, que é de 1500 euros, mas os salários baixos e o salário mínimo (menos de 600 euros líquidos) estão presentes em largos sectores de actividade. Os trabalhadores mais jovens, em idade fértil e/ou com filhos, viram o seu ganho médio reduzir-se em cerca de um terço (-31%).

De acordo com dados recentes, lançados a propósito do dia da Erradicação da Pobreza, Portugal conta-se entre os países com maior «taxa de pobreza infantil»: 29%, muito acima da média europeia de 20%. Essa percentagem triplica para crianças provenientes de famílias de etnia-cigana, famílias afro-descentes ou imigrantes, atingindo os 90%.

O risco de pobreza passa para os 33% se a família for monoparental, ainda que a mãe ou o pai trabalhem a tempo inteiro. E aumenta com o número de filhos, provando a insuficiência de apoios sociais como o abono de família ou outros. No caso de três ou mais filhos, a taxa de pobreza é mesmo superior a 40%. A propaganda feita em torno das famílias numerosas é das mais enganadoras que existe. Estas famílias são, hoje em dia, provenientes de estratos sociais mais favorecidos, mesmo nas áreas rurais do país.

A insuspeita Fundação Francisco Manuel dos Santos juntou dados do Instituto Nacional de Estatística e do Eurostat, e traçou um retrato da pobreza e da exclusão social no país. Em Portugal Desigual, apresenta-se o retrato bem real das famílias trabalhadoras com filhos menores.

Um dos indicadores de que fala é o da «privação material», dizendo-nos que «mais de um terço dos portugueses ainda não consegue suportar o pagamento de uma despesa de 450 euros sem recorrer a um empréstimo, 20% da população não tem capacidade para manter a casa suficientemente aquecida, 8% não consegue pagar a tempo a renda ou outras despesas correntes, e mais de 40% dos portugueses não consegue pagar uma semana de férias por ano».

Com este retrato é possível compreender o valor dado a medidas positivas tomadas recentemente, como o ligeiro aumento do abono de família, a gratuitidade dos manuais escolares ou a reposição de determinados rendimentos em alguns sectores de actividade. São medidas que, não mudando profundamente a situação, aliviam famílias sobrecarregadas de despesas básicas que consomem a totalidade (senão mais) dos seus parcos rendimentos.

A propósito destes dados, o economista e professor Carlos Farinha Rodrigues, um dos coordenadores científicos, diz-nos que durante a crise «tivemos um fortíssimo agravamento das crianças em situação de pobreza, este é o principal aspeto da pobreza em Portugal, porque é um aspeto que tem a ver com o presente, mas que tem repercussões no futuro. Em Portugal sempre existiu uma dificuldade enorme em ter medidas efetivas de combate às crianças em situação de pobreza por esta não ter apenas a ver com os jovens, mas também com as famílias. Como tal, são necessárias medidas destinadas às crianças no setor da saúde, da educação, com o acompanhamento de situações com problemas, mas também com os recursos das famílias onde estas crianças estão. A primeira linha de ação para reduzir a pobreza em Portugal é tratar de forma consistente e sustentada o problema das crianças em situação de pobreza».

Permitir que continuem em situação de pobreza milhares de crianças portuguesas, significa privá-las de uma alimentação, vestuário ou calçado adequado durante uma fase decisiva do seu crescimento, mas significa também discriminá-las no acesso à educação, à saúde e a uma habitação com condições de conforto.

Sabemos hoje que uma pessoa que vive a sua infância e adolescência em privação material tem menos oportunidades, desperdiçando grande parte da sua energia e capacidades na procura de soluções para uma sobrevivência precária. As marcas da pobreza na infância, para além do sofrimento que causam no presente, são, em muitos casos, uma herança para o futuro. Em Portugal, as marcas do trabalho infantil e das condições em que viveu a actual geração de avós, não nos deixa esquecer este facto, nem este fardo.

Uma vida diferente para as famílias com crianças depende de um olhar atento às causas da chamada «pobreza infantil» e a alteração das condições das famílias. Não existem crianças pobres ou ricas, uma vez que não é a estas que pertence o rendimento do trabalho ou do património. Existem pais e mães com mais ou menos oportunidades, mais ou menos acesso a condições de vida e de trabalho que lhes permitam dar uma vida digna aos seus dependentes. Existe um Estado que, de acordo com a sua Constituição (Artigo 70º – protecção especial para efectivação dos direitos da juventude) deve proteger os mais jovens, tornando possível uma vida sem pobreza no presente e uma vida futura com horizontes mais largos.

**A autora escreve de acordo com o Acordo Ortográfico de 1990 (AE90)

Portugal | Sobre a inexistência de dodós na economia nacional


Jorge Rocha* | opinião

Era uma vez uma economia recheada de génios, que abrilhantavam as capas das revistas da especialidade, e prometiam levar o país ao pelotão da frente dos mais prósperos. Como poderia não ser se alguns dos crânios eram tidos como invejados lá fora por tanta sapiência e, num dos casos, até se autoelogiava como tendo o toque de Midas, mesmo com a bancarrota à porta.

Nessa economia quem mandava nos bancos, nas telecomunicações ou nas cimenteiras eram alguns desses empresários lusos, que não desdenhavam em aparecer nas revistas sociais para que todos soubessem como tinham festas lindas, mulheres sofisticadas, vivendas de sonho e férias como mais ninguém.

A ganância falou mais alto, como sempre sucede nestas ocasiões. E os ódios também. Uns com os outros conspiraram e a digladiaram-se naquilo que, numa crónica no «Jornal de Notícias», Mariana Mortágua apelidou de autêntica guerra dos tronos. Fizeram-se e desfizeram-se OPAs, deram-se créditos absurdos a putativos aliados para que, em cada batalha, soubessem por quem terçar armas, e foi assim que, uma a uma, todas as grandes empresas nacionais caíram em mãos estrangeiras, acabando de vez com as ilusões dos crédulos na existência duma réplica do dodó: o empresário patriota, cioso dos interesses nacionais.

Nesta altura muito do crédito malparado decorre dessa deriva capitalista, que teve no cavaquismo o seu mais relevante expoente. Mas continuam a sobreviver muitos simpatizantes das direitas, que nada aprenderam com o curso acelerado de política económica, facultado nos trinta anos subsequentes à entrada na CEE. São tolos ou inocentes - é escolher qual a que melhor se lhes ajusta a cada caso! - que ainda apostam em conceitos repetidamente desmascarados como absurdos ao longo desse período. Mas podemo-nos admirar, quando parecem cada vez mais os que julgam possível retroceder cem anos e repetir as receitas de Sidónio Pais ou de Mussolini? A estupidez humana é uma realidade cuja ampla dimensão não cessa de nos surpreender.

*jorge rocha | Ventos Semeados

Nota PG: Dodô ou dodó é uma espécie extinta de ave da família dos pombos que era endêmica de Maurício, uma ilha no Oceano Índico a leste de Madagascar. Era incapaz de voar e não tinha medo de seres humanos, pois evoluiu isolado e sem predadores naturais na ilha que habitava.| Wikipédia

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