Jorge Rocha | opinião
Se Ricardo Costa, Sérgio
Figueiredo ou Manuel de Carvalho, respetivamente responsáveis pela falta de
qualidade da SIC, da TVI ou do Público, andam a despedir comentadores e a
contratar outros, não têm apenas a rentabilidade como objetivo: os seus patrões
- donos dos meios de (des)informação em causa - já compreenderam que o desgaste
do governo e dos demais partidos da maioria parlamentar não será conseguido
apenas com o concurso da Cofina ou do Observador. Apesar da má imprensa e do
concurso de muitas greves motivadas por mesquinhos interesses corporativistas,
António Costa e os partidos, com que pretenderá prosseguir coligado depois de
outubro, vão, de acordo com as sondagens, mantendo uma média de 20 pontos acima
da soma dos que se lhes opõem à direita.
Razão para quererem tornar
constante um discurso direitista fiando-se nos pressupostos de Goebbels a
propósito dos «méritos» das mentiras mil vezes repetidas. Como a que Marques
Mendes emitiu sobre a redução da despesa no Serviço Nacional de Saúde, destinada
a ser retomada pela Cavaca da Ordem dos grevistas cirúrgicos e seus concertados
altifalantes, mas que é rigorosamente falsa, como o demonstrou o comunicado dos
Ministérios das Finanças e da Saúde, que enalteceu o ter-se ultrapassado pela
primeira vez os 10 mil milhões deeuros no setor em 2018, ou seja mais de mil
milhões acima do que se gastava em 2015. No entanto as televisões e os jornais
darão sempre maior relevo às mentiras do anão da SIC do que ao esclarecimento
fundamentado do governo.
Ao contratarem gente da estirpe
de António Barreto ou Paula Teixeira Pinto para se juntarem ao casal Moniz e a
outros figurões e figuronas dignos de autêntica galeria de horrores, o que os
manipuladores da realidade pretendem é multiplicar essa disseminação de mentiras
de forma a ocultarem o mais possível os números indesmentíveis do Instituto
Nacional de Estatística e outras instituições mais ou menos independentes. Mas
convirá, igualmente, estar atento ao que delas provirá, porque até mesmo o
Banco Mundial veio agora desculpar-se por ter falsificado os indicadores
chilenos, agravando-os quando estava Michelle Michelet na presidência e
empolando-os quando era o seu rival de direita, Piñera.
Às vezes lamento a excessiva
passividade com que as esquerdas reagem a tudo isto não arregaçando as mangas
para contrariar ativamente o presente estado das coisas na comunicação social.
O escândalo já é tão evidente, que deixá-lo tal qual está é um convite para ver
piorado o que já é suficientemente mau...
Nota PG: Também nas rádios se constata o pendor favorecido
de presenças e “peças” da direita portuguesa, dos conservadores e dos mais
radicais, em detrimento de presenças de esquerda.
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