O antigo líder parlamentar do PSD
esperou cerca de um ano para apresentar a candidatura à liderança
social-democrata. Rui Rio promete reagir em breve.
A vida de Rui Rio como presidente
do PSD tem sido marcada por diversas mini-crises no último ano. A liderança
atribulada de Rio encontra agora o seu maior desafio, com a dimensão de uma
crise que ecoa na divisão interna no partido social-democrata desde que o
antigo presidente da Câmara Municipal do Porto sucedeu a Passos Coelho como
líder laranja.
Luís Montenegro disse que ia
andar por aí e que não ia pedir “autorização a ninguém” quando decidisse agir.
Não esperou muito tempo. Aliás, nem sequer esperou que Rio disputasse as
legislativas deste ano como se previa. Esta sexta-feira apresentou a sua candidatura à liderança do PSD porque, como
fez questão de dizer, “é preciso salvar” o partido.
“Passou um ano desde a eleição do
dr. Rui Rio como líder do PSD. Um ano depois o estado a que o PSD chegou é mau,
preocupante e irreversível com esta liderança. Rui Rio prometeu fazer do PSD
uma alternativa e uma oposição firme ao Governo. Falhou”, afirmou perante os seus
apoiantes, entre os quais se contava Hugo Soares.
Apelidou a oposição que este PSD
de Rio tem feito de “frouxa”. Algo que pretende mudar. “Estou aqui para ser o
adversário que o primeiro-ministro António Costa não tem tido” e desafiou o
presidente dos sociais-democrata a marcar eleições diretas imediatamente.
Não tardou para que os principais
contestatários de Rui Rio, a ‘ala’ de Passos, mostrassem o seu agrado pela
decisão de Luís Montenegro. Paula Teixeira da Cruz afirmou que ia apoiar Montenegro e Teresa Morais apontou-o como uma alternativa. Fernando Negrão preferiu manter-se para já fora desta disputa
antecipada.
Montenegro até pode nem ser o
único candidato a disputar a liderança com Rui Rio. Miguel Morgado também já se
mostrou disponível para entrar na guerra pelo trono laranja.
Rio reage "em breve" ao
desafio de Montenegro
Ainda antes da reação de Rio, a direção do PSD, através da vice-presidente Isabel Meireles,
acusou Montenegro de tentativa de “golpe de Estado” no partido mas
cujas consequências vão mais longe.
“É um grito de desespero para
manter o poder, os lugares. Parece-nos horrível, pela sede de poder não vale
tudo, não vale destruir o partido e dá-lo de bandeira à maioria de esquerda e
prejudicar o próprio pais”.
Rio, que se encontrou com Marcelo
Rebelo de Sousa na noite desta sexta-feira, frisou que não ia “fazer de conta que nada está a acontecer” e
que vai responder ao desafio de Luís Montenegro “em breve”.
Marcelo não se vai envolver
Sempre atento à vida política do
país, o Presidente da República não quer “interferir” nas questões do
PSD. Esclareceu que a reunião com Rui Rio serviu para falar sobre temas de
política interna e externa e salientou que “a vida do PSD é com o PSD”.
“As questões de um partido A, B,
C ou D é dele. Eu pedi a Rui Rio para ter uma breve conversa com ele hoje porque
tínhamos calendários completamente incompatíveis para a semana para tratar três
problemas de política interna e outro de política externa e em que era muito
importante saber a opinião, porque tenho que tomar decisões sobre diplomas e
tinha que falar com ele antes de tomar a decisão no começo da semana que vem”,
explicou.
Até porque segunda-feira tem
agendada uma reunião com… Luís Montenegro. “Pediu-me há dias para ser recebido.
Eu recebo segunda-feira. Eu vou ouvir. Pedem-me uma audiência, eu vou ouvir, não
tenho que me pronunciar”, referiu Marcelo.
“Em breve” saberemos se haverá
diretas no PSD antes das legislativas e se será Rio a bater-se com António
Costa nas eleições de outubro.
Fábio Nunes | Notícias ao Minuto
| Foto: Nuno Pinto Fernandes / Global Imagens
Sem comentários:
Enviar um comentário